Quais universidades não participam do SiSU?
Saiba quais universidades ainda mantêm vestibular próprio, por que algumas rejeitam o SiSU e como isso afeta sua entrada no ensino superior.
Você provavelmente já sabe: entrar numa universidade pública no Brasil geralmente passa pelo SiSU, aquele sistema que usa sua nota do Enem para disputar vagas em todo o país. Mas a verdade é que o ensino superior público brasileiro é muito mais diverso do que parece. Algumas universidades, por questões de autonomia e características próprias, ainda preferem fazer seu próprio processo seletivo e não participam do SiSU.
E nos últimos dias, esse assunto voltou à tona com força por causa da UnB. A universidade anunciou que vai voltar pro SiSU depois de seis anos usando só vestibular próprio e o Programa de Avaliação Seriada (PAS). Essa mudança mostra disputas internas na instituição, problemas com vagas ociosas e a busca por formas mais eficientes de selecionar estudantes.
O gancho: o que fez com que a UnB voltasse a usar o SiSU?

A UnB decidiu que vai retornar ao SiSU no processo seletivo de 2026, usando as notas do Enem 2025. Isso encerra um afastamento que começou em 2019, quando a universidade deixou o sistema alegando que ele não combinava com seu calendário acadêmico.
Durante esses anos fora do Sisu, a UnB continuou usando o Enem, mas de um jeito diferente: com editais próprios e cronograma controlado internamente.
Por que voltar agora?
A decisão foi aprovada pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) em novembro de 2025, depois de um estudo detalhado sobre a saúde acadêmica da instituição. E o diagnóstico não foi nada animador:
- A taxa de ocupação das vagas estava caindo
- O abandono estudantil aumentou, principalmente nas Licenciaturas
- Cerca de 20% das vagas estavam ficando vazias
Para uma universidade pública, deixar 20% das vagas ociosas é um problema sério. Voltar ao SiSU é uma forma de alcançar estudantes de todo o Brasil e preencher essas vagas, especialmente em cursos com menos procura.
Um modelo híbrido
Mas calma: mesmo voltando ao SiSU, a UnB não vai abandonar suas outras formas de ingresso. O PAS continua firme como uma das principais portas de entrada. E cursos que exigem Provas de Habilidade Específica, como Música e Artes Visuais, vão continuar com editais próprios.
Tem outro detalhe importante: a volta ao SiSU deve facilitar que estudantes de Licenciatura acessem o programa Pé-de-Meia Licenciaturas, que oferece uma bolsa mensal de R$ 1.050,00. Nada mal, né?
Por que algumas universidades preferem o vestibular próprio?
O SiSU nasceu justamente para democratizar o acesso e permitir que uma única prova (o Enem) abrisse portas em universidades de todo o país. Mas mesmo assim, algumas instituições ainda resistem ao sistema unificado. E isso tem muito a ver com autonomia acadêmica.
O peso da autonomia pedagógica
Para várias universidades de ponta, o vestibular próprio é uma forma de garantir que o processo seletivo esteja totalmente alinhado ao que elas oferecem. Com sua própria prova, a universidade pode:
- Aprofundar em conteúdos específicos
- Exigir habilidades analíticas mais complexas
- Definir seu próprio calendário de prova e matrícula
Em cursos super concorridos como Medicina ou Engenharias, o vestibular próprio também funciona como um filtro mais preciso.
A questão regional
Outro ponto importante é a política de inclusão regional. Como o SiSU segue regras nacionais, algumas universidades perdem a liberdade de adotar bônus regionais ou ações afirmativas específicas.
O caso da UERN (Universidade do Estado do Rio Grande do Norte) é um exemplo clássico: ela foi obrigada a suspender o AIR (Argumento de Inclusão Regional) para participar do SiSU 2025, porque o MEC e o STF não permitem esse tipo de bonificação dentro do sistema unificado. Ou seja, aderir ao SiSU pode significar abrir mão de políticas locais e personalizadas de inclusão.
Quem ainda exige vestibular próprio?
Mesmo com a força do SiSU, algumas das universidades mais respeitadas do país mantêm seus vestibulares próprios, seja total ou parcialmente.
