Coesão e Coerência na redação do Enem: veja como fazer

Cuidado para não perder pontos com redundância ou repetição de palavras em seu texto. Um dos segredos para mandar bem é usar Conectivos, usar Elementos de Ligação entre os parágrafos para garantir Coesão e Coerência na Redação do Enem. Aprenda agora.

Os elementos de coesão são importantes para articular bem o texto da redação. Por exemplo, quando você vai começar um segundo período, dentro de um mesmo parágrafo, ou quando vai abrir novo parágrafo, é importante utilizar um elemento para “fazer a ponte” entre um período e outro.

Confira as aulas gratuitas sobre a elaboração do texto coeso. E, depois, veja um texto aprovado pelo MEC como Redação Nota 1000.

Coesão e coerência na redação

Para que um texto seja avaliado como coeso é preciso que o autor utilize palavras e expressões que deem uma sequência lógica às frases. Já a coerência de um texto reside na relação lógica entre as ideias apresentadas.

Um texto coerente é aquele que mantém a mesma “linha de pensamento” do seu início até o fim. Assim, coesão e coerência na Redação do Enem somam pontos na hora da correção do seu texto.

Veja os elementos de coesão

Confira agora com a professora Daniela Garcia,  do canal do Curso Enem Gratuito, uma explicação bem simples e rápida sobre o que são os Elementos de Coesão.

Mandou bem a professora Daniela. Agora chegou a hora de você conferir o passo a passo para construir coesão e coerência no seu texto, para mandar bem na correção da Redação do Enem.

Compreendeu  o papel dos elementos de coesão! Eles são essenciais para você escrever uma boa redação, e valem pontos na hora da correção. Você precisa fazer “a ligação” entre as partes essenciais do texto, e o uso dos conectivos é fundamental.

Análise de coesão e coerência

Para você treinar em casa redações com coesão e coerência, vamos observar neste post os problemas de coesão mais comuns e as possíveis medidas para solucioná-los. Para isso, utilizaremos um texto que iremos analisar ao longo da nossa aula. 

No parágrafo de introdução do texto que vamos analisar a seguir, é possível observar vários pontos problemáticos em relação à coesão e coerência, e que vamos pontuar utilizando números para identificá-los:

  • a repetição de palavras (1),
  • a ausência de conectivos (2),
  • o uso excessivo de pessoalidade (3) (primeira pessoa do plural – nós),
  • marcas de oralidade devido a erros no uso da norma culta (4),
  • redundância do raciocínio (5), e,
  • o senso comum(6).
  • Veja o texto a seguir para identificar estes pontos problemáticos:

“A palavra uniforme(1) faz menção à igualdade, já que o uniforme(1) escolar serve para identificação, nivelamento social, ou(1) em outros ofícios, ressaltar traços de quem o utiliza, como(1) a sabedoria dos jalecos(6) ou (1) a autoridade de uma farda.

Assim(2), roupas dão a primeira impressão de uma pessoa(6), ou(1) talvez a única, se nunca(5) chegarmos(3) a conhecer(5) ela(4). Logo(2), é o jeito mais fácil de dizer ao mundo quem(6) somos(3),como(1) estamos(3) nos sentindo e o que(5) vamos(3)fazer(5).”

Equívocos na coesão e coerência

Como você pode ver, além dos problemas listados acima, existe a contradição entre os termos igualdade e nivelamento social, o qual não é explicado de acordo com o tema.

Para tornar esse parágrafo mais competitivo, poderíamos utilizar sinônimos, inserir conectivos, utilizar a terceira pessoa do singular, observar o uso correto da norma culta e evitar ideias vagas ou muito próximas ao senso comum. Observe como ele pode melhorar:

“A palavra uniforme faz menção à igualdade, já que o vestuário serve para a identidade coletiva, reconhecimento ou em profissões, para enfatizar características, como a autoridade de uma farda. Assim, roupas são uma forma de comunicação social.”

Veja que para manter a ideia de “igualdade”, a palavra “coletiva” é utilizada a fim de reiterar esse sentido. Ademais, a tese é colocada de maneira mais formal e distante do senso comum “roupas são uma forma de comunicação social”.

Coesão e coerência no desenvolvimento da redação

Agora, no próximo parágrafo do desenvolvimento, existe uma descrição(6) com traços literários que generaliza a situação do saneamento básico no Brasil, sendo pouco objetiva e criando um cenário mais passional que argumentativo. Além disso, há períodos muito longos(7), como o segundo e uma metáfora(8) não desenvolvida ao final do parágrafo. Observe:

“O fétido cheiro da podridão espalha-se pela cidade, praias e rios, enquanto isso bueiros entupidos e esgotos clandestinos entopem e poluem o ambiente e finalmente, ratos e baratas surgem para completar a festa. (6) Em um cenário que remete ao medievo, as cidades brasileiras sofrem cada vez mais com a falta de saneamento básico, obra fundamental para o bom funcionamento do ambiente urbano, cuja falta é sentida e sofrida pela população, que dá seu jeito para contornar o completo abandono e descaso político (7). Afinal, olhos são a barganha dos partidos para movimentar o curral eleitoral e a questão, como tudo na vida, é puramente política.” (8)

Novamente os problemas de coesão e coerência aparecem. Para tornar esse parágrafo mais coeso e coerente, poderíamos relacionar a descrição em seu início com uma área brasileira específica, tornando-a mais objetiva.

