A Oceania: resumo de história e geografia Enem

A Oceania é a terra de animais singulares e é um dos cinco continentes ocupados pelo ser humano. O nome tem origem do grego e remete ao Oceano.

A Oceania, ainda que pouco estudada nas aulas de história, carrega um legado que se distingue pelo fato de sua ocupação ser muito recente se comparada a de outros continentes. Devido a esse fator, esta região do globo ficou conhecida como Novíssimo Mundo.

O continente teria recebido este nome no século XIX pelo cartógrafo francês Adrien-Hubert Brué, que a designou como a quinta parte do mundo. Outros navegadores viajantes franceses como René Primevère Lesson e Dumont d’Urville também são referências no batismo do continente.

A Oceania e sua história

Contudo, os primeiros europeus a passarem pela região da Oceania não foram os franceses e nem os ingleses, mas sim os portugueses e espanhóis. De 1519 a 1522, no contexto da expansão marítima ibérica, o português Fernão de Magalhães liderou uma esquadra que realizou a primeira volta ao globo.

Naquela época Magalhães não completou a viagem, tendo morrido na atual região das Filipinas. Então Juan Sebastian Elcano comandou o término da circunavegação. Atualmente as fronteiras do continente o dividem em uma parte insular e outra continental.

Introdução à Oceania

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A divisão atual do continente Oceania

No primeiro grupo da divisão de limites e de mares na Oceania, estão Nova Zelândia, Fiji, Ilhas Salomão, Papua-Nova Guiné, Tonga, Kiribati, Nauru, Samoa Ocidental, Vanuatu e Tuvalu, e no segundo está a Austrália.

Nova Zelândia e Austrália são, economicamente, os países mais desenvolvidos e exercem sua influência sobre os demais.

Mapa da Oceania mostrando os países que a compõem. Disponível em CDN britânicaMapa da Oceania mostrando os países que a compõem. Disponível em CDN britânica

Numa perspectiva europeia, se divide a história do continente em duas fases: uma que marca desde a chegada de Magalhães até metade do século XIX, de explorações comerciais; outra que vai até metade do século XX, marcada pelo capital industrial e imperialismo europeu.

Povos nativos da Oceania

Mas, assim como não é coerente afirmar que Colombo descobriu a América, também não é correto assumir que os europeus descobriram a Oceania. Existem evidências de ocupação humana na Austrália de 45 mil anos atrás.

Inclusive, há uma teoria de que povos malaio-polinésios teriam chegado ao continente americano por meio de pequenas embarcações através do Oceano Pacífico. Porém tal explicação é permeada por diversas críticas.

O fato é que existiam diferentes sociedades naquela região do mundo antes dos europeus passarem por lá desde os últimos 500 anos. Essas populações até possuíam fenótipos distintos, algumas com traços asiáticos e outras com características negroides, como os aborígenes australianos.

Os aborígenes

fotografia em preto e branco de três homens aborígenes em pé e sem vestimentas da cintura para cima. A foto pertence ao arquivo nacional da Austrália. fotografia em preto e branco de três homens aborígenes em pé e sem vestimentas da cintura para cima. A foto pertence ao arquivo nacional da Austrália.

Todos os três utilizam barbas, possuem musculatura bastante desenvolvida e possuem o fenótipo de populações negras. Um deles é o chefe aborígene da ilha de Bathurst.

Ainda hoje tal diversidade étnica se manifesta na Oceania. Apesar da Austrália e Nova Zelândia terem o inglês como língua oficial, há mais de 1630 idiomas no continente. Porém, isso não significa que a cultura e a autonomia dos povos autóctones foram preservadas. A história da ocupação europeia na Oceania é também de dominação e violência.

Conquistadores europeus da Oceania

Os reinos Ibéricos de Espanha e Portugal ficaram conhecidos por colonizar diversas regiões na América, África e até na Ásia, mas não se dedicaram tanto na ocupação da Oceania. Foram os franceses, ingleses e holandeses aqueles que mais disputaram pelo controle daquela região do mundo.

Dentre os principais nomes de conquistadores da Oceania destacamos o nome de James Cook, que prestou serviços como navegador à Inglaterra. Ele realizou três grandes viagens entre 1768 e 1779 onde passou pela Austrália, Nova Zelândia, Polinésia e Havaí, onde morreu em uma tentativa de sequestrar Kalani’ōpu’u, uma autoridade nativa.

A herança do imperialismo europeu na Oceania

Hoje, o arquipélago das Ilhas Cook recebe este nome em homenagem a seu conquistador, que apesar de não ter sido o primeiro europeu a ter chegado na Austrália, ainda assim é como é compreendido pelo senso comum.

Ainda em vida, Cook teria reivindicado a posse da Austrália para a Inglaterra em 1768. Aquela região de dimensões continentais pouco atraiu a atenção dos britânicos, que a utilizaram como colônia penal, principalmente após a independência das treze colônias na América, atual Estados Unidos.

Inicialmente o exílio para o distante continente se deu de maneira informal, mas passou a se tornar cada vez mais progressivo, de modo que entre 1787 e 1853 cerca de 123 mil homens e mulheres haviam sido degredados para lá.

Dominação das populações nativas

Assim como a maioria das populações nativas dos continentes que os europeus aportaram a partir do século XV, os aborígenes australianos sofreram com a violência e os problemas dos conquistadores. Por diversas vezes eles foram vítimas de caçadas e massacres pelo homem branco.