USP
A Universidade de São Paulo continua entre as instituições que mantêm vestibular próprio, realizado pela Fuvest, seu tradicional processo seletivo
Em 2022, a universidade decidiu deixar o SiSU e criou o Enem-USP. Com isso, candidatos aprovados pelo Enem passaram a fazer matrícula no mesmo período dos aprovados pela Fuvest. Todo o processo (inscrições, classificação e convocações) ficou sob responsabilidade da própria Fuvest.
A mudança teve dois objetivos principais: evitar a dependência do calendário do SiSU e facilitar o trabalho das comissões de heteroidentificação, responsáveis por confirmar a autodeclaração de candidatos cotistas. A USP também firmou um acordo com o Inep para receber os resultados do Enem imediatamente, acelerando todas as etapas. Para 2026, a universidade disponibiliza 1.500 vagas via Enem-USP.
Unicamp
Seguindo um caminho parecido, a Universidade Estadual de Campinas mantém seu vestibular próprio pela Comvest, um processo rigoroso e dividido em várias fases. Assim como a USP, a Unicamp utiliza o Enem de forma complementar por meio do Enem-Unicamp.
UERJ
A Universidade Federal do Rio de Janeiro possui um vestibular próprio, que utiliza o resultado do Enem apenas para alguns cursos ou como critério complementar em algumas seleções específicas, mas o principal meio de entrada é o processo seletivo da própria instituição.
UNIFAP
A Universidade Federal do Amapá não participou do SiSU em 2024 e manteve seu processo seletivo próprio em 2025. A seleção, chamada PS Unifap, utiliza as notas do Enem, aceitando resultados de 2023 ou 2024. Neste ciclo, foram ofertadas 1.575 vagas em 35 cursos. A instituição também promove processos específicos para candidatos indígenas, quilombolas, pessoas com deficiência, migrantes e pessoas trans.
UFOPA
A Universidade Federal do Oeste do Pará adota o Processo Seletivo Regular (PSR), que aceita notas do Enem de 2021 a 2024. Em 2025, foram oferecidas 1.520 vagas na primeira edição e 313 na segunda, incluindo o novo curso de Medicina. Além disso, a universidade realiza seleções próprias para estudantes indígenas, quilombolas e moradores de comunidades do interior do Pará.
UNIR
A Universidade Federal de Rondônia conduz um processo seletivo independente, fora do SiSU. Em 2025, disponibilizou mais de 2.000 vagas em 60 cursos, utilizando notas do Enem de 2022 a 2024. A instituição também lança editais específicos para populações indígenas e para o preenchimento de vagas remanescentes.
UFPA
Desde 2019 fora do SiSU, a Universidade Federal do Pará manteve seu processo próprio em 2025, oferecendo 7.468 vagas distribuídas em 182 cursos. A seleção utiliza exclusivamente o Enem 2024 e concede um bônus regional de 10% para candidatos da região Norte. A UFPA também aplica provas específicas para cursos como Música e Artes, além de publicar editais direcionados a populações tradicionais e do campo.
O caso dos concursos militares
No topo do rigor acadêmico estão instituições como o ITA e o IME, ligadas às Forças Armadas. O nível de exigência é tão alto que o SiSU nunca foi cogitado como opção para essas escolas. As provas são longas, discursivas e extremamente aprofundadas. Ou seja, vão muito além do que o Enem cobra.
Aqui, o vestibular próprio é necessidade. O perfil dos cursos demanda uma base matemática e científica extremamente sólida.
Como se planejar
Se você quer jogar bem suas cartas no campo dos vestibulares e do SiSU, entender as diferenças entre esses modelos é fundamental.
Preparação dupla
Para o Enem, o foco está em competências gerais e resistência para aguentar dois dias de prova.
Para vestibulares próprios, você precisa estudar de forma mais profunda e direcionada ao edital específico da instituição, principalmente se houver provas discursivas.
A escolha entre focar no Enem ou num vestibular próprio depende muito da universidade e do curso que você quer.
A importância do Simulador do SiSU
Como as notas de corte do SiSU mudam todos os dias durante as inscrições, ferramentas como o Simulador do SiSU do Blog do Enem são essenciais. Elas ajudam você a prever suas chances, comparando suas notas com os históricos de anos anteriores e ajustando suas escolhas antes que as inscrições acabem.
