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5 temas de Filosofia que mais caem no Enem

Domine os 5 eixos da Filosofia e saiba interpretar textos e ideias de grandes pensadores com segurança na prova do Enem.


O que Sócrates, Foucault e Kant têm em comum? Eles são os filtros que o Enem vai te pedir para usar no dia da prova. A Filosofia é sua principal arma em Ciências Humanas, pois ela desenvolve a sua capacidade de analisar criticamente o mundo e interpretar textos complexos.

O segredo para garantir esses pontos? Conseguir identificar o autor e a ideia central a partir daquele pequeno fragmento. Muitas vezes, a fonte do texto já entrega a pista da tese que você precisa contextualizar.

Pensando nisso, separamos os 5 eixos temáticos da Filosofia mais recorrentes no Enem. Este guia é uma aula concisa e superdidática para você dominar a matéria e ter a certeza de que está preparado para qualquer dilema!

Filosofia Contemporânea

A Filosofia Contemporânea abrange o pensamento desenvolvido do final do século XIX até hoje. Esse período é marcado por uma forte crise das certezas, pela crítica aos grandes sistemas filosóficos e políticos (que buscavam verdades universais) e pela reflexão sobre as transformações trazidas pelo capitalismo, pelas guerras e pelos avanços tecnológicos.

É uma área complexa, que exige atenção aos pensadores que analisaram as rupturas e a fragmentação da sociedade moderna.

O Poder e a Microfísica (Michel Foucault)

Michel Foucault é um dos autores mais cobrados no Enem. Ele propõe a chamada Microfísica do Poder, rompendo com a ideia de que o poder está apenas nas grandes instituições do Estado.

Para ele, o poder é difuso e se manifesta em pequenas relações: nos espaços do dia a dia, como escolas, hospitais e prisões. Seu foco é entender como o poder disciplina e normaliza os indivíduos, formando corpos “dóceis” e produtivos.

As questões sobre Foucault costumam abordar temas como vigilância, punição e controle social, sempre relacionados à história das instituições.

A Crítica da Cultura e a Alienação

Aqui entram as teorias que analisam o impacto do capitalismo na vida social, como o Marxismo e a Teoria Crítica da Escola de Frankfurt.

Pensadores como Theodor Adorno e Max Horkheimer criaram o conceito de Indústria Cultural, que explica como a arte e o entretenimento foram transformados em produtos de consumo. Essa lógica acaba gerando uma cultura padronizada, que estimula o consumo e enfraquece a reflexão crítica.

Existência, Liberdade e Incerteza

O Existencialismo, de Jean-Paul Sartre, coloca a liberdade no centro da vida humana. Para ele, “a existência precede a essência”, ou seja, não nascemos com um propósito definido, mas o construímos através de nossas escolhas. Essa liberdade total traz também angústia e responsabilidade.

Mais recentemente, Zygmunt Bauman descreve a Modernidade Líquida, marcada pela fragilidade dos laços sociais e pela incerteza constante.

Esses autores ajudam a entender como a filosofia contemporânea lida com as tensões, incertezas e complexidades do mundo atual.

Filosofia Política

A Filosofia Política moderna, um dos temas mais cobrados no Enem, gira em torno de um grande debate: por que as pessoas aceitaram viver sob o controle de um poder soberano, o Estado?

Essa discussão é explicada pelo Contratualismo, conjunto de teorias que procuram entender como os seres humanos saíram de um “estado de natureza” (uma vida sem leis, autoridades ou instituições) e criaram a sociedade civil, com regras, deveres e governos.

O Pacto Social é o ponto central dessas teorias. Ele representa o acordo que torna possível a vida em comunidade, e cada filósofo contratualista apresenta uma visão diferente sobre quem é o ser humano e como deve ser o poder que o governa.

Entender essas diferenças é essencial para interpretar as questões do Enem sobre política e sociedade.

Thomas Hobbes e o Absolutismo

Para Thomas Hobbes, o Estado de Natureza é um cenário de total insegurança. Sem leis nem autoridade, cada pessoa busca apenas a própria sobrevivência, o que ele chama de “guerra de todos contra todos”. Nesse contexto, o homem é egoísta por natureza, o “lobo do próprio homem”.

Como todos têm direito a tudo, ninguém tem garantias de segurança, e a vida se torna “solitária, pobre, sórdida, brutal e curta”.

A saída para esse caos é o Pacto Social, em que os indivíduos abrem mão de seus direitos em favor de um poder soberano absoluto: o Leviatã. Esse soberano, com autoridade incontestável, deve impor a ordem e garantir a paz.

