Machado de Assis foi o precursor do Realismo literário no Brasil e principal autor desse movimento. Escreveu contos, crônicas, poemas, peças de teatro e romances, tanto românticos como realistas, gênero que o consagrou na literatura brasileira e o alçou como um dos escritores brasileiros mais importantes de todos os tempos.
Conheça um pouco sobre a vida e a obra de um dos principais escritores brasileiros de todos os tempos, Machado de Assis, muito recorrente no Enem e nos vestibulares.
Na imagem acima há uma fotografia de Machado de Assis em preto e branco. Ao lado, uma restauração da fotografia original, tornando-a colorida. Essa reconstituição se faz importante para ressaltar o fato de que Machado de Assis era negro.
Quem foi Machado de Assis?
Machado de Assis é um dos principais escritores brasileiros de todos os tempos. Ao lado de escritores como Fernando Pessoa, Eça de Queiroz e Guimarães Rosa, o Bruxo do Cosme Velho (apelido dado pelo poeta Carlos Drummond de Andrade e que faz alusão ao bairro Cosme Velho, onde Machado de Assis residiu por muitos anos).
Sua inovação literária, a predileção por assuntos polêmicos e sua audácia em temas sociais nunca antes contemplados pela literatura fazem de Machado de Assis um escritor brasileiro de produção sem precedentes. Em pleno século XXI, seu nome e sua obra continuam vivos e atuais.
Seus textos são objetos de debate entre leitores – Capitu traiu ou não traiu Bentinho? –, estudiosos e acadêmicos, influenciando admiradores do Brasil e do mundo inteiro.
Introdução a Machado de Assis
Confira no resumo acima, com a professora de Literatura Camila Brambilla, do canal do Curso Enem Gratuito, os pontos básicos da vida e obra do grande Machado.
A vida de Machado de Assis
Nascido em 21 de junho de 1839 na cidade do Rio de Janeiro, mais precisamente no Morro do Livramento, foi batizado como Joaquim Maria Machado de Assis. Seus pais eram muito humildes: o pai, Francisco José de Assis, pintava paredes, e a mãe, Maria Leopoldina da Câmara Machado, era lavadeira.
Sendo filho de pais pobres, o menino Joaquim mal estudou em escolas públicas e nunca frequentou a universidade. Entretanto, era inteligente, almejava subir socialmente e frequentar o círculo boêmio e a corte do Rio de Janeiro – cenário privilegiado na maioria de seus romances.
A melhor maneira de fazê-lo foi abastecendo-se de superioridade intelectual e da cultura da capital. Para isso, assumiu diversos cargos públicos, passando pelo Ministério da Agricultura, do Comércio e das Obras Públicas. Não demorou muito para receber notoriedade em jornais onde publicava suas primeiras poesias e crônicas.
Aos 21 anos de idade Machado de Assis já era uma personalidade considerada entre as rodas intelectuais cariocas. Em sua maturidade, reunido a colegas próximos, fundou e foi o primeiro presidente unânime da Academia Brasileira de Letras.
Embora a maioria das fotografias exibidas em museus e até mesmo em livros didáticos apresente um Machado de Assis com a cor da pele branca, o escritor era mestiço e seus avós paternos eram negros e escravos alforriados.
A respeito da cor da pele de Machado de Assis, a Faculdade Zumbi dos Palmares recriou, recentemente, a foto clássica do escritor mostrando-o negro (vide imagem no início desse post).
Tal iniciativa é uma campanha que pede para que nova imagem seja inserida em cima da antiga nos livros, no intuito de que, segundo a instituição, “todas as gerações reconheçam a pessoa genial e negra que ele foi”.
Os temas presentes na obra de Machado de Assis
A escravidão, direta ou indiretamente, seja por meio de questões políticas ou até mesmo de personagens, sempre se fez presente nos romances machadianos. Talvez sua origem tenha lhe motivado a escrever sobre o assunto.
Entretanto, a temática dos contos e romances de Machado de Assis envolvem desde o uso de citações referentes a eventos de sua época até os mais intricados conflitos da condição humana.
