Império Árabe: expansão e características culturais e religiosas

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A península arábica, localizada entre os continentes asiático e africano, compreende atualmente os países da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Omã, Kuwait, Jordânia, Iraque, Bahrein, Iêmen e Catar.

O início do Império Árabe

Em torno de 1200 a. C. a população da região organizava-se em tribos espalhadas, compostas por comerciantes e pastores majoritariamente.

Com o passar dos séculos, as atividades comerciais intensificaram, com a formação de caravanas que trafegavam entre as regiões da atual Palestina e Síria, nas quais vendiam mercadorias oriundas do extremo oriente. Nestes trajetos diversos polos urbanos formavam-se, nos quais era possível reabastecer-se de água e descansar.

Estes polos configuravam-se politicamente como cidades-Estado, pois tinham autonomia política e legal, não necessitando responder a nenhuma outra região da península arábica. O fluxo mercantil acabou trazendo prosperidade às cidades, com algumas até tornando-se grandes reinos.

Antes do Islamismo, os árabes cultuavam diversos deuses, muitos relacionados aos astros e a forças da natureza. Também praticavam o animismo, ou seja, adoravam pequenos objetos que representavam entidades e acreditavam que tais figuras possuíam alma. Nisto, a cidade de Meca, um grande porto seguro para os caravaneiros, acabou tornando-se também um ponto importante de veneração aos deuses.

mapa da peninsula iberica - mundo arabe na atualidade
Figura 1: Mapa da península arábica na atualidade, com a marcação da cidade de Meca. Retirado de: https://goo.gl/jZLzED Marcadores: Meca, Península Arábica, Mapa.

O Islã

Meca era governada por um conselho de líderes e um clã, ou seja, uma organização familiar. Uma figura conhecida, por volta de 613, chamada Maomé, que conduzia caravanas entre Meca e outras localidades, começou a declarar a existência de apenas um Deus, contrariando as práticas politeístas anteriores.

Maomé se apoiava na figura divina de Alá e a religião foi chamada de Islã. Entretanto, cerca de 10 anos depois, com medo das novas ideias afetarem o comércio negativamente, os grandes mercadores enxotaram Maomé. O profeta se refugiou na cidade de Yatrebe, e a sua fuga ficou conhecida como “hégira”, ou emigração. Este evento é utilizado para marcar o início do calendário muçulmano.

O radical linguístico da palavra muçulmano e islã é o mesmo. Sendo assim, após a fuga de Maomé, os seguidores do islamismo passaram a se chamar muçulmanos. O cuidado que devemos ter, para não confundirmos, é em relação aos Árabes, ligados à região da península arábica e ao idioma, sendo, portanto, uma denominação geográfica e linguística, e aos islâmicos e muçulmanos, que são denominações religiosas.

Jihad

Com o tempo Maomé ajudou a tornar a cidade de Yatrebe, que posteriormente passou a chamar-se Medina, em um governo teocrático, ou seja, fortemente ligado à religião. Maomé então assumiu lideranças religiosas, política, administrativa e mesmo militar. A cidade do profeta, tradução de Medina, passou então a ter Maomé como representante direto de Alá na Terra.

Maomé, enquanto chefe militar, avançou sobre diversas tribos da região e comandou ataques a caravanas que passavam pelo deserto. Um dos ensinamentos do profeta era de que os seguidores do Islã deveriam levantar-se contra os que não seguiam a religião.

Ele determinava isto como uma “ação em favor de Deus”, propondo então uma Guerra Santa, ou jihad. Maomé também pregava que os que, por ventura, viessem a perder a vida em nome da fé seriam recompensados no pós-vida, recebendo a salvação eterna.

maome e o mundo arabe
Figura 2: Maomé montado em um cavalo em uma representação da tribo judaica Banu Nadir, a qual subjugou na cidade de Medina. Retirado de: https://goo.gl/T8Sw8A Marcadores: Maomé, Medina, Banu Nadir.

Os líderes das tribos próximas perceberam a força militar organizada por Maomé, impulsionada pelo conceito da jihad, e resolveram converter-se ao islamismo e apoiar o profeta. Em aproximadamente 630, Maomé e um exército de mais de 10 mil homens invadiram a cidade de Meca e destruíram os ídolos politeístas, proclamando, assim, a cidade como um local sagrado aos muçulmanos e um ponto de encontro sagrado.