Assim, Hobbes justifica o Absolutismo, defendendo que a concentração de poder é o preço necessário para evitar o retorno ao caos.

John Locke e o Liberalismo

Para John Locke, a natureza humana é bem mais otimista. No Estado de Natureza, os seres humanos já possuem direitos naturais: vida, liberdade e propriedade. Ou seja, as pessoas nascem livres e iguais. O problema não é a violência, mas a falta de um juiz imparcial que possa resolver conflitos e garantir esses direitos.

O Pacto Social, portanto, surge para proteger o que já é direito natural do indivíduo, e não para submetê-lo a um poder absoluto. O Estado deve ter poder limitado, atuando apenas para garantir a segurança e a preservação desses direitos. Se o governo falhar nesse dever, o povo tem o direito de destituí-lo.

Essa visão serviu de base para o Liberalismo Político e inspirou movimentos que contestaram as monarquias absolutistas.

Jean-Jacques Rousseau e a Soberania Popular

Rousseau tem uma visão completamente diferente dos anteriores. Em seu Estado de Natureza, o homem é o “bom selvagem”: livre, pacífico e guiado pelas necessidades básicas. Segundo ele, é a sociedade que corrompe o ser humano, principalmente com o surgimento da propriedade privada, que cria desigualdade e competição.

O Pacto Social de Rousseau é, portanto, um novo tipo de contrato: as pessoas renunciam à sua liberdade natural para se submeter à vontade geral, que representa o interesse coletivo.

Dessa forma, o indivíduo deixa de agir apenas por instinto e passa a viver sob uma liberdade moral e civil, orientada pelo bem comum. Rousseau, assim, é o grande teórico da democracia e da soberania popular: a ideia de que o poder legítimo vem do povo.

Ética e moral

O estudo da ética e da moral é um dos pilares mais recorrentes nas provas do Enem, especialmente quando o tema envolve dilemas contemporâneos, como bioética, justiça social, responsabilidade ambiental ou comportamento coletivo. Entender a diferença entre esses dois conceitos e as principais teorias filosóficas associadas a eles é essencial para interpretar as questões com segurança.

Diferenças entre ética e moral

Apesar de muitas vezes usadas como sinônimos, Ética e Moral não significam a mesma coisa:

  • Moral é o conjunto de valores, normas e costumes aceitos por uma sociedade em determinado contexto histórico e cultural. Ela varia conforme o tempo e o espaço, o que é moralmente aceitável em uma cultura pode ser considerado errado em outra.
  • Ética, por outro lado, é o campo da Filosofia que reflete criticamente sobre a moral, buscando princípios universais e racionais que orientem o agir humano. Enquanto a moral é prática e mutável, a ética é reflexiva e normativa, tentando compreender o que deveria ser a boa conduta.

Em resumo: a moral diz respeito ao comportamento concreto; a ética, ao pensamento que o fundamenta.

As questões filosóficas costumam apresentar situações-problema que exigem identificar qual teoria ética está sendo aplicada. Três modelos dominam o conteúdo cobrado:

Aristóteles

Para Aristóteles, a vida moral é orientada por um fim último: a eudaimonia, ou seja, a felicidade plena. Essa felicidade não é prazer momentâneo, mas o resultado de uma vida virtuosa e equilibrada.

A virtude (areté) é um hábito adquirido, e sua prática se dá pelo justo meio-termo entre dois extremos: o vício por excesso e o vício por falta.

Exemplo: a coragem é o meio-termo entre a covardia e a temeridade.

A ética aristotélica é, portanto, teleológica (voltada a um fim) e foca no caráter do agente, não apenas na ação em si.

Immanuel Kant

Em Kant, a moralidade está no dever e na intenção, e não nas consequências. Uma ação é moralmente correta quando é realizada por dever (e não por interesse) e quando obedece a uma regra que possa valer para todos.

Seu princípio central é o imperativo categórico: “Aja apenas segundo a máxima que possas ao mesmo tempo querer que se torne uma lei universal.”

Ou seja, se uma ação não pode ser universalizada sem contradição (como mentir ou trapacear), ela é imoral, mesmo que traga bons resultados. Kant, portanto, representa uma ética racional e não consequencialista, em que a moralidade independe dos efeitos da ação.

O utilitarismo

O utilitarismo, desenvolvido por filósofos como Jeremy Bentham e John Stuart Mill, segue uma lógica oposta à de Kant: o que importa não é a intenção, mas o resultado da ação. O princípio moral básico é o Princípio da Utilidade, que afirma que a ação correta é aquela que gera o maior bem-estar para o maior número de pessoas.