O escritor foi um grande crítico de sua época, sempre atento ao cenário político, como é possível constatar em seu último romance, Esaú e Jacó (1904). Nesta obra o autor ilustra a transição da Monarquia para a República.
Machado de Assis também escreveu em suas narrativas sobre ceticismo, ciência, filosofia, religião, adultério, homossexualidade, casamento, os costumes, as tradições e a hipocrisia da sociedade carioca de sua época, e o comportamento e beleza femininos.
Este último tema ficou imortalizado por meio de Capitu, personagem emblemática do romance Dom Casmurro (1899). Considerado por muitos críticos e leitores como o melhor livro do escritor, e também como a obra literária brasileira de maior expressão de todos os tempos.
O romance foi o gênero que consagrou o Bruxo do Cosme Velho. Entretanto, engana-se quem acha que Machado de Assis se dedicou apenas à escrita de romances realistas.
É verdade que ele foi o precursor do Realismo literário no Brasil ao publicar, em 1881, Memórias Póstumas de Brás Cubas. A obra foi considerada um romance original e diferente de tudo aquilo que já havia sido publicado por aqui.
Também é unânime que Machado de Assis é o principal autor do Realismo brasileiro, consagrado pelo sucesso dos romances pertencentes ao referido movimento literário. Além de Memórias Póstumas e Dom Casmurro, ele também escreveu Casa Velha (1885), Quincas Borba (1891), Esaú e Jacó (1904) e Memorial de Aires (1908), todos romances da escola literária do Realismo.
Mas o que passa despercebido por muitos é a fase romântica do autor. Isto é, antes de emplacar e receber notoriedade por seus romances realistas, Machado de Assis escreveu romances românticos: Ressurreição (1872), A mão e a luva (1874), Helena (1876) e Iaiá Garcia (1878).
Saiba mais sobre os romances escritos por Machado de Assim na videoaula da prof. Camila:
O estilo de Machado de Assis
O estilo e a linguagem realista de Machado de Assis são caracterizados, sobretudo, pela ironia e pelo pessimismo. Além disso, o autor não costuma seguir uma narrativa linear. Em outras palavras, é como se as histórias fossem contadas à medida que os personagens lembram dos fatos.
Um dos recursos preferidos ao autor são as digressões, quando o narrador se desvia do tema central para trazer recordações e reflexões sobre o assunto. Outras características recorrentes nos romances machadianos são as falas em que o narrador se dirige ao leitor, como se fosse uma conversa entre duas pessoas próxima. Podemos notar também a objetividade da linguagem, os capítulos enxutos, a criticidade e a análise psicológica dos personagens.
A produção literária de Machado de Assis não ficou limitada aos romances românticos e realistas, uma vez que o autor transitou por vários gêneros. Ele escreveu centenas de contos e crônicas, algumas peças de teatro e também algumas coletâneas de poesias.
Muitas de suas obras foram adaptadas para o cinema, televisão e teatro. Alguns de seus romances foram adaptados em formato de histórias em quadrinhos ou em uma linguagem adequada para o público juvenil, a fim de que as novas gerações também possam entrar em contato com a sagacidade e genialidade literária típicas do autor.
A imagem a seguir é da minissérie Capitu, produzida pela Rede Globo em 2008 e inspirada no romance Dom Casmurro. Nela vemos o personagem Bentinho vestido de terno e luvas escuras segurando e beijando a mão de Capitu, que tem flores vermelhas no cabelo e um vestido rosa envelhecido.
Dica: o MEC elaborou um portal especialmente para celebrar a vida e a obra de Machado de Assis. Lá você encontrará a obra completa do autor em formato pdf, além de inúmeros conteúdos especiais. Não deixe de visitar e mergulhar no universo do Bruxo do Cosme Velho.
Para finalizar, é importante lembrar que inúmeros vestibulares, de todo o Brasil, escolhem obras de Machado de Assis como leituras obrigatórias. E nas provas do Enem não é diferente: a vida e a obra do escritor são utilizadas frequentemente nas questões de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias.
