Saiba mais sobre o Indianismo e outras características fundamentais do Romantismo brasileiro de primeira geração. Revise Literatura para o Enem!
O Romantismo é uma escola que está na formação da literatura nacional. Ele foi dividido em três gerações e hoje trataremos da primeira geração do Romantismo. Valorizando um tipo de nacionalismo bucólico, a subjetividade e o sentimentalismo, o movimento gerou obras de grande valor e destaque.
O que é Romantismo?
Considera-se o marco inicial do Romantismo a publicação do romance “Os sofrimentos do jovem Werther”, publicado em 1774, e escrito pelo alemão Johann Wolfgang von Goethe.
O movimento romântico se difundiu inicialmente pela Europa para depois se espalhar pelo mundo. Ele surgiu como uma reação ao racionalismo Iluminista, e também como uma tendência de moda e estilo da burguesia da época.
Contrário às regras de equilíbrio e culto à cultura Clássica, os autores românticos valorizavam o amor de forma irracional e figuras da Idade Média.
Por meio da subjetividade e sentimentalismo, os autores românticos cultuavam suas origens, e buscavam no passado de sua terra uma forma de fuga da realidade e resgate de valores ancestrais.
Introdução ao Romantismo
Veja agora as características gerais do movimento artistico e literário do Romantismo no resumo do canal do Curso Enem Gratuito:
Contexto histórico
O Romantismo chegou ao Brasil em 1836, tendo por marco inicial o livro “Suspiros poéticos e saudades”, de Gonçalves de Magalhães. A sua chegada ocorreu, portanto, poucos anos após a declaração da Independência (1822), e o Romantismo foi por ela bastante influenciada.
Por esse período, surgiram as nossas primeiras Academias, nossos estudantes e a necessidade da concepção de nação e identidade cultural brasileira.
O primeiro período do Romantismo tem também muitas revoltas, decorrentes da resistência nacional em aceitar a independência pelas mãos do dos portugueses, que tornaram o país apenas virtualmente independente, uma vez que era Dom Pedro I o novo imperador e as diversas taxas cobradas pelo Império foram mantidas. Também foi destacado o período da Regência do infante Dom Pedro II.
Primeira Geração do Romantismo no Brasil
No Brasil, a Independência incutiu a necessidade de romper com a influência europeia e fundar uma arte nacional, contudo, era de lá que vinha todo o nosso modelo de pensamento e estética.
O Romantismo surgiu como grande tendência internacional, assumida como modelo a partir do qual deveríamos elencar os elementos da cultura nacional.
Desse modo, a primeira geração Romântica foi uma frase, sobretudo, nacionalista. Diante desse paradoxo da influência, foram criados modos de adaptar e aglutinar a cultura nacional ao estilo estrangeiro.
Se em Portugal e no resto da Europa, cultuava-se como herança a Idade Média, no Brasil, que não possui essa história, a forma de voltar ao passado era relembrando o país antes da chegada dos portugueses, ou seja quando aqui só habitavam os índios.
Segundo Jean Jaques Rousseau, filósofo que exerceu grande influência sobre o pensamento romântico, o ser humano nasceria puro e com boa índole, e o contato com a sociedade o corromperia.
Os índios e a ideia de pureza
Seguindo esse raciocínio, os índios seriam, portanto, puros por natureza. O culto à natureza e a terra é para os românticos, portanto, um preceito essencial, a base de suas ideias.
Dessa maneira, surgiriam figuras etéreas e heroicas (e evidentemente idealizadas) do índio como elo com a natureza da pátria e de nossa história, característica que ficou conhecida como Indianismo.
Importante lembrar que para a Igreja Católica, o índio era parte da terra, possuía alma e poderiam ser catequizado e salvo do paganismo (qualquer outra religião que não fosse a cristã), diferente do escravo negro africano. A presença da religiosidade cristã, aliás, é outro elemento comum na literatura romântica.
Veja o Indianismo na Literatura Romântica
Veja agora com a professora Camila Brambilla, do canal do Curso Enem Gratuito, o impacto das obras do “Indianismo” na literatura romântica no Brasil.
Além dessas características, nessa geração é notável também o sentimentalismo exacerbado – típico de modo geral no romantismo – o platonismo amoroso e a valorização das emoções e da subjetividade humana.
O romance romântico da primeira geração
A prosa romântica brasileira se inicia com Joaquim Manuel de Macedo, A Moreninha, 1844, é considerada o primeiro romance brasileiro. Um romance folhetinesco, que envolve paixões adolescentes, e que possui linguagem leve e coloquial.
