A arte japonesa é marcada pela influência do zen-budismo e das artes chinesas. Entre suas principais manifestações estão o teatro Nô e a pintura de painéis.
O Japão é uma nação marcada por significativas influências artísticas vindas de outros povos. Entretanto, apesar de incorporar ao seu fazer artístico técnicas estrangeiras, criaram um estilo único e peculiar. Que tal aprender mais sobre a arte japonesa para mandar bem no Enem?
Influência chinesa na arte japonesa
Bodhidharma, um indiano fundador do zen-budismo, foi um importante monge que viajou até a China para passar adiante seus ensinamentos. O zen é uma filosofia que prega a prática da meditação e a autoconfiança. E por que isto está relacionado com a arte japonesa? Será que entrei na aula errada?
Então, eis que, no século XIII, monges japoneses viajaram para a China com o intuito de estudar doutrinas mais recentes. Atributos como a disciplina e a simplicidade, defendidos pelo zen, acabaram por atrair samurais (ou seja, guerreiros) à filosofia.
Dessa forma, diversos templos foram construídos no Japão entre os séculos XIII e XV, influenciando profundamente a criação artística. Após a viagem para a China, os monges introduziram hábitos como beber chá em pó em tigelas de cerâmica. Levaram ainda diversas obras de arte, como pinturas a nanquim e caligrafia.
Paralelamente, entre os anos de 1368 a 1644, a China era governada pela dinastia Ming. Nessa época, o governante militar japonês (os xóguns) incentivava o comércio entre as duas nações. O que, naturalmente, favoreceu também a troca artística e cultural entre ambos. Assim, a pintura com nanquim e a caligrafia tornaram-se atividades do cotidiano dos monges.
Dessa maneira, a prática do zen foi um fator determinante para o desenvolvimento da cultura do Japão. Diversos costumes da época foram perpetuados e perduram ainda hoje, como a pintura com nanquim, a cerimônia do chá, arranjos florais e o teatro Nô.
O teatro Nô
O teatro Nô é reconhecido por sua característica principal que é a simplicidade. A presença e interação do público são muito importantes, já que é ele quem vai interpretar a peça de acordo com sua forma de enxergar e de ouvir o mundo. O teatro Nô une três linguagens artísticas: a dança, a música e o canto.
Também é marcado por muitos simbolismos. Por exemplo, quando o cenário tem a presença de pinheiros, fica subentendido que a história se passará em um mundo espiritual. Existem também algumas convenções, como a posição da máscara indicando se o personagem está triste ou alegre. Outra característica do teatro Nô é o fato de que a peça não possui muitos diálogos.
Imagem 1: Fotografia de uma cena de uma peça Nô. (fonte: https://narano.exblog.jp/m2012-01-01/)
Pinturas japonesas
Quanto às pinturas, um artista e estudioso das obras chinesas viria a se destacar mais tarde. Sesshu Toyo (1420 a 1506) foi um monge que iniciou seus estudos artísticos com um grande mestre chinês que produzia pintura de paisagens com nanquim. Fez ainda viagens à China para melhor compreender a estética e poética das obras de artistas da dinastia Ming.
Assim, Toyo viria a desenvolver um estilo único, incorporando à sua bagagem de estudos a espontaneidade própria do artista e a influência da cultura japonesa. É por esse motivo que se tornou uma referência quando se fala sobre a arte produzida no Japão antigo.
Uma das principais obras do artista é a que veremos a seguir:
Imagem 2: Pássaros e flores das quatro estações: outono e inverno. Nanquim e tinta colorida sobre papel. (Fonte: https://bit.ly/3iyQ9O0)
A obra, composta por seis painéis dobráveis, retrata duas estações: outono, representado à direita, e inverno, à esquerda. A técnica e conhecimento de perspectiva de Toyo são muito evidentes nessa composição, que apresenta uma rica profundidade espacial. A obra nos transmite a sensação de que as montanhas estão realmente distantes.
Período Momoyama
Assim como os painéis dobráveis de Toyo, diversas outras obras foram constituídas dessa forma. O motivo é que essas estruturas eram agregadas à arquitetura a fim de dividir ambientes.