Para estudar ou simplesmente usufruir o prazer de uma boa história, escolher um livro do Bruxo do Cosme Velho é sempre uma boa pedida.
Ah! Se alguém descobrir o grande mistério de Dom Casmurro, por favor, entre em contato comigo! Essa dúvida ainda tira o meu sono!
Videoaula sobre o Bruxo do Cosme Velho
Para finalizar, confira esta aula sobre os principais contos de Machado de Assis e, em seguida, resolva os exercícios.
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Pergunta 1 de 10
1. Pergunta
(IBMEC SP Insper/2019)
Texto I
Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis; nada menos. Meu pai, logo que teve aragem dos onze contos, sobressaltou-se deveras; achou que o caso excedia as raias de um capricho juvenil.
– Dessa vez, disse ele, vais para Europa; vais cursar uma universidade, provavelmente Coimbra; quero-te para homem sério e não para arruador e gatuno. E como eu fizesse um gesto de espanto: — Gatuno, sim senhor; não é outra cousa um filho que me faz isto…
(Machado de Assis, Memóri-
as Póstumas de Brás Cubas)
Texto II
Ela deixou um bilhete, dizendo que ia sair fora
Levou meu coração, alguns CDs e o meu livro mais da hora
Mas eu não sei qual a razão, não entendi por que ela foi embora
E eu fiquei pensando em como foi e qual vai ser agora
É que pena, pra mim tava tão bom aqui
Com a nega mais teimosa e a mais linda que eu já vi
Dividindo o edredom e o filminho na TV
Chocolate quente e meus olhar era só pro cê
Mas cê não quis, eu era mó feliz e nem sabia
Beijinho de caramelo que recheava meus dia
(Luccas Carlos, Bilhete 2.0 [fragmento].
Em: https://www.letras.mus.br)
Na passagem do romance de Machado de Assis, o amor é apresentado como
Correto
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Incorreto
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Pergunta 2 de 10
2. Pergunta
(UNITAU SP/2019)
Sobre o romance Memorial de Aires, de Machado de Assis, leia as afirmações abaixo.
I. Na obra, há diversas reflexões sobre o ato de escrever, o que caracteriza um recurso de mediação.
II. O narrador dessa obra, em forma de diário, envolve e apara, por meio de seus comentários, as ações e os acontecimentos, que nunca se dão na sua crueza de fatos.
III. Devido à exigência de clareza, e por ser uma obra antirromântica e clássica, não há o emprego da ambiguidade.
Está CORRETO o que se afirma em
Correto
Parabéns, resposta correta! Siga com o simulado.
Incorreto
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Pergunta 3 de 10
3. Pergunta
(UFT TO/2019)
Leia o Capítulo II do romance Quincas Borba, de Machado de Assis.
Capítulo II
Que abismo que há entre o espírito e o coração! O espírito do ex-professor, vexado daquele pensamento, arrepiou caminho, buscou outro assunto, uma canoa que ia passando; o coração, porém, deixou-se estar a bater de alegria. Que lhe importa a canoa nem o canoeiro, que os olhos de Rubião acompanham, arregalados? Ele, coração, vai dizendo que, uma vez que a mana Piedade tinha de morrer, foi bom que não casasse; podia vir um filho ou uma filha… – Bonita canoa! – Antes assim! – Como obedece bem aos remos do homem! – O certo é que eles estão no céu!
Fonte: ASSIS, Machado de. Quincas
Borba. São Paulo: Ática, 1988, p. 13.
O capítulo apresenta reflexões do ex-professor Rubião sobre o “abismo que há entre o espírito e o coração”.
É CORRETO afirmar que no capítulo pode ser observado que:
Correto
Parabéns, resposta correta! Siga com o simulado.
Incorreto
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Pergunta 4 de 10
4. Pergunta
(PUC SP/2019)
A seguir, no Texto I, o crítico literário Alfredo Bosi associa a publicação, em 1881, de Memórias póstumas de Brás Cubas à inauguração de uma nova fase na carreira literária de seu autor, Machado de Assis. No Texto II, excerto do capítulo “O verdadeiro Cotrim”, do mesmo romance, Brás Cubas descreve o caráter de seu cunhado Cotrim, ex-traficante de escravos.