Assim, o julgamento ético depende da avaliação das consequências. Uma decisão que aumente a felicidade coletiva é considerada moralmente boa, mesmo que sacrifique alguns interesses individuais.

Exemplo: aumentar o preço de um ingresso pode ser legal, mas, se isso impede a maioria de participar e reduz o bem-estar coletivo, o utilitarismo consideraria essa ação eticamente incorreta.

Epistemologia

A Epistemologia, também chamada de Teoria do Conhecimento, é o ramo da Filosofia que investiga como o ser humano conhece, de onde vem o conhecimento e quais são seus limites e fundamentos.

Durante a Filosofia Moderna (séculos XVI a XVIII), esse campo ganhou destaque com o avanço da ciência e o fortalecimento do antropocentrismo (a ideia de que o homem é o centro da razão e da investigação). O período foi marcado por um intenso debate: como podemos ter certeza de que algo é verdadeiro?

É justamente essa discussão que o Enem costuma explorar: o nascimento do pensamento científico e o embate entre as formas de validar o conhecimento humano.

Racionalismo

O Racionalismo afirma que a razão (ratio) é a principal fonte do verdadeiro conhecimento. Para os racionalistas, a mente humana é capaz de alcançar verdades universais e necessárias por meio do pensamento lógico e da dedução, sem depender dos sentidos (que podem enganar).

O principal representante é René Descartes, considerado o pai da Filosofia Moderna. Seu método começa pela dúvida metódica, um processo de questionar todas as crenças incertas até encontrar uma verdade indubitável.

Essa verdade é expressa em sua famosa frase: “Penso, logo existo” (Cogito, ergo sum).

Para Descartes, essa é a certeza fundamental da qual o conhecimento pode partir. A mente humana possui ideias inatas, e é por meio da razão pura que podemos construir um saber seguro, o que serviu de base para o desenvolvimento do método dedutivo na ciência moderna.

Empirismo

Em oposição ao racionalismo, o Empirismo defende que todo conhecimento vem da experiência sensorial. Ou seja, é a posteriori. Nada está na mente que não tenha passado antes pelos sentidos.

Para John Locke, o ser humano nasce como uma tábula rasa (uma folha em branco), sendo o conhecimento formado gradualmente a partir das percepções e experiências vividas. Não existem ideias inatas: tudo o que sabemos vem da observação e da experiência empírica.

David Hume, por sua vez, levou o empirismo a um nível mais radical. Ele questionou até mesmo a causalidade, isto é, a ideia de que um evento necessariamente causa outro. Para ele, essa relação é fruto do hábito mental, não de uma certeza racional.

Esse ceticismo abriu uma crise na filosofia: se todo conhecimento vem da experiência, como garantir verdades universais, como as leis científicas?

A Síntese Crítica

Diante do impasse entre razão e experiência, Immanuel Kant propôs uma conciliação revolucionária, conhecida como idealismo transcendental.

Para Kant, o conhecimento começa com a experiência, mas não se origina apenas dela. A mente humana possui estruturas inatas (formas a priori) que organizam as percepções sensoriais e tornam o conhecimento possível.

Em outras palavras, o sujeito não é um simples receptor da realidade, mas um organizador ativo: é ele quem dá forma ao mundo conhecido. Assim, o conhecimento é resultado da interação entre o que vem de fora (a experiência) e o que vem de dentro (as categorias do entendimento).

Essa síntese kantiana resolveu o ceticismo de Hume e delimitou o papel da razão: podemos conhecer o mundo como ele aparece a nós (fenômeno), mas não como ele é em si mesmo (númeno).

Filosofia Antiga

A Filosofia Antiga é o berço do pensamento ocidental e o ponto de virada entre o pensamento mítico e o pensamento racional (logos). Foi nesse período que os filósofos começaram a substituir as explicações baseadas nos deuses e na tradição por argumentos lógicos e observações sobre a natureza e o ser humano.

Para fins didáticos, esse vasto período é dividido em três grandes fases:

  1. Pré-Socrática (Cosmologia) – o foco na natureza e na origem do universo.
  2. Clássica (Antropologia e Sistematização) – o foco no homem e na vida na polis.
  3. Helenística (Ética e Paz Interior) – o foco no indivíduo e na busca da felicidade.

Período Pré-Socrático

Os primeiros filósofos gregos se dedicaram à Cosmologia, o estudo da Physis (a Natureza) e da Arché, o princípio fundamental que explicaria a origem e a estrutura de tudo o que existe.

