Veja esta revisão sobre a literatura infanto-juvenil! Estude para o Exame Nacional do Ensino Médio com o Curso Enem Gratuito!
A literatura infanto-juvenil designa um tipo de escrita voltada, como o próprio nome já adianta, para um público de faixa etária variável entre quatro e dezessete anos de idade. Ou seja, voltada para crianças e adolescentes. Inclusive, por vezes, esse ramo da literatura se aproxima de seu público mostrando histórias de ficção que englobam questões da infância e adolescência.
Costuma desempenhar o papel de porta de entrada no mundo da leitura. Desse modo, é um segmento de grande aceitação popular, inclusive entre público de outras faixas etárias. Atualmente, a presença desse tipo de obra é crescente e reflete uma característica da literatura contemporânea, ligada à presença e influência de outras mídias nessa produção (cinema, quadrinhos, videogames, televisão).
Por conta disso, a literatura infanto-juvenil também costuma chamar a atenção pelos seus elementos visuais (normalmente com a presença de ilustrações, fotos e cores marcantes). A linguagem costuma ser acessível e enxuta, sem um vocabulário muito rebuscado ou carregado de reflexões e metáforas.
É imprópria também a presença de linguagem pesada e chula, como referências explícitas ou exageradas. Algumas dessas questões, contudo, podem ser abordadas buscando um fim didático, que auxilie os adolescentes a lidar com algum problema da vida. É também típico nessa literatura, portanto, o viés moral e didático, consequentemente indicando a vitória da virtude sobre o vício, do bem sobre o mal.
Fantasia
Dentro da literatura infanto-juvenil, temos sub-gêneros como os livros de Fantasia, que remetem instantaneamente ao universo dos mitos, lendas, fábulas e contos de fadas, das Epopeias da Antiguidade Grega, do folclore e das Novelas de Cavalaria.
A origem dessas histórias remonta aos mitos e lendas da antiguidade, à poesia épica, as novelas de cavalarias e o folclore mundial. Está, portanto, povoada de deuses, heróis e seres fantásticos. Segundo Joseph Campbell, famoso especialista sobre tema: “mitos são histórias de nossa busca da verdade de sentido, de significação, através dos tempos”.
Desde a época de Homero, na antiguidade, as histórias de heróis e deuses foram contadas com o intuito de exprimir a realidade e de tornar as pessoas receptivas a um modelo de conduta, de honra, coragem, amizade e gentileza. Além disso, por meio dos mitos e de seus exemplos pode-se falar dos atos e suas consequências, dos sentimentos e das relações entre as pessoas. O mito possui narrativas que tratam de pessoas excepcionais ou comuns, que em determinado momento realizam algo extraordinário, que somente elas poderiam fazer.
O herói é alguém cujas necessidades próprias são colocadas em segundo plano, para dedicar a vida ao bem comum, alguém que mesmo com grandes poderes e capacidades, decide usá-las para algo mais que o benefício próprio (lembre-se do famoso lema do Homem Aranha: “com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”).
No Brasil, autores que escreveram no gênero foram Ana Maria Machado (Bisa Bia Bisa Bel), Cecília Meireles (Ou Isto ou Aquilo), Clarice Lispector (A Vida Íntima de Laura), Rachel de Quieroz (O Menino Mágico), entre outros.
Contudo, o autor nacional mais expressivo da literatura infanto-juvenil talvez seja mesmo Monteiro Lobato, autor da série “Sítio do Pica-Pau Amarelo”, composta por 23 volumes, escritos entre 1920 e 1947.
As aventuras de Pedrinho e Narizinho (Lúcia), netos de Dona Benta, proprietária do sítio, se passam num universo cheio de personagens mágicos, do qual fazem parte, além das criações de Lobato, nomes do folclore brasileiro (Saci, a Mula-sem-cabeça e a Cuca), e também personagens ícones da literatura mundial (Dom Quixote, Peter Pan). São agregados com naturalidade, portanto, figuras e lendas do folclore nacional, da literatura mundial e da cultura popular. Monteiro Lobato é, de fato, o autor brasileiro de maior projeção no gênero infanto-juvenil, e suas obras culminaram em muitas adaptações para quadrinhos, cinema, teatro e televisão.