Mas é com o cearense José de Alencar, que temos os mais conhecidos romances regionalistas, sobretudo, indianistas, como O Guarani (1857), Iracema (1865), Ubirajara (1874) ou O Sertanejo (1875), entre outras.
Na obra de Alencar cultua-se a figura do índio heroico e quase místico, e o colonizador é visto como um tipo de aliado ou guia para o progresso civilizatório:
“Peri tomou a canoa nos seus braços, como se fora um berço mimoso, e deitou-a sobre a relva que cobria a margem do rio; depois sentou-se ao seu lado, e com os olhos fitos em Cecília, esperou que ela saísse desse sono prolongado que começava a inquietá-lo. […] A mãe, a mais extremosa não se desvelaria tanto por seu filho, como esse amigo dedicado por sua senhora; uma réstia de sol que, enfiando-se pelas folhas, vinha brincar no rosto da menina, um passarinho que cantava sobre um ramo do arbusto, um inseto que saltava na relva, tudo ele afastava para não perturbar o seu repouso.”
(Trechos do livro “O Guarani”, de José de Alencar, Editora Ática.)
Memória de um sargento de milícias
Outro autor, Manuel Antônio de Almeida destaca-se pelo romance “Memórias de um sargento de milícias”, iniciado em 1852. Foi publicada durante um ano primeiro nos folhetins do jornal Correio Mercantil, no qual era redator.
O romance conta as circunstâncias do nascimento e da vida adulta de Leonardo, um filho de imigrantes portugueses, um sujeito desajeitado e bonachão, até alçar o posto de sargento de milícias. O foco em figuras mais humildes e marginalizadas – e não em reis ou grandes líderes – é outra característica típica dos românticos.
“O Leonardo, fazendo-se-lhe justiça, não era nesse tempo de sua mocidade mal apessoado, e sobretudo era maganão. Ao sair do Tejo, estando a Maria encostada à borda do navio, o Leonardo fingiu que passava distraído por junto dela, e com o ferrado sapatão assentou-lhe uma valente pisadela no pé direito. A Maria, como se já esperasse por aquilo, sorriu-se como envergonhada do gracejo, e deu-lhe também em ar de disfarce um tremendo beliscão nas costas da mão esquerda. Era isto uma declaração em forma, segundo os usos da terra: levaram o resto do dia de namoro cerrado; ao anoitecer passou-se a mesma cena de pisadela e beliscão, com a diferença de serem desta vez um pouco mais fortes; e no dia seguinte estavam os dois amantes tão extremosos e familiares, que pareciam sê-lo de muitos anos.”
(Memórias de um sargento de milícias, Manuel Antônio de Almeida)
A obra retrata a dinâmica da classe média carioca da época, possui um caráter picaresco e satírico, um pouco atípico para o estilo. Leonardo seria um dos primeiros representantes do “malandro” brasileiro, segundo análise de Antônio Cândido em “Dialética da Malandragem”.
A poesia romântica da primeira geração
Da mesma forma que o romance, a poesia também fez muito uso da figura do índio, abundante na obra do principal poeta romântico brasileiro, Gonçalves Dias.
O escritor, que chegou a escrever um dicionário da Língua Tupi, possui em sua obra também a religiosidade cristã, o saudosismo pela terra e o lirismo amoroso.
Seu personagem mais emblemático é Juca-Pirama, um índio nobre e guerreiro, presente em seu longo poema, homônimo ao personagem. O seu poema mais famoso é, sem dúvida a Canção do Exílio:
Canção do exílio
(Gonçalves Dias)
Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores. Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer eu encontro lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá; Em cismar sozinho, à noite Mais prazer eu encontro lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu’inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá.
O exílio do poeta, em Portugal, era por conta de seus estudos acadêmicos, perceba o saudosismo e o patriotismo do poeta, ligados liricamente à natureza do Brasil. O poema consta em alguns símbolos da cultura nacional como no Hino Nacional Brasileiro (referências à “Canção do Exílio” em dois versos da segunda parte). A figura do colonizador em Dias é antagônica, uma ameaça a sobrevivência do índio e de sua cultura.
O Romantismo possui uma importância fundamental, pois além de nos deixar grandes obras, direcionou olhares para as condições dos Índios e Negros do país. A primeira geração romântica aconteceu entre os anos de 1836 e 1852.
Vídeoaula
Nesta aula, a professora Camila Zuchetto Brambilla fala sobre a primeira geração da poesia romântica.
