Guerra civil espanhola: veja as causas e consequências

A Espanha vivenciou a ascensão do fascismo em seu território, que se associou ao Nazismo para vencer a Guerra Civil na década de 1930. Veja o resumo sobre a história da Guerra Civil Espanhola e seus desdobramentos.

A Guerra civil espanhola aconteceu em uma época de crise para muitos países. Ela ficou marcada na memória de muitos espanhóis e até hoje em dia o nome de Franco é lembrado como sinônimo de medo e violência.

O país que enfrentava um rápido crescimento tecnológico e social, bateu de frente com as forças conservadoras do país. Repetindo assim a onda de governos totalitários que crescia na Europa no século XX.

Associação do Franquismo com o Nazismo

Uma das piores tragédias ocorridas na Guerra Civil Espanhola foram os bombardeios promovidos pelo exército alemão, com o nazismo associado às forças do franquismo. A imagem emblemática destes bombardeiros ficou eternizada no quadro “Guernica”, de Pablo Picasso.

Guernica, tela do pintor espanhol Pablo Picasso, de 1937. Na imagem aparecem figuras humanas e animalescas, retratadas no estilo cubista, com expressões de desespero e desolação. As dimensões da obra são 349,3 x 776,6 cm e ela está no Museu Rainha Sofia, em Madrid. guerra civil espanhola

Acima, o quadro “Guernica”, tela do pintor espanhol Pablo Picasso, de 1937. Na imagem aparecem figuras humanas e animalescas, retratadas no estilo cubista, com expressões de desespero e desolação. As dimensões da obra são 349,3 x 776,6 cm e ela está no Museu Rainha Sofia, em Madrid.

Características da Espanha no século XX

A população aumentou, sobretudo a população urbana. O analfabetismo foi reduzido e vida intelectual espanhola entrava em ebulição. Os sindicatos se fortaleceram e o pensamento religioso perdia influência.

As mulheres chegaram às Universidades e em outros âmbitos da vida urbana e muitos estudantes acabavam indo estudar no exterior. Antoni Gaudí, Pablo Picasso e Joan Miró também foram artistas espanhóis que viveram neste período e conquistaram renome internacional.

A modernização da Espanha e o cenário político

Mas tal modernização contrastava com a forma de governo que vigorava no país. Desde 1874, com o fim da Primeira República, a Espanha era governada pela Monarquia Liberal e Constitucional dos Bourbon. Porém, os dois partidos existentes, liberal e conservador, revezavam-se no poder parlamentar.

A modernização espanhola também visava transformar este modo de fazer política no país.

Retrato de Joan Miró, segurando sua cabeça com uma mão e um pincel com a outra. A frente de um de seus trabalhos. Miró foi um dos mais reconhecidos artistas plásticos da Espanha.Retrato de Joan Miró, segurando sua cabeça com uma mão e um pincel com a outra. A frente de um de seus trabalhos. Miró foi um dos mais reconhecidos artistas plásticos da Espanha.

Todas as transformações mencionadas anteriormente criaram um cenário propício para a crítica e transformação política. Os sindicatos, maiores e cada vez mais fortes, eram influenciados por correntes de pensamento anarquista e socialista. Dentre as organizações políticas mais proeminentes destes vieses estão a União Geral de Trabalhadores e o PSOE.

As transformações sociais do país

Naquele momento de efervescência política, outros partidos começavam a surgir. Um deles era o Partido Reformista, de teor republicano, mas que tolerava a existência de uma monarquia. Outros eram os partidos nacionalistas na Catalunha e nos País Basco (regiões que tem uma luta histórica por independência em relação ao Estado espanhol). E por fim o Partido Radical, entre outros, composto por operários e uma pequena burguesia.

O equilíbrio mantido no revezamento entre os partidos liberal e conservador estava para ver uma transformação. Até mesmo os representantes destes tradicionais partidos passaram a criticar a apatia política que vigorou nas últimas décadas. No entanto, eles próprios viveram uma crise de representatividade.