Texto I
A revolução dessa obra, que parece cavar um fosso entre dois mundos, foi uma revolução ideológica e formal: aprofundando o desprezo às idealizações românticas e ferindo no cerne o mito do narrador onisciente, que tudo vê e tudo julga, deixou emergir a consciência nua do indivíduo, fraco e incoerente. O que restou foram as memórias de um homem igual a tantos outros, o cauto1 e desfrutador Brás Cubas.
(BOSI, Alfredo. História concisa
da literatura brasileira. 40. ed.
São Paulo: Cultrix, 2002, p.177)
Texto II
Talvez pareça excessivo o escrúpulo do Cotrim, a quem não souber que ele possuía um caráter ferozmente honrado. (…) Não era perfeito, decerto; tinha, por exemplo, o sestro2 de mandar para os jornais a notícia de um ou outro benefício que praticava, — sestro repreensível ou não louvável, concordo; mas ele desculpava-se dizendo que as boas ações eram contagiosas, quando públicas; razão a que se não pode negar algum peso. Creio mesmo (e nisto faço o seu maior elogio) que ele não praticava, de quando em quando, esses benefícios senão com o fim de espertar a filantropia dos outros; e se tal era o intuito, força éconfessar que a publicidade tornava-se uma condição sine qua non3. Em suma, poderia dever algumas atenções, mas não devia um real a ninguém.
(ASSIS, Machado de. Memórias
póstumas de Brás Cubas. São
Paulo: Ateliê, 2001, p. 224-225)
Vocabulário:
1 cauto: cauteloso, prevenido.
2 sestro: vício.
3 condição sine qua non: condição sem a qual não é possível o que se pretende.
No Texto I, Alfredo Bosi destaca a particularidade do foco narrativo criado por Machado de Assis em Memórias póstumas de Brás Cubas. Dentre os traços característicos do narrador desse romance, a leitura do Texto II permite destacar a presença de:
Correto
Parabéns, resposta correta! Siga com o simulado.
Incorreto
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Pergunta 5 de 10
5. Pergunta
(PUCCamp SP/2019)
Relativismos e divisões
Costuma ser irritante a expressão “ah, isso é relativo”, especialmente quando aplicada sobre uma verdade que julgamos absoluta. Mas o relativismo vive, exatamente, da desconfiança quanto a qualquer absoluto. O relativista suspende julgamentos definitivos, como Sócrates já fazia nos diálogos com seus pares, na Grécia antiga.
O certo é que os praticantes do relativismo não têm vida fácil. O que foi mais importante no caminho da civilização: o domínio do fogo ou a invenção da roda? Do ângulo da cozinheira ou de um motorista, a resposta não parece difícil, mas um relativista não apenas hesitará na resposta como duvidará do mérito da pergunta. E se tivéssemos que escolher entre o princípio das alavancas ou o da propulsão nuclear? E se formos até à Bíblia, para perguntar: quem pecou mais, Adão ou Eva? O relativista responderá: mas o que é pecado? Numa rebelião popular contra uma ditadura chovem pedras e paus no ar, todo mundo está em risco – e o dono da vidraçaria, apolítico, sorri. Numa eleição é frequente que o relativista se abstenha. Ah, a política, que prato cheio para os relativistas: quem tinha razão na guerra da Criméia? Por que caiu Napoleão? Personalidades conduzem as massas ou estas fundam as lideranças? No Brasil do século passado: a queda do primeiro governo Vargas foi o fim de uma ditadura ou novo golpe? Os historiadores, por vezes, têm que enfrentar o duro dilema da escolha, esta que é o inferno dos relativistas.
O relativismo comparece em todas as áreas. Quem foi maior: o Newton, com suas três leis fundamentais, ou o Einstein, ao demonstrar, entre outras coisas, que “É preciso estar em constante movimento para manter o equilíbrio”? No campo das fábulas, muitas têm duas versões conclusivas, como a da cigarra e da formiga. As religiões dividem-se quanto aos valores e perfis divinos; na política, o embate é a lei, e as posições de classe relativizam o valor de um fato. Aliás o fato também se relativiza, ao ser rebaixado a opinião. O fenômeno contemporâneo das migrações em massa abre discussão sobre o papel ou a existência mesma de fronteiras nacionais. Não era para apagá-las que nasceu a decantada globalização?