Exercícios sobre a Primeira Geração do Romantismo:
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Pergunta 1 de 10
1. Pergunta
(UFAM/2006)
São romances escritos por Joaquim Manuel de Macedo:
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Pergunta 2 de 10
2. Pergunta
(UFAL/2005)
Com o povoamento europeu, valores culturais implantaram-se em nosso país, direcionando as opções de gêneros e de temas dos nossos escritores. É o que se pode notar quando se observa que em A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, e em Lucíola, de José de Alencar, esses dois ficcionistas
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Pergunta 3 de 10
3. Pergunta
(Unicastelo SP/2013)
Escritor refletido e cheio de recurso, deu respostas variadas e muitas vezes profundas. A sua obra é uma das minas da literatura brasileira. As andanças que entrelaçam as aventuras, o corpo geográfico do país, a matéria mitológica, a toponímia índia e a história branca; nossa iconografia imaginária, das mocinhas, dos índios, das florestas, deve aos seus livros muito da sua fixação social.
(Roberto Schwarz. Ao vencedor as batatas, 1981. Adaptado.)
Tal comentário refere-se a um conhecido escritor do Romantismo brasileiro, a saber,
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Pergunta 4 de 10
4. Pergunta
(ESPM SP/2018)
Sobre José de Alencar, Alfredo Bosi, professor e crítico literário, afirma:
Alencar, cioso da própria liberdade, navega feliz nas águas do remoto e do longínquo. É sempre com menoscabo ou surda irritação que olha o presente, o progresso, “a vida em sociedade”; e quando se detém no juízo da civilização, é para deplorar a pouquidade das relações cortesãs, sujeitas ao Moloc¹ do dinheiro. Daí o mordente de suas melhores páginas dedicadas aos costumes burgueses em Senhora e Lucíola.
(História Concisa da
Literatura Brasileira)
¹Moloc = deus cultuado pelos amonistas
A partir do comentário acima, pode-se afirmar que José de Alencar:
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Pergunta 5 de 10
5. Pergunta
(PUCCamp SP/2018)
Os poetas do nosso Romantismo atestam diferentes estações do nosso nacionalismo e das ideias, dominantes ou libertárias, que vicejaram ao longo do século XIX. Há em Gonçalves Dias uma exaltação do índio, que não hesitou em dotar de algumas virtudes aristocráticas caprichosamente combinadas com as da vida natural; há em Castro Alves o voo de condor para ideais humanistas, em combate aos horrores da escravidão. Mesmo o lirismo intimista de um Álvares de Azevedo não deixa de ecoar algo dos mestres europeus que, como Byron ou Victor Hugo, ampliam os contornos da vida subjetiva para que ela venha a ocupar o centro de um palco público, interpretando sentimentos e aspirações da época.
(DOMIGUES, Alaor, inédito)
O que nesse texto se afirma sobre Gonçalves Dias é extensivo à prosa de
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Pergunta 6 de 10
6. Pergunta
(UNISC RS/2014)
“Era no tempo do rei.
Uma das quatro esquinas que formam as ruas do Ouvidor e da Quitanda, cortando-se mutuamente, chamava-se nesse tempo — O canto dos meirinhos —; e bem lhe assentava o nome, porque era aí o lugar de encontro favorito de todos os indivíduos dessa classe (que gozava então de não pequena consideração). Os meirinhos de hoje não são mais do que a sombra caricata dos meirinhos do tempo do rei; esses eram gente temível e temida, respeitável e respeitada; formavam um dos extremos da formidável cadeia judiciária que envolvia todo o Rio de Janeiro no tempo em que a demanda era entre nós um elemento de vida: o extremo oposto eram os desembargadores. Ora, os extremos se tocam, e estes, tocando-se, fechavam o círculo dentro do qual se passavam os terríveis combates das citações, provarás, razões principais e finais, e todos esses trejeitos judiciais que se chamava o processo.”
Manuel Antonio de Almeida
In: Memórias de um Sargento de Milícias.
Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1978, p. 5.
A partir do fragmento de Memórias de um Sargento de Milícias, é correto afirmar que
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Pergunta 7 de 10
7. Pergunta
(PUCCamp SP/2017)
(…) o romantismo no Brasil não foi apenas um projeto estético, mas também um movimento cultural e político, profundamente ligado ao nacionalismo. Diferente do movimento alemão de finais do século XIX, tão bem descrito por Norbert Elias, o nacionalismo brasileiro, pintado com as cores do lugar, partiu sobretudo das elites cariocas, que, associadas à monarquia, esforçavam-se em chegar a uma emancipação em termos culturais. Os temas eram nacionais, mas a cultura, em vez de popular, era cada vez mais palaciana (…). Atacados de frente por um historiador como Varhagen, que os chamava de “patriotas caboclos”, os indianistas brasileiros ganharam, porém, popularidade e tiveram sucesso nesse contexto na imposição da representação romântica do indígena como símbolo nacional.
(SCHWARCZ, Lilia Moritz. As barbas do imperador.
