Autor bastante popular, o matogrossense Manoel de Barros é constantemente lembrado no Enem e também em vestibulares. Conheça sua obra e estilo nesta revisão de Literatura para o Enem!
Quem foi Manoel de Barros
Manoel de Barros nasceu em Cuiabá, Mato Grosso, no dia 19 de dezembro de 1916. Passou a infância em sua cidade natal onde seu pai, João Venceslau Barros, tinha uma fazenda no Pantanal. Mais tarde, estudou em colégio interno em Campo Grande.
Formou-se em Direito no Rio de Janeiro, onde esteve filiado ao partido Comunista. Na década de 1960, após o casamento com Stella, retorna à região Centro-Oeste, dessa vez para o Mato Grosso do Sul, estabelecendo-se na capital Campo Grande e passando a viver como fazendeiro e criador de gado.
Apesar de ter iniciado ainda nos trinta, foi somente mais tarde que a sua obra se popularizou, tornando-o um dos autores mais apreciados e comentados da poesia brasileira contemporânea.
Resumo sobre Manoel de Barros
Cronologicamente, Manoel está vinculado à geração de 45, uma vez que o seu primeiro livro, Poemas concebidos sem Pecado, foi publicado 1937. Em sua obra de estreia, apesar do tom autobiográfico de poemas como “Cabeludinho”, nota-se claramente a inserção do poeta no Modernismo brasileiro de 1922:
O ESCRÍNIO
Um poeta municipal já me chamara a cidade de escrínio. Que àquele tempo encabulava muito porque eu não sabia o seu significado direito. Soava como escárnio. Hoje eu sei que escrínio é coisa relacionada com joia, cofre de bugigangas… Por aí assim. Porém a cidade era em cima de uma pedra branca enorme E o rio passava lá embaixo com piranhas camalotes pescadores e lanchas carregadas de couros vacuns fedidos. Primeiro vinha a Rua do Porto: sobrados remontados na ladeira, flamboyants, armazéns de secos e molhados E mil turcos babaruches nas portas comendo sementes de abóbora… Depois, subindo a ladeira, vinha a cidade propriamente dita, com a estátua de Antônio Maria Coelho, herói da Guerra do Paraguai, cheia de besouros na orelha E mais o Cinema Excelsior onde levavam um filme de Tom Mix 35 vezes por mês. E tudo o mais. Escrínio entretanto era a Negra Margarida Boa que nem mulher de santo casto: Nhanhá mijava na rede porque brincou com fogo de dia — Mijo de véia não disaparta nosso amor, né benzinho? — Yes! Um dia Nhanhá Gertrudes fazia bolo de arroz. Negra Margarida socava pilão. E eu nem sei o que fazia mesmo. Veio um negro risonho e disse sem perder o riso: — Vãobora comigo, negra? E levou Margarida enganchada no dedo pra São Saruê. Daí eu fiquei naquele casarão que tinha noites de medo. Nhanhá sonhava bobagens que eu fugi de casa pra ser chalaneiro no Porto de Corumbá! O mijo de Nhanhá sentia, no pingar, um vazio inédito e fazia uma lagoinha boa no mosaico… Desse tempo adquiri a mania de mirar-me no espelho das águas… (Manoel de Barros. Obra Completa. LeYa, 2011.p.12)
Características
Uma das coisas mais notáveis na obra de Manoel de Barros é o papel que desempenham as memórias da infância no imaginário do poeta. Além dessas reminiscências, o autor explora o ambiente bucólico das fazendas matogrossenses, o humor pueril, as inseguranças, alegrias e medos de um eu-lírico imerso nas lembranças de sua juventude.
Após a publicação de A face imóvel (1942), sua poesia passa a ter cada vez mais como plano de fundo o pantanal, de onde o poeta extrai um universo onírico que tem a sua própria marca.
OS GIRASSÓIS DE VAN GOGH
Hoje eu vi Soldados cantando por estradas de sangue Frescura de manhãs em olhos de crianças Mulheres mastigando as esperanças mortas Hoje eu vi homens ao crepúsculo Recebendo o amor no peito. Hoje eu vi homens recebendo a guerra Recebendo o pranto como balas no peito. E, como a dor me abaixasse a cabeça, Eu vi os girassóis ardentes de Van Gogh.