Terror
As histórias de terror também fazem parte desse gênero, contudo, por explorarem temas soturnos (morte e o sobrenatural) possuem vertentes que se distinguem pelo teor e exposição desses temas. Assim, possuem grande respaldo crítico e autores consagrados como: Edgar Allan Poe (Histórias Extraordinárias); Robert Stevenson (O Médico e o Monstro); Mary Shelley (Frankenstein); Bram Stoker (Drácula); H.P. Lovecraft (Necronomicon); na atualidade, há o americano Stephen King (Cujo, It, Carrie, O Iluminado) como um dos grandes nomes.
O terror penetra o medo das pessoas, (ingrediente fundamental do Suspense) mostra suas diversas facetas, explora o desconhecido e o sobrenatural. No Brasil, existe uma tradição associada ao tema com: Álvares de Azevedo (Noite na Taverna), Machado de Assis (A causa secreta), Aluísio Azevedo (Demônios), entre outros. E há, claro, exemplos de escritores nacionais contemporâneos como é o caso de André Vianco, com obras que exploram temas góticos, como vampiros, zumbis, anjos e entidades sobrenaturais (Os Sete, O Senhor da Chuva, Vampiro Rei).
Ficção científica
Muito popular também são os temas de ficção científica, que exploram a temática futurista, a exploração espacial, universos paralelos, mundos apocalípticos, cidades, sociedades e tecnologias possíveis. Devido ao aspecto visual que esse gênero implica, são muito populares também as suas adaptações para o cinema e televisão.
Autores conhecidos por ajudarem a moldar o gênero são: Júlio Verne (Viagem ao Centro da Terra, Vinte Mil Léguas Submarinas, Paris no Século XX,Da Terra à Lua), Isaac Asimov (Eu Robô, Fundação, O Fim da Eternidade, O Homem Bicentenário), Aldous Huxley (Admirável Mundo Novo), George Orwell (1984), H. G. Wells, Arthur C. Clarke, Philip K. Dick entre muitos outros.
Existe uma grande cultura cinematográfica influenciada por essa literatura: Star Wars, Star Trek, Uma Odisséia no Espaço, Blade Runner entre vários outros. No Brasil temos casos raros como Zanzalá e o Reino do Céu de Afonso Schmitd, Lúcia Machado de Almeida (Xisto no Espaço), Fábio Kabral (O Caçador Cibernético), Jorge Luiz Calife (Padrões de Contato), entre outros.
Quadrinhos
A história em quadrinho, como já foi dito, está intimamente ligada com as artes visuais, mas é também uma das portas de acesso à Literatura mais empregada nesses tempos de cultura midiática. Muito lembrados em exames como vestibulares e o Enem, especialmente em sua forma de charge ou tirinha.
Os quadrinhos são também conhecidos como arte sequencial, devido à sua organização em quadros, dispostos em cima pra baixo e da esquerda para direita, nas HQ’s americanas, assim como nos Gibis brasileiros.
No Japão, contudo, onde são muito populares, são chamados de Mangás, e são lidos de trás para frente. Os muitos “quadros” que forma uma história em quadrinhos contêm: imagens das cenas e dos personagens e caixas de textos ou balões que indicam os agentes que detém a palavra naquele quadro (Narrador e personagens). A ordem dos quadros e das falas (da esquerda para a direita e de cima para baixo, no ocidente) situa os personagens, os acontecimentos e a temporalidade de cada obra.
Além disso, existem ainda as linhas de ação (que indicam velocidade, tensão, temperatura, sensações, impacto) e as cores (que indicam emoções), fumaças (odores), onomatopeias (sons), formato dos balões (intensidade das falas), etc. Assim sendo, perceba que a junção de texto e imagem ocasiona uma linguagem própria, que necessita ser decodificada pelo leitor.
A linguagem dos quadrinhos gerou os seus formatos como as tirinhas (cenas de cerca de três ou quadrinhos), as charges (cena de um único quadro), e as também as Graphic Novels, que ampliam a presença e a importância do texto na história. O autor mais consagrado das Graphic Novels é Will Eisner (O Complô, Avenida Dropsie).
No Brasil, as histórias da Turma da Mônica, de Maurício de Souza, inicialmente publicadas em 1970, foram muito populares entre toda uma geração de novos leitores. Apresentando histórias corriqueiras, da rotina de fictícias crianças (brasileiras), em sua comunidade.
