Por que a “Fórmula de Bhaskara” só é chamada assim no Brasil?
Descubra por que só no Brasil a equação do 2º grau é chamada de Fórmula de Bhaskara e conheça a verdadeira história por trás desse nome.
Se você estudou no Brasil, provavelmente já ouviu falar da famosa “Fórmula de Bhaskara”. Ela é quase um ícone da matemática escolar por aqui, um daqueles termos que grudam na memória desde o ensino médio. Mas tem um detalhe curioso: essa fama toda é praticamente só nossa. Em outros países, ninguém chama a fórmula assim. Estranho, né? Então, por que será que esse nome pegou tanto por aqui? E, mais importante, será que o Bhaskara tem mesmo a ver com a fórmula que a gente usa? Vamos desvendar essa história!
De onde vem essa fórmula, afinal?
Resolver equações quadráticas não é coisa nova. Pelo contrário: essa história começou há mais de 4 mil anos, lá com os babilônios, que já usavam técnicas parecidas com o “completar o quadrado”. Depois, os gregos levaram o assunto para a geometria, e os indianos deram um grande salto com os algoritmos.
No século VII, o matemático indiano Brahmagupta já apresentava soluções para equações quadráticas, e séculos depois veio outro gigante: Śrīdhara, que desenvolveu um método bem próximo do que usamos hoje. Tanto que, na Índia, a fórmula é conhecida como “Fórmula de Sridharacharya” – nada de Bhaskara.
Quando chegamos à Idade de Ouro Islâmica, nomes como Al-Khwarizmi e Omar Khayyam também deram contribuições fundamentais. Mas a forma simbólica da equação – com letras e sinais como conhecemos hoje – só apareceu na Europa, entre os séculos XVI e XVII, graças a caras como Viète e Descartes. Ou seja: a fórmula, desse jeitinho, é bem mais recente.
E o Bhaskara, onde entra nessa história?

Bhaskara II (1114–1185) foi um matemático e astrônomo indiano genial, autor de obras importantes como o Lilavati e o Bijaganita. Ele realmente trabalhou com equações quadráticas e propôs métodos para resolvê-las – mas nada com a notação moderna que conhecemos hoje. Até porque, na época dele, essa linguagem algébrica ainda nem existia.
Então, sim, Bhaskara fez muito pela matemática, mas não criou a fórmula do jeito que a usamos. Ele refinou técnicas já existentes e ajudou a popularizá-las. A fórmula simbólica, como aprendemos hoje, só surgiu muito tempo depois.
Por que só no Brasil chamamos assim?
Essa é a parte mais curiosa: o nome “Fórmula de Bhaskara” só pegou no Brasil por influência de livros didáticos do século XX. Em outros países, ela é chamada de Fórmula Quadrática (ou algo equivalente). Aqui, o termo ganhou força principalmente depois da década de 1960, quando autores de materiais escolares começaram a usá-lo – primeiro como “método de Bhaskara”, depois como “fórmula”.
Hoje, até existe quem diga que o nome é uma homenagem ao matemático indiano, mas isso não apaga a confusão histórica. Tanto que o assunto vive aparecendo em debates e memes nas redes sociais.

Como o resto do mundo chama essa fórmula?
Quase todo mundo usa um nome descritivo, tipo “fórmula quadrática”. Mas alguns países têm apelidos curiosos:
- Alemanha: “Mitternachtsformel” (fórmula da meia-noite)
- México: “La chicharronera” (ninguém sabe bem por quê!)
- Portugal: “Fórmula Resolvente”
- Coreia: “Fórmula da Raiz”
- Finlândia: “Fórmula para resolver uma equação de segundo grau” (bem direto ao ponto)
E na Índia? Nada de Bhaskara – por lá, é a Fórmula de Sridharacharya.
Por que isso importa?
Porque mostra que matemática não é só números: ela tem história, cultura e até um pouco de marketing educacional. Entender de onde vêm esses nomes é um convite para pensar como o conhecimento é construído e divulgado. E quem diria que a “fórmula que assombra vestibulandos” seria, no fundo, uma curiosidade bem brasileira?
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