(A Face Imóvel. Manoel de Barros. Obra Completa. LeYa, 2011. p. 27)
Neste período, a obra de Barros busca superar as distâncias entre seres humanos e natureza, naquilo que apresenta a natureza como um grande ser a ser domado e consumido. Esse aspecto observa-se nos títulos dos seus livros, tais como Compêndio para uso dos pássaros (1960). A face observadora é sempre pura e desinteressada, perplexa e criadora, como podemos ver neste poema:
DE MENINOS E DE PÁSSAROS POEMINHAS PESCADOS NUMA FALA DE JOÃO
I O menino caiu dentro do rio, tibum, ficou todo molhado de peixe… A água dava rasinha de meu pé. II João foi na casa do peixe remou a canoa depois, pan, caiu lá embaixo na água. Afundou. Tinha dois pato grande. Jacaré comeu minha boca do lado de fora. III Nain remou de uma piranha. Ele pegou um pau, pum!, na parede do jacaré… Veio Maria-preta fazeu três araçás pra mim. Meu bolso teve um sol com passarinhos.
(Manoel de Barros. Obra Completa. LeYa, 2011. p.83)
Além desse caráter temático, presente ao longo de toda a obra de Manoel de Barros, é comum também encontrar marcas de estilo como o emprego de neologismos (palavras inventadas), que buscam enriquecer o seu universo poético. Outra característica marcante da poesia de Manoel de Barros é o uso de vocabulário coloquial-rural e de uma sintaxe que homenageia a oralidade.
Assim, pelo uso que Manoel de Barros faz da língua escrita, retomando e desenvolvendo o legado da literatura oral, também pela inventividade e pelo modo como retoma a oralidade, seu trabalho tem sido muitas vezes comparado ao de Guimarães Rosa. Seguindo “vanguardismo primitivista” como se pode notar pelo título “Poesia Rupestre” (2004), o autor encontra uma visão particular do universo do sertão:
SE ACHANTE
Era um caranguejo muito se achante. Ele se achava idôneo para flor. Passava por nossa casa Sem nem olhar de lado. Parece que estava montado num coche de princesa. Ia bem devagar Conforme o protocolo A fim de receber aplausos. Muito achante demais. Nem parou para comer goiaba. (Acho que quem anda de coche não come goiaba.) Ia como se fosse tomar posse de deputado. Mas o coche quebrou E o caranguejo voltou a ser idôneo para mangue.
(Manoel de Barros. Obra Completa. LeYa, 2011. .433-434)
Obras de Manoel de Barros
1937 — Poemas concebidos sem Pecado 1942 — Face imóvel 1956 — Poesias 1960 — Compêndio para uso dos pássaros 1966 — Gramática expositiva do chão 1974 — Matéria de poesia 1980 — Arranjos para assobio 1985 — Livro de pré-coisas (Ilustração da capa: Martha Barros) 1989 — O guardador das águas 1990 — Gramática expositiva do chão: Poesia quase toda 1991 — Concerto a céu aberto para solos de aves 1993 — O livro das ignorãças 1996 — Livro sobre nada (Ilustrações de Wega Nery) 1996 — Das Buch der Unwissenheiten – Edição da revista alemã Akzente 1998 — Retrato do artista quando coisa (Ilustrações de Millôr Fernandes) 2000 — Ensaios fotográficos 2000 — Exercícios de ser criança 2000 — Encantador de palavras – Edição portuguesa 2001 — O fazedor de amanhecer 2001 — Tratado geral das grandezas do ínfimo(Ilustrações de Martha Barros) 2001 — Águas 2003 — Para encontrar o azul eu uso pássaros 2003 — Cantigas para um passarinho à toa 2003 — Les paroles sans limite – Edição francesa 2003 — Todo lo que no invento es falso – Antologia na Espanha 2004 — Poemas Rupestres 2005 — Riba del dessemblat. Antologia poètica — Edição catalã (2005, Lleonard Muntaner, Editor) 2005 — Memórias inventadas I (Ilustrações de Martha Barros) 2006 — Memórias inventadas II 2007 — Memórias inventadas III (Ilustrações de Martha Barros) 2010 — Menino do Mato 2010 — Poesia Completa 2011 — Escritos em verbal de ave 2013 — Portas de Pedro Viana
Questões sobre Manoel de Barros
Veja agora alguns exercícios para você testar os seus conhecimentos sobre o autor!
