Você já pediu uma dica de uma série, filme ou banda para um amigo? A resenha como gênero discursivo tem essa função: apresentar resumidamente uma obra. Venha aprender ou revisar esse conteúdo!
Primeiramente, deixe-me confessar uma coisa, estudante. Eu amo música e conhecer bandas novas. E, para conseguir boas indicações, geralmente procuro por resenhas. Você sabe o que é a resenha como gênero discursivo?
Antes de tudo, dá uma olha nesta resenha sobre a banda catarinense chamada “Parafuso Silvestre” retirada do site Rifferama e escrita por Luíza Mazzola.
Parafuso Silvestre (re)lança o videoclipe de “Desdentado”
Por Luíza Mazzola
Se eu tivesse que escolher uma dentre todas as belas palavras que podem ser usadas para descrever a jornada da Parafuso Silvestre, eu escolheria “consistência”. O quarteto formado por Taro Löcherbach (voz e guitarra), Julio Victor Neves (guitarra e baixo), Bruno Arceno (guitarra e baixo) e Juarez Mendonça (bateria) não falha em presentear os fãs, desde 2017, com produções coesas, maduras e bem produzidas em todos os aspectos, da composição das letras e melodias ao material de divulgação, marcadas por uma heterogeneidade musical que vai além da estética sonora do rock.
No apagar das luzes de 2019, a banda lançou mais um trabalho impecável, o single “Desdentado”, acompanhado de um videoclipe. A produção audiovisual do single é fruto de um convite feito pela produtora 30 Por Segundo, como parte do projeto “30 na Música” que tem o objetivo de incentivar e promover a música autoral. O trabalho em equipe é uma das principais características do clipe de “Desdentado”, que conta com roteiro e direção de Lara Koer, coordenação de produção por Luanda Wilk (produtora da banda), e elenco composto por Elisa Imperial, Rafael Reus, Airam Castro, Isadora Carlos e Souza, Hanna Luiza Feltrin e Marcos Laporta, além da participação especial da banda catarinense Outros Bárbaros, que também teve um clipe produzido pela 30 Por Segundo no âmbito do projeto “30 na Música”. […]
Texto completo em http://rifferama.com/parafuso-silvestre-relanca-o-videoclipe-de-desdentado/
Resenha como gênero discursivo: definição e uso
Primeiramente, resenhas são textos que servem para nos orientar sobre o que escolher entre as muitas produções culturais a nossa volta. Além disso, pode ser algo que nos mantêm atualizados sobre os vários lançamentos de livros, filmes, bandas, peças de teatro, séries e shows. Nos dois casos, o gênero discursivo que desempenha tais funções é a resenha.
Sendo assim, a resenha como gênero discursivo combina a apresentação resumida das características principais de uma obra (como filme, livro e peça de teatro) com comentários e avaliações críticas sobre sua qualidade. Dessa forma, os resenhistas caracterizam objetivamente a obra analisada trazendo uma série de juízos de valor que procuram dar ao leitor uma avaliação da qualidade e da validade dessa obra.
Em outras palavras, as resenhas são textos argumentativos, já que os juízos de valor devem vir acompanhados de argumentos que os sustentem.
Sobre “juízo de valor”
Para esta revisão, vamos entender que juízo de valor é um conceito filosófico e se refere a um julgamento que traz uma apreciação, uma avaliação, uma interpretação sobre a realidade – no caso aqui, a obra resenhada.
Afinal, você já parou para pensar que em diferentes situações somos solicitados a manifestar uma opinião avaliativa sobre algo? Primeiramente, é importante lembrar que essa opinião será formada por alguns juízos de valor cuja validade deve ser demonstrada para nosso interlocutor. Sendo assim, caso isso não seja feito, corremos o risco de ter a nossa opinião desconsiderada.
Por onde andam as resenhas
Atualmente, podemos encontrar resenhas em diversos contextos de circulação. Por exemplo, nas revistas semanais e virtuais, há sempre uma seção dedicada à apreciação de lançamentos de filmes, séries, livros ou jogos.
