Como escrever lendas e mitos

Você sabe como escrever lendas e mitos? Eles muito comumente começam com “era uma vez” e terminam com uma lição de moral. Esse tipo de texto geralmente serve para explicar acontecimentos, sendo eles sobrenaturais ou não. Nesta aula, vamos revisar esse tipo de narrativa para o Enem e vestibulares!

O que são lendas e como escrever lendas e mitos?

Primeiramente, lendas são narrativas que são transmitidas oralmente pelas pessoas com a finalidade de explicar acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais. Sendo assim, há uma mistura de fatos com situações imaginárias. Dessa forma, elas trazem um misto de história e fantasia. Além disso, à medida que são contadas ao longo do tempo, podem sofrer algumas modificações por meio da imaginação da população. Quando essas narrativas se tornam mais populares, são registradas na linguagem escrita.

Na etimologia

Em primeiro lugar, do latim legenda (aquilo que deve ser lido), as lendas narravam histórias de santos. Porém, no decorrer do tempo, o conceito mudou e se transformou em histórias que falam sobre a tradição de um povo e que fazem parte de sua cultura.

Então, quais são as características de uma lenda?
  • Utiliza-se da fantasia ou ficção, misturando-as com a realidade dos fatos
  • Faz parte da tradição oral, mas ganhou força e fama, partindo para o registro escrito
  • Usam acontecimentos reais ou históricos para dar suporte às narrativas. Contudo, tem como base a imaginação para “aumentar um ponto” na realidade
  • Também são parte da realidade cultural de todos os povos, ou seja, por mais primitiva/antiga que seja uma sociedade, haverá lendas
  • Assemelham-se aos mitos pois trazem explicações aos fatos que não podem ser explicados pela ciência ou pela lógica. Contudo, suas explicações são mais facilmente assimiladas. Afinal, apesar de serem fruto da imaginação, não são necessariamente sobrenaturais ou fantásticas
  • Notadamente, sofrem alterações ao longo do tempo, por serem recontadas oralmente e se apropriam da impressão e interpretação daqueles que estão narrando a história
E os mitos?

Em primeiro lugar, mitos também são narrativas utilizadas por vários povos antigos para explicar acontecimentos da realidade e fenômenos da natureza que não eram compreendidos pelas pessoas da época.

Sendo assim, uma característica principal dos mitos é que eles sempre se utilizam de muita simbologia, personagens sobrenaturais, deuses e heróis. Nesse sentido, é fácil notar que todos esses ingredientes são misturados a acontecimentos verídicos, características humanas e personagens que realmente existiram. Dessa forma, um dos objetivos do mito é transmitir conhecimento e explicar fatos que a ciência, até então, ainda não poderia explicar.

Características de um mito
  • Explicativo ou simbólico
  • Procura explicar as origens das coisas como a do mundo ou da humanidade por meio de personagens sobrenaturais como deuses ou semideuses
  • Pode estar ligado à religião
  • Abre mão da lógica para explicar a sua realidade sem se preocupar em ser aceito ou não
  • Todas as culturas e povo têm seus mitos. Por exemplo, alguns assuntos como a criação da humanidade são bases para vários mitos diferentes
  • Mito não é o mesmo que fábula
O mito na literatura contemporânea

O mito narra um acontecimento e traz respostas a questões que a razão humana não pode compreender. Sendo assim, o mito tenta explicar o inexplicável. Dessa forma, se levarmos em conta esse aspecto do mito, podemos pensar em obras de caráter mítico ou fantástico, que apelam para soluções transcendentais ou sobrenaturais de problemas que a consciência humana não dá conta resolver.

Portanto, quando se “cria” um mito deve-se levar em consideração um conflito existencial. Por exemplo, podemos falar em mito em obras como O processo, de Kafka ou Grande sertão: veredas de Guimarães Rosa, cujas bases é a reflexão sobre a condição do homem no mundo.

E a estrutura para escrever lendas e mitos?

Moleza, folclórico estudante! Pirmeiramente, desde o início desta revisão, viemos enfatizando que mito e lenda são narrativas, certo? Sendo assim, esses dois tipos de textos precisam conter os elementos da narrativa, sem nos esquecermos das particularidades e objetivos de cada tipo de texto.

Independente se for mito ou lenda, seu texto deve ter:
  • Narrador
  • Personagens
  • Tempo e espaço
  • Um conflito

Contudo, lembre que esses elementos das narrativas podem variar de acordo com a necessidade ou exigência de, por exemplo, uma banca do vestibular. Para entender melhor como construir esses tipos de textos, veja esta proposta de redação do vestibular da UFSC de 2016:

Proposta de redação vestibular UFSC - Como escrever lendas e mitos
Proposta de redação vestibular UFSC – Aula Como escrever lendas e mitos

Em primeiro lugar, atente-se ao que pede o enunciado e note que ele já fornece boa parte dos elementos da narrativa para criarmos o texto. Além disso, ele também apresenta uma definição de lenda trazida pela banca.