Além de Souza, há no Brasil cartunistas como Laerte Coutinho (Piratas do Tietê, Overman), Angeli (Woodstock), Ziraldo (O Menino Maluquinho, Supermãe) entre outros. Fora daqui, há o caso mais conhecido das editoras Marvel e DC Comics, responsáveis por marcar a cultura global com uma gama de personagens, especialmente, Super Heróis e Vilões, que são internacionalmente populares e cultuados, fazendo parte de uma cultura que atinge praticamente todos os ramos da mídia áudio-visual.
Os Heróis e as questões colocadas pelas HQs e pelos Mangás (quadrinhos japoneses) algumas vezes dizem respeito a temas altamente sensíveis à nossa sociedade (como o preconceito em X-Men), e os seus ícones são legítimos símbolos do imaginário atual.
Atualmente, também encontramos obras – muito recomendadas, inclusive – que questionam o mito do herói e o esquema tradicional das histórias em quadrinhos. É o caso da minissérie “O Reino do Amanhã”, de Mark Waid e Alex Ross, “Authority”, de Warren Ellis, “Ex-Machina”, de Brian K. Vaughan e Tony Harris, “Top Tem”, de Alan Moore, “Astro City”, de Kurt Busiek e “Watchmen”, de Alan Moore e Dave Gibbons.
Videoaula
Exercícios
1. (ENEM-2002) Analise a tirinha abaixo para a próxima questão.
De acordo com a história em quadrinhos protagonizada por Hagar e seu filho Hamlet, pode-se afirmar que a postura de Hagar
a) valoriza a existência da diversidade social e de culturas, e as várias representações e explicações desse universo.
b) desvaloriza a existência da diversidade social e as várias culturas, e determina uma única explicação para esse universo.
c) valoriza a possibilidade de explicar as sociedades e as culturas a partir de várias visões de mundo.
d) valoriza a pluralidade cultural e social ao aproximar a visão de mundo de navegantes e não-navegantes.
e) desvaloriza a pluralidade cultural e social, ao considerar o mundo habitado apenas pelos navegantes.
2. (UEMA-2012) Observe com atenção a comunicação entre os dois falantes na tirinha abaixo para responder à questão a seguir.
Na tirinha, o efeito de humor é gerado pela não convergência semântica conferida ao significante ele pelos dois falantes, uma vez que
a) o segundo interlocutor não estava atento à situação comunicativa, o que gerou a falha na comunicação.
b) ele, por ser uma palavra polissêmica, sempre necessitará do sujeito explicitado no texto.
c) há no texto uma indeterminação do sujeito, o que gera ambiguidade.
d) se trata de uma palavra homônima, gerando ambiguidade sintática.
e) em 3ª pessoa, o vocábulo ele, no contexto dessa frase, provoca ambiguidade.
3. (UNIFESP -2013) Examine a tira.
O efeito de humor na situação apresentada decorre do fato de a personagem, no segundo quadrinho, considerar que “carinho” e “caro” sejam vocábulos:
a) derivados de um mesmo verbo.
b) híbridos.
c) derivados de vocábulos distintos.
d) cognatos.
e) formados por composição.
4. Analise as imagens e responda:
A)
B)
É correto afirmar que:
a) a figura A trata-se de uma tirinha, e a B de uma charge.
b) a figura A trata-se da página de uma história em quadrinhos maior.
c) os balões indicam a fala do narrador.
d) a charge é uma história em quadrinhos de três quadros.
e) a figura B trata-se de um tirinha.
5.
Os quadrinhos exemplificam que as Histórias em Quadrinhos constituem um gênero textual
a) em que a imagem pouco contribui para facilitar a interpretação da mensagem contida no texto, como pode ser constatado no primeiro quadrinho.
b) cuja linguagem se caracteriza por ser rápida e clara, que facilita a compreensão, como se percebe na fala do segundo quadrinho: “</DIV></SPAN><BR CLEAR
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c) em que o uso das letras com espessuras diversas está ligado a sentimentos expressos pelos personagens, como pode ser percebido no último quadrinho.
d) que possui em seu texto escrito características próximas a uma conversação face a face, como pode ser percebido no segundo quadrinho.
e) que a localização casual dos balões nos quadrinhos expressa com clareza a sucessão cronológica da história, como pode ser percebido no segundo quadrinho.
Gabarito:
1. b
2. e
3. d
4. a
5. d