Os repórteres culturais são os responsáveis por essas resenhas. Sendo assim, o mesmo ocorre nas seções culturais dos jornais diários ou sites especializados em um determinado tópico (como é o caso do site só sobre música catarinense que trouxemos para ilustrar essa revisão).
Atualmente, os maiores portais da internet apresentam seções de resenhas, que costumam usar recursos tecnológicos que permitem ao internauta ver um trailer do filme ou ouvir trechos das músicas de uma banda apresentada.
O público da resenha
Primeiramente, o perfil dos leitores de resenhas é tão amplo quanto as obras resenhadas. Ou seja, procuram ler resenhas de livros aquelas pessoas que gostam de ler e que procuram informações mais detalhadas sobre os lançamentos na área.
Do mesmo modo, isso acontece no caso de músicas, filmes, shows, peças de teatro, exposições, entre outros. Todos os leitores de resenha apresentam uma característica em comum: desejam não só uma descrição de uma determinada obra, mas também uma opinião sobre a sua qualidade.
Sendo assim, se confiam nos autores das resenhas, podem se basear em seus textos para decidirem conhecer ou não tal obra. Por exemplo, será que o autor da resenha desta revisão te convenceu a querer conhecer a banda?
Os resenhistas, por sua vez, devem conhecer o perfil de seus leitores, porque ele poderá mudar de acordo com o contexto de circulação de seus textos. Revistas voltadas para jovens, como a Rolling Stone, ou o próprio site Rifferama, selecionam as obras a serem resenhadas levando em consideração esse público leitor.
Por dentro da resenha como gênero discursivo
A necessidade de trazer uma caracterização resumida da obra que passará por uma análise e também uma opinião – juízo de valor – sustentada por argumentos é traduzida, na estrutura de resenha, pela presença de trechos destinados a este fim.
Dessa forma, as resenhas costumam seguir esse esquema básico, mas não é obrigatório. Observe que a resenha que ilustra essa revisão tem um título, que já informa ao leitor sobre a obra resenhada. Neste momento, já pode aparecer a opinião de quem faz a resenha, mas este não foi o caso.
No exemplo, a identificação da autora aparece antes do primeiro parágrafo. Contudo, poderia ter aparecido no final. Geralmente, o primeiro parágrafo serve para contextualizar o leitor, ou seja, traz o contexto no qual a obra resenhada se insere. Da mesma forma, também temos algumas informações básicas como nome da banda e os integrantes da banda.
Antes de mais nada, note que temos um juízo de valor em que a autora do texto faz um elogio usando os termos “escolher uma dentre todas as belas palavras” e “consistência”. Posteriormente, no segundo e terceiro parágrafos, há uma contextualização mais ampla sobre a trajetória da banda e mais informações sobre o clipe.
A linguagem de uma resenha como gênero discursivo
Primeiramente, assim como o assunto é influenciado pelo público, a linguagem também obedece a este critério. Sendo assim, como se trata de uma resenha para um público jovem, o texto pode ter uma linguagem mais próxima do coloquial. Entretanto, isso não quer dizer que seja desleixada ou sem respeito às normas da gramática.
O passo a passo da resenha como gênero discursivo
Como já foi dito, não há uma regra fixa para se escrever uma resenha. Entretanto, é fácil perceber que alguns itens estão sempre presentes, como:
- Primeiramente o juízo de valor, ou seja, pontos positivos de negativos da obra resenhada
- Há uma síntese do que será resenhado
- Se for um livro: informações básicas sobre o enredo, alguma coisa sobre o ponto central da trama ou questões abordada pelo autor ou autora do livro
- O disco de uma banda: há composições novas? Releituras? Quais os assuntos das canções? São perguntas que podem servir de norte.
- Pensar nos argumentos que vão sustentar sua opinião acerca da obra
- Título deve ser um gancho para o ponto central da resenha
Em síntese, para este assunto, é isso! Por último, que tal assistir a esta videoaula sobre o assunto e resolver alguns exercícios? Sempre bom testar o que aprendemos.
Por fim, até mais, estudante!
