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Segundo pesquisa, 7 em cada 10 alunos do Ensino Médio usam IA na escola

Enquanto os estudantes aderem em massa às ferramentas de IA, escolas e professores buscam formas de orientar o uso responsável da tecnologia.


A Inteligência Artificial (IA) invadiu as salas de aula brasileiras. Mas não foi por um plano do Ministério da Educação, nem por uma ordem da diretoria da escola. Na verdade, foi por iniciativa dos próprios alunos, que descobriram ferramentas como ChatGPT e Gemini e as adotaram em massa para fazer trabalhos, tirar dúvidas e ganhar tempo.

Essa adoção “de baixo para cima” é o que chamamos de revolução silenciosa. O problema é que, enquanto a garotada usa a IA sem hesitar, as escolas e os professores ainda estão tentando descobrir como lidar com a situação. O resultado? Uma lacuna perigosa entre o que os alunos já fazem e a orientação que eles precisam para usar a tecnologia de forma segura e inteligente.

Este post é um mergulho nessa realidade, com dados concretos e reflexões importantes para entendermos o que está acontecendo e o que precisa ser feito.

O que dizem os números

A pesquisa TIC Educação, uma das mais importantes do setor, jogou luz sobre a urgência do problema. Os dados são claros:

  • 7 em cada 10 alunos do Ensino Médio já usam IA para as tarefas da escola.
  • No total, 37% dos estudantes do Ensino Fundamental e Médio já experimentaram ferramentas generativas.

Esses números mostram que a IA já é uma realidade presente nas escolas, mas o mais preocupante é o outro lado da moeda: a falta de orientação.

  • Apenas 32% dos alunos do Ensino Médio receberam alguma instrução dos professores sobre o uso ético e responsável da IA.
  • Quando olhamos para todos os estudantes que usam a tecnologia, esse número despenca para 19%.

A pesquisa também mostra que o uso da IA não se restringe aos alunos mais velhos. A tecnologia já está presente desde o início da vida escolar, se intensificando com o tempo:

  • 15% dos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano) disseram usar essas ferramentas para os trabalhos escolares.

O estudo também revela que os alunos estão buscando ajuda em fontes além do Google. Canais de vídeo como YouTube (95%) e TikTok (66%) são quase tão populares para pesquisas escolares quanto os buscadores tradicionais. Até mesmo redes sociais como WhatsApp (88%) e Instagram (71%) são usadas nesse processo. Isso mostra uma mudança radical na forma como os jovens se informam e aprendem.

Afinal, IA é aliada ou ameaça?

A IA pode ser uma grande amiga para os professores. Uma pesquisa com 444 educadores mostrou que 75% deles consideram a IA uma aliada no processo de aprendizagem. E faz sentido! A tecnologia pode automatizar tarefas burocráticas como correção de provas, liberando tempo para o que realmente importa: a interação com os alunos e o desenvolvimento de habilidades socioemocionais.

No entanto, o uso irrestrito da IA também traz novos desafios. A facilidade de obter respostas pode levar à dependência tecnológica, minando o desenvolvimento do pensamento crítico. Além disso, a autoria se torna um tema complexo. Quando um aluno co-cria um texto com a IA, onde termina a ajuda da máquina e começa a autoria humana? Essa é uma das perguntas que o nosso sistema educacional ainda precisa responder.

O que o Brasil está fazendo (e o que ainda precisa fazer)

O governo e as instituições de ensino estão se movendo, mas de forma ainda muito tímida. O MEC, por exemplo, está elaborando um guia para o uso responsável da IA e lançou um curso gratuito para educadores. A iniciativa é louvável, mas, com apenas 40 mil vagas para milhões de professores, fica claro que a resposta ainda não está à altura da urgência do problema.

Em comparação com outros países, como os Estados Unidos e a União Europeia, que veem a IA como uma questão de soberania nacional, o Brasil parece estar um passo atrás, com uma abordagem reativa e fragmentada. Essa lentidão pode nos custar caro no longo prazo, com o país perdendo a oportunidade de se tornar um líder em inovação educacional.

A falta de um marco regulatório é um dos maiores gargalos. Sem diretrizes claras sobre a privacidade dos dados dos alunos, a mitigação de vieses nos algoritmos e a governança das ferramentas, estamos nos arriscando. A regulação não deve ser vista como um freio para a inovação, mas sim como um pré-requisito para que a IA seja adotada de forma justa e segura para todos.

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Autor(a) Luana Santos

Sobre o(a) autor(a):

Luana Santos - Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina, é redatora com foco em educação, produção de conteúdo para o Enem e vestibulares. Atualmente, integra a equipe da Rede Enem, onde cria materiais informativos e inspiradores para ajudar estudantes a alcançarem seus objetivos acadêmicos. Ama café, livros e uma boa conversa sobre educação.  

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