A movimentação social da Espanha antes da guerra civil

Entre 1902 e 1905 houve onze trocas de representação na presidência do parlamento. Os ânimos ficaram cada vez mais acirrados, com a participação de socialistas, anarquistas, republicanos e até militares. Revoltas operárias, catalãs e marroquinas (Parte do atual Marrocos era possessão colonial espanhola até 1956) aumentavam as tensões com o passar do tempo.

O acalorado debate político foi alimentado ainda mais com a Revolução Russa e o fim da primeira Guerra Mundial: se uma velha Europa ruía, porque o mesmo não acontecia na Espanha?

Retrato de Joan Miró, segurando sua cabeça com uma mão e um pincel com a outra. A frente de um de seus trabalhos. Miró foi um dos mais reconhecidos artistas plásticos da Espanha. Retrato em preto e branco do busto de Francisco franco trajando roupas militares e ostentando uma medalha

A divisão política que propiciou a guerra civil

Ainda antes da Guerra Civil Espanhola, a Espanha viveu um período ditatorial (de 1923 à 1930) representado pela figura do militar Miguel Primo de Rivera y Orbaneja. Em sua gestão os militares acabaram substituindo muitos civis em funções públicas e o poder tornou-se mais centralizado.

Primo de Rivera criou então o partido União Patriótica, uma nova frente da direita católica, mas fracassou em criar uma nova Constituição para a Espanha. Surge um novo momento de politização popular que culminou com a proclamação da Segunda República Espanhola em 1931.

A esquerda espanhola ganhou maior participação no governo com republicanos e socialistas. Foi elaborada uma constituição, proibiu-se a discriminação pelo sexo (as mulheres puderam votar) e definiu-se uma legislação trabalhista. Também falava-se de reforma agrária, mais autonomia para regiões e a igreja foi apartada do Estado.

As forças militares e a igreja

Outro grande afetado pela República foi o Exército, que viu sua diminuição através de reformas do Governo. A Igreja e o Exército eram instituições proeminentes no período da Monarquia.

Apesar das novas transformações, a esquerda não conseguiu se manter unida e diversas greves surgiram. A esta instabilidade somou-se a reação conservadora católica.

O que antecedeu a guerra civil espanhola?

Em 1933 a direita conservadora, que era contra a República, ocupa a maioria dos cargos políticos e a esquerda perde espaço. Neste novo governo inicia-se uma grande imitação ao fascismo italiano, com a existência de grupos paramilitares e culto ao líder. Entre as esquerdas surge a vontade de realizar uma nova revolução, porém sem muitos sinais de união.

Sucedem-se greves, tiroteios, incêndios, assaltos à quarteis e levantes pela Espanha em Outubro de 1934. O exército inicia uma violenta repressão que resulta em milhares de mortos.

Após os eventos o governo, ainda de direita, impõe uma perseguição aos envolvidos, aplicando, inclusive, pena de morte. Surge, então, uma união das esquerdas denominada Frente Popular e a esquerda chega ao poder em 1936 com Manuel Azaña y Díaz no poder. Setores monarquistas e militares preparavam-se para retomar o governo e destituir a esquerda.

O início da guerra civil espanhola e suas consequências

Tem início então, em 17 de julho de 1936 a Guerra Civil Espanhola. Ali parte dos setores militares, denominados nacionalistas, se opuseram ao governo republicano de esquerda buscando derrubá-lo. Simpatizantes das esquerdas de diversos países, sabendo do que ocorria na Espanha, foram para o país somar na luta contra as forças fascistas.

O escritor britânico George Orwell foi um destes voluntários. Outra figura popular conhecida que lutou contra os militares foi María de los Ángeles Fernández Abad. A atriz anos mais tarde interpretou a personagem Dona Clotilde, conhecida como Bruxa do 71, na série de televisão mexicana “Chaves”.

O franquismo na Espanha

Mas não foram somente as esquerdas que contaram com o apoio internacional na Guerra Civil. Os militares, liderados pelo general Francisco Franco, receberam apoio da Alemanha de Hitler. Juntos buscavam testar suas novas armas antes mesmo da eclosão da Segunda Guerra Mundial.