Exercícios sobre a resenha como gênero literário
Questão 01)
O filme Aquarius desenha toda a construção da personagem de maneira habilidosa. Amarra o público em conflitos bastante cotidianos como a dificuldade de se relacionar com seus filhos, ou a dificuldade em encarar inovações tecnológicas… Cheio de diálogos memoráveis, o filme empresta muitas de suas cenas a longas conversas familiares como a “intervenção” que os filhos fazem com Clara para entender os motivos de ela querer ficar no Edifício antigo ou a cômica entrevista quando uma jornalista a indaga se ela já se adaptou a ouvir música em MP3, diante dos inúmeros vinis que decoram seu apartamento.
Com frases ácidas e inspiradas, como “Se é bom é Vintage, se é ruim é velho”, Clara é uma mulher que tem dificuldade de se desapegar de seu refúgio na praia de Boa Viagem. Sua rotina, envolta em seus objetos retrôs, junto à empregada doméstica, e uma aventura aqui e acolá, passa a ser perturbada pelo jovem Diego, que “com sangue nos olhos” decide liderar a construção do novo empreendimento, o novo Aquarius. Porém, à medida que o filme transcorre, percebemos o quanto Clara finca cada vez mais suas raízes em seu reduto. Ela não amolece, não desiste ou se deixa seduzir por qualquer investida oferecida pela construtora.
AZOLINO, Marcelo. Aquarius. Disponível em:
<http://observatoriodocinema.bol.uol.com.br/criticas/2016/09/ critica-aquarius>.
Acesso em: 10 set. 2016.
Dessa forma, nessa resenha do filme “Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho, o resenhista considera a personagem principal como uma mulher
a) intolerante em relação ao posicionamento compreensivo dos filhos diante de sua opção de continuar morando em seu apartamento, na praia de Boa Viagem.
b) passiva, visto que sucumbe à ideia de lucro e não consegue reagir perante a sedução da urbanização e a opressão do mercado imobiliário.
c) acomodada, pois estagnou sua vida no passado e não se permite ser feliz no presente, vivendo cotidianamente seu saudosismo.
d) questionadora, além de não se deixar intimidar pelo assédio opressor da especulação imobiliária nem do mundo capitalista.
e) insociável, já que não consegue se relacionar com seus vizinhos, com sua empregada doméstica ou mesmo com seus filhos.
Gabarito: D
Questão 02)
Uma noite em 67, de Renato Terra e Ricardo Calil.
Editora Planeta, 296 páginas.
Mas foi uma noite, aquela noite de sábado 21 de outubro de 1967, que parou o nosso país. Parou pra ver a finalíssima do III Festival da Record, quando um jovem de 24 anos chamado Eduardo Lobo, o Edu Lobo, saiu carregado do Teatro Paramount em São Paulo depois de ganhar o prêmio máximo do festival com Ponteio, que cantou acompanhado da charmosa e iniciante Marília Medalha.
Foi naquela noite que Chico Buarque entoou sua Roda viva ao lado do MPB-4 de Magro, o arranjador. Que Caetano Veloso brilhou cantando Alegria, alegria com a plateia ao som das guitarras dos Beat Boys, que Gilberto Gil apresentou a tropicalista Domingo no parque com os Mutantes.
Aquela noite que acabou virando filme, em 2010, nas mãos de Renato Terra e Ricardo Calil, agora virou livro. O livro que está sendo lançado agora é a história daquela noite, ampliada e em estado que no jargão jornalístico chamamos de matéria bruta. Quem viu o filme vai se deliciar com as histórias – e algumas fofocas – que cada um tem para contar, agora sem os cortes necessários que um filme exige. E quem não viu o filme tem diante de si um livro de histórias, pensando bem, de História.
VILLAS. A Disponível em: www.cartacapital.
com.br. Acesso em: 18 jun. 2014 (adaptado).
Sendo assim, considerando os elementos constitutivos dos gêneros textuais circulantes na sociedade, nesse fragmento de resenha predominam
a) caracterizações de personalidades do contexto musical brasileiro dos anos 1960.
b) questões polêmicas direcionadas à produção musical brasileira nos anos 1960.
c) relatos de experiências de artistas sobre os festivais de música de 1967.
d) explicações sobre o quadro cultural do Brasil durante a década de 1960.
e) opiniões a respeito de uma obra sobre a cena musical de 1967.
Gabarito: E