Além disso, teríamos de utilizar períodos mais curtos articulados por conectivos, evitar marcas de oralidade e tornar a metáfora mais didática.

Parágrafo reescrito

Em seguida, observe como poderíamos reescrever esse parágrafo:

“Não há água encanada nas casas que estimule a hábitos de higiene, prática básica para a profilaxia de muitas doenças. Além disso, o esgoto corre a céu aberto, desafiando a civilidade e tornando-se estopim de pragas urbanas. Essa é a realidade de 33 cidades brasileiras que não possuem distribuição de água, como Santarém, e de mais outros 2.000 mil municípios sem tratamento de esgoto.

Logo, em um cenário que remete ao medievo, brasileiros sofrem cada vez mais com a falta de saneamento básico, obra fundamental para o bom funcionamento urbano. Sendo que sua ausência afeta diretamente a população, a qual tem de lidar com o descaso politico.

Afinal, investimentos visíveis aos olhos, como pavimentação, iluminação pública ou construções, acabam agindo em detrimento daqueles em infraestrutura. Portanto, a atenção política movimenta-se por interesses publicitários dos partidos e não pelo bem estar social.”

Ficou bem melhor, não é mesmo?

Videoaula

Para terminar, assista à videoaula abaixo, em que a professora Mercedes Bonorino, no canal do Curso Enem Gratuito, faz um resumo sobre coesão e coerência e dá dicas para melhorar o seu texto!

Redação Enem nota 1000

Redação de Thais Saeger

Tema: “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet

É fato que a tecnologia revolucionou a vida em sociedade nas mais variadas esferas, a exemplo da saúde, dos transportes e das relações sociais. No que concerne ao uso da internet, a rede potencializou o fenômeno da massificação do consumo, pois permitiu, por meio da construção de um banco de dados, oferecer produtos de acordo com os interesses dos usuários. Tal personalização se observa, também, na divulgação de informações que, dessa forma, se tornam, muitas vezes, tendenciosas. Nesse sentido, é necessário analisar tal quadro, intrinsecamente ligado a aspectos educacionais e econômicos.

É importante ressaltar, em primeiro plano, de que forma o controle de dados na internet permite a manipulação do comportamento dos usuários. Isso ocorre, em grande parte, devido ao baixo senso crítico da população, fruto de uma educação tecnicista, na qual não há estímulo ao questionamento.

Sob esse âmbito, a internet usufrui dessa vulnerabilidade e, por intermédio de uma análise dos sites mais visitados por determinado indivíduo, consegue rastrear seus gostos e propor notícias ligadas aos seus interesses, limitando, assim, o modo de pensar dos cidadãos. Em meio a isso, uma analogia com a educação libertadora proposta por Paulo Freire mostra-se possível, uma vez que o pedagogo defendia um ensino capaz de estimular a reflexão e, dessa forma, libertar o indivíduo da situação a qual encontra-se sujeitado – neste caso, a manipulação.

Cabe mencionar, em segundo plano, quais os interesses atendidos por tal controle de dados. Essa questão ocorre devido ao capitalismo, modelo econômico vigente desde o fim da Guerra Fria, em 1991, o qual estimula o consumo em massa. Nesse âmbito, a tecnologia, aliada aos interesses do capital, também propõe aos usuários da rede produtos que eles acreditam ser personalizados.

Partindo desse pressuposto, esse cenário corrobora o termo “ilusão da contemporaneidade” defendido pelo filósofo Sartre, já que os cidadãos acreditam estar escolhendo uma mercadoria diferenciada mas, na verdade, trata-se de uma manipulação que visa ampliar o consumo.

Infere-se, portanto, que o controle do comportamento dos usuários possui íntima relação com aspectos educacionais e econômicos.

Desse modo, é imperiosa uma ação do MEC, que deve, por meio da oferta de debates e seminários nas escolas, orientar os alunos a buscarem informações de fontes confiáveis como artigos científicos ou por intermédio da checagem de dados, com o fito de estimular o senso crítico dos estudantes e, dessa forma, evitar que sejam manipulados.

Visando ao mesmo objetivo, o MEC pode, ainda, oferecer uma disciplina de educação tecnológica nas escolas, através de sua inclusão na Base Comum Curricular, causando um importante impacto na construção da consciência coletiva. Assim, observar-se-ia uma população mais crítica e menos iludida

Sobre o(a) autor(a):

Renato Luís de Castro é graduado em Letras/Francês pela Unesp-Araraquara, e mestrado em Estudos Literários também na Unesp, atualmente concluindo Licenciatura pela UFSC.

Compartilhe: