5 temas de Sociologia que mais caem no Enem
Entenda como temas como diversidade cultural, globalização e clássicos da Sociologia caem no Enem e aprenda a aplicar seus conceitos.
E se a Sociologia fosse o mapa que te ajuda a decifrar as notícias mais quentes do Brasil e do mundo Esqueça a ideia de que a Sociologia é só sobre autores mortos e conceitos difíceis. No Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), ela é a ferramenta de poder que te ensina a:
- Analisar a violência urbana;
- Decifrar o que está por trás das fake news;
- Argumentar sobre desigualdade social na Redação.
A prova exige que você use esse conhecimento para olhar o mundo com olhos de crítico. E para garantir que você saiba exatamente onde mirar, nós destrinchamos as questões dos últimos anos. O resultado? Cinco eixos temáticos que caem religiosamente.
Nesse texto, separamos a síntese dos conceitos mais importantes para que você possa estudar o que realmente importa e, o principal, entender o Brasil. Bora lá?
Movimentos Sociais
Os Movimentos Sociais (MS) são a expressão dinâmica da cidadania e um dos temas mais relevantes na Sociologia e na prova do Enem. Eles são o principal motor de pressão popular sobre o Estado e a sociedade, evidenciando que os direitos não são dados, mas sim conquistados e constantemente defendidos.
O que são e por que são importantes?
Na visão da Sociologia, os movimentos sociais mostram que a cidadania é uma construção constante. Eles atuam onde o Estado não dá conta, defendendo direitos e enfrentando desigualdades, sejam econômicas, culturais ou políticas.
O foco do Enem
O exame costuma destacar os Novos Movimentos Sociais (NMS), que surgiram com força a partir da segunda metade do século XX. Eles são uma resposta aos desequilíbrios provocados por sistemas como o neoliberalismo e a globalização, e diferenciam-se dos “velhos” movimentos (como sindicatos) por priorizarem questões culturais e identitárias em vez da luta de classes exclusiva.
O surgimento dos NMS está ligado à crise da representação política tradicional e à ênfase nas questões de identidade e reconhecimento (em oposição à ênfase clássica na redistribuição econômica).
Movimentos mais cobrados na prova
O Enem sempre conecta a teoria à realidade brasileira. Veja os principais:
| Movimento | Pauta Central | Aprofundamento | Conexões |
|---|---|---|---|
| Movimento Negro | Luta contra o racismo estrutural e pela reparação histórica. | Denunciam principalmente o racismo estrutural (o enraizamento da discriminação nas instituições) e o racismo institucional (falha de órgãos públicos em promover a igualdade). Buscam a valorização da cultura e da história afro-brasileira. | Ações afirmativas, representatividade (política e midiática) e direitos humanos (ligados à Lei nº 10.639/03). |
| Feminista e de Gênero (LGBT+) | Combate à desigualdade baseada em gênero e sexualidade. | Questionam o patriarcado e a heteronormatividade, que definem papéis sociais rígidos. A luta feminista moderna enfoca a interseccionalidade (como gênero se cruza com raça e classe) e o direito ao próprio corpo. | Diversidade, inclusão (no trabalho, na política), enfrentamento de preconceitos (homofobia, transfobia), e combate à violência de gênero. |
| Ambientais | Relação sociedade-natureza e oposição ao desenvolvimento predatório. | Criticam o modelo antropocêntrico (o ser humano domina a natureza) e defendem o desenvolvimento sustentável ou a justiça ambiental (que expõe como a poluição afeta desproporcionalmente as comunidades mais pobres). | Conflito entre preservação e exploração econômica, ecologia política, e a crítica ao consumismo e à obsolescência programada. |
| Urbanos e Políticos | Direito à moradia, uso dos espaços públicos, educação e segurança. | Baseiam-se no conceito de Direito à Cidade (Henri Lefebvre), que exige que o espaço urbano atenda às necessidades de seus habitantes e não apenas à lógica do lucro. Lutam contra a especulação imobiliária e a gentrificação. | Reflexões sobre os desafios das grandes cidades, reforma urbana, função social da propriedade, e a luta contra a desigualdade socioespacial. |
Indústria Cultural
A Indústria Cultural é um conceito central da Escola de Frankfurt (corrente teórica do Marxismo Ocidental e da Teoria Crítica), criado por Theodor Adorno e Max Horkheimer em seu livro Dialética do Esclarecimento (1947).
