Saiba mais sobre o Ultrarromantismo e outras características fundamentais do Romantismo brasileiro de segunda geração. Vem com a gente revisar Literatura!
Depois de um primeiro momento nacionalista e ufanista, o Romantismo se desenvolveu para sua tendência ultrarromântica, composta de um sentimentalismo mórbido e pessimista. Revise a segunda geração do Romantismo para mandar bem nas questões de Literatura do Enem e dos vestibulares!
Contexto histórico
O Brasil estava em seu Segundo Reinado, iniciado com o Golpe da Maioridade, que levou ao trono o infante Dom Pedro II um pouco antes do término do Período de Regência, aos 14 anos. Dom Pedro I, o pai, havia abdicado ao Trono para voltar à Europa, e o Brasil aguardava a maioridade do novo imperador, então com cinco anos de idade, sendo governado por diferentes Regentes e pela Assembleia Geral.
Com a chegada do Imperador, o Brasil passaria por um período de estabilidade política, quando não eclodiram grandes revoltas ou disputas internas. Esse período ficaria marcado também pelo fim do tráfico negreiro. Neste contexto, desenvolveu-se o cenário que culminaria na abolição, como a alforria dos negros que lutaram na Guerra do Paraguai e o fato de que a escravidão já havia sido abolida oficialmente na maior parte dos países do ocidente.
Dom Pedro II, que também era contra a escravidão, acedeu à mão de obra assalariada dos imigrantes europeus, mas houve alguma resistência conservadora e a abolição só ocorreu em 1888. Durante o Segundo Reinado, alterou-se também base da produção econômica, que passou a ser o café, no lugar da cana–de-açúcar.
Características da segunda geração do Romantismo brasileiro
Nessa segunda geração do Romantismo, teremos a forte influência do autor inglês George Gordon Byron, mais conhecido como Lord Byron, que gerou um verdadeiro byronismo na sociedade literária da época. Sua literatura, repleta de tom soturno, melancólico e místico, é muito influenciada pela estética gótica, veja:
“O fígado é um asilo para a bile,
Mas muito pouco exerce essa função –
Que a primeira paixão ali se exile
É para que o resto entre em ação
E um ninho de serpentes lá instile
Ciúme, despeito, amor, horror, que vão
Roendo e arrancando dessa entranha
Terremotos que o fogo desentranha.”
Lord Byron, “Don Juan – Digressões” | em “Byron e Keats – entreversos”. [tradução Augusto de Campos]. Campinas SP: Editora UNICAMP, 2009.
Perceba nesse fragmento como são flagrantes a dor existencial e a visão sórdida da vida. Byron fustiga o leitor com a desilusão e a tragédia delirante da vida, visões que culminam na necessidade de fugir da realidade. Alheamento tal que conduz à direções como a idealização do amor, à infância (saudosismo), e claro, à morte.
A poesia ultrarromântica é de isolamento, introversão e individualismo exacerbados. Em obras como “Horas de Lazer”, “A Peregrinação de Childe Harold” e “Don Juan” (inacabada), Byron explora o conceito de “spleen”, tédio, mau humor e melancolia diante da realidade.
O caráter soturno dessa geração surgia como uma espécie de aprofundamento da crise romântica, quando o subjetivismo e o sentimentalismo atinge uma posição crítica, que passa da visão ufanista e positiva da nação, para outra revoltada e pessimista.
O romance romântico da segunda geração
A segunda geração do Romantismo possui como autor mais destacado, tanto da prosa quanto da poesia, o paulista Álvarez de Azevedo. Azevedo escreveu e publicou ainda em vida uma obra para o teatro chamada “Macário”. A obra trata do encontro e do passeio, pela cidade de São Paulo da época, realizada pelo personagem principal, Macário, em companhia de um novo amigo, que alega ser o próprio Satã.
“O DESCONHECIDO: Eu sou o diabo. Boa-noite, Macário.
MACÁRIO: Boa-noite, Satan. (Deita-se. O desconhecido sai). O diabo! uma boa fortuna! Há dez anos que eu ando para encontrar esse patife! Desta vez agarrei-o pela cauda! A maior desgraça deste mundo é ser Fausto sem Mefistófeles. Olá, Satan!
SATAN: Macário
MACÁRIO: Quando partimos?”
AZEVEDO, Álvares de. Macário. 3.ed. Rio de Janeiro : Francisco Alves, 1988.
