Skibidi, Delulu e Tradwife: termos da internet que podem aparecer no Enem
Dicionário Cambridge incluiu Skibidi, Delulu e Tradwife. Saiba o que elas significam e como esse fenômeno pode aparecer no Enem.
O Cambridge, um dos dicionários mais respeitados do mundo, acaba de incluir milhares de novos termos. Entre eles, palavras que parecem saídas diretamente do TikTok, como Skibidi, delulu e tradwife. Pode parecer só uma curiosidade, mas mostra que a língua é viva, está sempre mudando e se adaptando à forma como as pessoas se comunicam.
Segundo Colin McIntosh, gerente do programa lexical do Cambridge, essas palavras não entraram por modinha, e sim porque têm potencial para durar. E isso revela algo importante: a internet está moldando a língua inglesa de uma forma tão profunda que já virou oficial.
Mas por que isso importa para quem vai fazer o Enem? Porque o exame quer saber se você entende como a linguagem funciona no mundo real, e não só as regras gramaticais. A prova de Linguagens e a Redação cobram justamente essa visão mais ampla: compreender a linguagem como algo dinâmico, ligado à sociedade, à tecnologia e à cultura.
Quando um dicionário tradicional valida termos nascidos na internet, está mostrando que a língua formal e a informal convivem, e que a comunicação digital é parte da vida moderna. Essa é a mesma ideia que aparece na Matriz de Linguagens do Enem, que inclui temas como variações linguísticas, tecnologias da comunicação e até gêneros digitais. Ou seja: saber interpretar esse movimento não é só interessante, é estratégico para a prova.
Decifrando o vocabulário da geração digital
Antes de ligar tudo isso ao Enem, vamos entender melhor esses termos e o que eles revelam sobre a cultura atual.
Skibidi
O Cambridge define Skibidi como uma palavra com sentidos variados – pode ser “legal”, “ruim”, “estranho” – ou usada sem significado fixo, só como brincadeira. Essa explosão começou com a série viral do YouTube Skibidi Toilet, criada por DaFuq!?Boom!, que mostra cabeças humanas saindo de vasos sanitários ao som de uma trilha viciante. Sim, é tão bizarro quanto parece.
Esse fenômeno é praticamente a marca registrada da Geração Alpha (quem nasceu a partir de 2010) e é visto como um primeiro passo para uma cultura própria dessa geração na internet. A coisa foi tão longe que até Kim Kardashian apareceu com um colar escrito skibidi toilet. Enquanto isso, muitos adultos torcem o nariz, chamando a trend de brain rot (algo como “apodrecimento mental”). Mas, convenhamos: todas as gerações já tiveram suas modas estranhas. A diferença é que, agora, tudo viraliza mais rápido.
A força do Skibidi está no absurdo e no humor sem sentido, além do formato curto e universal (quase sem diálogo), que facilita viralizar no mundo todo. Ele virou meme, jogo no Roblox e até paródia política. E tem um papel importante na linguagem: funciona como marcador de grupo para a Geração Alpha, criando identidade e, ao mesmo tempo, excluindo quem não entende. Essa falta de significado fixo é um jeito de brincar com a linguagem e desafiar as regras. E a bronca das gerações mais velhas mostra um conflito clássico: o prescritivismo (quem acha que existe um “certo” absoluto) contra a evolução natural da língua. Tudo isso acelerado pelo digital.
Delulu
Delulu é uma abreviação de delusional (“delirante”), definida pelo Cambridge como “acreditar em coisas que não são reais, geralmente porque você escolhe”. Surgiu em 2014, entre fãs de K-pop, para zoar quem tinha certeza de que ia namorar um ídolo. Mas ganhou força mesmo em 2022, no TikTok, onde passou a ser usado de forma divertida para falar de crenças irreais – tipo aquela amiga que acha que vai casar com o crush famoso.
A frase delulu is the solulu (delírio é a solução) virou hit, associada até à ideia de manifestar desejos. E não parou por aí: até o primeiro-ministro da Austrália já usou o termo. Só que, por trás da piada, delulu também conversa com algo maior: vivemos num “mundo pós-verdade”, em que às vezes crenças pessoais falam mais alto que fatos. O uso humorístico pode ser escapismo, mas também aponta para como as redes reforçam bolhas e realidades filtradas.
O caminho de delulu, do nicho K-pop para a política, mostra como as gírias se espalham e se tornam ferramentas para lidar (ou brincar) com situações complexas.
Tradwife
Tradwife significa “esposa tradicional” – a mulher que vê como principal papel cuidar da casa, do marido e dos filhos. A estética? Bem anos 1950: vestidos rodados, bolos no forno e um feed no Instagram cheio de filtros retrô. Parece inocente, mas é bem mais complicado.
Esse movimento, que cresceu nas redes desde 2020, se coloca como alternativa ao ideal da girlboss, defendendo papéis de gênero rígidos. Algumas influenciadoras dizem que é “uma escolha pessoal”, mas a crítica é pesada: muitas lucram com essa imagem “doméstica”, vendendo cursos, parcerias e produtos – algo bem distante da vida de dona de casa “dependente do marido”. Tem mais: a ideologia por trás do movimento já foi associada a discursos conservadores, até extremistas, incluindo misoginia e supremacia branca.
Em resumo, o tradwife não é só sobre “voltar ao passado”, mas sobre como discursos de gênero, internet e economia se misturam. Enquanto pregam “vida simples”, essas influenciadoras transformam a ideia em produto. É a contradição perfeita para debates sobre gênero, mídia e poder.
Por que isso interessa para quem está se preparando para o Enem?
Essas palavras são exemplos vivos de tudo que o Enem quer avaliar: sua capacidade de interpretar linguagem, cultura e tecnologia juntas.
Na prova de Linguagens
A prova vai muito além da gramática. Ela inclui temas como tecnologias da informação, redes sociais, variações linguísticas e até história da internet. Então, entender por que Skibidi, delulu e tradwife entraram no Cambridge é útil para interpretar textos contemporâneos. É saber diferenciar registros (formal x informal), analisar humor, ironia e entender a linguagem digital como parte do nosso mundo.
Na Redação
Aqui está o pulo do gato: usar esses fenômenos como repertório sociocultural. Quer tirar nota alta? Mostre que entende o contexto. Tradwife pode entrar em uma redação sobre gênero, conservadorismo ou influência digital. Delulu serve para falar sobre pós-verdade, fandoms ou redes sociais. Skibidi ajuda a discutir cultura jovem, memes e mudanças na comunicação.
Mas atenção: citar por citar não basta. É preciso relacionar ao tema e construir um argumento coerente. O diferencial está em mostrar análise crítica, algo essencial para as Competências 2 e 3.
Como transformar isso em estratégia
- Pratique interpretação com textos digitais. Leia notícias sobre cultura pop, redes sociais e linguagem.
- Crie um banco de repertório. Anote conceitos, exemplos e relações com Sociologia, História, Filosofia.
- Treine a transição entre registros. Saiba analisar a linguagem informal, mas escreva formalmente na redação.
- Reforce a norma culta. A prova valoriza clareza e correção, mesmo que o tema seja internet.