Essa busca pela Arché marcou o início da razão filosófica e lançou as bases da Metafísica, ou seja, a reflexão sobre o ser e o fundamento da realidade.

Principais pensadores:

  • Tales de Mileto: acreditava que a água era o princípio de tudo, por estar presente em todas as formas de vida.
  • Heráclito de Éfeso: deffendia que o fogo simbolizava o “Devir”, isto é, o movimento e a mudança constante. Para ele, “tudo flui” e nada permanece o mesmo.
  • Parmênides de Eléia: Propunha o oposto: o Ser é imutável e eterno, e o Não-Ser não existe. Assim, o movimento e a mudança seriam ilusões.

O conflito entre Heráclito e Parmênides é um dos debates filosóficos mais importantes, pois introduz a pergunta sobre a natureza da realidade: ela é estável ou em constante transformação?

Período Clássico

Durante o período Clássico, o foco da filosofia grega muda da natureza para o ser humano e sua vida em sociedade. A preocupação central passa a ser ética, política e epistemológica. Ou seja, como viver bem, agir com justiça e conhecer a verdade.

Sócrates

Sócrates é considerado o fundador da antropologia filosófica, o estudo do ser humano e de sua conduta. Seu lema, “conhece-te a ti mesmo”, expressa a convicção de que a sabedoria começa com o autoconhecimento.

Seu método de ensino era dialógico e dividido em duas etapas:

  • Ironia: questionava o interlocutor até que este percebesse sua ignorância.
  • Maiêutica: o “parto das ideias”, em que o filósofo ajudava o outro a descobrir a verdade por meio do raciocínio próprio.

Sócrates não escreveu obras; sua filosofia foi transmitida por seus discípulos, especialmente Platão.

Platão

Discípulo de Sócrates, Platão fundou a Academia e elaborou uma das teorias mais influentes da história: a Teoria das Ideias (ou Formas).

Para ele, a realidade se divide em dois mundos:

  • Mundo Sensível: imperfeito, acessado pelos sentidos, onde tudo muda.
  • Mundo das Ideias: perfeito, imutável e acessado apenas pela razão.

A Alegoria da Caverna, presente em A República, representa o processo de libertação do homem das ilusões do mundo sensível até o conhecimento verdadeiro. 

Inclusive, você já deu uma olhada nesse Cineclube Enem? Ele tem tudo a ver com a Alegoria da Caverna, de Platão. Dá o play e descubra essa relação.

Aristóteles

Discípulo de Platão e mestre de Alexandre, o Grande, Aristóteles é o grande sistematizador da Filosofia. Diferente de seu mestre, ele acreditava que o conhecimento começa na experiência e que o mundo sensível pode, sim, ser compreendido pela razão.

Principais contribuições:

  • Metafísica: estudo do ser e de suas causas. Introduz os conceitos de Ato e Potência, explicando o movimento como passagem da possibilidade à realização.
  • Lógica: cria o silogismo, base do raciocínio dedutivo.
  • Ética: defende a Ética das Virtudes, buscando o justo meio e a Eudaimonia (felicidade plena).
  • Política: define o ser humano como “animal político” (Zoon Politikon), cuja realização só ocorre na vida em sociedade.

Aristóteles inaugura o ideal da razão organizada e empírica, fundamental para o desenvolvimento da ciência.

Período Helenístico

Com a conquista da Grécia por Alexandre, o Grande, o cenário político muda e a Filosofia perde seu foco na polis. Agora, o objetivo dos filósofos passa a ser encontrar a serenidade individual em meio à instabilidade social e política.

As escolas helenísticas enfatizam a ética pessoal e a autossuficiência como caminho para a felicidade.

  • Epicurismo: busca a Ataraxia (tranquilidade da alma e ausência de perturbação) alcançada pelo prazer moderado e racional.
  • Estoicismo: valoriza a virtude e o domínio das paixões, aceitando o destino com serenidade.
  • Ceticismo: propõe a suspensão do juízo (epoché) para alcançar a paz interior, já que nada pode ser afirmado com certeza.

Esse período marca o deslocamento da Filosofia da vida pública para a vida interior, mostrando como o pensamento grego se adaptou às transformações do mundo helenístico.

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Autor(a) Luana Santos

Sobre o(a) autor(a):

Luana Santos - Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina, é redatora com foco em educação, produção de conteúdo para o Enem e vestibulares. Atualmente, integra a equipe da Rede Enem, onde cria materiais informativos e inspiradores para ajudar estudantes a alcançarem seus objetivos acadêmicos. Ama café, livros e uma boa conversa sobre educação.  

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