O final da peça possui um elo de continuidade com “Noite na Taverna”, livro de contos, publicado em 1955, após a morte do autor:
“– Por que empalidesceste, Solfieri? A vida é assim. Tu o sabe como eu sei. O que é o homem? é a escuma que ferve hoje na torrente e amanhã desmaia; alguma coisa de louco e movediço como a vaga, de fatal como o sepulcro! O que é a existência? Na mocidade é o caleidoscópio das ilusões: vive- se então da seiva do futuro. Depois envelhecemos: quando chegamos aos trinta anos, e o suor das agonias nos grisalhou os cabelos antes do tempo, e murcharam como nossas faces as nossas esperanças, oscilamos entre o passado visionário, e este amanhã do velho, gelado e ermo- despido como um cadáver que se banha antes de dar à sepultura! Miséria, loucura!”
(Azevedo, Álvares, Noite na taverna. L&PM Pocket, Brasil, 1998. P.36-37)
Nesses contos, como fica nítido, cultiva-se um tom agressivo e angustiado. A ação começa numa taverna, onde dialogam os personagens Bertram (nome de um dos personagens trágicos de Byron), Solfieri, Archibald, Johann e Gennaro (todos nomes europeus). Este encontro é regado a vinho e permeado por discussões sobre a vida e a imortalidade da alma, o materialismo e o ceticismo, o subconsciente, além de confissões e trágicas histórias de amor.
A poesia romântica da segunda geração
A poesia dessa geração é encabeçada também pela produção de Álvares de Azevedo, mais conhecida pela sua Lira dos Vinte Anos, de 1853. Veja um dos poemas do autor:
Soneto
Pálida, à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!
Era a virgem do mar! Na escuma fria
Pela maré das águas embalada!
Era um anjo entre nuvens d´alvorada
Que em sonhos se banhava e se esquecia!
Era mais bela! O seio palpitando…
Negros olhos as pálpebras abrindo…
Formas nuas no leito resvalando…
Não te rias de mim, meu anjo lindo!
Por ti – as noites eu velei chorando,
Por ti – nos sonhos morrerei sorrindo!
Perceba aqui como o amor encontra-se em sua face sombria e trágica. O apelo à morte e a solidão, maiores expressões dessa geração repercutiu na tenra idade com que faleceu parte significativa de seus autores, vítimas da vida boêmia e da Tuberculose, doença que levou prematuramente Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Castro Alves e Fagundes Varella.
Casimiro de Abreu é outro poeta desse período, célebre por poemas como “Meus Oito Anos”, que remete ao saudosismo dessa geração, e por obras como “As Primaveras” (1859), “Saudades” (1856) e “Suspiros” (1856).
Também foram autores dessa geração Junqueira Freire, autor de obras como Inspirações do Claustro, (1855), A Morte de Uma Virgem (1867), e a A Rosa e o Sol (1867), entre outras, e também o poeta Fagundes Varella, autor que já apresentava característica da terceira geração, assinou obras como Noturnas (1860), Cantos e Fantasias (1865) e Vozes da América (1864).
Videoaula sobre segunda geração do Romantismo
Para finalizar sua revisão, veja agora a videoaula da professora Camila Zuchetto Brambilla, do nosso canal no YouTube, o Curso Enem Gratuito:
Exercícios sobre a segunda fase do Romantismo
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Pergunta 1 de 10
1. Pergunta
(IBMEC SP Insper/2019)
Se na década de 40 amadureceu a tradição literária nacionalista, nos anos que se lhe seguiram, ditos da “segunda geração romântica”, a poesia brasileira percorrerá os meandros do extremo subjetivismo, à Byron e à Musset. Alguns poetas adolescentes, mortos antes de tocarem a plena juventude, darão exemplo de toda uma temática emotiva de amor e morte, dúvida e ironia, entusiasmo e tédio.
(Alfredo Bosi, História con-
cisa da Literatura Brasileira)
As considerações de Alfredo Bosi são corretamente exemplificadas com os versos:
Correto
Parabéns, resposta correta! Siga com o simulado.
Incorreto
A resposta está incorreta. Veja uma revisão nesta aula e continue se preparando para o Enem e vestibulares!
Pergunta 2 de 10
2. Pergunta
(PUCCamp SP/2018)
Os poetas do nosso Romantismo atestam diferentes estações do nosso nacionalismo e das ideias, dominantes ou libertárias, que vicejaram ao longo do século XIX. Há em Gonçalves Dias uma exaltação do índio, que não hesitou em dotar de algumas virtudes aristocráticas caprichosamente combinadas com as da vida natural; há em Castro Alves o voo de condor para ideais humanistas, em combate aos horrores da escravidão. Mesmo o lirismo intimista de um Álvares de Azevedo não deixa de ecoar algo dos mestres europeus que, como Byron ou Victor Hugo, ampliam os contornos da vida subjetiva para que ela venha a ocupar o centro de um palco público, interpretando sentimentos e aspirações da época.