No campo das artes, as divisões e os ângulos são incontáveis. Prosa ou poesia? Realismo ou romantismo? A consagração religiosa na disciplina de Bach ou a energia individualista e trágica de Beethoven? Música para ouvir ou para dançar? A revolução russa ganha força num filme histórico ou a denúncia revolucionária se vê melhor num filme de Carlitos? A fotografia e o cinema, fotogramas isolados ou em movimento regular, diminuem a arte da pintura naturalista? A pureza do som digital revela-se mais artificial do que o som das gravações em vinil?
Um teste vocacional parece ser concebido por relativistas. O jovem que faz o teste pode ter como resultado a indicação de duas carreiras muito distintas: biólogo ou economista. Talvez ele acabe fazendo Letras, em vez de se decidir pelas leis de Mendel, decisivas para a compreensão da hereditariedade, ou de Adam Smith, pai do liberalismo econômico. Num de seus maiores contos, Machado de Assis escolheu como protagonista um festejado compositor de polcas, música alegre e dançante, que preferiria ser o autor de sisudas sonatas ou de prelúdios clássicos – e o narrador de Machado concluiu que esse pobre pianista era “uma eterna peteca entre a ambição e a vocação”, amargando esse duro movimento do pêndulo, tão característico das pessoas divididas.
Jornalismo profissional ou redes sociais? Por onde passa a força decisiva das informações, nos dias que correm? A reserva de cotas nas escolas públicas é um duradouro instrumento de justiça ou medida emergencial? O Estado é laico em sentido absoluto ou deve ceder espaço para diferentes manifestações religiosas? Os currículos escolares devem se orientar por princípios centralizadores ou seguir inclinações regionais? Têm os homens algum papel nas afirmações do feminismo? A sexualidade tem a ver com gêneros, e há definições a fixar nesse campo delicado dos desejos e das identidades?
É possível que no século XXI desenvolvam-se as contradições próprias do relativismo: a permanência na posição relativista acaba sendo sua condenação a um absoluto, o do adiamento sistemático da escolha. O intimismo confidencial e a vida privada não combinam muito com a internet e os smartphones; as noções mesmas de interesse público e interesse privado parecem pouco nítidas, ou mesmo desnecessárias. O crescente avanço das ciências e das várias tecnologias parece favorecer uma posição relativista planetária, segundo a qual tudo parece condenado a ser efêmero, tudo parece estar à espera de sua imediata superação. Uma multidão de pessoas entretidas cada uma em seu celular é um cenário que confirma uma orientação geral para a pluralidade de interesses, dentro da qual tudo parece ser tão decisivo quanto relativo. É essa nossa marca de modernos?
(Aristeu Gonçalves Filho, inédito)
Na referência a um conto de Machado de Assis, no 5º parágrafo, expõe-se um dos temas prediletos desse grande escritor:
Correto
Parabéns, resposta correta! Siga com o simulado.
Incorreto
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Pergunta 6 de 10
6. Pergunta
(UERJ/2019)
CONSIDERE A OBRA “O ALIENISTA”, DE MACHADO DE ASSIS.
Em 1879, Machado de Assis escreve o artigo “A nova geração”, no qual sustenta a tese de que o Realismo “não presta para nada”.
“O alienista” expõe essa mesma tese sob a forma ficcional, já que o personagem Dr. Bacamarte pode ser compreendido, em relação ao Realismo, como:
Correto
Parabéns, resposta correta! Siga com o simulado.
Incorreto
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Pergunta 7 de 10
7. Pergunta
(FMABC SP/2018)
Atente para este trecho do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis
O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência. Pois, senhor, não consegui recompor nem o que foi nem o que fui. Em tudo, se o rosto é igual, a fisionomia é diferente. […] Entretanto, vida diferente não quer dizer vida pior; é outra cousa. A certos respeitos, aquela vida antiga aparece-me despida de muitos encantos que lhe achei; mas é também exato que perdeu muito espinho que a fez molesta, e, de memória, conservo alguma recordação doce e feiticeira.