Retrato fotográfico de Truganini, uma das últimas aborígenes não miscigenadas, da Oceania falecida em 8 de maio de 1876.Retrato fotográfico de Truganini, uma das últimas aborígenes não miscigenadas, falecida em 8 de maio de 1876.

A imagem mostra uma senhora aborígene de cabelos curtos vestindo uma roupa ocidental. As doenças e o extermínio por terras foram as principais causas de mortes entre os povos autóctones. Assim como os indígenas da América, eles não possuíam anticorpos para as doenças trazidas pelos invasores.

Os métodos civilizatórios na Oceania

De modo semelhante aos nativos americanos os nativos da Oceania também dependia de grandes extensões de terras para obter alimento.

Tal maneira de viver era incompatível com a lógica colonial europeia, que buscava implementar a lógica da produtividade na terra, que no caso se deu principalmente com a criação de ovelhas. Isso fez com que os nativos fossem cada vez mais empurrados para o interior do continente.

Apesar de terem existido tentativas de proteger estes povos desde o século XIX, isso não significava que sua cultura e autonomia fossem respeitadas. Houve um esforço de tentar “civilizar” aquelas populações, cristianizando-os e forçando-os a adotarem comportamentos ocidentais.

Muitos indivíduos recusavam-se a fazer isso, pois significava abrir mão de uma visão de mundo própria. E mesmo aqueles que acabaram adotando os preceitos “civilizados” ainda tiveram que lidar com o apartheid. Os descendentes dos povos nativos só tiveram direitos civis reconhecidos no ano de 1967, mais de meio século após a independência da Austrália, ocorrida em 1901.

Exercícios

1 – (UFRGS/2017)

Leia as afirmações abaixo, sobre a história do Império Britânico.

I. Após uma longa guerra, a Austrália, uma das principais colônias britânicas, tornou-se independente em 1776, o que forçou o império a aumentar o controle em suas possessões na América do Norte e no Caribe.

II. Durante o chamado “século imperial” (1815-1914), o império estendeu-se por todos os continentes do globo e chegou a incorporar aproximadamente 400 milhões de pessoas aos seus domínios.

III. Embora algumas colônias já possuíssem elevado grau de autogoverno, o processo de descolonização dos domínios imperiais iniciou de forma efetiva somente após a Segunda Guerra Mundial, encerrando-se na década de 1980.

Quais estão corretas?

a) Apenas I.

b) Apenas II.

c) Apenas III.

d) Apenas II e III.

e) I, II e III.

2 – (UNIFOR CE/2018)

O Imperialismo foi a política do capital financeiro, pelo menos após o período depressivo iniciado em 1873. O sistema econômico baseado na livre iniciativa, na propriedade privada e na acumulação de capital, expandiu-se pelo mundo abrindo novos mercados e dominando novas fontes de matéria prima. Este fenômeno histórico levou à primeira Guerra Mundial. Pode-se afirmar sobre o Imperialismo que:

a) No Imperialismo formal não existe domínio militar nem presença direta no território.

b) Como formas de trabalho sob o Imperialismo pode-se destacar o assalariamento, a escravidão e entrega de parcela da produção.

c) Os Estados Unidos da América não participaram da política imperialista, pois eram isolacionistas.

d) Austrália e Nova Zelândia são exemplos de colônias de enquadramento.

e) A Índia é o maior exemplo de colônia de enraizamento britânica, com presença militar.

3 – (ENEM/2002)

“A palavra tatuagem é relativamente recente. Toda a gente sabe que foi o navegador Cook que a introduziu no Ocidente, e esse escrevia tattou, termo da Polinésia de tatou ou tu tahou, ‘desenho’ (…) Desde os mais remotos tempos, vemo-la a transformarse: distintivo honorífico entre uns homens, ferrete de ignomínia entre outros, meio de assustar o adversário para os bretões, marca de uma classe de selvagens das ilhas marquesas (…) sinal de amor, de desprezo, de ódio (…). Há três casos de tatuagem no Rio, completamente diversos na sua significação moral: os negros,os turcos com o fundo religioso e o bando de meretrizes, dos rufiões e dos humildes, que se marcam por crime ou por ociosidade”.

RIO, João do. Os Tatuadores. Revista Kosmos. 1904, apud: A alma encantadora das ruas, SP: Cia das Letras, 1999.

Com base no texto são feitas as seguintes afirmações:

I. João do Rio revela como a tatuagem já estava presente na cidade do Rio de Janeiro, pelo menos desde o início do século XX, e era mais utilizada por alguns setores da população.

II. A tatuagem, de origem polinésia, difundiu-se no ocidente com a característica que permanece até hoje: utilização entre os jovens com função estritamente estética.

III. O texto mostra como a tatuagem é uma prática que se transforma no tempo e que alcança inúmeros sentidos nos diversos setores das sociedades e para as diferentes culturas.

Está correto o que se afirma apenas em:

a) I.

b) II.

c) III.

d) I e II.

e) I e III.

GABARITO

  1. D
  2. B
  3. E

Sobre o(a) autor(a):

Os textos acima foram preparados pelo professor Angelo Antônio de Aguiar. Angelo é graduado em história pela Universidade Federal de Santa Catarina, mestrando em ensino de história na mesma instituição e dá aulas de história na Grande Florianópolis desde 2016.

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