(DOMIGUES, Alaor, inédito)
Do quadro apresentado nesse texto, depreende-se que nossa poesia romântica:
Correto
Parabéns, resposta correta! Siga com o simulado.
Incorreto
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Pergunta 3 de 10
3. Pergunta
(ESPM SP/2018)
Leia os textos:
MEU SONHO
EU
Cavaleiro das armas escuras,
Onde vais pelas trevas impuras
Com a espada sanguenta na mão?
Por que brilham teus olhos ardentes
E gemidos nos lábios frementes
Vertem fogo do teu coração?
(…)
Cavaleiro, quem és? − que mistério,
Quem te força da morte no império
Pela noite assombrada a vagar?
O FANTASMA
Sou o sonho de tua esperança,
Tua febre que nunca descansa,
O delírio que te há de matar!…
(Álvares de Azevedo)
(…) Sobretudo se nos reportarmos ao título: o sujeito do enunciado estaria descrevendo um sonho, onde se vê a angústia devida à frustração das aspirações, corporificada num cavaleiro que galopa pelo reino da morte.
(Na Sala de Aula – Caderno de Análise
Literária, de Antonio Candido, Editora
Ática, Série Fundamentos, 1989, p. 39)
Considere o fragmento do poeta Álvares de Azevedo, o período literário em que ele está inserido e o comentário do crítico literário Antonio Candido. A partir das considerações, marque a afirmação incorreta.
Correto
Parabéns, resposta correta! Siga com o simulado.
Incorreto
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Pergunta 4 de 10
4. Pergunta
(FPS PE/2018)
Ah! vem, pálida virgem, se tens pena
De quem morre por ti, e morre amando,
Dá vida em teu alento à minha vida,
Une nos lábios meus minh’alma à tua!
Eu quero ao pé de ti sentir o mundo
Na tu’alma infantil; na tua fronte
Beijar a lua de Deus; nos teus suspiros
Sentir as virações do paraíso;
E a teus pés, de joelhos, crer ainda
Que não mente o amor que um anjo inspira,
Que eu posso na tu’alma ser ditoso,
Beijar-te nos cabelos soluçando
E no teu seio ser feliz morrendo!
AZEVEDO, Álvares de. In. Noite na taver-
na e Poemas escolhidos (de Lira dos vinte
anos). São Paulo: Moderna, 1994. p. 74.
O poema de Álvares de Azevedo, escrito em 1851, incorpora marcas próprias da poesia romântica. Considerando o contexto histórico e a produção literária desse autor, analise as afirmativas a seguir.
1. Apesar de parecer distante e inalcançável, a mulher amada surge como uma idealização fortemente erótica, voltada tão somente para a realização sexual do eu lírico.
2. O eu lírico fala da morte como algo positivo; mais do que retórica, a atração pela morte é parte do “mal do século”, traço comum à segunda geração romântica.
3. Expressões como “pálida virgem”, “alma infantil” e “um anjo” reforçam um ideal em que a mulher é associada a algo etéreo e puro, distante, portanto, do amor físico.
4. O eu lírico encara a realização amorosa não como algo possível ou iminente, mas como algo que permanece no plano do desejo e do sonho.
Estão corretas:
Correto
Parabéns, resposta correta! Siga com o simulado.
Incorreto
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Pergunta 5 de 10
5. Pergunta
(PUC GO/2018)
Namoro a cavalo
Eu moro em Catumbi. Mas a desgraça
Que rege minha vida malfadada,
Pôs lá no fim da rua do Catete
A minha Dulcineia namorada.
Alugo (três mil réis) por uma tarde
Um cavalo de trote (que esparrela!)
Só para erguer meus olhos suspirando
À minha namorada na janela…
Todo o meu ordenado vai-se em flores
E em lindas folhas de papel bordado,
Onde eu escrevo trêmulo, amoroso,
Algum verso bonito… mas furtado.
Morro pela menina, junto dela
Nem ouso suspirar de acanhamento…
Se ela quisesse eu acabava a história
Como toda a Comédia – em casamento…
Ontem tinha chovido… Que desgraça!
