74% dos adolescentes que bebem não receberam nenhuma restrição na hora da compra

No Brasil, 3 em 4 adolescentes compram álcool facilmente, mesmo com lei proibindo. Entenda riscos, causas e soluções para saúde e cidadania.


O Brasil tem uma das legislações mais rígidas do mundo contra a venda e o fornecimento de bebidas alcoólicas a menores de 18 anos. Pela Lei nº 13.106/2015, que alterou o ECA (Art. 243), vender ou servir álcool a adolescentes é crime, com pena de 2 a 4 anos de detenção.

Mas o que os dados mostram é um cenário completamente diferente. O Terceiro Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD III), da Unifesp em parceria com a Ipsos, revelou uma desconexão assustadora entre o que está na lei e o que acontece nas ruas. A verdade é dura: a regra existe, mas não é respeitada.

O álcool e a saúde pública

O LENAD III ouviu 16.608 brasileiros e revelou números que ajudam a entender a dimensão do problema:

  • 73,9 milhões (42,5% da população com 14 anos ou mais) consomem bebidas alcoólicas;
  • 19,9 milhões apresentam uso problemático ou Transtorno por Uso de Substâncias (TUS);
  • E o dado mais grave: 74,7% dos adolescentes consumidores nunca foram impedidos de comprar álcool.

Ou seja: três em cada quatro jovens compram bebidas livremente, mesmo com uma lei que criminaliza isso.

Os canais de acesso

O problema vai muito além da falta de fiscalização. A pesquisa mostra que o acesso dos adolescentes ao álcool acontece por diferentes caminhos e quase todos passam despercebidos.

Bares e estabelecimentos físicos

76,1% dos adolescentes dizem comprar bebidas diretamente em bares ou lojas. Isso mostra uma “cultura da permissividade”: o vendedor sabe que é ilegal, mas vende mesmo assim e o poder público quase nunca aparece para fiscalizar.

A cumplicidade dos adultos

44,9% dos jovens conseguem álcool com ajuda de adultos, amigos, irmãos, até os próprios pais.

Fornecer bebida a menores também é crime, com pena de até 4 anos de detenção. Mesmo assim, o comportamento segue normalizado.

O risco digital e o mercado informal

Outros canais também preocupam:

  • Vendedores ambulantes (34,4%)
  • Aplicativos de entrega (16,4%)
  • Eventos open bar (30,9%)

Além disso, 23,5% disseram já ter comprado bebidas “muito baratas”. A combinação de baixo preço + acesso fácil é o terreno perfeito para o abuso e o risco sanitário.

O preço do consumo precoce

O cérebro humano só termina de se desenvolver por volta dos 25 anos. Quando o álcool entra antes disso, os danos podem ser irreversíveis.

O consumo precoce afeta diretamente o córtex pré-frontal: a parte responsável pelo julgamento, controle de impulsos e planejamento.

O resultado? Dificuldade para lidar com emoções, maior propensão a comportamentos de risco e, em muitos casos, o desenvolvimento de transtornos aditivos que seguem até a vida adulta.

O que diz a lei

A Lei nº 13.106/2015 é clara:

  • Pena de 2 a 4 anos de detenção e multa de até R$10 mil para quem vender ou fornecer álcool a menores;
  • Interdição do estabelecimento infrator;
  • E o detalhe mais importante: o crime se consuma mesmo que o adolescente não beba. Basta a entrega da bebida.

O problema é que a lei não sai do papel. Sem fiscalização efetiva, o risco de punição é praticamente zero e os adolescentes continuam comprando sem dificuldade.

Soluções possíveis 

Fortalecer a fiscalização e o controle de oferta

  • Limitar horários e locais de venda (principalmente perto de escolas);
  • Aumentar impostos e preços das bebidas;
  • Exigir checagem de identidade em apps de delivery;
  • E punir de forma exemplar quem descumpre a lei.

Prevenção e suporte psicológico

  • Programas de prevenção como o PreVenture mostram que trabalhar traços de personalidade (como impulsividade) reduz o uso de álcool entre adolescentes;
  • É fundamental integrar escolas, famílias e profissionais da saúde nessa rede de proteção.

Envolver as famílias

Pais e responsáveis precisam saber que comprar álcool para o filho ou deixá-lo beber é crime.

Mais do que isso, é uma forma de abrir a porta para riscos neurológicos e comportamentais permanentes.

Por que esta pauta é importante para quem está fazendo o Enem?

Essa pauta é super relevante por três motivos principais:

Potencial tema de redação

O consumo de álcool por adolescentes, suas causas (como a falta de fiscalização e a ajuda de adultos) e suas consequências para a saúde e o desenvolvimento dos jovens é um assunto atual e socialmente importante.

Temas assim, que envolvem saúde, juventude, leis (como o ECA) e cidadania, aparecem bastante nas redações. Ter dados de pesquisas como o LENAD III e conhecer a Lei nº 13.106/2015 ajuda você a construir uma argumentação sólida e propor soluções detalhadas, o que aumenta suas chances de pontuar bem na Competência II (entender o tema e usar repertório sociocultural) e na Competência V (propor intervenções).

Conexão com outras áreas do conhecimento

Esse assunto também pode aparecer em questões de Ciências Humanas e Ciências da Natureza:

Sociologia, filosofia e atualidades

Pode falar sobre a “cultura da permissividade”, a ineficiência da lei e a responsabilidade social.

Biologia e Saúde

Pode abordar o impacto do álcool no cérebro dos adolescentes, especialmente no córtex pré-frontal, responsável pelo julgamento e pelo controle dos impulsos.

Formação para a cidadania

O Enem não avalia só o que você sabe, mas também sua capacidade de agir como cidadão. Entender a dimensão do problema e as soluções possíveis (como fiscalização, prevenção e o papel da família) ajuda você a refletir sobre a realidade do país e se preparar para participar da sociedade de forma consciente.

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Autor(a) Luana Santos

Sobre o(a) autor(a):

Luana Santos - Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina, é redatora com foco em educação, produção de conteúdo para o Enem e vestibulares. Atualmente, integra a equipe da Rede Enem, onde cria materiais informativos e inspiradores para ajudar estudantes a alcançarem seus objetivos acadêmicos. Ama café, livros e uma boa conversa sobre educação.  

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