outubro rosa

Você sabe o que é Outubro Rosa (e como saber sobre isso te ajuda no Enem)?

Veja como o Outubro Rosa conecta saúde, direitos e justiça social e fortalece seus argumentos na redação do Enem.


Imagine uma doença com 95% de chance de cura, mas que ainda assim é a principal causa de morte por câncer entre mulheres brasileiras. Este é o paradoxo do câncer de mama no país.

A cada ano, em outubro, monumentos se tingem de rosa e redes sociais são inundadas com a hashtag da campanha, celebrando a conscientização. Contudo, para além do simbolismo da cor, o Outubro Rosa revela uma fratura profunda no Sistema Único de Saúde (SUS) e nas políticas de equidade.

Neste texto, vamos mergulhar nessa discussão e te mostrar como esse assunto pode ajudar a melhorar sua consciência social (e, que quebra, refinar seu repertório para a redação!)

Histórico da campanha e debate sobre comercialização

O símbolo do laço cor-de-rosa foi criado no início da década de 1990 pela Fundação Susan G. Komen for the Cure, nos Estados Unidos. O laço foi distribuído inicialmente em uma “Corrida pela Cura” em Nova York e, rapidamente, se tornou um ícone mundial de apoio, solidariedade e conscientização sobre a doença. A escolha do mês de outubro consolidou-se naquele país como o período de maior mobilização e campanhas de prevenção.

O símbolo passou a ser incorporado no Brasil a partir de 2002, quando o Obelisco do Ibirapuera foi iluminado em São Paulo. A mobilização ganhou maior alcance nacional em 2008.  A campanha começou a migrar da simples informação sobre o autoexame para a cobrança de políticas públicas, pavimentando o caminho para debates posteriores sobre a qualidade do rastreamento pelo SUS e o cumprimento da Lei dos 60 Dias (que estabelece que o Sistema Único de Saúde (SUS) deve iniciar o tratamento de pacientes diagnosticados com câncer (neoplasia maligna) em, no máximo, 60 dias após a data do laudo do diagnóstico).

Nos últimos anos, no entanto, a campanha passou a ser alvo de críticas pelo fenômeno conhecido como pinkwashing, quando empresas utilizam a cor rosa e o símbolo da causa para fins de marketing, sem destinar recursos efetivos para pesquisas ou tratamento. Essa prática levanta o debate sobre a mercantilização da saúde e a ética corporativa.

Cenário epidemiológico e sinais de alerta

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), milhares de novos casos de câncer de mama são estimados anualmente no Brasil. A prevenção secundária, com foco no diagnóstico precoce, é considerada fundamental.

Principais sinais que exigem atenção:

  • Caroço (nódulo) no seio, com ou sem dor.
  • Pequenos nódulos na região das axilas ou pescoço.
  • Alterações como retração da pele ou do mamilo.

Embora mais raro, o câncer de mama também pode acometer homens, que devem procurar atendimento médico diante de sintomas suspeitos.

Diretrizes do SUS para rastreamento

O Sistema Único de Saúde (SUS) estabelece diferentes modalidades de rastreamento:

  • Rastreamento populacional (sistemático): voltado a mulheres de 50 a 74 anos, com recomendação de mamografia a cada dois anos.
  • Rastreamento individualizado (oportunístico): direcionado a mulheres de 40 a 49 anos, com possibilidade de realizar mamografia sob decisão compartilhada com o profissional de saúde. Essa faixa etária responde por cerca de 23% dos casos.

O Exame Clínico das Mamas (ECM), feito por profissionais da Atenção Primária, complementa a avaliação e auxilia na detecção de lesões suspeitas.

Direito ao tratamento e judicialização

A Lei nº 12.732/2012, conhecida como Lei dos 60 Dias, garante o início do tratamento em até dois meses após o diagnóstico de câncer. No entanto, a dificuldade em cumprir esse prazo tem levado muitos pacientes a recorrer ao Judiciário, evidenciando a distância entre o direito previsto em lei e a realidade do acesso ao sistema de saúde.

Desigualdade regional

Apesar de os serviços de alta complexidade, como quimioterapia e radioterapia, estarem concentrados nas regiões Sul e Sudeste, essas áreas apresentam taxas de mortalidade até duas vezes maiores do que as observadas no Norte e Nordeste. Isso indica que a simples presença de hospitais especializados não é suficiente, já que falhas no rastreamento inicial levam a diagnósticos em estágios avançados.

Críticas adicionais à campanha

Além do pinkwashing, há críticas relacionadas à medicalização do corpo feminino. Para alguns especialistas, o foco exclusivo no rastreamento oncológico durante um único mês pode reforçar uma visão reducionista da saúde da mulher. A proposta seria ampliar o debate para incluir outros aspectos, como saúde sexual e reprodutiva, saúde mental e prevenção de violências, com atenção contínua durante todo o ano.

Propostas e medidas em debate

A discussão sobre o Outubro Rosa não se restringe à conscientização. Especialistas e entidades de saúde apontam medidas estruturais necessárias para reduzir a mortalidade por câncer de mama no país.

Fortalecimento da Atenção Primária

Profissionais de saúde destacam a importância de capacitar médicos e enfermeiros da rede básica para realizar o Exame Clínico das Mamas (ECM) e orientar mulheres de 40 a 49 anos sobre a realização da mamografia, faixa etária que já concentra uma parte significativa dos casos.

Cumprimento da Lei dos 60 Dias

Apesar de a legislação garantir início do tratamento em até dois meses após o diagnóstico, a regra não é seguida de forma uniforme no país. Uma das propostas é criar sistemas públicos de monitoramento, com dados de tempo de espera acessíveis à população, além de prever sanções administrativas para gestores que descumpram os prazos.

Regulação do uso do símbolo rosa

Outra frente de debate envolve a regulação do chamado pinkwashing. Entidades sugerem que campanhas publicitárias ligadas ao Outubro Rosa sejam obrigadas a comprovar a destinação de parte dos recursos arrecadados para pesquisas, projetos de prevenção ou assistência a pacientes. O objetivo é evitar que a mobilização seja utilizada apenas como estratégia de marketing.

Por que saber sobre o Outubro Rosa te ajuda no Enem?

A campanha permite abordar temas atuais como desigualdade regional no acesso à saúde da mulher, racismo institucional e políticas públicas insuficientes, todos já recorrentes nas provas mais recentes. No Enem, esse tema rende um repertório sólido: dá para argumentar sobre omissões do Estado, fluxos de poder entre União, estados e municípios, e mostrar como essas falhas afetam mulheres em diferentes regiões do Brasil.

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Autor(a) Luana Santos

Sobre o(a) autor(a):

Luana Santos - Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina, é redatora com foco em educação, produção de conteúdo para o Enem e vestibulares. Atualmente, integra a equipe da Rede Enem, onde cria materiais informativos e inspiradores para ajudar estudantes a alcançarem seus objetivos acadêmicos. Ama café, livros e uma boa conversa sobre educação.  

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