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Lei Maria da Penha faz 19 anos: o que isso tem a ver com o Enem?

Lei Maria da Penha completa 19 anos: entenda sua história, impactos na sociedade e desafios atuais no combate à violência contra a mulher.


Hoje, 7 de agosto, a Lei Maria da Penha completa 19 anos. Criada em 2006, essa legislação marcou um antes e depois na luta contra a violência doméstica no Brasil. Mas você sabia que entender essa lei e seus impactos sociais pode te ajudar (e muito) na prova do Enem?

Neste texto, portanto, vamos te mostrar por que conhecer temas como esse realmente faz diferença na redação e nas questões de humanas. Além disso, veremos como usar esse repertório para se destacar.

Como nasceu a Lei Maria da Penha?

A lei leva o nome de Maria da Penha Maia Fernandes, uma mulher que virou símbolo da luta contra a violência doméstica no Brasil. Em 1983, ela sofreu uma tentativa de feminicídio: foi baleada pelo marido enquanto dormia e ficou paraplégica. Mesmo com provas e testemunhas, a condenação do agressor só veio quase 20 anos depois.

O caso ganhou repercussão internacional. Assim, com apoio de organizações de direitos humanos, Maria da Penha denunciou o Brasil à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos). Em seguida, diante da pressão internacional, o país foi oficialmente responsabilizado por negligência e omissão. Como resultado, o governo criou a lei que hoje é vista como uma das mais avançadas do mundo no combate à violência de gênero.

O que diz a Lei Maria da Penha?

A Lei nº 11.340/06 entrou em vigor com o objetivo de prevenir, punir e erradicar a violência contra a mulher no ambiente doméstico e familiar. Ela trouxe avanços importantes, como por exemplo:

  • Definição clara dos tipos de violência doméstica
  • Criação de medidas protetivas urgentes
  • Maior rigor nas penas para os agressores
  • Proibição da aplicação de penas leves (como cestas básicas) nesses casos
  • Criação de delegacias, juizados e casas de acolhimento especializados

Ou seja, trata-se de uma legislação que mudou profundamente a forma como o Brasil lida com a violência doméstica. Um dos pontos mais relevantes é a ampliação da noção de violência, que vai muito além da agressão física.

Quais tipos de violência a lei abrange?

Muita gente pensa que violência doméstica é só quando há agressão física. No entanto, a Lei Maria da Penha reconhece cinco formas de violência que podem afetar a mulher dentro de casa:

  1. Violência física: empurrões, tapas, socos, chutes, ou qualquer ação que cause dor ou lesão.
  2. Violência psicológica: humilhações, ameaças, manipulação, isolamento social e controle do comportamento da vítima.
  3. Violência sexual: forçar relações sem consentimento, impedir o uso de métodos contraceptivos ou obrigar práticas com as quais a vítima não concorda.
  4. Violência patrimonial: quando o agressor destrói, esconde ou controla bens, documentos, dinheiro ou objetos da vítima.
  5. Violência moral: calúnias, difamações, xingamentos e ofensas à reputação da mulher.

Essa abordagem mais ampla mostra que a violência pode ser silenciosa, mas ainda assim devastadora, e a lei busca proteger em todas essas dimensões.

Como funciona a proteção da vítima?

Uma das grandes inovações da Lei Maria da Penha foi a criação das chamadas medidas protetivas de urgência. Essas medidas podem ser solicitadas pela vítima e concedidas pela Justiça em pouco tempo. Entre elas, estão:

  • Afastamento do agressor do lar
  • Proibição de contato com a vítima, familiares ou testemunhas
  • Proibição de frequentar certos lugares
  • Suspensão do porte de armas

Essas medidas, acima de tudo, focam na segurança imediata da vítima e podem ser aplicadas antes mesmo do fim da investigação.

Por que ainda há tantos casos de violência?

