quantas pessoas faltaram

Quantas pessoas faltaram no primeiro dia do Enem 2025?

Entenda por que alunos faltaram no Enem mesmo com incentivos como o Pé-de-Meia e o que os dados revelam sobre desigualdade.


Você sabia que mais de 1 em cada 4 inscritos no Enem não aparece no dia da prova? Em 2025, foram 27% de faltas no primeiro dia. Pode parecer só um número, mas essa estatística conta uma história sobre desigualdade, políticas públicas e os desafios reais que estudantes brasileiros enfrentam.

O Exame Nacional do Ensino Médio é a principal porta de entrada para universidades públicas e privadas no Brasil, abrindo caminho para programas como:

  • SiSU: vagas em universidades públicas
  • Prouni: bolsas em universidades particulares
  • Fies: financiamento estudantil

Por isso, entender por que tantos estudantes faltam é essencial para melhorar a educação brasileira.

A taxa de ausência se manteve estável… ou não?

No primeiro dia do Enem 2025, 27% dos inscritos faltaram. Em 2024, foram 26,6%. À primeira vista, parece que nada mudou, certo? Mas, quando olhamos mais de perto, descobrimos uma transformação silenciosa acontecendo.

Contexto histórico:

  • 2022: 28,3% de faltas
  • 2023: 28,1% de faltas
  • 2024: 26,6% de faltas
  • 2025: 27% de faltas

Estamos falando de mais de 4,8 milhões de candidatos inscritos em 2025. Manter a taxa de ausência estável mesmo com mais gente fazendo a prova é, na verdade, uma conquista.

O problema do segundo dia

Aqui vai um dado que poucos prestam atenção: muito mais gente falta no segundo dia de prova.

Em 2024, enquanto 26,6% faltaram no primeiro domingo, 30,6% não apareceram no segundo. Isso significa que milhares de estudantes desistem depois da primeira prova!

Por quê? Os motivos são vários:

  • Acharam que foram mal no primeiro dia
  • Não se interessam tanto por Matemática e Ciências da Natureza
  • Dificuldade de comparecer em dois domingos seguidos
  • Cansaço e desmotivação

O programa Pé-de-Meia e a tentativa do governo de baixar esses números

O Programa Pé-de-Meia é uma aposta do governo federal para combater a evasão escolar no Ensino Médio. A ideia é simples: dar dinheiro para incentivar estudantes a permanecerem na escola e concluírem os estudos.

Para o Enem especificamente, o programa criou um bônus especial:

  • R$ 200 extras para quem faz os dois dias de prova
  • Vale apenas para estudantes concluintes do Ensino Médio de escolas públicas
  • O dinheiro cai na conta da Caixa após confirmação de presença

Os resultados impressionantes

O percentual de alunos concluintes de escolas públicas que se inscreveram no Enem saltou de 58% em 2023 para 94% em 2024. Em alguns estados do Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco e Piauí), 100% dos concluintes se inscreveram.

Isso é histórico. Em apenas um ano, o programa conseguiu transformar o Enem em parte natural do processo de conclusão do Ensino Médio para estudantes de escolas públicas.

Mas então, por que a taxa de ausência não caiu drasticamente?

Aqui está o ponto crucial: inscrever-se é diferente de aparecer no dia da prova.

O Pé-de-Meia foi um sucesso absoluto em motivar inscrições. Mas os R$ 200 não são suficientes para resolver todos os problemas que impedem um estudante de chegar até o local de prova. Vamos entender por quê.

Por que estudantes continuam faltando

1. O problema do transporte

Imagine a situação: você mora na periferia de uma grande cidade. Sua prova é às 13h, mas você precisa pegar dois ônibus e o trajeto leva 2 horas. Se o transporte atrasar (e no domingo o transporte público é mais escasso), você perde a prova.

Ou pior: você mora em área rural e o local de prova fica a 50 km de distância. Os R$ 200 do incentivo podem nem cobrir o custo do transporte de ida e volta.

Exemplo positivo: O Governo do Ceará garantiu metrô e VLTs gratuitos durante os dias do ENEM 2025. Esse tipo de ação concreta faz diferença real.

2. O custo de oportunidade

Para muitos estudantes de baixa renda, domingo é dia de trabalho. Um dia de trabalho informal pode render R$ 80, R$ 100 ou mais. Se a família está precisando, escolher entre fazer a prova ou trabalhar é uma decisão dolorosa.