Veja o que foi o Nazismo, com o professor Felipe de Oliveira, do canal do Curso Enem Gratuito.

Uma das cidades devastadas pelos bombardeios foi Guernica, terra natal do pintor Pablo Picasso. Então como forma de crítica ao ataque, o artista pintou a famosa tela Guernica que hoje é uma das suas obras mais simbólicas. A obra é permeada por figuras em tons tristes e expressões de desespero.

Em abril de 1939 os franquistas chegam ao poder representando os setores conservadores da Espanha e instauram um Estado forte e totalitário, esvaziando a República. Franco somente sairá do poder ao fim de sua vida, em 1973.

Vídeo-aula

Dica: Revise esta aula com o vídeo do canal Nerdologia apresentado pelo Filipe Figueiredo:

Este texto foi baseado, principalmente, no conteúdo do livro História de Espanha, de Julio Valderón, Joseph Pérez e Santos Juliá, publicado em 2015 pela editora Almedina.

Exercícios sobre a Guerra Civil Espanhola

Questão 01 – (UCB DF/2019)

O quadro Guernica é uma pintura de Pablo Picasso que faz uma ilustração do período da Guerra Civil Espanhola. No contexto da Guerra, a pintura busca representar o resultado do ataque nazista em apoio aos nacionalistas, encabeçados pelo general Franco, à cidade espanhola. Com relação à Guerra Civil Espanhola e ao franquismo, assinale a alternativa correta.

a) Enquanto os exércitos republicanos eram aliados e recebiam suporte da União Soviética, os nacionalistas associavam-se aos Estados Unidos e destes recebiam auxílio.

b) Assim como na Alemanha e na Itália, em que o final da Segunda Guerra Mundial implicou no fim do governo de Hitler e de Mussolini, o mesmo se deu com Franco na Espanha.

c) Durante o franquismo, o governo recebeu forte apoio dos bascos, em que é correto destacar o apoio do grupo ETA, que lutou para a manutenção de uma ordem rígida na Espanha.

d) No decorrer da Guerra Civil Espanhola, os falangistas foram duramente reprimidos pelos nacionalistas, visto que esses adotavam uma visão marxista, que em muito se popularizou em razão do cenário europeu economicamente instável após a crise de 1929.

e) No Governo Franco, a Espanha tornou-se signatária do Pacto Anticomintern, o que esboça a aversão do governo pelo comunismo, a fim de empreender um esforço internacional para impedir o avanço deste.

Questão 02 – (UNITAU SP/2017)

Na conhecida obra Guernica, reproduzida acima, o pintor Pablo Picasso representou

a) a destruição da cidade espanhola Guernica, por bombardeio da aviação alemã, em apoio ao general Franco.

b) a destruição da cidade espanhola Guernica, durante a Segunda Guerra Mundial, por ataque nazista.

c) a batalha realizada durante a Primeira Guerra Mundial entre o exército francês e o alemão em território espanhol.

d) a batalha dos republicanos liderados pelo general Franco contra separatistas bascos durante a Guerra Civil Espanhola.

e) o ataque de tropas do governo espanhol contra republicanos durante a Guerra Civil Espanhola.

Questão 03 – (Fac. Direito de Sorocaba SP/2016)

Muitos autores consideram a Guerra Civil Espanhola (1936-1939) um “ensaio” para a Segunda Guerra porque

a) o conflito interno reacendeu as tendências autonomistas das nacionalidades submetidas aos Impérios Austro-Húngaro e Otomano.

b) a coalizão governista de direita ganhou sustentação com o envio de tropas da França e da Inglaterra contra o avanço dos franquistas.

c) várias cidades espanholas foram bombardeadas pelas brigadas internacionais, que fizeram experiências com a energia nuclear.

d) os nacionalistas receberam auxílio militar da Itália e da Alemanha, para derrubar o governo republicano apoiado pelos soviéticos.

e) a disputa por mercados coloniais e pela hegemonia política da Europa motivou os grupos rivais espanhóis a unirem-se contra os Aliados.

GABARITO

1 – E

2 – A

3 – D

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