A expansão do islã

Maomé conseguiu unificar as tribos da península arábica em um sentimento identitário muito forte ligado à religião, criando um Estado árabe-muçulmano. Após sua morte, poucos anos depois, a península estava plenamente unificada em uma teocracia islâmica.

Com a sua morte, houve uma cisão entre os islâmicos. Uma das facções, os xiitas, defendia a ideia de que um sucessor de sangue deveria suceder a Maomé em suas atribuições.

Já os sunitas, o outro grupo envolvido, acreditava que uma pessoa mais capacitada e seguidora dos costumes, sem necessidade de parentesco com Maomé, deveria ser escolhida.

Nesta disputa, os sunitas saíram vitoriosos, e então o sogro de Maomé, Abu-Bakr foi escolhido como sucessor, recebendo o título de califa. Diferentemente de Maomé, que era compreendido como um profeta, uma alcunha com um teor divino muito mais acentuado, os califas eram vistos apenas como líderes políticos e religiosos. O sucessor de Abu-Bakr, Omar Ibn Al-Khattab, iniciou uma nova era de expansão às tribos islâmicas, majoritariamente convertidas a esta altura, e deu origem a um grande império.

Grandes dinastias

Por volta de 661, a família Omíada passou a reger o império árabe, deixando o poder apenas em 749. Neste momento os cargos de importância do governo passaram a ser escolhidos de acordo com a competência, diminuindo a influência religiosa na escolha, caracterizando uma monarquia laica.

Durante a dinastia, Omíada Damasco foi decretada como capital do império, o árabe passou a ser o idioma oficial e obrigatório, assim como a conversão para o islamismo agora era compulsória.

O Império Árabe-muçulmano seguiu em franca expansão. Neste período as regiões do atual Paquistão e Afeganistão foram conquistadas, assim como a península ibérica, de Portugal e Espanha. Com um império tão vasto, os Omíadas decidiram fundar um califado independente na península, enquanto os Abássidas assumiam a regência imperial em 750.

a expansao do mundo arabe
Figura 3: Mapa da expansão do Império Árabe-Muçulmano. Retirado de: https://goo.gl/5tgsD1 Marcadores: Mapa, Império Árabe-Muçulmano, Expansão.

Durante o regimento dos Abássidas, aproximadamente entre 750 e 1258, o império árabe deixou de ser uma ordem árabe apenas para tornar-se exclusivamente muçulmana. Agora pessoas que não eram árabes, mas praticavam o islamismo, podiam ocupar cargos públicos e usufruir da cidadania imperial.

O califa assumiu poderes absolutos de caráter autocráticos e divinos e, a partir disto, o cargo de vizir foi fundado, exercendo uma função administrativa. Poucos anos depois a capital deixou de ser Damasco e passou a ser Bagdá, no atual Iraque.

A corrosão do império árabe

A partir do século VIII o império foi fragmentado pela fundação de diversos califados independentes. Embora houvesse uma união em torno da religião, a administração política já não era mais centralizada em uma regência.

Ao final do século XI a Igreja Católica empreendeu diversas campanhas religiosas e militares, conhecidas como Cruzadas, para reconquistar a cidade de Jerusalém, sagrada tanto para os cristãos quanto para os muçulmanos. O conflito durou séculos e corroeu intensamente o império.

Na metade do século XIII os mongóis invadiram Bagdá. Este evento foi a gota d’água para a total fragmentação política do império muçulmano. Embora a centralização político-administrativa tenha se esvaído, a unidade cultural permaneceu, muito alicerçada na religião, e dura até a atualidade.

Resumo em vídeo sobre árabes e o islamismo

Aprenda mais sobre o Império Árabe com o professor Felipe! No vídeo a seguir, ele explica tudo sobre os povos árabes e o islamismo.

Exercícios sobre o Império Árabe

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Sobre o(a) autor(a):

Guilherme Silva é formado em História pela Universidade Federal de Santa Catarina. Dá aulas de História em escolas da Grande Florianópolis desde 2016.

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