D. Pedro II, um monarca nos trópicos.
São Paulo: Companhia das Letras, 1998, p. 139-140)
O poeta romântico Gonçalves Dias, com seus poemas indianistas,
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Pergunta 8 de 10
8. Pergunta
(UFPR/2019)
Segundo Antonio Candido:
Gonçalves Dias é um grande poeta, em parte por encontrar na poesia o veículo natural para a sensação de deslumbramento ante o Novo Mundo […]. O seu verso, incorporando o detalhe pitoresco da vida americana ao ângulo romântico e europeu de visão, criou (verdadeiramente criou) uma convenção poética nova. Esse cocktail de medievismo, idealismo e etnografia fantasiada nos aparece como construção lírica e heroica, de que resulta uma composição nova para sentirmos os velhos temas da poesia ocidental.
(Formação da literatura brasi-
leira. Rio de Janeiro: Itatiaia
(8. ed.) vol. 2, 1975, p. 73.)
Considerando o trecho citado e a leitura integral do livro Últimos Cantos, de Gonçalves Dias, assinale a alternativa correta.
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Pergunta 9 de 10
9. Pergunta
(EsPCEX/2018)
Leia o trecho abaixo, retirado de I-Juca Pirama, obra de Gonçalves Dias.
Da tribo pujante,
Que agora anda errante
Por fado inconstante,
Guerreiros, nasci:
Sou bravo, sou forte,
sou filho do norte,
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi.
Trata-se de um:
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Pergunta 10 de 10
10. Pergunta
(UDESC SC/2018)
1 O grupo parou a alguma distância; eu reconheci o Couto no momento em que se 2 adiantava com um movimento de espanto. Corri para fazer Lúcia retirar-se antes de 3 vê-lo; mas estava distante, e, quando cheguei, já a mais velha das moças se tinha 4 aproximado e, arrancando a pulseira das mãos de sua irmã, atirou-a por cima da 5 grade:
6 – Não toques em coisa que pertença a esta mulher! É uma perdida!
7 Lúcia tinha erguido a cabeça no primeiro instante de surpresa; nada porém perturbava 8 a serenidade e quietude de seu rosto iluminado por uma doce altivez; circulou com um 9 olhar límpido os atores desta cena, como se lhes pedisse a explicação do 10 desagradável incidente; e, tomando Ana pela mão e passando o braço pelo meu, 11 afastou-se com uma dignidade meiga e nobre.
12 Contudo pensei que esse sossego era aparente, e que sua alma devia ter sido 13 traspassada por aquele ultraje. Ela respondeu à interrogação muda do meu olhar 14 murmurando-me ao ouvido para que sua irmã não a ouvisse:
15 – Elas não sabem, como tu, que eu tenho outra virgindade, a virgindade do 16 coração! Perdoa-lhes, Paulo.
17 E o sorriso, que banhou estas palavras como de uma luz divina, parecia abrir o céu 18 aos arroubos de sua alma.
ALENCAR. José de. Lucíola.
Porto Alegre: L&PM, 2017. p.154
Analise as proposições em relação à obra Lucíola, José de Alencar, e ao texto.
I. Na estrutura “Não toques em coisa” (Ref. 6) observa-se o uso do verbo tocar no imperativo negativo. Trata-se de uma ordem, e a ação, indicada pelo verbo, sugere que ela vai ser praticada por várias pessoas.
II. A leitura da estrutura “Ela respondeu à interrogação muda do meu olhar murmurando-me ao ouvido” (Refs. 13 e 14) leva o leitor a inferir o grau de cumplicidade que havia entre o casal, pois eles se entendiam até mesmo pelo olhar.
III. A partícula que pode assumir diversas funções ou classificações na morfologia e na sintaxe, no período “que banhou estas palavras como de uma luz divina” (Ref. 17) tem-se, morfossintaticamente, pronome relativo/sujeito.
IV. A leitura do período “Elas não sabem, como tu, que eu tenho outra virgindade, a virgindade do coração” (Refs. 15 e 16) leva o leitor a inferir que já ocorreu o período de recolhimento de Lúcia como cortesã, iniciando-se o período da tentativa de expurgação.
V. Na estrutura verbal “Corri para fazer Lúcia retirar-se antes de vê-lo” (Refs. 2 e 3) há um período composto, formado por quatro orações, sendo a oração destacada subordinada adverbial final reduzida de infinitivo.
Assinale a alternativa correta.
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Sobre o(a) autor(a):
Renato Luís de Castro é graduado em Letras/Francês pela Unesp-Araraquara, e mestrado em Estudos Literários também na Unesp, atualmente concluindo Licenciatura pela UFSC.
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