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Adultização e redes sociais: o que o caso Felca x Hytalo ensina para o Enem

Entenda a polêmica da adultização infantil nas redes e seus impactos em ética, cidadania digital e redação do Enem.


Nos últimos dias, um assunto tomou conta das redes sociais: a polêmica entre os influenciadores Felca e Hytalo Santos. Mas esse caso vai muito além da fofoca online — ele levanta discussões sérias sobre adultização, ética nas redes sociais, responsabilidade e os limites do conteúdo nas plataformas digitais.

Tudo começou quando Felca publicou um vídeo que rapidamente viralizou, com milhões de visualizações, acusando Hytalo de “adultizar” e expor crianças e adolescentes em conteúdos com forte conotação sexual. A partir daí, a internet entrou em debate, a Justiça se movimentou, e o tema chegou até o Congresso, que já analisa projetos de lei para regular a exposição de menores nas redes.

Por que essa pauta é relevante para você que está se preparando para o Enem? Porque essa discussão toca em questões que afetam diretamente a nossa sociedade — e que podem aparecer na sua redação. O caso é um exemplo perfeito para falar sobre cidadania digital, proteção da infância, ética nas redes sociais e até sobre as responsabilidades das famílias e das plataformas.

O que Felca denunciou?

O vídeo, chamado “Adultização”, acusava Hytalo de sexualizar crianças e adolescentes para gerar engajamento e monetização. Segundo Felca, isso acontecia por meio de realities, vídeos com conversas adultas e até cirurgias estéticas expostas para milhões de pessoas. Um dos casos mais citados foi o de Kamylinha, que começou a aparecer nos conteúdos de Hytalo ainda aos 12 anos. Ela participou de realities com temáticas inadequadas para a idade, danças sugestivas e, aos 17, teve um procedimento de implante de silicone exposto publicamente, incluindo imagens do pós-operatório.

Felca chamou esses conteúdos de “nefastos” e um “circo macabro”, destacando como a infância estava sendo usada como produto para agradar um público majoritariamente adulto. Ele também mencionou que o problema não é exclusivo de Hytalo, lembrando casos como o canal “Bel Para Meninas” e o de Caroliny Dreher, que também geraram discussões sobre exploração e exposição de menores na internet.

Mas afinal, o que significa adultização infantil? É quando crianças são expostas a comportamentos, padrões e responsabilidades típicas de adultos, acelerando de forma artificial o desenvolvimento. Nas redes, isso aparece com roupas e maquiagens inapropriadas, falas e atitudes que imitam adultos e até uma rotina de gravações que transforma a infância em um trabalho. Tudo isso para conquistar engajamento e, claro, dinheiro. É a infância virando um produto da economia da atenção.

E o que aconteceu depois?

Temática já está seguindo para o Legislativo. (Foto: Reprodução/G1)

As denúncias não ficaram só na internet. A Justiça da Paraíba, que já investigava Hytalo antes mesmo do vídeo viralizar, determinou a suspensão das contas do influenciador, proibiu qualquer contato dele com menores de idade e bloqueou a monetização dos seus canais. O YouTube também já havia tomado medidas para cortar ganhos antes da repercussão. Além disso, pais e responsáveis passaram a ser investigados por possível omissão.

E não parou por aí: o caso chegou ao Congresso Nacional. Em menos de uma semana, mais de 30 projetos de lei foram apresentados para regulamentar a presença de crianças na internet e endurecer as regras para publicidade digital direcionada a menores. Isso mostra como a polêmica revelou uma lacuna na legislação e abriu espaço para novas normas de proteção à infância no mundo online.

Por que isso tudo é um problema tão sério?

A exposição precoce e exagerada das crianças nas redes sociais traz impactos sérios para a vida delas, tanto agora quanto no futuro:

  • Saúde mental: lidar com pressão por aparência, comentários negativos e até cultura do cancelamento pode causar ansiedade, depressão e distorção da autoimagem.
  • Vida social: crianças muito expostas ao digital tendem a ter dificuldades para interagir no mundo real, apresentar impaciência em conversas e problemas para lidar com conflitos.
  • Desempenho escolar: gravar conteúdo e manter uma rotina online pode roubar o tempo de estudo e prejudicar a concentração, já que a criança se acostuma com estímulos rápidos e perde interesse por atividades mais longas, como leitura.

No fundo, estamos falando de algo que muitos especialistas chamam de “roubo da infância”. Em vez de brincar, explorar o mundo e viver experiências da idade, essas crianças passam a seguir roteiros, cumprir horários e performar para agradar um público que nem sempre tem boas intenções.

E no Enem, como usar esse caso?

Esse caso é um prato cheio para a prova, porque conecta vários temas possíveis:

  • Ética digital e responsabilidade social.
  • Proteção da infância e do adolescente (ECA).
  • Cultura de massa, sociedade de consumo e espetacularização da vida.
  • Limites da liberdade de expressão quando há vulnerabilidade.

Você pode usar o caso Felca x Hytalo como exemplo concreto em redações sobre redes sociais, exposição infantil, publicidade velada, trabalho infantil, cidadania digital ou direitos humanos. Além disso, dá para fazer uma abordagem interdisciplinar:

Sociologia

Infância como construção social (Philippe Ariès): O sociólogo argumenta que a ideia de infância como um período protegido é recente na história. Com a internet, essa fronteira entre infância e vida adulta está sendo fragilizada, pois crianças passam a assumir papéis que não correspondem à sua fase de desenvolvimento.

Filosofia

Deontologia (Kant): Kant defende que o ser humano nunca deve ser tratado como meio para atingir um fim. A exploração infantil digital vai contra esse princípio, pois transforma a criança em instrumento para engajamento e lucro.

Direito

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), no artigo 17, assegura o direito ao respeito, à dignidade e à preservação da imagem da criança. Já o artigo 5 prevê que nenhuma criança deve sofrer tratamento desumano ou vexatório.

O problema: a legislação brasileira não prevê de forma clara as regras para influenciadores mirins e a monetização da imagem infantil. Isso cria um vácuo jurídico que abre espaço para casos como este.

Além disso, a Constituição (art. 227) afirma que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar, com absoluta prioridade, os direitos da criança — algo claramente ameaçado nos casos de exposição e adultização.

Tecnologia

O modelo de negócios das plataformas digitais é baseado na captura da atenção. Quanto mais tempo o usuário passa no aplicativo, mais anúncios ele vê e mais lucro a plataforma tem. Isso leva à hiperexposição, pois conteúdos polêmicos, sensuais ou “diferentes” costumam gerar mais engajamento.

Dois conceitos importantes aqui:

  • Economia da atenção: Criado por Herbert Simon, indica que a atenção humana é um recurso escasso e valioso. Plataformas usam algoritmos para competir por esse recurso, priorizando conteúdos que geram cliques — mesmo que sejam prejudiciais.
  • Algoritmos e bolhas: As redes sociais recomendam conteúdos semelhantes aos que já deram certo. Assim, se um vídeo de uma criança com comportamento adulto viraliza, o algoritmo impulsiona vídeos semelhantes, ampliando o problema.

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Autor(a) Luana Beatriz dos Santos

Sobre o(a) autor(a):

Luana Beatriz dos Santos -

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