Você já deve ter ouvido que a Guerra Civil norte-americana ocorreu por conta da abolição da escravatura nos EUA. Mas aqui nesta aula de História do Curso Enem Gratuito você verá que as disputas iam muito além disto.
Para entender a Guerra da Secessão e suas consequências na história dos Estados Unidos, é preciso conhecer os seus antecedentes, isto é, os motivos da guerra. Nessa aula, vamos abordar todo o contexto do conflito e apresentar as principais figuras ligadas à guerra civil americana.
O que foi a Guerra de Secessão
A Guerra de Secessão, ou guerra civil norte-americana, foi um conflito entre os estados do sul e do norte dos Estados Unidos, cuja principal causa foi a discordância sobre o fim da escravidão, entre 1861 e 1865.
Os estados do sul, conhecidos como Confederados, defendiam um modelo econômico pautado na monocultura escravagista, ou seja, eram contrários ao fim da escravidão nos Estados Unidos. Por outro lado, os estados do norte, conhecidos como União, buscavam o desenvolvimento industrial e a abertura econômica internacional do país, modelo no qual a escravatura era vista como característica de nações atrasadas.
Contexto da Guerra de Secessão
Ao longo do século XIX, principalmente durante sua primeira metade, os Estados Unidos trataram de expandir seu território por meio de compras, tratados e guerra com outras nações. Desta política expansionista, justificada internamente pela crença no Destino Manifesto, foram integrados ao seu território a Louisiana, o Texas, a Califórnia e o Alasca – só para citar as maiores regiões.
Esta expansão visava ao crescimento econômico do país através de mais matérias-primas, acesso à mercados externos e espaço para agropecuária. Contudo, qual seria o projeto de nação que organizaria todos estes novos territórios e recursos obtidos, já que desde antes da independência os norte-americanos estavam divididos em econômicas distintas?
Enquanto no Norte a economia industrial de origem protestante era a regra, no Sul as plantations escravagistas ditavam a vida das pessoas. Vale lembrar que a Constituição norte-americana assumia um compromisso federalista, isto é, em tese, deveria velar pela autonomia de cada estado.
Nestes novos estados norte-americanos deveria existir escravidão? As novas terras seriam voltadas para lavoura de monocultura ou deveriam tornar-se novos polos industriais? Deveriam abrir a economia para outras nações ou, primeiramente, fortalecer o mercado interno com tarifas protecionistas?
Estas e outras questões causaram muitos atritos entre as elites estadunidenses, sobretudo porque interferiam diretamente sobre seus privilégios. As tensões chegaram ao ponto de eclodir em uma grande guerra civil, na qual os lados podiam ser identificados geograficamente: os confederados do sul, que exigiam a economia agroexportadora, e os republicanos do norte que desejavam a predominância da indústria.
Como foi a Guerra de Secessão
Abraham Lincoln, nascido no Kentucky, era o presidente em exercício quando o conflito teve início. Mais do que defender a causa do Norte, Lincoln tinha como preocupação central manter a unidade do país, que havia se rompido com a eclosão da guerra.
O tema mais polêmico sobre sua candidatura foi em relação à escravidão, a qual ele via como um problema para o país, apesar de manter uma postura diplomática entre as partes. Lincoln acreditava que os brancos seriam superiores aos negros, mas acreditava que a escravidão era sinônimo de atraso econômico.
Inclusive, ele alimentava um plano de segregação racial onde previa enviar a população negra para a região da Libéria, na África. Apesar disso, sua imagem ainda era malvista entre os sulistas, e sua eleição foi o suficiente para motivar a separação dos estados do sul.
A Carolina do Sul foi o primeiro estado a se separar, seguido dos demais estados que assumiram alcunha de Confederados, sob a liderança de Jefferson Davis, eleito presidente da união dissidente. Outro líder sulista que ganhou notoriedade foi o general Robert Lee, comandante de tropas confederadas.
A guerra, que se estendeu até 1865, somou dezenas de milhares de mortos em cada um dos lados, além de ter devastado a economia estadunidense. Neste conflito, o sul acabou sofrendo derrotas mais significativas, e sem conseguir apoio externo, acabam perdendo a guerra por falta de homens e recursos.
Como forma de fortalecer a causa nortista, conforme as tropas iam avançando, as propriedades eram confiscadas e os escravizados libertos. Ao mesmo tempo, para atrair proprietários sulistas, indenizações foram concedidas com o fim gradual da escravidão.
Durante a guerra civil americana foram aprovados também o Homestead Act, lei que incentivava o povoamento de novas terras, e a 13ª Emenda da Constituição Norte Americana. Esta última legislação estipulava o fim da escravidão nos EUA, exceto por condenação judicial, o que provocou um encarceramento em massa da população negra após a guerra. Assim como a Lei Áurea no Brasil, a 13ª emenda não visava nenhuma política de inclusão social daquela população por tanto tempo escravizada.
Consequências da Guerra de Secessão
O Norte saiu como vencedor do conflito, e Abraham Lincoln conseguiu retomar a unificação do país. Contudo, Lincoln acabou assassinado por um extremista em abril de 1865, logo após o fim da guerra, e não pôde ver a reconstrução do país, que foi conduzida pelo projeto nortista de industrialização. O Sul, mais afetado pelo conflito, tornou-se uma região menos desenvolvida economicamente.
Ainda são registrados muitos casos de manifestação e agressões racistas no território que outrora era governado pelos confederados, assim como em outras regiões do interior do país. Outro exemplo do racismo perpetuado foi o surgimento da Ku Klux Klan, organização formada por indivíduos insatisfeitos com os resultados do conflito. Seus membros promoviam o linchamento e assassinato de negros pelo país.
