Entenda o problema da homogeneização dos povos indígenas e alguns aspectos da pluralidade étnico-cultural dos primeiros habitantes do Brasil.
Um erro básico nos estudos sobre culturas dos povos indígenas no Brasil é uma tentativa de homogeneizar todos eles em uma única categoria.
No entanto, é sabido que os povos que habitavam nas Américas antes da chegada dos conquistadores europeus compunham uma gama extremamente variada de culturas, costumes, idiomas e diversos outros aspectos.
Diversidade dos povos indígenas do Brasil
Embora não seja unanimidade, calcula-se que, no início do século XVI, habitavam as Américas de 80 a 100 milhões de pessoas, concentrando-se principalmente na região do atual México, América Central e do Sul. No que viria a ser conhecido como Brasil, estima-se que existia de 2,5 a 5 milhões de habitantes.
Dentro dos povos indígenas que habitavam a região do atual Brasil, destacam-se alguns como os jês, aruaques, tupis, guaranis, caiapós, tupiniquins, e assim por diante.
A questão Indígena no Brasil
Confira agora com o professor Alan Ghedini, do canal do Curso Enem Gratuito, os diversos aspectos que caem no Enem sobre etnias, terras, população e culturas dentro da questão Indígena no Brasil.
Esses povos eram caçadores coletores, e proviam seu alimento por meio de métodos extrativistas.
Os tupis
Os primeiros no contato com os portugueses foram os tupis, pois ocupavam vastas extensões do litoral brasileiro, principalmente acompanhando o curso dos rios, já que costumavam ser habilidosos pescadores.
Figura 1: Veja abaixo a distribuição populacional dos povos indígenas no início do século XV. Fonte: http://twixar.me/DNv1
Grande parte do conhecimento reunido sobre esse povo é oriundo de vestígios arqueológicos e relatos de cronistas missionários e viajantes europeus dos primeiros séculos da conquista.
Além da habilidade na pesca e navegação, os tupis praticavam a agricultura de subsistência e cultivavam diversos produtos, como erva-mate, abóbora, tabaco, pimenta, abacaxi, algodão, guaraná e até mesmo alguns que foram introduzidos no resto do mundo, como o milho e a mandioca.
Na agricultura utilizavam a técnica da coivara, que consistia na derrubada de árvores e a queimada do solo para limpar o terreno. Essas atividades eram feitas pelos homens. Enquanto isso, as mulheres se ocupavam mais diretamente com o plantio.
As aldeias tupis eram constituídas de cabanas de madeira cobertas com palha, mas podiam rapidamente ser mudadas de localização, caso o solo ou a região sofresse do desgaste da coleta de alimentos.
Ao contrário do senso comum, os indígenas possuem uma multiculturalidade muito extensa. Com os tupis não é diferente: existiam os tupiniquins, tupinambás, guaranis, etc. E, entre esses povos, não havia homogeneidade nem na manutenção da paz, pois diversas tribos tupis entravam em conflito, entre outros motivos, por causa de terras e de regiões de caça.
Os conflitos de terra na questão indígena
Veja no resumo do professor Raphael Carrieri como remanescem por muitos séculos os conflitos de ocupação de terras dentro da questão indígena:
A multiculturalidade nos povos indígenas
Como mencionado acima, a ideia de que os povos indígenas eram uma massa homogênea é derivada de uma mentalidade eurocêntrica e discriminante. Alguns aspectos nos ajudam a compreender a vastidão da pluralidade destas populações.
O aspecto biológico, por exemplo, nos permite entender que os tupis possuíam estatura mais baixa, enquanto os timbiras costumavam ser medianos e magros, e as populações do alto Xingu corpulentas e fortes. Isto sem contar que, muitas vezes, essa pluralidade se refletia dentro das próprias aldeias, já que havia o intercruzamento sexual étnico.
O aspecto linguístico também nos permite enxergar essa diversidade. Atualmente, estima-se que existam mais de 150 idiomas de origem indígena sendo falados, enquanto durante a era pré-europeia eram mais de mil.
O senso comum é pensar no tupi como o único idioma falado pelos povos indígenas. No entanto, essa ideia é oriunda das primeiras experiências de encontro entre nativos e europeus.
Afinal, os tupis concentravam-se no litoral e tinham muito mais contato com os conquistadores do que outras etnias. Devido ao contato intenso entre as diversas aldeias, não era incomum que os nativos falassem dois, três ou mesmo mais idiomas.
Nos primeiros contatos, essa relação entre tupis e europeus influenciou até no entendimento dos idiomas indígenas. A primeira classificação linguística dividia-se entre os idiomas Tupi e Tapuya.
No entanto, essa divisão surgiu da própria percepção tupi, que classificava a primeira como os idiomas que dialogavam entre si, e o segundo, Tapuya, como qualquer outro idioma, alguns completamente diferentes um do outro.
Somente no século XIX entendeu-se que os idiomas Tapuya não eram homogêneos e compreendiam uma gama diversa. Hoje compreende-se o tupi como um tronco linguístico que originou diversos outros idiomas nativos, tal qual o latim, que originou o português, o espanhol, o francês e o italiano.
