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5 temas de Artes que mais caem no Enem

Conheça as temáticas de Artes que mais caem na prova do Enem e descubra como cada movimento artístico revela ideias e contextos


Entender arte é entender o tempo em que ela foi criada. Cada movimento artístico traduz o espírito de uma época, das catedrais medievais ao caos experimental das performances brasileiras. No Enem, esse olhar histórico e crítico é o que realmente faz diferença: mais do que reconhecer estilos, é preciso ler o que cada obra comunica sobre o mundo ao seu redor.

Por que as imagens medievais eram tão planas? Ou por que um artista brasileiro decidiu transformar o público em parte da própria obra?

Neste texto, você vai entender os 5 eixos temáticos essenciais que mais aparecem no Enem e descobrir como cada um deles revela uma nova forma de olhar para o mundo. Bora lá?

Arte no Tempo

A História da Arte no Enem não deve ser vista como uma simples linha do tempo, mas como a trajetória da consciência humana e de seus valores. Toda obra de arte, seja qual for o estilo ou a época, reflete a realidade do seu tempo, mesmo quando faz isso de forma simbólica ou subjetiva. Entender o papel social da arte em diferentes períodos é o primeiro passo para interpretar corretamente qualquer questão da prova.

A evolução da função social da Arte

Ao longo da história, a arte assumiu papéis muito distintos, acompanhando as mudanças sociais, culturais e filosóficas de cada época:

Pré-História

As pinturas e gravuras rupestres não eram apenas registro da vida (caça, danças); acredita-se que faziam parte de rituais propiciatórios (mágicos) para garantir o sucesso da caça ou a fertilidade. O artista (xãma) tinha um papel ativo na sobrevivência do grupo. No Neolítico, com a sedentarização, surge a cerâmica e o trabalho com metais, já com fins utilitários e estéticos.

Idade Antiga

Egito: a arte era hierática (rígida) e voltada para a eternidade, visando o culto aos mortos e faraós. A lei da frontalidade e a hierarquia de tamanhos reforçavam a ordem social.

Grécia: busca pelo “belo ideal”, equilíbrio, proporção (Cânone de Policleto) e a glorificação do corpo humano (antropocentrismo incipiente). A arte era o centro da vida cívica.

Roma: arte pragmática, voltada para a propaganda do Império, o realismo em retratos e o desenvolvimento da engenharia (aquedutos, arcos do triunfo).

Idade Média (Século V ao XV)

Vitrais da Sainte-Chapelle, em Paris, construída no século XIII por Luís IX. (Foto: Reprodução)

Em uma Europa ruralizada e com população majoritariamente analfabeta, as imagens (frescos, vitrais, iluminuras) eram a “Bíblia dos pobres”, manuais visuais para ensinar e reforçar a doutrina católica.

Gótico: Busca pela verticalidade, luz e transcendência (o efeito místico dos vitrais).

Bizantino: O mosaico, repleto de dourado, transmitia a ideia de riqueza espiritual e a majestade do poder imperial e eclesiástico. A ausência de perspectiva e a frontalidade priorizavam o sagrado, não o realismo terrestre.

Renascimento (Século XV e XVI)

Marca a virada do pensamento: o Homem no centro. A arte se torna veículo para a razão, a ciência e o estudo da anatomia e da natureza. O resgate da cultura greco-romana leva à busca pelo equilíbrio clássico.

Principal Inovação: O desenvolvimento da Perspectiva Linear, que estabelece o olhar humano (o espectador) como ponto central de referência da composição, criando a ilusão de profundidade e um espaço racional.

Barroco (Século XVII)

Surge como resposta (ou arte oficial) da Igreja Católica à Reforma Protestante. A arte passa a ser usada para comover e reter os fiéis através do drama, da emoção intensa, do contraste de luz e sombra (tenebrismo de Caravaggio) e do movimento exagerado. Reflete as incertezas e crises da época.

O princípio da ruptura contextual

Um ponto crucial para o Enem é a compreensão de que as rupturas estilísticas nunca são acidentais. Elas são a manifestação visual de transformações sociais, tecnológicas e filosóficas profundas que tornam o modelo de representação anterior obsoleto.

Arte no Enem

O Enem, através da matriz de Linguagens e Códigos, avalia o candidato pela sua capacidade de mobilizar habilidades interpretativas. A prova exige que o estudante reconheça a Arte como parte das manifestações culturais e sociais, utilizando a obra como um código a ser decifrado.

