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Como usar a morte de Odete Roitman como repertório na sua redação do Enem

A morte de Odete Roitman em Vale Tudo simboliza impunidade e desigualdade. Veja como usar esse repertório para fortalecer sua redação do Enem.


Se você está acompanhando o remake de Vale Tudo em 2025, já sabe que hoje acontece um dos momentos mais marcantes da novela: a morte de Odete Roitman, agora vivida por Débora Bloch. 

Na versão original, exibida em 1988, a novela surgiu no contexto da redemocratização do país e trouxe uma reflexão que ainda faz sentido: até que ponto vale ser honesto no Brasil?

Por isso, mais do que lembrar do mistério sobre “quem matou”, o importante é entender o que Odete simboliza: a impunidade e a crise ética que atravessam a sociedade brasileira. Usar esse exemplo de forma crítica e contextualizada pode enriquecer muito o seu texto, especialmente na Competência II.

Bora ver como transformar esse evento em repertório?

O que é repertório legítimo e produtivo

De acordo com a Competência II, o repertório deve ser legítimo (reconhecido social e culturalmente) e produtivo (quando é articulado à tese). Vale Tudo cumpre esse papel porque ultrapassou a função de entretenimento e se consolidou como uma crítica social.

O cuidado necessário é evitar menções vagas. O estudante deve transformar a cultura popular em argumento consistente. Para isso, é importante contextualizar a obra e usar seus elementos como prova dentro de um parágrafo de desenvolvimento (Competência III).

Um bom exemplo seria: “A falência ética brasileira é bem ilustrada na teledramaturgia”, seguido da explicação de como a trajetória de Odete confirma esse ponto.

Odete Roitman como representante da elite brasileira

Odete pode ser vista como a representação sociológica da elite predatória do país, que se mantém em um sistema de privilégios no qual a lei parece não alcançar. Na redação, essa personagem pode funcionar como metáfora de uma tese sobre desigualdade e corrupção.

Conexão com Jessé Souza

A crítica social de Vale Tudo pode ser articulada à teoria da “elite do atraso”, de Jessé Souza. Segundo o sociólogo, a classe dominante brasileira não apenas acumula riqueza, mas também mantém estruturas que dificultam o acesso da população mais pobre a direitos garantidos constitucionalmente.

Meritocracia e desigualdade na trama

O jeitinho brasileiro e a impunidade

O sociólogo Sérgio Buarque de Holanda, em Raízes do Brasil, descreve o brasileiro como “homem cordial”, alguém que prioriza relações pessoais em vez da ética pública. Essa característica se conecta ao “jeitinho brasileiro”, visto como uma forma de microcorrupção. Esse mesmo comportamento, em pequenas situações, sustenta, em maior escala, a impunidade de personagens como Odete.

Hobbes, Locke e Jankélevitch: o Estado e a ética

A discussão também pode ser aprofundada pelo contrato social:

  • John Locke defendia que o Estado deve garantir direitos. A impunidade de Odete mostra um fracasso nesse papel.
  • Thomas Hobbes via o Estado forte como necessário para manter a ordem. O bordão “faço o que quero” representa justamente a ausência dessa ordem.
  • Vladmir Jankélevitch abordou o “paradoxo da moral”, que ajuda a explicar a indiferença social diante da corrupção, algo que mantém a impunidade em funcionamento.

A proposta de intervenção (C5) que acaba com a impunidade

Sua solução (C5) deve atacar as causas identificadas: a elite predatória, o Estado falho e a passividade cultural.

Eixo de IntervençãoAção Proposta (C5)Agente ResponsávelDetalhe/Meio
Combate à ImpunidadeCriação de “Núcleos de Integridade Empresarial”Poder Judiciário e CGUImplementação de compliance ético obrigatório e monitoramento digital rigoroso para grandes empresas.
Resgate da Ética CívicaCampanhas Nacionais de Educação CidadãMinistério da Educação (MEC) e Mídia NacionalUso estratégico de conteúdo de massa (novelas, séries) para debater ética e moralidade.
Combate ao Mito da MeritocraciaReestruturação de Políticas de Acesso e Transparência SocialGoverno FederalReformulação de programas sociais que considerem as condições estruturais desiguais (capital cultural).

Ao conectar a trama de Vale Tudo com a teoria de Jessé Souza, Sérgio Buarque de Holanda, Hobbes e Locke, você demonstra um domínio de repertório que fará sua redação brilhar.

E aí, curtiu o guia? Qual desses pontos você acha mais fácil de usar na argumentação?

Autor(a) Luana Beatriz dos Santos

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Luana Beatriz dos Santos -

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