Por fim, uma outra forma de evidenciar a multiculturalidade é por meio das áreas culturais. Elas são regiões onde predominam determinadas manifestações de costumes e culturas. Isso nos permite compreender a diversidade cultural presente em determinadas localidades, possibilitando o entendimento de que a homogeneidade dentro das culturas nativas foi uma invenção colonial que tentava extirpar destas populações o que é mais característico do humano: a singularidade da mudança, de ser diferente.
Os indígenas na formação do povo brasileiro
Veja agora com o professor de geografia Raphael Carrieri, do canal do Curso Enem Gratuito, as contribuições Indígenas para a formação da cultura e da população brasileira:
Exercícios sobre os povos indígenas
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Pergunta 1 de 10
1. Pergunta
(Mackenzie SP/2019)
“ A grande lavoura açucareira na colônia brasileira iniciou-se com o uso extensivo da mão de obra indígena (…) Do ponto de vista dos portugueses, no período de escravidão indígena, o sistema de relações de trabalho era algo que fora pormenorizadamente elaborado. Tal período foi também aquele em que o contato entre os europeus e o gentio começou a criar categorias e definições sociais e raciais que caracterizaram continuamente a experiência colonial.”
(Schwartz, Stuart B. Segredos Internos:
Engenhos e escravos na sociedade colonial.
São Paulo: Cia das Letras, 2005, p. 57)Sobre o trabalho escravo durante o período colonial é correto afirmar que
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Pergunta 2 de 10
2. Pergunta
(UNICAMP SP/2019)
Entre os séculos XVII e XVIII, o nheengatu se tornou a língua de comunicação interétnica falada por diversos povos da Amazônia. Em 1722, a Coroa exortou os carmelitas e os franciscanos a capacitarem seus missionários a falarem esta língua geral amazônica tão fluentemente como os jesuítas, já que em 1689 havia determinado seu ensino aos filhos de colonos.
(Adaptado de José Bessa Freire,
Da “fala boa” ao português na
Amazônia brasileira. Amerín-
dia, Paris, n. 8, 1983, p.25.)Com base na passagem acima, assinale a alternativa correta.
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Pergunta 3 de 10
3. Pergunta
(UNCISAL AL/2019)
Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade
Círio de Nossa Senhora de Nazaré
Pintura corporal e arte gráfica do povo indígena Wajãpi
O Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, de acordo com a Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial (UNESCO, 2003), é composto pelas práticas, pelas representações, pelas expressões, pelos conhecimentos e pelas técnicas que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural.
Transmitido de geração a geração, o Patrimônio Cultural Imaterial é constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, o que gera um sentimento de identidade e continuidade, contribuindo para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana.
Disponível em: http://portal.iphan.gov.br.
Acesso em: 24 nov. 2018 (adaptado).As imagens anteriores se referem ao Círio de Nossa Senhora de Nazaré, que ocorre em Belém (Pará), e à pintura corporal e arte gráfica do povo indígena Wajãpi (Amapá), duas manifestações culturais que constam da Lista Representativa do Patrimônio Imaterial da Humanidade no Brasil. Considerando-se as imagens e as informações do texto, conclui-se que o critério que justifica a inclusão tanto do Círio quanto da Arte Wajãpi nessa lista consiste no(a)
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Pergunta 4 de 10
4. Pergunta
(Fac. Israelita de C. da Saúde Albert Einstein SP/2019)
Mil anos antes da “descoberta” do Brasil pelos europeus, um grande movimento de migração parece ter se iniciado no sul da floresta amazônica. Os povos que se moviam falavam línguas aparentadas, de uma grande família de línguas que denominamos tupi-guarani. Praticavam a coivara e eram bons caçadores e pescadores.
(Norberto Luiz Guarinello.
Os primeiros habitantes do Brasil, 2009. Adaptado.)
A partir do texto e de seus conhecimentos, pode-se afirmar que os referidos povos
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Pergunta 5 de 10
5. Pergunta
(UNESP SP/2018)
Em 1500, fazia oito anos que havia presença europeia no Caribe: uma primeira tentativa de colonização que ninguém na época podia imaginar que seria o prelúdio da conquista e da ocidentalização de todo um continente e até, na realidade, uma das primeiras etapas da globalização.
A aventura das ilhas foi exemplar para toda a América, espanhola, inglesa ou portuguesa, pois ali se desenvolveu um roteiro que se reproduziu em várias outras regiões do continente americano: caos e esbanjamento, incompetência e desperdício, indiferença, massacres e epidemias. A experiência serviu pelo menos de lição à coroa espanhola, que tentou praticar no resto de suas possessões americanas uma política mais racional de dominação e de exploração dos vencidos: a instalação de uma Igreja poderosa, dominadora e próxima dos autóctones, assim como a instalação de uma rede administrativa densa e o envio de funcionários zelosos, que evitaram a repetição da catástrofe antilhana.