A tríade interpretativa essencial

Três habilidades da matriz do Enem são as mais cobradas nas questões de Arte:

  • H12 – Função Social e Estética:
    Pede para reconhecer o papel da arte e do artista em cada contexto. As questões podem explorar se uma obra tem função crítica, lúdica, didática, política ou interativa.
  • H03 – Contexto Histórico:
    Exige que o estudante relacione a obra com seu tempo e com os valores da sociedade em que foi criada.
  • H09 – Interação e Expressão Corporal:
    Foca em manifestações como dança, teatro e performance, pedindo que o candidato entenda essas expressões como reflexo de identidades e práticas sociais.

Estratégias de leitura da questão

Para acertar as questões de Arte no Enem, é importante desenvolver o olhar analítico. O primeiro passo é sempre ler com atenção o comando da questão. Ele indica exatamente o que deve ser observado na imagem ou no texto.

Depois, ao analisar as alternativas, identifique qual função a obra exerce: pode ser naturalista, iconoclasta ou interativa, por exemplo. Treinar com provas anteriores é essencial para entender o estilo de interpretação exigido.

Vanguardas Europeias

As Vanguardas Europeias marcam um ponto de virada decisivo na Arte Moderna e estão entre os temas mais recorrentes no Enem. Esses movimentos artísticos, que surgiram no início do século XX, foram uma resposta direta à intensa crise política, social e científica vivida na época.

O contexto da ruptura

O cenário que deu origem às Vanguardas foi profundamente conturbado. A Europa vivia o avanço do nacionalismo, a corrida armamentista e, por consequência, a eclosão da Primeira Guerra Mundial em 1914. Esse período abalou as certezas que sustentavam a razão e o progresso.

Além disso, novas descobertas científicas e teóricas transformaram completamente a forma de ver o mundo: a Teoria da Relatividade, de Albert Einstein, colocou em xeque a visão cartesiana do universo, enquanto as ideias de Sigmund Freud revelaram a força do inconsciente, desestabilizando a supremacia do pensamento racional.

Diante desse contexto de colapso e questionamento, os artistas decidiram romper com os padrões tradicionais da arte (o chamado antiacademicismo) e buscar novas formas de expressão e significado.

Análise dos movimentos-chave

Entre as Vanguardas mais cobradas no Enem estão o Expressionismo, o Cubismo, o Dadaísmo e o Surrealismo. Cada uma delas reflete uma tentativa de reinventar o olhar sobre o mundo e a arte.

Cubismo

O Cubismo rompeu com a ideia de que a arte deveria reproduzir a realidade de maneira fiel. Seu foco estava na estrutura, na geometrização e na fragmentação das formas, apresentando o objeto a partir de múltiplos pontos de vista simultâneos.

A obra Les Demoiselles d’Avignon é um marco dessa proposta. Com ela, Pablo Picasso  rompeu séculos de tradição da arte ocidental, abrindo caminho para uma arte que priorizava a análise formal e não apenas a aparência visual do mundo. O Cubismo, portanto, simboliza a libertação da arte moderna em relação à imitação da realidade.

Dadaísmo

Mictório de esmalte intitulado ‘A Fonte’, parte da famosa coleção de objetos comuns transformados em arte por Marcel Duchamp. (Foto: Reuters)

O Dadaísmo nasceu como um grito de revolta contra a razão que, segundo os artistas, havia levado à guerra. Baseava-se em ideias como o absurdo, a irracionalidade e a liberdade total de criação.

Um dos conceitos mais importantes (e também um dos mais cobrados no Enem) é o do ready-made, criado por Marcel Duchamp. Ele consistia em escolher um objeto comum, fabricado em série, e transformá-lo em obra de arte apenas pela decisão do artista. O exemplo mais famoso é A Fonte, um urinol exposto como escultura.

Essa atitude foi uma crítica direta ao sistema da arte e às ideias de que a arte deveria ser “bela” ou exigir habilidade manual. Duchamp defendia que a verdadeira arte podia ser um “serviço da mente”, e não apenas algo “retinal” (feito para agradar aos olhos).

Surrealismo

Inspirado pelas teorias de Freud, o Surrealismo buscou representar o inconsciente, os sonhos e o irracional, propondo uma “realidade superior” além da lógica cotidiana.

Um exemplo clássico é A Persistência da Memória, de Salvador Dalí, frequentemente cobrada nas provas do Enem. Os relógios derretidos da pintura simbolizam a relatividade do tempo e a quebra da racionalidade, marcas centrais do movimento. O Surrealismo, portanto, transformou o fazer artístico em uma busca pela dimensão simbólica e onírica da experiência humana.