Os R$ 200 do Pé-de-Meia só chegam depois, e para quem está com contas a pagar hoje, o benefício futuro pode não compensar a perda imediata.

3. Saúde e imprevistos

A vida não pausa para o Enem. Entre os motivos oficiais de ausência aceitos pelo INEP estão:

  • Doenças infectocontagiosas graves (COVID-19, tuberculose, sarampo)
  • Assaltos ou acidentes de trânsito no dia da prova
  • Casamento ou união estável realizados entre os dias de prova
  • Problemas de saúde mental

A pandemia deixou sequelas. Muitos estudantes relatam ansiedade, depressão e dificuldades de concentração que os impedem de comparecer.

4. O despreparo e a desmotivação

Ser incentivado a se inscrever não significa estar preparado. Muitos estudantes chegam ao dia da prova sabendo que não estudaram o suficiente. A tentação de desistir é grande.

Pense assim: se você sabe que vai tirar uma nota baixa, por que acordar cedo num domingo, gastar dinheiro com transporte e passar horas fazendo uma prova estressante?

O que os dados escondem: as desigualdades regionais

Os números nacionais podem enganar. Uma taxa de 27% de ausência no Brasil todo esconde realidades muito diferentes.

No Nordeste, onde o Pé-de-Meia teve impacto brutal (100% de inscrições em vários estados), é provável que a taxa de ausência tenha caído consideravelmente. Mas no Sudeste e Sul, onde mais estudantes já tinham o hábito de fazer o ENEM, a taxa pode ter se mantido ou até aumentado.

Estudantes que não se encaixam no programa (os “treineiros” que ainda estão no 1º ou 2º ano, ou quem já se formou há anos) não recebem o incentivo de R$ 200. Para esse público, os motivos de ausência permanecem os mesmos de sempre.

A prova em si: o tema da redação 2025

“Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”

O tema foi considerado “muito atual” pelo Ministro da Educação, Camilo Santana. E realmente é! O Brasil está envelhecendo rapidamente, e a discussão sobre etarismo (preconceito contra pessoas por causa da idade) nunca foi tão necessária.

Por que isso importa para a discussão sobre ausência?

Temas relevantes e bem escolhidos aumentam o valor do Enem aos olhos dos estudantes. Quando a prova discute problemas reais da sociedade brasileira, ela deixa de ser “só mais um teste” e se torna uma oportunidade de reflexão e aprendizado.

Estudantes que se prepararam e que enxergam essa relevância têm mais motivação intrínseca para comparecer.

Segurança e eliminações

Falamos muito sobre quem não aparece, mas e quem aparece e é eliminado?

No primeiro dia do Enem 2025, 3.240 participantes foram eliminados por irregularidades. Os motivos mais comuns:

  • Não seguir as orientações dos fiscais
  • Usar materiais impressos ou celulares
  • Tentar sair com o caderno de provas antes da hora permitida
  • Abandonar o local da prova

Mais de 300 mil pessoas trabalharam na aplicação do Enem em 1.805 municípios. É uma operação gigantesca que exige fiscalização rigorosa.

O que vem por aí: o teste real do Pé-de-Meia

O segundo domingo do Enem 2025 (com Matemática e Ciências da Natureza) será o verdadeiro teste da eficácia do Pé-de-Meia.

Lembra que em 2024 a diferença entre o primeiro e o segundo dia foi de 4 pontos percentuais (26,6% vs 30,6%)? Se o incentivo de R$ 200 funcionar, esperamos ver:

  • Uma taxa de ausência no segundo dia menor que 30,6%
  • Uma diferença menor que 4 pontos percentuais entre os dois dias

Se isso acontecer, significa que o dinheiro conseguiu combater a desistência entre os dias de prova. Seria a prova de que o incentivo financeiro funciona como uma “cola de presença”.

Quer saber mais?

Entre no canal de WhatsApp do Curso Enem Gratuito! Lá, você recebe dicas exclusivas, resumos práticos, links para aulas e muito mais – tudo gratuito e direto no seu celular. É a chance de ficar por dentro de tudo o que rola no curso e não perder nenhuma novidade.

Clique aqui para participar!

Autor(a) Luana Santos

Sobre o(a) autor(a):

Luana Santos - Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina, é redatora com foco em educação, produção de conteúdo para o Enem e vestibulares. Atualmente, integra a equipe da Rede Enem, onde cria materiais informativos e inspiradores para ajudar estudantes a alcançarem seus objetivos acadêmicos. Ama café, livros e uma boa conversa sobre educação.  

Gostou? Compartilhe!