(Serge Gruzinski. A passagem do século: 1480-1520:
as origens da globalização, 1999. Adaptado.)“A instalação de uma Igreja poderosa, dominadora e próxima dos autóctones” contribuiu para a dominação espanhola e portuguesa da América, uma vez que os religiosos
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Pergunta 6 de 10
6. Pergunta
(PUCCamp SP/2019)
Esta virtude estrangeira
Me irrita sobremaneira.
Quem a teria trazido,
com seus hábitos polidos
estragando a terra inteira?
Só eu
permaneço nesta aldeia
como chefe guardião.
Minha lei é a inspiração
que lhe dou, daqui vou longe
visitar outro torrão.
Quem é forte como eu?
Como eu, conceituado?
Sou diabo bem assado.
A fama me precedeu;
Guaixará sou chamado.
(Adaptado de: ANCHIETA, José de. Segundo Ato do “Auto de São Lourenço”. p. 5.
Disponível em: http://www.virtualbooks.com.br)[Peça destinada à catequese, traz como um dos personagens o chefe tamoio Guaixará, que realmente existiu e lutou ao lado dos franceses em 1560, na guerra da Guanabara.]
Durante o Segundo Reinado, diferentemente da extrema valorização da virtude estrangeira, muito comum na história colonial, buscou-se a construção de uma brasilidade no campo cultural, utilizando-se, entre outros elementos simbólicos, da figura do
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Pergunta 7 de 10
7. Pergunta
(ENEM/2010)
Os vestígios dos povos Tupi-guarani encontram-se desde as Missões e o rio da Prata, ao sul, até o Nordeste, com algumas ocorrências ainda mal conhecidas no sul da Amazônia. A leste, ocupavam toda a faixa litorânea, desde o Rio Grande do Sul até o Maranhão. A oeste, aparecem (no rio da Prata) no Paraguai e nas terras baixas da Bolívia. Evitam as terras inundáveis do Pantanal e marcam sua presença discretamente nos cerrados do Brasil central. De fato, ocuparam, de preferência, as regiões de floresta tropical e subtropical.
PROUS. A. O Brasil antes dos brasileiros. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar. Editor, 2005.
Os povos indígenas citados possuíam tradições culturais específicas que os distinguiam de outras sociedades indígenas e dos colonizadores europeus. Entre as tradições tupi-guarani, destacava-se
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Pergunta 8 de 10
8. Pergunta
(ENEM/2017)
No primeiro semestre do ano de 2009, o Supremo Tribunal Federal (STF), a mais alta corte judicial brasileira, prolatou decisão referente ao polêmico caso envolvendo a demarcação da reserva indígena Raposa Serra do Sol, onde habitam aproximadamente dezenove mil índios aldeados nas tribos Macuxi, Wapixana, Taurepang, Ingarikó e Paramona — em julgamento paradigmático que estabeleceu uma série de conceitos e diretrizes válidas não só para o caso em questão, mas para todas as reservas indígenas demarcadas ou em processo de demarcação no Brasil.
SALLES, D. J. P. C. Disponível em: www.
ambito-juridico.com.br. Acesso em:
30 jul. 2013 (adaptado).A demarcação de terras indígenas, conforme o texto, evidencia a
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Pergunta 9 de 10
9. Pergunta
(ENEM/2016)
TEXTO I
Documentos do século XVI algumas vezes se referem aos habitantes indígenas como “os brasis”, ou “gente brasília” e, ocasionalmente no século XVII, o termo “brasileiro” era a eles aplicado, mas as referências ao status econômico e jurídico desses eram muito mais populares. Assim, os termos “negro da terra” e “índios” eram utilizados com mais frequência do que qualquer outro.
SCHWARTZ, S. B. Gente da terra braziliense da nação. Pensando o Brasil: a construção de um povo. In: MOTA, C. G. (Org.). Viagem incompleta: a experiência brasileira (1500-2000). São Paulo: Senac, 2000 (adaptado).
TEXTO II
Índio é um conceito construído no processo de conquista da América pelos europeus. Desinteressados pela diversidade cultural, imbuídos de forte preconceito para com o outro, o indivíduo de outras culturas, espanhóis, portugueses, franceses e anglo-saxões terminaram por denominar da mesma forma povos tão díspares quanto os tupinambás e os astecas.
SILVA, K. V.; SILVA, M. H. Dicionário de conceitos históricos. São Paulo: Contexto, 2005.
Ao comparar os textos, as formas de designação dos grupos nativos pelos europeus, durante o período analisado, são reveladoras da
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Pergunta 10 de 10
10. Pergunta
(ENEM/2015)
A língua de que usam, por toda a costa, carece de três letras; convém a saber, não se acha nela F, nem L, nem R, coisa digna de espanto, porque assim não têm Fé, nem Lei, nem Rei, e dessa maneira vivem desordenadamente, sem terem além disto conta, nem peso, nem medida.
GÂNDAVO, P. M. A primeira história do Brasil: história da
província de Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 2004 (adaptado).A observação do cronista português Pero de Magalhães de Gândavo, em 1576, sobre a ausência das letras F, L e R na língua mencionada, demonstra a
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Sobre o(a) autor(a):
Guilherme Silva é formado em História pela Universidade Federal de Santa Catarina. Dá aulas de História em escolas da Grande Florianópolis desde 2016.