Eu ia a trote inglês ardendo em chama,
Mas lá vai senão quando uma carroça
Minhas roupas tafuis encheu de lama…
Eu não desanimei. Se Dom Quixote
No Rossinante erguendo a larga espada
Nunca voltou de medo, eu, mais valente,
Fui mesmo sujo ver a namorada…
Mas eis que no passar pelo sobrado,
Onde habita nas lojas minha bela,
Por ver-me tão lodoso ela irritada
Bateu-me sobre as ventas a janela…
O cavalo ignorante de namoros
Entre dentes tomou a bofetada,
Arripia-se, pula e dá-me um tombo
Com pernas para o ar, sobre a calçada…
Dei ao diabo os namoros. Escovado
Meu chapéu que sofrera no pagode,
Dei de pernas corrido e cabisbaixo
E berrando de raiva como um bode.
Circunstância agravante. A calça inglesa
Rasgou-se no cair de meio a meio,
O sangue pelas ventas me corria
Em paga do amoroso devaneio!…
(AZEVEDO, Álvares de. Melhores
poemas. 6. ed. 1. reimpr. São Pa-
ulo: Global, 2008. p. 79-81.)
Assinale a alternativa que melhor caracteriza a relação desse poema (texto) com a seleta da obra de Álvares de Azevedo em Melhores poemas:
Correto
Parabéns, resposta correta! Siga com o simulado.
Incorreto
A resposta está incorreta. Veja uma revisão nesta aula e continue se preparando para o Enem e vestibulares!
Pergunta 6 de 10
6. Pergunta
(PUC GO/2018)
Dinheiro
Oh! dinheiro! Contigo somos
belos, jovens, adorados;
temos consideração, honra,
qualidades, virtudes. Quando
não temos dinheiro, ficamos
dependentes de todas as coisas
e de todo o mundo.
Chateaubriand (Traduzido do francês)
Sem ele não há cova – quem enterra
Assim gratis, a Deo? O batizado
Também custa dinheiro. Quem namora
Sem pagar as pratinhas ao Mercúrio?
Demais, as Danaes também o adoram,
Quem imprime seus versos, quem passeia,
Quem sobe a Deputado, até Ministro,
Quem é mesmo Eleitor, embora sábio,
Embora gênio, talentosa fronte,
Alma Romana, se não tem dinheiro?
Fora a canalha de vazios bolsos!
O mundo é para todos… Certamente
Assim o disse Deus – mas esse texto
Explica-se melhor e doutro modo.
Houve um erro de imprensa no Evangelho:
O mundo é um festim, concordo nisso,
Mas não entra ninguém sem ter as louras.
(AZEVEDO, Álvares de. Melhores poemas. 6.
ed. 1. reimpr. São Paulo: Global, 2008. p. 82.)
Dinheiro. Ele move o mundo, seja como moeda metálica, cédula ou dinheiro virtual. O poema de Álvares de Azevedo (texto), produzido no século XIX, reflete os fatos de hoje. Desse modo, em relação a esse texto, assinale a alternativa correta:
Correto
Parabéns, resposta correta! Siga com o simulado.
Incorreto
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Pergunta 7 de 10
7. Pergunta
(PUC GO/2018)
Dinheiro
Oh! dinheiro! Contigo somos
belos, jovens, adorados;
temos consideração, honra,
qualidades, virtudes. Quando
não temos dinheiro, ficamos
dependentes de todas as coisas
e de todo o mundo.
Chateaubriand (Traduzido do francês)
Sem ele não há cova – quem enterra
Assim gratis, a Deo? O batizado
Também custa dinheiro. Quem namora
Sem pagar as pratinhas ao Mercúrio?
Demais, as Danaes também o adoram,
Quem imprime seus versos, quem passeia,
Quem sobe a Deputado, até Ministro,
Quem é mesmo Eleitor, embora sábio,
Embora gênio, talentosa fronte,
Alma Romana, se não tem dinheiro?
Fora a canalha de vazios bolsos!
O mundo é para todos… Certamente
Assim o disse Deus – mas esse texto
Explica-se melhor e doutro modo.
Houve um erro de imprensa no Evangelho:
O mundo é um festim, concordo nisso,
Mas não entra ninguém sem ter as louras.
(AZEVEDO, Álvares de. Melhores poemas. 6.
ed. 1. reimpr. São Paulo: Global, 2008. p. 82.)
Nesse poema de Álvares de Azevedo (texto), desde a epígrafe, há a expressão de uma crítica ao poder do dinheiro. Assinale a alternativa correta em relação aos recursos usados para produzir humor e ironia:
Correto
Parabéns, resposta correta! Siga com o simulado.
Incorreto
A resposta está incorreta. Veja uma revisão nesta aula e continue se preparando para o Enem e vestibulares!
Pergunta 8 de 10
8. Pergunta
(PUC GO/2018)
Vagabundo
Eat, drink, and love; what can the rest avail us?