A crítica central
Para esses pensadores, na sociedade capitalista avançada, a arte foi transformada em mercadoria. A cultura passou a ser produzida em série, como numa fábrica (produção massificada), com o único objetivo de gerar lucro e, consequentemente, facilitar a dominação social.
A Indústria Cultural não é a “cultura de massa” que nasce espontaneamente, mas sim a produção sistemática de bens culturais com técnicas de gestão e organização similares às da indústria de automóveis. Ela substitui a arte autêntica (que provoca reflexão) pela mera cópia e repetição.
O efeito
A repetição e a previsibilidade dos produtos culturais (filmes de fórmula, músicas pop repetitivas) garantem a sua rápida aceitação e consumo, diminuindo o esforço intelectual do público e o adaptando à vida mecânica do capitalismo.
O grande objetivo
A intenção dessa “indústria” é fundamentalmente ideológica: ela oferece distração em vez de reflexão, mantendo as pessoas sob controle e reduzindo sua capacidade crítica frente às contradições sociais.
Funciona como um poderoso mecanismo de controle social e de legitimação do status quo. Ao oferecer prazer fácil e ilusório, ela impede que o indivíduo pense sobre sua própria alienação e sobre as estruturas de poder que o oprimem.
Controle ideológico e novas mídias
O Enem quer que você perceba como a Indústria Cultural se adapta ao mundo digital (a chamada Cultura Algorítmica). Mesmo com a aparente e vasta variedade de filmes, músicas e séries disponíveis em plataformas de streaming, a ideia de “liberdade de escolha” pode ser uma ilusão, pois a seleção é gerenciada por lógicas de mercado e controle. Isso se manifesta em:
- Vigilância algorítmica: algoritmos que direcionam o consumo, criando “bolhas” de conteúdo que reforçam gostos e visões de mundo pré-existentes, limitando a experiência do novo e do diferente.
- Redes sociais: produção massiva de conteúdo que segue a mesma lógica, onde a necessidade de engajamento se torna o principal valor, subordinando a qualidade e a diversidade à popularidade e à monetização.
O contraponto de Walter Benjamin
Dentro da própria Escola de Frankfurt, Walter Benjamin trouxe uma visão diferente. Ele também reconhecia que a reprodução em massa (como no cinema ou na fotografia) fazia a arte perder sua aura, ou seja, sua autenticidade. Mas, ao contrário de Adorno e Horkheimer, Benjamin via nisso uma oportunidade: a democratização do acesso à arte e até um potencial de libertação.
Diversidade Cultural
A Diversidade Cultural celebra a multiplicidade de identidades, valores, cosmovisões e expressões existentes na sociedade. No Enem, o tema aparece ligado às desigualdades sociais, pois a Sociologia analisa como a diferença cultural é transformada em hierarquia social por estruturas de poder.
Marcadores sociais da diferença
A prova avalia como características como raça, classe e gênero (os principais marcadores sociais) podem ser transformadas em instrumentos de exclusão, definindo o acesso desigual a recursos e oportunidades.
Esses marcadores são categorias analíticas que a Sociologia utiliza para identificar como as relações de poder e as estruturas sociais moldam as experiências dos indivíduos, provando que a desigualdade é uma construção social, e não um fato natural.
Interseccionalidade
Esse conceito ajuda a compreender que os marcadores sociais não atuam de forma isolada: eles se cruzam e se reforçam (interseccionam), criando formas de opressão mais complexas e específicas.
A interseccionalidade, desenvolvida por Kimberlé Crenshaw, demonstra que a experiência de uma mulher negra de baixa renda, por exemplo, é única e não pode ser analisada isoladamente pelas opressões de gênero, raça ou classe, exigindo políticas públicas mais específicas para o enfrentamento de suas múltiplas exclusões.
Inclusão e coesão social
O Enem também costuma relacionar diversidade à atuação do Estado por meio de políticas públicas, que buscam garantir o reconhecimento e a redistribuição de recursos, essenciais para a coesão social:
- Ações afirmativas: são medidas de compensação que valorizam identidades e corrigem desigualdades históricas (como o acesso desigual à educação e ao mercado de trabalho), atuando como instrumentos de redistribuição de oportunidades sociais.
- Luta por reconhecimento: garantir o reconhecimento simbólico das identidades (direitos civis, valorização cultural) ajuda a combater a desintegração social (como na Anomia de Durkheim, que é o estado de ausência de normas fortes que leva à desorganização social) e valida as diferentes formas de Ação Social (conceito de Weber, onde as ações são orientadas por valores e racionalidades específicas de cada grupo).
