A energia interna de um gás perfeito é a soma das energias cinética e potencial de suas partículas. Para podermos calculá-la, levamos em consideração volume, temperatura, pressão e número de mols.
Consideramos energia como sendo a capacidade de um corpo realizar trabalho. Ou seja, quando uma força for realizada, ela deve ser capaz de descolocar alguma coisa. Se isso não acontece não há trabalho, mas isso não significa que não há energia. Nesta aula vamos tratar da energia interna de um gás perfeito.
Você irá ver que existem alguns passos que irão te ajudar a compreender melhor esse conceito e fazer sucesso no Enem!
Mudança de temperatura
Observando a figura acima, vamos recordar que a temperatura é definida como sendo o grau de agitação das moléculas. Mas você já parou para se perguntar que grau de agitação é esse? E como ele pode estar ligado com a temperatura e outras variáveis de um gás ideal?
Bem, imagine que você está dentro de uma sala com mais 4 amigos, e você e seus amigos estão caminhando pela sala, que está fechada. Em seguida, imagine que você e seus amigos comecem a correr pela sala. Agora pense: o que acontece com a temperatura do ambiente após vocês começarem a correr?
Se você respondeu que a temperatura aumenta, você acertou! Mas o que aconteceu nesse processo?
Temperatura de um gás ideal
Bem, se a temperatura é o grau de agitação das moléculas, quando você e seus amigos começam a correr pela sala, a agitação das moléculas dos gases presentes na sala aumenta. Ou seja, elas começam a se mover mais rapidamente.
Mas esse movimento também ocasiona um aumento de outra grandeza física: a energia cinética, que está diretamente ligada aos movimentos dos corpos.
Se você não lembra muita coisa sobre energia cinética, assista a essa aula do nosso canal:
Mas, voltando para o nosso assunto sobre gases perfeitos, quando adotamos esse termo, trazemos com ele alguns pressupostos que são muito importantes para conseguirmos entender sobre o que se trata essa energia interna de um gás, (que eu já dei um spoiler ali em cima).
Para que um gás seja considerado perfeito, devemos ter as seguintes considerações:
- As partículas do gás têm dimensões desprezíveis;
- As partículas não interagem entre si a não ser durante os choques, ou seja, as atrações gravitacionais e elétricas são desprezíveis;
- Os choques entre as partículas e as paredes do recipiente são perfeitamente elásticos;
- As partículas possuem movimento desordenado, em qualquer direção.
Assim, quando desconsideramos as atrações gravitacionais e elétricas, também vamos desconsiderar outras formas de energia envolvida nesse gás. E, com isso, iremos ter envolvidas apenas as variações de energia cinética, diretamente ligadas às mudanças de temperatura.
Energia interna de um gás perfeito
Podemos pensar simplificadamente que, para um gás composto por moléculas com um único átomo, a variação de temperatura do gás acarreta a variação da velocidade e, consequentemente, na energia cinética das partículas de que o gás é composto. A essa energia chamamos de energia cinética de translação.
No caso do gás monoatômico, não há energia cinética de rotação e vibração e nem energia de interação entre os átomos. Isso ocorre porque as partículas são formadas por um único átomo.
Agora, para gases que são formados por moléculas de mais de um átomo, a variação da temperatura provoca, além da variação da energia cinética – que neste caso é de translação, rotação e vibração –, a mudança da energia de interação entre os próprios átomos, já que agora eles não são os mesmos.
Como calcular a energia interna de um gás perfeito
Assim, para conseguirmos quantificar como ocorrem essas variações e transformações, utilizamos a grandeza energia interna de um gás (ou um sistema) como sendo a soma das energias cinéticas (de translação, rotação e vibração) e da energia de interação entre os átomos.
Contudo, iremos considerar o caso mais simples (que é basicamente o que é cobrado no Enem e vestibulares): gás perfeito monoatômico, no qual a energia interna é diretamente proporcional à temperatura do gás e dada por:
Onde:
- U = energia interna do gás perfeito (J)
- n = número de mols
- R = Constante universal dos gases perfeitos (8,3 J/mol.K)
- T = temperatura (K)
- P = pressão
- V = volume
Para os gases reais, embora a expressão da energia interna de um gás perfeito seja muito complicada, se mantém uma relação direta com a temperatura. Ou seja, se a temperatura de um gás aumenta, a energia interna também aumenta. De maneira contrária, se a temperatura diminui, a energia interna também diminui. Por fim, se não houver variação de temperatura, a energia interna do gás perfeito também se mantém constante.
Dica: Para sistemas não gasosos, há situações em que a energia interna de um sistema varia, mas a temperatura permanece constante durante o processo, como nas mudanças de estado físico. Vale lembrar que, nesses processos, uma substância recebe ou cede calor sob pressão constante sem que sua temperatura varie.
Exemplo de cálculo de energia interna de um gás
Considere a constante universal de gases perfeitos R = 8,3 J/mol.K e avalie o comportamento de 4 mols de um gás ideal monoatômico para os seguintes casos:
a) Qual a energia interna dessa quantidade de gás caso seja mantido a 60º C?
b) Qual a variação da energia interna dessa quantidade de gás, caso a temperatura aumente até 120º C?
c) O que ocorre com a energia interna dessa quantidade de gás caso a temperatura diminua?
Respostas:
a) Como a temperatura se mantém constante, podemos resolver da seguinte maneira:
b) Nesse caso o gás é submetido a uma variação de temperatura ΔT. Nessa situação, a variação da energia interna ΔU é obtida por:
c) Caso o gás seja submetido à diminuição de temperatura, a energia interna também irá diminuir.
Exercícios sobre a energia interna de um gás perfeito
1- A energia interna de um gás é a medida da energia cinética média de todas suas partículas. A energia interna contida em 2 mols de um gás monoatômico ideal, a uma temperatura de 300 K, é de aproximadamente:
Dados: R = 8,37 J/mol.K.
a) 7,5.10³ J
b) 600,0 J
c) 2,5.10³ J
d) 5,0.10³ J
e) 500,0 J
2- Um gás monoatômico e ideal com volume de 3 m³ é colocado sobre uma pressão de 106pascal. A energia interna desse gás, em joules, é igual a:
a) 3,0.106J
b) 1,5.106J
c) 15,0.106J
d) 10,0.105 J
e) 30.105J
3- Assinale a alternativa incorreta em relação à energia interna de um gás:
a) A energia interna de um gás é a medida da energia cinética média das partículas do gás.
b) A energia interna de um gás depende da quantidade de mols do gás e da sua temperatura absoluta, dada em Kelvin.
c) A energia interna de um gás é diretamente proporcional à sua pressão e ao seu volume.
d) A energia interna de um gás, em unidades do sistema internacional (SI), é medida em joules.
e) Durante transformações isotérmicas, a energia interna de um gás pode aumentar ou diminuir.
Gabarito:
- A
- B
- E