Narrador

Um sábio indígena (importante: ele deve se dirigir às crianças, ou seja, temos um público-alvo).

Espaço

Uma aldeia

Tempo

Sugerimos, nestes casos, o cronológico.

Personagens

Sábio indígena e criança da aldeia

Agora se liga nessa videoaula sobre como escrever lendas e mitos e como diferenciá-los:

 

A lenda de Florianópolis

Ficou curioso sobre como escrever lendas e mitos e gostaria de conhecer algum exemplo? Então vem conhecer a lenda da cidade de Florianópolis, capital de Santa Catarina. Se liga no mapa:

como escrever lendas e mitos - mapa de florianópolis
Mapa de Florianópolis para contextualização sobre como escrever lendas e mitos

 

Existe uma lenda que conta que o mapa da Ilha de Florianópolis é uma bruxa! Não, você não leu errado. Com um pouquinho de imaginação, podemos ver a tal bruxa:
mapa de Florianópolis
Mapa de Florianópolis com representação da bruxa

Em primeiro lugar, se você não mora na região Sul do Brasil, talvez você não saiba que Florianópolis é conhecida como a Ilha da Magia. Nesse sentido, dizem que antes mesmo de aparecerem os primeiros habitantes, a Ilha já era morada das bruxas.

Por exemplo, o autor catarinense Franklin Cascaes reuniu 32 lendas e mitos trazidos pelos açorianos para a cidade no livro ‘O fantástico na Ilha de Santa Catarina’. Por meio desses mitos e lendas, o autor pôde preservar a cultura e a linguagem local, além de fomentar o imaginário com os contos e, de quebra, deixar viva a história da cultura açoriana.

Abaixo, temos uma imagem da Praia de Itaguaçu, e a lenda é sobre estas pedras.

Imagem 3: Fotografia do conjunto de pedras presentes na Praia do Iguaçu, região continental de Florianópolis.

Conta a lenda que as bruxas resolveram dar uma festa para todos os personagens do folclore de Florianópolis. O único que não estava era o diabo, chefe de todas as bruxas. As bruxas não quiseram convidá-lo por um único motivo: ele fazia maldades a elas, obrigando-as a cheirar o seu rabo com cheiro forte de enxofre. Então, a festa estava rolando numa boa, a galera se divertindo, quando de repente o diabo surge entre raios e trovões. Ele então lançou uma maldição que serve de cartão-postal até hoje: as pedras da Praia de Itaguaçu – reza a lenda que elas são, na verdade, as bruxas petrificadas.

Gostou de conhecer mais sobre essa lenda? Agora partiu resolver o seguinte exercício sobre esse conteúdo:

Exercício sobre como escrever lendas e mitos
Questão 1 – Como escrever lendas e mitos
A porca e os sete leitões

É um mito que está desaparecendo, pouca gente o conhece. É provável que a geração infantil atual o desconheça. (Em nossa infância em Botucatu, ouvimos falar que aparecia atrás da igreja de São Benedito no largo do Rosário.) Aparece atrás das igrejas antigas. Não faz mal a ninguém, pode-se correr para apanhá-la com seus bacorinhos que não se conseguirá. Desaparecem do lugar costumeiro da aparição, a qual só se dá à noite, depois de terem “cumprido a sina”.

Em São Luís do Paraitinga, informaram que se a gente atirar contra a porca, o tiro não acerta. Ninguém é dono dela e por muitos anos apareceu atrás da igreja de Nossa Senhora das Mercês, na cidade onde nasceu Oswaldo Cruz.

ARAÚJO, A. M. Folclore nacional I: festas, bailados, mitos e lendas.
São Paulo: Martins Fontes, 2004.

Os mitos são importantes para a cultura porque, entre outras funções, auxiliam na composição do imaginário de um povo por meio da linguagem. Esse texto contribui com o patrimônio cultural brasileiro porque

a) preserva uma história da tradição oral.

b) confirma a veracidade dos fatos narrados.

c) identifica a origem de uma história popular.

d) apresenta as diferentes visões sobre a aparição.

e) reforça a necessidade de registro das narrativas folclóricas.

Gabarito: A

Sobre o(a) autor(a):

Anderson Rodrigo da Silva é professor formado em Letras Português pela UNIVALI de Itajaí. Leciona na rede particular de ensino da Grande Florianópolis.

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