Globalização
A globalização é o processo de intensificação das relações em escala mundial, caracterizado pela compressão do tempo e do espaço. Para o Enem, é importante compreender suas três dimensões interconectadas e seu papel na formação da sociedade contemporânea:
- Econômica: circulação acelerada de mercadorias, capitais e investimentos, impulsionada pela lógica do neoliberalismo. Resulta na formação de corporações transnacionais e na Divisão Internacional do Trabalho (DIT) mais complexa.
- Tecnológica: avanço da internet, das telecomunicações e das mídias, ampliando conexões e ideias. Permite a fluidez e a velocidade dos fluxos (financeiros, informacionais) e a emergência da sociedade em rede (conceito de Manuel Castells).
- Cultural/Social: difusão de elementos culturais (modos de vida, consumo) e maior circulação de pessoas (migrações). Gera tanto o risco de homogeneização quanto a possibilidade de novas sínteses culturais.
A crítica sociológica
A Sociologia não vê a globalização como um fenômeno neutro ou benigno. Ela atua como um processo desigual que aprofunda fragmentações e exclusões sociais.
- Centro e periferia: a globalização consolida uma divisão desigual do mundo. Países ricos concentram poder, tecnologia e recursos (o Norte Global), enquanto os países pobres ou em desenvolvimento (o Sul Global) enfrentam maior vulnerabilidade econômica e dependência tecnológica. Isso gera a desigualdade socioespacial em escala planetária.
- Globalização da violência: a mesma tecnologia que facilita o comércio global também expande o crime organizado, o tráfico (de drogas, de pessoas, de armas) e a violência estatal. Tais problemas expressam a Anomia em escala global, demonstrando o enfraquecimento das normas e das regulamentações supranacionais, resultando em desordem social e moral.
Tensões culturais
O processo global gera uma tensão constante entre o universal e o particular no campo cultural:
- Homogeneização cultural: risco de a cultura dominante (tipicamente aquela difundida pelos EUA e pela Europa via Indústria Cultural) apagar identidades locais. Cria-se o risco de um “imperialismo cultural” que padroniza gostos e valores.
- Hibridismo cultural: movimento contrário e simultâneo, em que a mistura de culturas e a apropriação de elementos globais em contextos locais criam novas expressões, identidades e significados. É o nascimento de uma cultura glocal (mistura de global com local).
Os Clássicos (novas leituras)
Os três fundadores da Sociologia (Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber) continuam sendo a base das questões do Enem. O segredo é saber aplicar seus conceitos fundamentais a fenômenos atuais, usando-os como ferramentas de análise da realidade social.
| Clássico | Conceito-chave | Aprofundamento | Aplicação no Enem |
|---|---|---|---|
| Karl Marx | Conflito de classes e exploração da mais-valia. | A mais-valia é o valor excedente (lucro) produzido pelo trabalhador, mas apropriado pelo capitalista. É a fonte da exploração e da luta de classes, que é o motor da história e das mudanças sociais. | Use o conceito de Alienação para analisar a precarização do trabalho (informalidade, “uberização”) e criticar o neoliberalismo e a desigualdade extrema. A alienação manifesta-se no trabalhador que se sente estranho ao produto, ao processo e a si mesmo. |
| Émile Durkheim | Fato social (coercitivo, exterior e geral) e solidariedade social. | O Fato Social é o objeto de estudo da Sociologia, consistindo em maneiras de agir, pensar e sentir que são impostas pela sociedade. A Solidariedade Social (Mecânica nas sociedades tradicionais e Orgânica nas modernas, pela interdependência das funções) garante a coesão. | O conceito de Anomia (ausência ou enfraquecimento de normas morais) ajuda a explicar crises sociais e morais, como o aumento da violência, a corrupção e a sensação de desintegração social, nas sociedades onde a Solidariedade Orgânica falha em integrar o indivíduo. |
| Max Weber | Ação social (ação dotada de sentido pelo indivíduo) e tipos de dominação (legal-racional, carismática e tradicional). | A Sociologia é a ciência compreensiva que busca entender o sentido da Ação Social. O Tipo Ideal é a ferramenta metodológica de Weber para construir modelos abstratos que auxiliam na comparação e análise dos fenômenos sociais. | O processo de Racionalização (a crescente predominância da razão instrumental, focada em meios e fins) e a Burocracia (organização baseada em regras e eficiência) explicam a busca por controle e eficiência nas instituições modernas. Isso se reflete na lógica algorítmica das redes sociais (a “Gaiola de Ferro” moderna, onde a racionalidade técnica aprisiona a liberdade individual). |
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