Nesse trecho,
Correto
Parabéns, resposta correta! Siga com o simulado.
Incorreto
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Pergunta 8 de 10
8. Pergunta
(UNITAU SP/2018)
“’Deixe estar, – pensou ele um dia – fujo daqui e não volto mais.’
Não foi; sentiu-se agarrado e acorrentado pelos braços de D. Severina. Nunca vira outros tão bonitos e tão frescos. A educação que tivera não lhe permitia encará-los logo abertamente, parece até que a princípio afastava os olhos, vexado. Encarou-os pouco a pouco, ao ver que eles não tinham outras mangas, e assim os foi descobrindo, mirando e amando. No fim de três semanas eram eles, moralmente falando, as suas tendas de repouso. Aguentava toda a trabalheira, fora toda a melancolia da solidão e do silêncio, toda a grosseria do patrão, pela única paga de ver, três vezes por dia, o famoso par de braços”.
“Uns braços” in Várias histórias, Machado de Assis.
Sobre o conto “Uns braços”, assinale a alternativa CORRETA.
Correto
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Incorreto
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Pergunta 9 de 10
9. Pergunta
(PUC SP/2018)
Entre os vários temas que dão forma ao romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, destaca-se o tema da loucura.
Desse tema NÃO se pode afirmar que
Correto
Parabéns, resposta correta! Siga com o simulado.
Incorreto
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Pergunta 10 de 10
10. Pergunta
(Mackenzie SP/2018)
A pergunta era imprudente, na ocasião em que eu cuidava de transferir o embarque. Equivalia a confessar que o motivo principal ou único da minha repulsa ao seminário era Capitu, e fazer crer improvável a viagem. Compreendi isto depois que falei; quis emendar-me, mas nem soube como, nem ele me deu tempo.
— Tem andado alegre, como sempre; é uma tontinha. Aquilo enquanto não pegar algum peralta da vizinhança, que case com ela…
Estou que empalideci; pelo menos, senti correr um frio pelo corpo todo. A notícia de que ela vivia alegre, quando eu chorava todas as noites, produziu-me aquele efeito, acompanhado de um bater de coração, tão violento, que ainda agora cuido ouvi-lo. Há alguma exageração nisto; mas o discurso humano é assim mesmo, um composto de partes excessivas e partes diminutas, que se compensam, ajustando-se. Por outro lado, se entendermos que a audiência aqui não é das orelhas senão da memória, chegaremos à exata verdade. A minha memória ouve ainda agora as pancadas do coração naquele instante. Não esqueças que era a emoção do primeiro amor. Estive quase a perguntar a José Dias que me explicasse a alegria de Capitu, o que é que ela fazia, se vivia rindo, cantando ou pulando, mas retive-me a tempo, e depois outra ideia…
Outra ideia, não, – um sentimento cruel e desconhecido, o puro ciúme, leitor das minhas entranhas. Tal foi o que me mordeu, ao repetir comigo as palavras de José Dias: «Algum peralta da vizinhança». Em verdade, nunca pensara em tal desastre. Vivia tão nela, dela e para ela, que a intervenção de um peralta era como uma noção sem realidade; nunca me acudiu que havia peraltas na vizinhança, vária idade e feitio, grandes passeadores das tardes. Agora lembrava-me que alguns olhavam para Capitu, – e tão senhor me sentia dela que era como se olhassem para mim, um simples dever de admiração e de inveja. Separados um do outro pelo espaço e pelo destino, o mal aparecia-me agora, não só possível mas certo.
“Uma ponta de Iago”, Dom
Casmurro, Machado de Assis
Sobre o trecho acima, retirado do romance Dom Casmurro, escrito por Machado de Assis, assinale a alternativa correta.
Correto
Parabéns, resposta correta! Siga com o simulado.
Incorreto
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