Apesar de todos esses avanços, os números continuam altos. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, uma mulher é vítima de violência a cada 2 minutos no país. Mas por que isso ainda acontece? Os motivos são complexos, mas alguns pontos ajudam a entender melhor:

  • Machismo estrutural: ainda presente na cultura e nas instituições
  • Falta de acesso à informação: muitas mulheres não sabem que podem denunciar
  • Medo e dependência: emocional ou financeira
  • Falta de estrutura: nem todos os municípios têm delegacias especializadas ou casas de acolhimento.

Além disso, a sociedade muitas vezes não leva a vítima a sério, e ela acaba sendo julgada ou revitimizada ao longo do processo.

E os agressores?

A lei também prevê responsabilidades para os agressores. Por exemplo, em alguns casos, eles precisam frequentar programas de reeducação, participar de grupos reflexivos e até receber acompanhamento psicológico.

Logo, o enfrentamento da violência não depende apenas da punição, mas também da transformação cultural. O objetivo é romper com padrões de comportamento violentos que se perpetuam ao longo do tempo.

O que ainda precisa mudar?

Ainda que a lei represente um avanço, há muito o que fazer. Especialistas defendem a adoção de medidas complementares e mais eficazes, como:

  • Expandir o acesso à informação e educação de gênero
  • Investir em políticas públicas de acolhimento e proteção
  • Garantir atendimento humanizado nas delegacias
  • Estimular a denúncia de forma segura e eficiente

Ou seja: a lei é essencial, mas sozinha não resolve. A mudança precisa ser estrutural e coletiva.

Como a Lei Maria da Penha pode te ajudar no Enem?

A Lei Maria da Penha é um excelente repertório sociocultural para a prova do Enem. Ela não se restringe apenas a questões de violência, mas abrange temas de direitos humanos, cidadania, justiça social e políticas públicas, que são frequentemente cobrados no exame.

Aqui estão algumas formas de usar esse conhecimento:

Na Redação

Você pode usar a lei como argumento ou como exemplo em redações que abordam temas como:

  • Violência contra a mulher: A lei é a referência principal para contextualizar o problema, mostrando que, embora exista uma legislação avançada, o problema persiste. Desse modo, você pode argumentar sobre a necessidade de políticas públicas mais eficazes, como a criação de mais delegacias e casas de acolhimento.
  • Cidadania e direitos humanos: A criação da lei, impulsionada pelo caso de Maria da Penha, é um exemplo de como a sociedade civil e a pressão internacional podem influenciar o Estado a garantir os direitos dos cidadãos.
  • Desafios para a formação educacional e cultural: A lei pode ser usada para contextualizar a importância da educação de gênero nas escolas, mostrando que o machismo estrutural é um obstáculo para a erradicação da violência.

Nas questões de Ciências Humanas:

  • Sociologia: Você pode encontrar perguntas sobre violência de gênero, patriarcado, desigualdade social e o papel do Estado na proteção dos direitos das minorias. A Lei Maria da Penha é um exemplo concreto de política pública que busca combater essas desigualdades.
  • História: A lei pode ser citada em questões que abordam a história recente do Brasil, movimentos sociais e a luta por direitos civis. O caso de Maria da Penha e a denúncia do Brasil à OEA mostram como o país foi pressionado a agir em um contexto internacional de defesa dos direitos humanos.
  • Filosofia: Em questões que tratam de ética e justiça, a lei pode servir como exemplo de como o sistema legal busca garantir a dignidade e a segurança de indivíduos em situação de vulnerabilidade.
Autor(a) Luana Santos

Sobre o(a) autor(a):

Luana Santos - Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina, é redatora com foco em educação, produção de conteúdo para o Enem e vestibulares. Atualmente, integra a equipe da Rede Enem, onde cria materiais informativos e inspiradores para ajudar estudantes a alcançarem seus objetivos acadêmicos. Ama café, livros e uma boa conversa sobre educação.  

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