Arte Contemporânea

A Arte Contemporânea, que se consolida a partir da década de 1960, é marcada pela multiplicidade de linguagens, pela liberdade criativa e pela aproximação com o público. Ela nasce do desejo de repensar a própria noção de arte, questionando valores tradicionais, propondo novas formas de expressão e incorporando referências culturais de diferentes partes do mundo.

Linguagens híbridas e a função interativa

Para o Enem, a manifestação da Arte Contemporânea mais cobrada envolve as linguagens híbridas e a interação com o espectador.

Instalação e Performance

São formas de arte que misturam elementos de teatro, artes visuais e outros meios, não tendo um lugar “apropriado” para acontecer (podendo ocorrer em museus ou no ambiente urbano).O corpo é frequentemente usado como instrumento de ação artística, e o caráter da obra é efêmero, passageiro, embora possa ser documentado por meio de vídeos e fotografias. O artista brasileiro Flávio de Carvalho é um pioneiro da performance no Brasil.

A relação espectador-obra

Um dos temas mais recorrentes da prova é a função interativa. A Arte Contemporânea rompe com o modelo tradicional de contemplação passiva. A obra de arte frequentemente exige a participação e a interação do público para ser completada, promovendo uma relação de engajamento ativo. Este envolvimento do espectador é um aspecto fundamental que quebra a linearidade de estilos anteriores.

Essa ênfase na desmaterialização e na interação também reflete um contexto de globalização, onde a arte se torna um ponto de encontro entre diversas culturas, recusando a imposição de um padrão estético único e eurocêntrico.

Arte no Brasil

O estudo da Arte no Brasil no contexto do Enem foca na jornada de busca pela identidade nacional, desde a imitação de modelos europeus até a criação de vanguardas próprias, sensoriais e participativas.

Do academicismo à Semana de 1922

Durante o período colonial e o Império, a produção artística brasileira foi fortemente guiada por referências estrangeiras. A missão artística francesa introduziu o estilo Neoclássico, inspirado nos padrões greco-romanos, consolidando o Academicismo no país. Artistas como Pedro Américo e Jean-Baptiste Debret representaram esse modelo, criando obras que idealizavam o Brasil sob uma ótica heroica e alinhada ao gosto europeu.

A virada decisiva ocorre com a Semana de Arte Moderna de 1922, marco fundamental na história da arte nacional.O movimento tinha como meta romper com o academicismo e afirmar uma arte autenticamente brasileira. Para o Enem, o ponto central é compreender a influência da Semana na formação de uma identidade plural, que reflete a diversidade cultural do país.

Os modernistas, liderados por nomes como Mário de Andrade, buscavam um nacionalismo aberto e inclusivo, que reconhecesse o valor do folclore, das tradições populares e das matrizes africanas e indígenas, rompendo com a dependência estética europeia.

Pós-Guerra

No período pós-Segunda Guerra Mundial, a arte brasileira mergulhou nas discussões sobre a abstração, dando origem aos movimentos do Concretismo e do Neoconcretismo, nas décadas de 1950 e 1960.

O Concretismo valorizava a racionalidade, a precisão e a estrutura matemática das formas, buscando uma arte objetiva e impessoal. Em contraposição, o Neoconcretismo, surgido no Rio de Janeiro, propôs o retorno da emoção, da poesia e da vivência sensorial. Artistas como Lygia Clark, Hélio Oiticica e Lygia Pape redefiniram a relação entre obra e espectador, criando peças que exigiam interação e manipulação direta.

Estrutura de ‘Bichos’, de Lygia Clark, feito em 1960. (Foto: MoMA)

O Neoconcretismo é um dos temas mais relevantes para o Enem por representar uma das contribuições mais originais da arte brasileira ao cenário mundial. Obras como os Bichos, de Lygia Clark, e os Parangolés, de Hélio Oiticica, convidam o público à participação ativa, transformando o observador em parte essencial da criação artística.

Ao valorizar o corpo, o toque e a experiência, o Neoconcretismo levou a arte brasileira a dialogar com movimentos internacionais como o Minimalismo e a Arte Conceitual, mas de forma singular: unindo razão e sensibilidade. Essa fusão tornou a arte brasileira uma referência global, demonstrando que ela não é mera reprodução de modelos externos, mas uma força criativa e inovadora, capaz de propor novas formas de interação entre obra, corpo e experiência estética.

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Autor(a) Luana Santos

Sobre o(a) autor(a):

Luana Santos - Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina, é redatora com foco em educação, produção de conteúdo para o Enem e vestibulares. Atualmente, integra a equipe da Rede Enem, onde cria materiais informativos e inspiradores para ajudar estudantes a alcançarem seus objetivos acadêmicos. Ama café, livros e uma boa conversa sobre educação.  

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