Byron — Don Juan
Eu durmo e vivo no sol como um cigano,
Fumando meu cigarro vaporoso;
Nas noites de verão namoro estrelas;
Sou pobre, sou mendigo e sou ditoso!
Ando roto, sem bolsos nem dinheiro;
Mas tenho na viola uma riqueza:
Canto à lua de noite serenatas,
E quem vive de amor não tem pobreza.
Não invejo ninguém, nem ouço a raiva
Nas cavernas do peito, sufocante,
Quando à noite na treva em mim se entornam
Os reflexos do baile fascinante.
Namoro e sou feliz nos meus amores;
Sou garboso e rapaz… Uma criada
Abrasada de amor por um soneto
Já um beijo me deu subindo a escada…
Oito dias lá vão que ando cismado
Na donzela que ali defronte mora.
Ela ao ver-me sorri tão docemente!
Desconfio que a moça me namora!…
Tenho por meu palácio as longas ruas;
Passeio a gosto e durmo sem temores;
Quando bebo, sou rei como um poeta,
E o vinho faz sonhar com os amores.
O degrau das igrejas é meu trono,
Minha pátria é o vento que respiro,
Minha mãe é a lua macilenta,
E a preguiça a mulher por quem suspiro.
Escrevo na parede as minhas rimas,
De painéis a carvão adorno a rua;
Como as aves do céu e as flores puras
Abro meu peito ao sol e durmo à lua.
Sinto-me um coração de lazzaroni;
Sou filho do calor, odeio o frio,
Não creio no diabo nem nos santos…
Rezo a Nossa Senhora e sou vadio!
Ora, se por aí alguma bela
Bem doirada e amante da preguiça
Quiser a nívea mão unir à minha
Há de achar-me na Sé, domingo, à Missa.
(AZEVEDO, Álvares de. Melhores poemas.
6. ed. 1. reimpr. São Paulo: Global, 2008. p.71 -73.)
Álvares de Azevedo, no texto, utiliza a técnica de contraponto, responsável pelo efeito estético na tessitura do poema. Marque a alternativa em que o contraponto implica, corretamente, valoração socioeconômica:
Correto
Parabéns, resposta correta! Siga com o simulado.
Incorreto
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Pergunta 9 de 10
9. Pergunta
(FPS PE/2017)
Entre os poetas românticos, merece destaque:
1. Gonçalves Dias, representativo dos poetas da terceira geração, envolvida com os conflitos sociais da época e com a produção de uma ‘poesia crítica e inquiridora’.
2. Álvares de Azevedo, autor de Lira dos vinte anos, é lembrado, em parte, por cantar “um amor sempre idealizado e irreal” e, em parte, por ter a morte como presença constante.
3. a figura de Castro Alves, que, tendo aderido à causa abolicionista, expressou, em alguns de seus poemas, a revolta contra os horrores do sistema escravista.
Está(ão) corretas:
Correto
Parabéns, resposta correta! Siga com o simulado.
Incorreto
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Pergunta 10 de 10
10. Pergunta
(Unievangélica GO/2017)
Eu moro em Catumbi: mas a desgraça,
Que rege minha vida malfadada,
Pôs lá no fim da rua do Catete
A minha Dulcinéia namorada.
[…]
Ontem tinha chovido… Que desgraça!
Eu ia a trote inglês ardendo em chama,
Mas lá vai senão quando uma carroça
Minhas roupas tafuis encheu de lama…
Eu não desanimei. Se Dom Quixote
No Rocinante erguendo a larga espada
Nunca voltou de medo, eu, mais valente,
Fui mesmo sujo ver a namorada…
Mas eis que no passar pelo sobrado,
Onde habita nas lojas minha bela,
Por ver-me tão lodoso ela irritada
Bateu-me sobre as ventas a janela…
O cavalo ignorante de namoros
Entre dentes tomou a bofetada,
Arrepia-se, pula, e dá-me um tombo
Com pernas para o ar, sobre a calçada…
[…]
AZEVEDO, Álvares de. Namoro a cavalo. In: Obra completa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000. p. 242-243.
O fragmento poético, embora pertença ao Romantismo brasileiro, possui conotações próprias.
Considerando-se respectivamente sua pertinência a essa corrente estética e suas características peculiares, qual das sequencias abaixo o define?
Correto
Parabéns, resposta correta! Siga com o simulado.
Incorreto
A resposta está incorreta. Veja uma revisão nesta aula e continue se preparando para o Enem e vestibulares!
Sobre o(a) autor(a):
Renato Luís de Castro é graduado em Letras/Francês pela Unesp-Araraquara, e mestrado em Estudos Literários também na Unesp, atualmente concluindo Licenciatura pela UFSC.
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