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1. Pergunta
(UECE/2018)
Retrato do artista quando coisa
110 A maior riqueza
111 do homem
112 é sua incompletude.
113 Nesse ponto
114 sou abastado.
115 Palavras que me aceitam
116 como sou
117 — eu não aceito.
118 Não aguento ser apenas
119 um sujeito que abre
120 portas, que puxa
121 válvulas, que olha o
122 relógio, que compra pão
123 às 6 da tarde, que vai
124 lá fora, que aponta lápis,
125 que vê a uva etc. etc.
126 Perdoai. Mas eu
127 preciso ser Outros.
128 Eu penso
129 renovar o homem
130 usando borboletas.
BARROS, Manoel. O retrato do Artista
Quando Coisa. Rio de Janeiro: Record, 1998.
Levando em conta as relações de sentido presentes no texto de Manoel de Barros acima, é correto afirmar que o conteúdo temático geral do poema se estabelece na seguinte oposição semântica:
Correto
Resposta correta!
Incorreto
Resposta incorreta. Revise o conteúdo desta aula para acertar na hora da prova.
Pergunta 2 de 10
2. Pergunta
(UNIFOR CE/2017)
Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato
de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.
(BARROS, Manoel de. O apanhador de desperdícios. In. PINTO, Manuel da Costa.
Antologia comentada da poesia brasileira do século 21.
São Paulo: Publifolha, 2006. p. 73-74)
A leitura do poema acima sugere que a palavra do poeta serve especialmente para
Correto
Resposta correta!
Incorreto
Resposta incorreta. Revise o conteúdo desta aula para acertar na hora da prova.
Pergunta 3 de 10
3. Pergunta
(UFGD MS/2017)
Leia o trecho da obra Águas de Manoel de Barros, abaixo transcrito.
Porque as águas deste lugar ainda são espraiadas para o alvoroço dos pássaros.
Prezo os espraiados destas águas com as suas beijadas garças.
Nossos rios precisam de idade ainda para formar os seus barrancos Para pousar em seus leitos.
Penso com humildade que fui convidado para o banquete destas águas.
Porque sou de bugre. Porque sou de brejo.
Acho que as águas iniciam os pássaros
Acho que as águas iniciam as árvores e os peixes E acho que as águas iniciam os homens. Nos iniciam.
E nos alimentam e nos dessedentam.
Louvo esta fonte de todos os seres, de todas as plantas, de todas as pedras.
Louvo as natências do homem do Pantanal.
Todos somos devedores destas águas.
Somos todos começos de brejos e de rãs.
E a fala dos nossos vaqueiros carrega murmúrios destas águas.
Parece que a fala de nossos vaqueiros tem consoantes líquidas
E carrega de umidez as suas palavras.
Penso que os homens deste lugar são a continuação destas águas.
BARROS, Manoel. Águas.
Campo Grande: Sanesul, 2001 (Fragmento).
Considerando no contexto das tendências dominantes da poesia de Manoel de Barros, no livro Águas, pode-se afirmar que:
Correto
Resposta correta!
Incorreto
Resposta incorreta. Revise o conteúdo desta aula para acertar na hora da prova.
Pergunta 4 de 10
4. Pergunta
(IFPE/2016)
Leia o poema e observe os termos destacados. Assinale a alternativa INCORRETA com relação às classes gramaticais desses termos e suas respectivas funções.
O fotógrafo
Manoel de Barros
Difícil fotografar o silêncio.
Entretanto tentei. Eu conto:
Madrugada a minha aldeia estava morta.
Não se ouvia um barulho, ninguém passava entre as casas.
Eu estava saindo de uma festa.
Eram quase quatro da manhã.
Ia o Silêncio pela rua carregando um bêbado.
Preparei minha máquina.
O silêncio era um carregador?
Estava carregando o bêbado.
Fotografei esse carregador.
Tive outras visões naquela madrugada.
Preparei minha máquina de novo.
