Descubra como funciona o Conclave, o processo de escolha do Papa. Entenda quem vota, onde acontece e o que significa cada etapa desse ritual.

Você já parou pra pensar como a Igreja Católica, com mais de 1 bilhão de fiéis no mundo todo, escolhe seu líder máximo?
Esse processo, cheio de rituais antigos, símbolos e uma dose de mistério, é conhecido como Conclave — uma das tradições mais marcantes da história da Igreja.
Mas não se engane: por trás das portas fechadas da Capela Sistina, o que acontece é uma verdadeira maratona de decisões, orações e política eclesiástica. Vem entender como funciona essa escolha que impacta milhões de pessoas.
Antes de tudo: o que é Conclave?
O Conclave é o processo formal usado pela Igreja Católica para eleger um novo Papa — e não é uma simples eleição. É um ritual carregado de simbolismo, tradição e significado espiritual, que ocorre há séculos com poucas mudanças em sua essência.
A palavra conclave vem do latim cum clave, que significa “com chave”. A expressão remete aos tempos medievais, quando os cardeais ficavam literalmente trancados em uma sala até chegarem a um consenso. A ideia por trás disso era simples, mas poderosa: garantir que a decisão fosse tomada com total autonomia, sem pressões externas, influências políticas ou interesses pessoais.
Hoje em dia, os cardeais ainda ficam isolados do mundo — sem celular, internet ou contato com o exterior —, numa tentativa de preservar esse mesmo princípio de recolhimento e concentração.
O objetivo é claro: escolher, com discernimento e oração, a pessoa que vai liderar a Igreja Católica diante dos desafios contemporâneos.
Quem participa da decisão?
Nem todo cardeal da Igreja Católica pode votar no Conclave. Apenas os chamados cardeais eleitores — ou seja, aqueles com menos de 80 anos completos na data da vacância do cargo papal — têm esse direito. Essa regra foi estabelecida para garantir que os votantes estejam em plenas condições físicas e mentais de lidar com a responsabilidade de eleger o novo Papa.
Mas quem são esses cardeais? Eles são bispos ou arcebispos escolhidos diretamente por papas anteriores, reconhecidos por sua trajetória dentro da Igreja e sua atuação pastoral, teológica ou diplomática. Cada um deles carrega consigo a experiência de sua realidade local — da África à Ásia, da América Latina à Europa — o que torna o Conclave também um momento de encontro entre diferentes culturas, línguas e visões de mundo.
Nesse sentido, o Conclave espelha a própria globalização da fé católica. O corpo de eleitores não é formado apenas por europeus — como era no passado —, mas por representantes de diversas partes do planeta. Isso reflete a mudança de eixo da Igreja no século XXI: hoje, a maioria dos católicos vive no Sul Global, em países como Brasil, México, Filipinas e Nigéria.
Onde tudo acontece: a Capela Sistina

Quando chega a hora de escolher um novo Papa, o mundo inteiro volta os olhos para um lugar em especial: a Capela Sistina. Localizada dentro do Vaticano, esse não é apenas um dos espaços mais sagrados da Igreja Católica — é também uma obra-prima da história da arte e da humanidade.
Construída no século XV por ordem do Papa Sisto IV (daí o nome “Sistina”), a capela ganhou fama mundial pelos afrescos que cobrem suas paredes e seu teto. Entre eles, estão os célebres painéis pintados por Michelangelo, como A Criação de Adão e O Juízo Final, que não apenas encantam pela beleza, mas também reforçam a solenidade do espaço.
Mas a escolha da Capela Sistina para sediar o Conclave vai além da arte. O espaço é cuidadosamente preparado para o evento. Um sistema de segurança é ativado, celulares são proibidos e o local é completamente isolado para evitar qualquer interferência externa.
Do ponto de vista simbólico, essa reclusão representa a entrega total dos cardeais à escuta do Espírito Santo. Não há lugar para pressões políticas, interesses externos ou vaidades. A Capela Sistina, então, não é apenas o palco da eleição: ela é parte do próprio ritual, um lembrete visual e espiritual de que aquela decisão vai muito além da lógica humana.
Como funciona a votação?
O Conclave é precedido pela missa solene Pro Eligendo Romano Pontifice (“Pela Eleição do Romano Pontífice”), onde se invoca a guia do Espírito Santo. Uma vez reunidos na Capela Sistina, os cardeais prestam um juramento solene de manter o sigilo sobre tudo o que acontecer durante o Conclave e de votar com integridade, buscando apenas o bem da Igreja.
O processo de votação é meticuloso:
- Cédulas Secretas: Cada cardeal recebe uma cédula de papel onde escreve secretamente o nome de seu escolhido.
- Depósito no Cálice: As cédulas são dobradas e, um por um, os cardeais as depositam em um cálice colocado sobre o altar, jurando que seu voto é dado diante de Deus.
- Escrutínio: Três cardeais escrutinadores contam as cédulas para verificar se o número corresponde ao de eleitores.
- Leitura dos Votos: Os escrutinadores leem os nomes em voz alta, e cada voto é registrado em uma folha separada.
- Queima das Cédulas: Ao final de cada votação, as cédulas e as anotações são queimadas em uma estufa instalada na Capela Sistina.
Para que um candidato seja eleito Papa, é necessária uma maioria qualificada de dois terços dos votos. Se as primeiras votações não alcançarem esse número, o processo continua, com até três ou quatro votações por dia.
Fumaça preta ou branca?

Um dos aspectos mais conhecidos e aguardados do Conclave é o sistema de sinais de fumaça que emana da chaminé da Capela Sistina. Essa tradição secular comunica ao mundo o resultado das votações:
- Fumaça Preta (fumata nera): Indica que nenhuma das votações realizadas naquele dia resultou na eleição de um novo Papa. Tradicionalmente, a fumaça preta era produzida adicionando palha úmida ou piche às cédulas queimadas.
- Fumaça Branca (fumata bianca): É o sinal tão esperado! Anuncia que um novo Papa foi eleito. A fumaça branca é obtida queimando as cédulas com palha seca.
Juntamente com a fumaça branca, os sinos da Basílica de São Pedro tocam festivamente, confirmando a boa nova.
“Habemus Papam!”
O clímax do Conclave chega com o anúncio solene “Habemus Papam!” (“Temos um Papa!”).
Tradicionalmente, esse anúncio é feito pelo cardeal protodiácono da sacada central da Basílica de São Pedro. Ele revela ao mundo o nome civil do novo Pontífice e o nome papal que ele escolheu. Em seguida, o novo Papa aparece pela primeira vez para dar a bênção Urbi et Orbi (“À cidade e ao mundo”), marcando o início de seu pontificado.
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