Veja como o novo Coronavírus COVID-19 chegou ao país; como ele é transmitido; e a doença que ele pode provocar. Confira também as formas de tratamento e como você pode se prevenir contra este vírus. Ainda não existe vacina disponível.
O ano de 2020 começou com uma notícia recorrente nas diferentes mídias: a infecção de Covid-19. O novo vírus da família coronavírus foi identificado pela primeira vez em dezembro de 2019 na cidade de Wuhan, província de Hubei, na China, e se espalhou rapidamente.
O vírus chegou ao Brasil no começo de março de 2020. Além de atingir milhares de pessoas em seu país de origem, milhões de casos ao redor do mundo já foram confirmados.
Mas, do que se trata esse vírus? Quais os seus sintomas? Vem comigo nesta aula de Biologia e Atualidades e aprenda tudo o que você precisa saber sobre o Coronavírus!
Coronavírus é uma grande família de vírus de RNA conhecidos desde a década de 1960. Nessa família os vírus são de RNA simples de sentido positivo. Isso quer dizer que eles são compostos por um capsídeo dentro do qual se encontra uma molécula de RNA.
Esse material genético é usado diretamente para a síntese de proteínas assim que entra na célula hospedeira. Essa característica é diferente, por exemplo, dos vírus HIV, que também são vírus de RNA.
Contudo, no caso dos vírus que causam a Aids, após entrar na célula hospedeira, o RNA viral é utilizado para fazer DNA viral através da enzima transcriptase reversa. Por isso, os HIV são chamados de retrovírus, ao contrário dos Coronavírus, cuja atividade é direta, como você viu acima.
Representação esquemática de um Coronavírus.
Os vírus da família Coranavírus parasitam várias espécies de animais vertebrados. Em geral, assim como a maior parte dos vírus, os vírus dessa família são muito específicos, parasitando exclusivamente uma espécie de hospedeiro.
Até o momento, há 7 cepas de conhecidas de Coronavírus que parasitam seres humanos. Dentre elas a SARS-COV, que causou a Síndrome Aguda Respiratória (SARS – do inglês “Severe Acute Respiratory Syndrome”) em 2002 na Ásia, matando 916 pessoas durante o surto.
Videoaula sobre vírus
Confira com a professora Juliana Evelyn Santos uma aula rápida, que vai direta ao ponto para você entender o que é um vírus.
Estrutura do Coronavírus
Como os vírus dessa família são de RNA, é muito comum que sofram mutações (em frequência muito maior do que aqueles que têm DNA). Isso acontece com esses tipos de vírus porque as enzimas que acompanham seu material genético, como a RNA polimerase e a RNA integrase, não conseguem corrigir erros que ocorrem durante a produção de RNA.
Dessa maneira, algumas das mutações que surgem podem possibilitar que algumas cepas de vírus parasitem outras espécies de animais que não a de seus hospedeiros habituais. Por tal motivo, a maior parte das infecções conhecidas causadas por Coronavírus são diretamente relacionadas a reservatórios naturais, como algumas espécies de aves e mamíferos.
A atual pandemia de Coronavírus foi nomeada oficialmente pela OMS como “Doença Respiratória de 2019-nCoV”. Durante investigações sobre esse vírus, o genoma da nova cepa foi sequenciada e os cientistas descobriram que ele se assemelha bastante ao encontrados nas cepas de Betacoronavírus que parasitam morcegos.
Sendo assim, há a suspeita de que a cepa que vem se espalhando pelo mundo tenha tido origem nesses animais, sofrendo uma mutação que permitiu que passassem a parasitar seres humanos.
Como o Coronavírus é transmitido
A principal e mais importante forma de transmissão do coronavírus é pelo ar. O vírus é transmitido por gotículas de saliva expelidas pela tosse e por espirros. Além disso, a transmissão também ocorre por meio de aerossóis, partículas tão minúsculas de saliva que são invisíveis a olho nu e flutuam no ar. Portanto, pessoas infectadas podem transmitir a doença através da fala e até mesmo de sua respiração.
No início da pandemia, houve grande foco na higienização de superfícies. Acreditava-se que a transmissão poderia ocorrer se uma pessoa encostasse a mão em algum objeto contendo o vírus e depois levasse a mão à boca, por exemplo.
Contudo, de acordo com Vitor Mori, físico e pesquisador da Universidade de Vermont, hoje já se sabe que os casos de contaminação por superfícies são raros e pouco prováveis. A esmagadora maioria dos casos é de contaminação pelo ar. Desse modo, os locais fechados e mal ventilados são os mais propícios para a transmissão.
Como prevenir a Covid-19
Atualmente, a principal forma de prevenção contra a Covid-19 são as vacinas. Sua eficácia e segurança são comprovadas cientificamente. Um estudo da Fiocruz mostrou, por exemplo, que os 6 primeiros meses de vacinação no Brasil podem ter salvado cerca de 55 mil idosos.
No entanto, mesmo com a vacina é necessário continuar com os cuidados de prevenção contra a doença. Como o coronavírus é transmitido pelo ar, esse deve ser o foco da prevenção. Dessa forma, para evitar a infecção siga as seguintes orientações:
- Use máscaras bem ajustadas ao rosto, principalmente em locais fechados;
- Prefira ambientes abertos e bem ventilados em vez de locais fechados;
- Mantenha uma distância segura de outras pessoas;
- Evite o contato com pessoas que estão com sintomas de infecções respiratórias.