Tinha um perfume de jasmim no beiral de um sobrado.
Fotografei o perfume.
Vi uma lesma pregada na existência mais do que na pedra.
Fotografei a existência dela.
Vi ainda um azul-perdão no olho de um mendigo.
Fotografei o perdão. (…)
BARROS, M. de. Meu quintal é maior do que o mundo:
antologia. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2015.
Correto
Resposta correta!
Incorreto
Resposta incorreta. Revise o conteúdo desta aula para acertar na hora da prova.
Pergunta 5 de 10
5. Pergunta
(UFU MG/2016)
I
(…)
O menino tinha no olhar um silêncio de chão
e na sua voz uma candura de Fontes.
O Pai achava que a gente queria desver o mundo
para encontrar nas palavras novas coisas de ver
assim: eu via a manhã pousada sobre as margens do
rio do mesmo modo que uma garça aberta na solidão
de uma pedra.
(…)
BARROS, Manoel de. Menino do mato. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2015. p.13
Em Menino do mato, um eu lírico menino tem o desejo de apreender, sem se preocupar com explicações, as coisas do mundo, criar novidades por meio das palavras e de sua inocência pueril. Essa mesma ideia perpassa o fragmento:
Correto
Resposta correta!
Incorreto
Resposta incorreta. Revise o conteúdo desta aula para acertar na hora da prova.
Pergunta 6 de 10
6. Pergunta
(FPS PE/2015)
O apanhador de desperdícios
Uso a palavra para compor meus silêncios
Não gosto das palavras
fatigadas de informar,
dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das gias
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
(Manoel de Barros. In: PINTO, Manuel da Costa. Antologia comentada
da poesia brasileira do século 21. São Paulo: Publifolha, 2006, p. 73-74.)
Analise o poema de Manoel de Barros, transcrito acima. Seus versos revelam que a função primordial da Literatura corresponde ao desejo do homem de:
Correto
Resposta correta!
Incorreto
Resposta incorreta. Revise o conteúdo desta aula para acertar na hora da prova.
Pergunta 7 de 10
7. Pergunta
(UNEMAT MT/2015)
TEXTO I
A menina de lá
Não que parecesse olhar ou enxergar de propósito. Parava quieta, não queria bruxas de pano, brinquedo nenhum, sempre sentadinha onde se achasse, pouco se mexia. – “Ninguém entende muita coisa que ela fala…” – dizia o Pai, com certo espanto. Menos pela estranhez das palavras, pois só raro ela perguntava, por exemplo: – “Ele xurugou?” – e, vai ver, quem e o quê, jamais se saberia. Mas, pelo esquisito do juízo ou enfeitado do sentido. Com riso imprevisto: – “Tatu não vê a lua…” – ela falasse. Ou referia estórias, absurdas, vagas, tudo muito curto: da abelha que se voou para uma nuvem; de uma porção de meninas e meninos sentados a uma mesa de doces, comprida, comprida, por tempo que nem se acabava; ou da precisão de se fazer lista das coisas todas que no dia por dia a gente vem perdendo. Só a pura vida.
[…]
Dizia que o ar estava com cheiro de lembrança. – “A gente não vê quando o vento se acaba…” Estava no quintal, vestidinha de amarelo. O que falava, às vezes era comum, a gente é que ouvia exagerado: – “Alturas de urubuir…” Não, dissera só: – “altura de urubu não ir”. O Dedinho chegava quase no céu. Lembrouse de: – “Jabuticaba de vem-me-ver…” Suspirava, depois: – “Eu quero ir pra lá”. – Aonde? – “Não sei”. Aí observou: – “O passarinho desapareceu de cantar…”
(ROSA, João Guimarães. Primeiras estórias.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001)
TEXTO II
[…]
A gente não gostava de explicar as imagens porque explicar afasta as falas da imaginação.
A gente gostava dos sentidos desarticulados como a conversa dos passarinhos no chão a comer pedaços de mosca.
Certas visões não significavam nada, mas eram passeios verbais.
A gente sempre queria dar brazão às borboletas.
A gente gostava bem das vadiações com as palavras do que das prisões gramaticais.
Quando o menino disse que queria passar para as palavras suas peraltagens até os caracóis apoiaram.
A gente se encostava na tarde como se a tarde fosse um poste.
A gente gostava das palavras quando elas perturbavam os sentidos normais da fala.
Esses meninos faziam parte do arrebol como os passarinhos.
(BARROS, Manoel de. Menino do mato.
Leya: São Paulo, 2010)
Observando-se os textos, percebe-se o uso diferenciado da linguagem verbal, que se deve ao fato de que:
Correto
Resposta correta!
Incorreto
Resposta incorreta. Revise o conteúdo desta aula para acertar na hora da prova.
Pergunta 8 de 10
8. Pergunta
(UNISC RS/2015)
Leia atentamente o poema Auto-retrato falado, de Manoel de Barros e, depois, analise as afirmativas a seguir.
“Venho de um Cuiabá de garimpos e de ruelas
[entortadas.
Meu pai teve uma venda no Beco da Marinha, onde
[nasci.
Me criei no Pantanal de Corumbá entre bichos do
[chão, aves, pessoas humildes, árvores e rios.
Aprecio viver em lugares decadentes por gosto de
[estar entre pedras e lagartos.
Já publiquei 10 livros de poesia: ao publicá-los me
[sinto meio desonrado e fujo para o Pantanal onde
[sou abençoado a garças.
Me procurei a vida inteira e não me achei — pelo que
fui salvo.
Não estou na sarjeta porque herdei uma fazenda de
[gado.
Os bois me recriam.
Agora eu sou tão ocaso!
Estou na categoria de sofrer do moral porque só faço
coisas inúteis.
No meu morrer tem uma dor de árvore.”
(BARROS, Manoel de. O livro das ignorãças.
4. ed. Rio de Janeiro: Record, 1997, p. 103)
I. Os versos de Auto-retrato falado apontam para uma identificação profunda entre o eu lírico e a natureza.
II. Nos versos apresentados, observa-se a reelaboração do espaço regional como um espaço de memória afetiva.
III. Pode-se dizer que a voz que se manifesta em Auto-retrato falado é de um sujeito que faz uma espécie de balanço do que viveu.
Assinale a alternativa correta.
Correto
Resposta correta!
Incorreto
Resposta incorreta. Revise o conteúdo desta aula para acertar na hora da prova.
Pergunta 9 de 10
9. Pergunta
(IBMEC SP/2015)
No descomeço era o verbo.
Só depois é que veio o delírio do verbo.
O delírio do verbo estava no começo, lá
onde a criança diz: Eu escuto a cor dos
passarinhos.
A criança não sabe que o verbo escutar não
funciona para cor, mas para som.
Então se a criança muda a função de um
verbo, ele delira.
E pois.
Em poesia que é voz de poeta, que é a voz de
fazer nascimentos –
O verbo tem que pegar delírio.
(Manoel de Barros, O livro das ignorãças)
Nos versos, o eu lírico
Correto
Resposta correta!
Incorreto
Resposta incorreta. Revise o conteúdo desta aula para acertar na hora da prova.
Pergunta 10 de 10
10. Pergunta
(UNISC RS/2014)
“O POETA (por trás de uma rua minada de seu rosto andar perdido nela)
– Só quisera trazer pra meu canto o que pode ser carregado como papel pelo vento” (BARROS, Manoel. “A máquina de chilrear e seu uso doméstico” In: Gramática expositiva do chão. Rio de Janeiro: Record, 1999.)
Sobre o fragmento do poema, podemos afirmar que
I. o poema fala do fazer poético ao associar o “canto” à poesia.
II. o poema expõe o contexto de uma guerra civil, espaço urbano onde o POETA se perde.
III. o “papel” ao “vento” pode ser tomado como metáfora das palavras que o poeta recolhe e traz para o poema.
IV. há a presença de metalinguagem no poema, pois ele fala do fazer poético.
Assinale a alternativa correta.
Correto
Resposta correta!
Incorreto
Resposta incorreta. Revise o conteúdo desta aula para acertar na hora da prova.
Sobre o(a) autor(a):
Renato Luís de Castro é graduado em Letras/Francês pela Unesp-Araraquara, e mestrado em Estudos Literários também na Unesp, atualmente concluindo Licenciatura pela UFSC.
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