Você já ouviu falar que o Brasil possui uma grande quantidade de água armazenada no seu subsolo? Por onde será que essa água está distribuída? Aquífero e lençol freático é a mesma coisa? Qual é o maior aquífero do Brasil? Leia a aula a seguir e conheça um pouco mais sobre esse tema!
O subsolo do território brasileiro possui uma grande quantidade de reservas hídricas subterrâneas, com muita água armazenada, até mesmo sob as áreas semiáridas da região Nordeste. Estude nessa aula as principais reservas e aquíferos no Brasil!
O primeiro ponto a se considerar é que nem sempre as águas subterrâneas são apropriadas para o nosso consumo. O volume das águas que se encontra próximo à superfície, formando os lençóis freáticos, é pequeno em relação ao todo das reservas e, em muitos casos, pode estar contaminado.
Essas águas podem estar poluídas por conta dos rejeitos da agricultura e também da indústria.
Mas o que são lençóis freáticos?
Esses depósitos constituem a origem das nascentes. Eles não formam lagos ou rios subterrâneos, mas sim se infiltram nas rochas como se elas fossem esponjas.
As rochas ou camadas arenosas saturadas vão cedendo, aos poucos, suas águas para os rios, nascentes, poços escavados pelos seres humanos ou para as raízes das plantas.
A quantidade de água absorvida pelos solos pode variar muito, de acordo com fatores como declividade e permeabilidade do solo e da cobertura vegetal. A vegetação, quando presente, aumenta a permeabilidade devido ao húmus.
Derivado da decomposição das folhas, o húmus funciona como um material aglutinante, gelatinoso, que agrega pequenas partículas de argila de modo a formar grãos maiores de terra. Com isso, há maiores espaços entre eles.
Por esse motivo, os solos cobertos por vegetação são menos sujeitos ao desgaste da erosão, já que retêm água, evitando enchentes e inundações.
Reservatórios subterrâneos
Os reservatórios subterrâneos, por sua vez, localizados a centenas de metros de profundidade, apresentam gigantesco volume de água (centenas de milhares de km³), são denominados aquíferos. De modo geral, eles apresentam água adequada para o consumo humano.
Os reservatórios de água subterrânea são formados quando a água da chuva infiltra no solo e outros materiais não consolidados da superfície, adentrando inclusive nas rachaduras e fendas do substrato rochoso.
Os imensos reservatórios de água subterrânea chegam a armazenar aproximadamente 29% de toda a água doce do planeta, sendo que o restante se apresenta em lagos e rios, geleiras, gelo polar e na atmosfera.
Aquíferos
Os aquíferos são as formações rochosas por onde as águas subterrâneas percorrem em quantidade suficiente para suprir poços. A água subterrânea pode fluir em dois tipos de aquíferos: não confinados ou confinados.
Nos aquíferos não confinados a água percola lentamente, através de camadas de permeabilidade relativamente uniformes, que chegam à superfície. O nível do reservatório em um aquífero não confinado encontra-se à altura da superfície freática.
Muito aquíferos permeáveis, formados por rochas areníticas, se conectam acima e abaixo por camadas de baixa permeabilidade, como folhelhos (rocha sedimentar, fina, com um mínimo de metamorfismo apresentando uma laminação característica que lhe dá um aspecto folhado).
Essas camadas relativamente impermeáveis são chamadas de aquicludes (formação impermeável que pode conter água, mas que é incapaz de transmitir quantidades significativas da mesma), e a água subterrânea não pode percolar por elas, ou o faz muito lentamente.
Quando esses aquicludes se situam tanto acima como abaixo de um aquífero, temos um aquífero confinado.
Esses aquíferos também são conhecidos como artesianos. Isso porque devido à pressão em que a água se encontra, se é feita uma perfuração, a água fluirá espontaneamente por conta dessa pressão.
Formam-se assim os conhecidos poços artesianos, que não precisam de bombeamento da água para a superfície.
Tipos de Aquíferos
Os tipos de aquíferos podem ser definidos de acordo com a sua constituição geológica (porosidade, permeablidade intergranular ou de fissuras). Esse fator determina a velocidade com que a água percola, a qualidade da água e a sua qualidade como reservatório.
Isso decorre da sua origem geológica, que pode ser fluvial, lacustre, eólica, glacial e aluvial (rochas sedimentares), vulcânica (rochas fraturadas) e metamórfica (rochas calcáreas), o que vai determinar os diferentes tipos de aquíferos.
Quanto à porosidade, existem três tipos aquíferos (conforme a Figura 1):
No Brasil, a combinação das estruturas geológicas com fatores geomorfológicos e climáticos deu origem à configuração de dez províncias hidrogeológicas.
Essas províncias são diferentes áreas contendo, cada uma delas, sistemas aquíferos com condições parecidas de armazenamento, circulação e qualidade da água.
De acordo com a estrutura rochosa, as águas subterrâneas no Brasil estão presentes em distintos tipos de reservatórios, que podem ir das zonas fraturadas do escudo cristalino até as bacias sedimentares. Podendo ser porosos, fissurados e cársticos.
Os escudos são formados por rochas magmáticas e metamórficas. São as primeiras rochas emersas que afloraram desde o início da formação da crosta terrestre.
Já as bacias sedimentares constituem-se em depressões preenchidas por sedimentos que foram sendo transportados ao longo do tempo, de áreas próximas ou distantes, comumente dispostas de forma horizontal.
Nos aquíferos no Brasil estão armazenados excedentes hídricos importantíssimos, e fornecem água a uma das maiores extensões de redes de rios perenes do mundo.
– Sistemas porosos:
Os sistemas porosos, formados por rochas sedimentares, ocupam 42% (3,6 milhões de km²) da área total do país. Abrangem cinco províncias hidrogeológicas, que são as bacias sedimentares do Amazonas, Paraná, Parnaíba-Maranhão, Centro-Oeste e Costeira.
Suas estruturas geológicas, com camadas permeáveis e impermeáveis se alternando, lhes dá a condição de artesianismo.
– Sistemas fraturados:
Os sistemas fraturados ou fissurados se estendem por uma área de cerca de 4,6 milhões de km², aproximadamente 53,8% do território brasileiro. Abrangem as províncias hidrogeológicas dos escudos Setentrional, Central, Oriental e Meridional.
As duas primeiras, com rochas fraturadas, apresentam um potencial hídrico razoável, devido à alta pluviosidade. A Província Oriental divide-se em duas sub-províncias (Nordeste e Sudeste).
A Província Meridional, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul é de substrato alterado. Os altos índices pluviométricos da região garantem que os rios sejam perenes, contribuindo para a recarga dos aquíferos.
– Sistemas cársticos:
Os sistemas cársticos são formados pelo sistema cárstico-fissural da província hidrogeológica do São Francisco, e pela Formação Jandaíra (subprovíncia Potiguar). Inclui os domínios do calcário do Grupo Bambuí com mais de 350.000 km² nos estados da Bahia, Goiás e Minas Gerais e a Formação Caatinga. As profundidades do desenvolvimento cárstico são bastante variáveis, com uma média de 150 metros.
Aquíferos no Brasil
Sabe-se que o Brasil possui dois dos maiores aquíferos do mundo: o Guarani, localizado sob as Regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste, e o Alter do Chão, na Região Norte.
O Aquífero Alter do Chão, segundo o Professor Doutor André Montenegro Duarte, é uma formação geológica que fica no interior do solo, armazenando a água em poros ou vazios.
São espaços onde, durante milhões de anos, a água foi se armazenando. Sua extensão territorial é muito grande, abrangendo os estados do Pará, Amapá e Amazonas, contendo aproximadamente 84 quadrilhões de litros de água, ou seja, duas vezes o volume armazenado no Aquífero Guarani.
A principal diferença entre esses dois aquíferos no Brasil é justamente o volume. O Alter do Chão pode armazenar uma quantidade de água muito maior.
Já o Guarani está localizado numa região mais cristalina, numa área mais rochosa, o que faz com que a água seja armazenada mais nas fraturas, mesmo que também haja depósitos de água nos pacotes sedimentares.
O Alter do Chão, por outro lado, é todo sedimentar e está em uma área muito grande, com uma porosidade muito maior. Consequentemente, o volume de água também é.
Em 2003, houve o lançamento do Projeto Aquífero Guarani, financiado por instituições internacionais. O projeto visava a adoção de uma política em conjunto por parte dos países do Mercosul, com a finalidade de manter a qualidade da água desse aquífero, fazendo o uso sustentável e controlando possíveis pontos de contaminação.
Estude mais sobre os aquíferos no Brasil com nossa videoaula:
Referências:
BRANCO, S. M. Água, Origem, Uso e Preservação. São Paulo: Moderna, 1993.
GROTZINGER, John P.; JORDAN, Thomas H. Para entender a terra. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.
LUCCI, Elian Alabi; BRANCO, Anselmo Lazaro; MENDONÇA, Cláudio. Território e sociedade no mundo globalizado, Geografia geral e do Brasil, volume único. São Paulo: Saraiva, 2014.
TAMDJIAN, James Onnig; MENDES, Ivan Lazzari. Geografia geral e do Brasil: estudos para a compreensão do espaço. São Paulo: FTD, 2013.
TEIXEIRA, Wilson. Decifrando a Terra. 2. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009.
INSTITUTO HUMANITAS UNISINUS. Alter do chão: um aquífero de 84 quadrilhões de litros de água. Entrevista especial com André Montenegro Duarte. Disponível em: <http://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/35015-alter-do-chao-um-aquifero-de-84-quadrilhoes-de-litros-de-agua-entrevista-especial-com-andre-montenegro-duarte>. Acesso em: 13/03/2020.