Como o sucesso do Cinema BR na gringa pode te ajudar no Enem

Descubra como o filme O Agente Secreto pode turbinar sua redação do Enem com temas como ditadura, cultura, cidadania e memória histórica.

O cinema brasileiro voltou a brilhar nos holofotes internacionais! O filme “O Agente Secreto”, dirigido por Kleber Mendonça Filho, foi um dos grandes destaques no Festival de Cannes, levando quatro prêmios, incluindo Melhor Direção e Melhor Ator para Wagner Moura. Para além da consagração artística, esse reconhecimento internacional fortalece a imagem do Brasil no exterior e reforça o valor da nossa cultura.

Mas o que isso tem a ver com o Enem? Muita coisa.

A prova valoriza repertórios socioculturais atualizados e legítimos, principalmente na redação e nas questões de Ciências Humanas. Filmes como “O Agente Secreto” podem ser uma verdadeira carta na manga na hora de argumentar com profundidade e mostrar domínio de temas como cultura, política, história e sociedade.

A Competência 2 da redação do Enem, por exemplo, avalia justamente se o estudante sabe usar referências culturais para construir argumentos. E quando um filme brasileiro é premiado em Cannes e elogiado pela crítica mundial, ele se torna um repertório legitimado – ou seja, perfeito para usar na redação.

Sobre o que é “O Agente Secreto”?

Ambientado no Brasil de 1977, O Agente Secreto mergulha no contexto da ditadura militar para contar a história de um funcionário público cooptado pelos órgãos de repressão do regime. Interpretado por Wagner Moura, o protagonista é um homem comum, que se vê envolvido em uma teia de vigilância, delação e violência institucional — dilemas éticos que refletem as tensões daquele período histórico.

Ao longo do enredo, o personagem transita entre a cumplicidade forçada com o Estado autoritário e o crescente incômodo com os métodos de controle e punição impostos à sociedade civil. A narrativa se desenvolve em meio a perseguições políticas, desaparecimentos e censura, revelando o impacto da repressão estatal nas vidas privadas e na estrutura social do país.

Ou seja: o filme fala de história, política, cidadania e ética — temas que caem direto nas provas do Enem.

Um marco para o cinema nacional

“O Agente Secreto” não só emocionou o público com sua história como também levou prêmios importantes em Cannes, como:

  • Melhor Direção para Kleber Mendonça Filho
  • Melhor Ator para Wagner Moura
  • Prêmio FIPRESCI (críticos de cinema)
  • Prêmio Art et Essai (associação francesa de cinema)

Com uma recepção calorosa, aplausos de 15 minutos e destaque em veículos internacionais, o filme já é um dos grandes acontecimentos do cinema brasileiro recente.

Mais do que uma premiação, O Agente Secreto resgata um momento histórico crucial e trabalha com temas densos e atuais — como corrupção, opressão e resistência. É o tipo de conteúdo ideal para fundamentar uma redação com reflexão crítica sobre política, cidadania ou memória histórica.

Cinema brasileiro como expressão da nossa identidade

Desde o Cinema Novo dos anos 1960, com nomes como Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos e Cacá Diegues, o audiovisual brasileiro consolidou uma tradição de engajamento social. A proposta era clara: “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”, ou seja, produzir filmes de baixo orçamento, mas com forte conteúdo político e crítico.

Essa visão ressurge em momentos diferentes da história e é visível também em títulos mais recentes, como Cidade de Deus (2002), Tropa de Elite (2007) e Que Horas Ela Volta? (2015). Embora não sejam de “baixo orçamento” no sentido mais estrito do Cinema Novo, eles se destacam por conteúdo social e político, relevância crítica e qualidade artística.