Porém, a vitória do Norte não significou, como foi dito, uma melhoria na qualidade de vida da população negra nos Estados Unidos. A segregação racial não só continuou como era estimulada. Formam-se bairros negros nas cidades, e sua população era obrigada a utilizar serviços de transporte e educação separados da população branca.
Essa desigualdade social seria denunciada ao longo do fim do século XIX até o século XX, tendo seu ápice com a luta por direitos civis. É neste contexto que surgem lideranças negras como Martin Luther King, Malcom X, Angela Davis e Rosa Parks. Ainda hoje se registram muitas manifestações de supremacistas brancos nos EUA, como foi o caso ocorrido em 2017, em Charlottesville, na Virgínia.
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Questões
Para terminar, resolva as questões sobre a Guerra de Secessão a seguir, selecionadas pelo professor!
Questão 01 – (UEM PR)
Sobre a história dos Estados Unidos da América (EUA) no século XIX e suas relações com o Brasil, assinale o que for correto.
01. A Guerra de Secessão dos EUA devastou as plantações de algodão do Sul do País. Esse fato contribuiu para que os produtores de algodão do Brasil pudessem aumentar a sua produção e exportação.
02. Ao final da Guerra de Secessão, com a derrota dos Estados Confederados, famílias que viviam no Sul do País vieram viver no interior da província de São Paulo, no Brasil.
04. Um dos fatores determinantes da eclosão da Guerra de Secessão, entre o Norte e o Sul dos EUA, foi a questão da importação de algodão do Brasil. Enquanto o Sul, produtor de algodão, queria o fim das importações, o Norte, industrial, defendia a compra do algodão brasileiro com a isenção de tarifas protecionistas.
08. A “Doutrina Monroe”, formulada pelos EUA, tinha como lema “a América para os americanos” e rejeitava qualquer interferência europeia na América, inclusive no Brasil.
16. Ao contrário do que aconteceu no Brasil, a abolição da escravidão nos EUA foi acompanhada de um amplo programa com medidas para a inserção dos libertos na sociedade. Esse fato contribuiu para o fim das desigualdades entre brancos e negros naquele País.
Questão 02 – (ESPM SP)
Em 1865, encerrada a Guerra de Secessão, morto assassinado Abraham Lincoln, o vice-presidente Andrew Johnson governou uma reconstrução difícil. Sob a presidência de Ulisses Grant, a começar pelo Tennessee, em 1870, os sulistas brancos promulgaram leis contra o casamento inter-racial. Cinco anos depois, o Tennessee adotou a primeira Lei Jim Crow e o resto do sul o seguiu rapidamente. O termo ‘Jim Crow’, nascido de uma música popular, refere-se a toda a lei (foram dezenas) que determinasse o afastamento entre negros e brancos nos trens, estações ferroviárias, hotéis, barbearias, restaurantes, teatros e escolas. Em 1885, a maior parte das escolas sulistas foram divididas em instituições para brancos e outras para negros.
(Leandro Karnal. História dos EUA)
O texto trata de efeitos da Guerra de Secessão que afetaram a sociedade dos EUA e que apenas nas décadas de 1950 e 1960 foram sendo derrubados pela Suprema Corte. A alternativa que melhor demonstra o que as chamadas Leis Jim Crow consagravam é:
a) integracionismo;
b) escravismo;
c) cordialidade;
d) segregacionismo;
e) reconciliação.
Questão 03 – (UNIRG TO)
Leia o artigo a seguir, acerca de um movimento social recente nos Estados Unidos da América, para responder a esta questão:
“Uma marcha de manifestantes nos Estados Unidos provocou indignação em todo o mundo. Em agosto [de 2017], centenas de pessoas caminharam à noite, na cidade de Charlottesville, no estado da Virgínia. Elas levavam tochas nas mãos e gritavam palavras de ordem contra imigrantes, negros, homossexuais e judeus. […] Mas como a pequena cidade de Charlottesville se tornou palco desse episódio violento? Este ano, a prefeitura da cidade decidiu retirar uma estátua do general Robert E. Lee (1807-1870) e remover outras homenagens a líderes confederados em locais públicos. Como protesto, grupos de direita decidiram se organizar em um grande ato”.
https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/
preconceito-a-supremacia-branca-e-o-racismo-nos-eua.
htm?cmpid. Acesso em: 4 out. 2017.
O general Lee foi um grande herói para o exército sulista, que defendia a autonomia política dos Estados Confederados da América. Do outro lado, estavam as forças militares da União, que queriam impedir essa separação. Sobre a Guerra de Secessão norte-americana e suas consequências, assinale a alternativa correta:
a) A abolição da escravidão, imposta pelo presidente Lincoln, foi a causa da rebelião dos estados do Sul, que logo alistaram os afrodescendentes para combater aquela tirania.
b) A guerra entre os Confederados e a União surgiu de um motivo simples: a disputa pelo Alasca; mas, na verdade, esse motivo somente disfarçava as profundas diferenças sociais entre os dois grupos.
c) A segregação dos negros nos estados sulistas permaneceu forte depois do final da guerra, o que é ilustrado pela fundação da Ku Klux Klan.
d) Após a guerra, políticas de igualdade racial foram rapidamente implantadas, reparando-se os problemas criados pelos escravos, surgindo daí a ideologia do “sonho americano”.
01 – Gab: 11
02 – Gab: D
03 – Gab: C