Caso apresente sintomas, também é importante se manter em isolamento e buscar informações sobre testes disponíveis na sua cidade.
Quais são os sintomas da Covid-19
O vírus parasita especialmente as vias aéreas, ou seja, os tecidos da faringe, da laringe e da traqueia. Sendo assim, os sintomas são semelhantes aos de um resfriado comum: febre, tosse, espirros, coriza, dor de garganta e dor de cabeça.
Em geral, essa infecção é autolimitada, vindo a desaparecer em poucos dias. Porém, observou-se que em alguns casos a infecção tem uma piora rápida. Isso acontece quando o vírus passa a parasitar também os brônquios e bronquíolos, afetando os pulmões.
Assim, os sintomas de resfriado evoluem rapidamente para uma pneumonia, causando febre alta, dificuldade e dor ao respirar. Caso a pneumonia se agrave, a pessoa pode vir a falecer.
É importante salientar que uma pesquisa publicada no renomado The Lancet (um dos mais importantes periódicos médicos e científicos do planeta) indica que há fatores que aumentam o risco de morte.
Segundo o estudo, dos 99 indivíduos estudados que faleceram em um hospital de Wuhan, 55% sofriam de doenças crônicas, como diabetes e doenças cardiovasculares, e 37% eram idosos.
A partir desse estudo, podemos perceber que, assim como outras doenças infecciosas do trato respiratório, idosos, crianças e pessoas com algum tipo de debilidade estão mais sujeitas ao agravamento da doença.
Como é feito o tratamento da Covid-19
Não existe tratamento específico, como antibióticos, para o novo Coronavírus. Sendo assim, o tratamento da infecção é sintomático. Ou seja, a pessoa deve tomar, sob orientação médica, medicamentos para o alívio da dor e da febre.
Os doentes que se encontram com sintomas leves são encaminhados para suas casas e devem ficar sob quarentena, não saindo de casa e evitando interações com outras pessoas. É recomendado o repouso e o uso de umidificadores de ambiente para diminuir o incômodo nas vias respiratórias.
Já as pessoas que apresentam casos mais severos da doença, especialmente aquelas que pertencem aos grupos de risco, devem ser internadas para tratamento, uma vez que boa parte das pessoas que têm sintomas mais graves precisam de ventilação mecânica.
É importante aqui ressaltar o alerta do Ministério da Saúde: assim que os primeiros sintomas surgirem, é essencial procurar ajuda médica imediata para confirmar o diagnóstico e iniciar o tratamento dos sintomas.
Preciso ficar preocupado(a) com o surto de Coronavírus? – Atualizado 15/03
Há um mês atrás, quando esse artigo foi produzido, os casos de coronavírus se concentravam na China e poucos casos ocorriam fora do país de origem do vírus. Sendo assim, naquele momento, o foco de atuação dos órgãos sanitários no Brasil eram principalmente os brasileiros e turistas que chegavam das regiões afetadas. Para a população, em geral, a recomendação era manter a calma e a rotina normalmente, apenas redobrando os cuidados com a higiene pessoal.
Porém, neste momento, as recomendações são bastante diferentes. No dia de hoje (15 de março) já temos quase 200 casos de coronavírus confirmados em todo o país, com milhares de casos suspeitos. No Rio de Janeiro e em São Paulo já há casos de transmissão dentro do território. Isso faz com que especialistas considerem que já há uma epidemia em curso no Brasil.
Sendo assim, muitos protocolos de segurança sanitária estão sendo colocados em prática neste momento. Os governos das cidades e dos estados estão tomando medidas extraordinárias, como o cancelamento de eventos esportivos e musicais, visando diminuir a aglomeração de pessoas. Além disso, várias cidades estão suspendendo as aulas em escolas e universidades.
Essas medidas são essenciais para tentarmos diminuir a expansão do vírus e assim o impacto no sistema de saúde. Apesar de ser uma doença pouco letal, ela é altamente transmissível. Dessa maneira, é muito provável que nos próximos dias haja um grande aumento do número de casos de coronavírus, como vimos ocorrer na Itália e nos Estados Unidos. E é exatamente aí que reside o principal problema do COVID-2019.
A exemplo do que temos visto fora do Brasil, os sistemas de saúde ficam saturados rapidamente. A superlotação ocorre tanto no atendimento primário para o diagnóstico, quanto no tratamento dos casos mais graves nas UTIs. Isso porque cerca de 6% dos casos de coronavírus são severos, necessitando de entubação dos pacientes para auxiliar na respiração. Assim, à medida que doença se alastra, os leitos de UTI se tornam escassos, uma vez que além dos casos de infectados por coronavírus, há outras pessoas com outros problemas de saúde também necessitando de atendimento.
Nos próximos dias, caso o número de casos continue aumentando, é provável que as autoridades passem a adotar outras medidas emergenciais, como solicitar que as pessoas não saiam mais de casa, mantendo apenas serviços essenciais abertos.
Portanto, nesse momento, precisamos sim nos preocuparmos seriamente com o coronavírus. É importante que você siga, sempre que possível, as recomendações dos órgãos de saúde da sua cidade e do seu estado. Se você tiver a opção de não sair de casa, não saia. Redobre os cuidados com a sua saúde. Pois, mesmo que você não esteja no grupo de risco de agravamento da doença, você convive com pessoas que podem ser seriamente afetadas pelo vírus.
Pandemia, epidemia e surto
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