Mesmo diante de cortes orçamentários, censura e desvalorização institucional, o cinema nacional persiste na produção de obras de grande relevância, abordando temas cruciais da realidade brasileira. Ele se reestrutura e adapta para tratar de assuntos como:

  • Memória histórica e democracia:
    • “Cabra Marcado para Morrer” (1984), de Eduardo Coutinho: Um documentário seminal que revisita a história de João Pedro Teixeira, líder camponês assassinado na ditadura militar, e o impacto da repressão, explorando a memória histórica e a luta pela democracia.
    • “Eles Não Usam Black-Tie” (1981), de Leon Hirszman: Um drama que retrata a greve de operários em São Paulo durante a ditadura, abordando as relações de classe, a organização política e os dilemas da resistência em um período de repressão.
    • “Pra Frente Brasil” (1982), de Roberto Farias: Um thriller político que se passa durante a Copa do Mundo de 1970, expondo os métodos de tortura da ditadura e a violência do Estado em contraste com a euforia futebolística, discutindo memória histórica e censura.

  • Desigualdade social, relações de classe e violência urbana (sob diferentes perspectivas):
    • “O Beijo no Asfalto” (1981), de Bruno Barreto: Baseado na peça de Nelson Rodrigues, o filme expõe a hipocrisia social e a violência moral de uma sociedade que lincha um homem por um ato de compaixão, revelando as engrenagens da fofoca e do julgamento público em um contexto de relações sociais tensas.
    • “Tudo Bem” (1978), de Arnaldo Jabor: Uma comédia de costumes que se passa em um prédio carioca, revelando as pequenas e grandes violências cotidianas, as desigualdades e os conflitos de classe em um microcosmo da sociedade brasileira.
    • “Copacabana Mon Amour” (1970), de Rogério Sganzerla: Um filme experimental que, de forma anárquica, retrata uma Copacabana marginal e decadente, expondo a violência implícita na vida de personagens à margem da sociedade e uma crítica subversiva à cultura de consumo, refletindo sobre desigualdade e a falência de certos valores urbanos.

O Agente Secreto, de Kleber Mendonça Filho, está inserido nessa linha de continuidade. Ao ambientar a narrativa no Brasil da ditadura militar, o filme retoma o debate sobre a repressão política e os mecanismos de controle do Estado. Mas mais do que relembrar o passado, o longa nos convida a pensar no presente: como lidamos hoje com a memória desse período? Quais paralelos podem ser traçados com a realidade atual? E como a arte pode contribuir para a construção de um futuro mais democrático e justo?

O cinema como poder de influência (Soft Power)

Soft power é a capacidade de um país influenciar o mundo não pela força, mas pelo prestígio da sua cultura, valores e ideias. Hollywood é o maior exemplo disso. E o Brasil, com sua diversidade cultural, também tem muito a dizer — e mostrar.

Quando um filme como O Agente Secreto ganha espaço em Cannes, o Brasil projeta não só sua arte, mas também suas questões sociais, sua história e sua visão de mundo. Essa é uma forma poderosa de diplomacia cultural. O cinema funciona como um embaixador simbólico, conectando nações e promovendo diálogo entre culturas.

Por que O Agente Secreto é um repertório estratégico para o Enem

O filme retrata o Brasil de 1977, sob a ditadura militar, e trata de temas como autoritarismo, delação, repressão e censura. Isso o conecta diretamente a diversos eixos temáticos do Enem, especialmente nas áreas de Ciências Humanas e na redação:

  • Memória histórica e justiça de transição;
  • Cidadania e direitos humanos;
  • Liberdade de expressão e controle da informação;
  • Construção da identidade nacional por meio da arte;
  • Soft power e cultura como instrumento de influência global.

Esse conjunto de temas sugere que o filme tem o potencial de ir muito além de uma narrativa de época. Ele promete se conectar diretamente com debates contemporâneos sobre democracia, participação política, identidade cultural e projeção internacional. Por isso, pode ser uma ótima referência pra você enriquecer a sua redação com um repertório que é legítimo, super em dia e que te ajuda a conectar ideias de várias áreas!

Sobre o(a) autor(a):

Luana Santos - Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina, é redatora com foco em educação, produção de conteúdo para o Enem e vestibulares. Atualmente, integra a equipe da Rede Enem, onde cria materiais informativos e inspiradores para ajudar estudantes a alcançarem seus objetivos acadêmicos. Ama café, livros e uma boa conversa sobre educação.  

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