Durante o período Momoyama (1573 a 1592), esse mobiliário ganhou popularidade quando guerreiros construíram suntuosos castelos e pediram para que artistas fizessem a decoração. Dessa forma, os guerreiros viriam a se tornar os maiores mecenas (ou seja, aqueles que possuem um vasto acervo artístico).
Também foi no período Momoyama que as pessoas da nobreza procuravam por obras grandes, com imagens coloridas e fundo dourado. Para tal resultado, folhas de ouro muito finas eram aplicadas sobre a superfície para que, posteriormente, os desenhos fossem pintados sobre esta camada com tintas feitas a partir de uma mistura de pigmentos naturais e cola. O artista mais renomado da época foi Tohaku.
Imagem 3: Parte da pintura “Bordo” de Tohaku. Observe o fundo dourado feito com finas películas de ouro.
Mais tarde, a pintura japonesa alcançaria uma nova abordagem de sofisticação técnica. As representações de Daruma, o fundador do zen-budismo, feitas por artista desconhecido, apresentam um contraste muito interessante entre as linhas finíssimas do cabelo e da barba em relação às pinceladas rápidas e imponentes nas vestes do mestre religioso.
Período Edo
Os anos que sucederam foram marcados como um período de paz e florescimento cultural. O Período Edo, compreendido entre 1603 a 1867, trouxe consigo a arte do ukiyoy-e (em tradução livre, mundo flutuante). Muito pautado no budismo, o ukiyoy-e busca expressar a busca pelo prazer efêmero.
Imagem 4: Obra “A grande onda” de Kanagawa.
Uma temática largamente explorada pelos artistas na produção de suas obras durante o período Edo foram as gueixas. Os comerciantes, embora ainda fossem considerados pertencentes a uma classe menos abastada, tornaram-se grandes consumidores de arte. Dessa forma, a arte deixou de ser de consumo exclusivo da elite e passou a ser apreciada pelo povo.
O desenvolvimento da técnica da xilogravura (técnica de gravura com matriz de madeira) permitiu que uma mesma obra fosse repetida e reproduzida em larga escala. Os exemplos mais antigos de xilogravura apresentavam impressões em preto e branco, por vezes coloridas à mão.
Literatura
No início do século XVII, a literatura clássica japonesa ganhou versões impressas, produzidas na região de Saga, em Kyoto. Os Saga-bon, como foram batizados em alusão à região da cidade onde eram produzidos, eram livros luxuosos, com caligrafia impecável e impressos com ilustrações em preto e branco.
Estes livros marcaram o início de uma disseminação de livros impressos no Japão e ganharam versões mais baratas e acessíveis à toda a população, contando lendas populares e contos de fadas e ilustrados. Devido ao grande interesse da população pela leitura, no século XVIII já havia mais de 1500 editoras no país.
As primeiras ilustrações foram criadas por artistas anônimos. Porém, o artista Hishikawa Moronobu (1618 – 1694) ficou muito famoso e passou a assinar suas obras. A partir dele, que é lembrado ainda nos dias atuais, os artistas passaram a assinar suas obras com maior frequência.
A arte japonesa, portanto, foi influenciada pela cultura de outros países. Entretanto, este foi um fator determinante para o enriquecimento e para posterior construção da identidade do país, incorporando suas crenças se costumes à produção da arte.
Videoaula sobre arte japonesa
Para encerrar os seus estudos, assista ao vídeo a seguir:
Exercícios
1- Inicialmente, a cultura e produção artística do Japão foi influenciada especialmente por:
A) Pela perspectiva egípcia e a lei da frontalidade
B) Pelo fundador do zen budismo, Daruma, e sua filosofia
C) Pela rica simetria dos gregos
D) Pelo uso da perspectiva, de acordo com os povos mesopotâmicos
E) N.D.A
2- Sobre o teatro Nô, é correto afirmar:
a) Trata-se de peças com roteiros que imitam a realidade
b) Possui diálogos complexos e linguagem rebuscada
c) É repleto de simbolismos e busca a simplicidade
d) É uma herança da invasão indiana no Japão
e) N.D.A
3- Dentre as técnicas e materiais mais utilizados pelos artistas no Japão, encontra-se:
a) A tinta acrílica
b) Pedras coloridas transformadas em pigmentos
c) Esculturas em pedra
d) Xilogravura
e) N.D.A
Gabarito:
- B
- C
- D