Os Estados Unidos no século XIX

Se o mundo estava em ebulição durante o século XIX, você verá como os EUA não ficaram para trás nesse século de transformações. Venha conosco em mais uma aula de História do Curso Enem Gratuito!

Os Estados Unidos começaram o século XIX como um jovem Estado cuja identidade enquanto nação ainda não estava solidificada. Sua independência unia as treze ex-colônias inglesas em torno da luta pela emancipação em relação à Inglaterra.

Apesar disso, os industrializados estados do norte eram muito distintos daqueles do sul, onde vigoravam as plantations e o trabalho escravo. Para além do episódio da independência, não havia uma identidade que unisse os norte-americanos daquela região – que hoje corresponde a um terço do território do seu país.

Destino Manifesto e Marcha para Oeste

Você já deve ter ouvido falar que boa parte do atual território dos Estados Unidos pertencia ao México, certo? Isso é verdade em partes, pois diversas outras regiões daquele país estavam sob domínio também de franceses e diferentes grupos indígenas. Podemos verificar todas estas influências nos nomes de muitos estados que formam o país: Seattle, Massachusetts (origem indígena), Louisiana (origem francesa) e Nevada (origem espanhola).

Assista a este vídeo do canal Nerdologia sobre a história da Califórnia, um território de colonização inicialmente espanhola e que depois foi anexada aos EUA:

A própria ilha de Manhattan, em Nova Iorque, foi retirada dos indígenas pelos holandeses. Inicialmente, ela foi chamada de Nova Amsterdã, e só depois foi vendida para os ingleses. Mesmo após a independência dos Estados Unidos, a expansão territorial continuou acontecendo nestes termos: entre guerras e tratados. Porém, as motivações para esta expansão eram justificadas de maneira distinta da lógica mercantilista europeia.

Era popular entre os estadunidenses, principalmente nos estados do norte, a fé no Destino Manifesto. Esta era uma crença puritana que afirmava que os norte-americanos eram o povo escolhido por Deus para libertar outros povos da barbárie e conquistar novas terras.

A crença no Destino Manifesto está profundamente ligada com a moral puritana (dos calvinistas ingleses), na qual o sucesso econômico através do trabalho e da poupança é interpretado como uma recompensa divina. Desta forma, ela justificava a ambição por novas terras e recursos a serem conquistados no oeste norte-americano.

Estados Unidos no século XIX
“O Progresso Americano”, de John Gast, representando a marcha para oeste sobre o interior da América do Norte. Fonte: http://twixar.me/Hnsn

Em meados do século XIX, os estadunidenses conseguiram chegar até a costa oeste do continente, onde hoje estão situados os estados da Califórnia, Oregon e Washington. Essa foi uma grande conquista para a nação, pois eles podiam manter comércio direto com duas partes distintas do globo.

Guerra da Secessão

Porém, até então, os norte-americanos viviam em um país dual: enquanto no sul defendia-se a manutenção e ampliação da agricultura para exportação, no norte se defendia a industrialização como horizonte econômico. Com a conquista dos novos territórios, os dois projetos de nação chocaram-se, culminando numa guerra civil que ficou conhecida como Guerra da Secessão (separação).

Para além das disputas entre projetos políticos para o país, os Estados Unidos do século XIX ficaram marcados pela “corrida do ouro”. A descoberta de jazidas de metais preciosos no território que havia sido de controle mexicano movimentou intensamente o interior do país.

Mas a realidade não era fácil. Por trás das histórias de cowboys e xerifes, inúmeros indígenas perderam suas terras, foram violentados e mortos. Além disso, muitos animais da região, como os búfalos, desapareceram e o meio ambiente foi profundamente afetado pela atividade extrativista.

estados unidos no século xix
Mapa mostrando aquisições territoriais pelos EUA. Fonte: http://twixar.me/f8Mn

Doutrina Monroe e Big Stick

Ainda na primeira metade do século XIX, o presidente estadunidense James Monroe instituiu uma política externa protecionista sobre os EUA e as demais nações americanas. Esta política, chamada Doutrina Monroe, ficou conhecida pelo lema “América para os americanos”.

Ela se caracterizava por ameaçar as nações europeias que se atrevessem a recuperar territórios no continente. Contudo, mais do que procurar preservar a sua independência e a dos demais países do continente, a Doutrina Monroe acabou por possibilitar que os EUA monopolizassem a influência sobre outras nações.

Tal pretensão hegemônica foi solidificada com a política do Big Stick (grande porrete), já no inicio do século XX, pelo presidente Theodor Roosevelt. Ele entrou para a história ao afirmar que deveria se negociar falando com calma, mas com um “grande porrete na mão”. Em outras palavras, ou as demais nações americanas aceitavam os termos estadunidenses ou deveriam preparar-se para a guerra. O lema “América para os americanos” continuava válido, desde que se entendesse “americanos” como sinônimo de “estadunidenses”.

Intervenção na América Latina

É possível verificar esta disposição dos Estados Unidos no século XIX em exercer sua influência sobre as demais nações latinas com os casos da Emenda Platt e a construção do canal do Panamá. A primeira situação diz respeito a uma emenda na Constituição norte-americana que sua intervenção na ilha de Cuba. Na prática, a ilha caribenha passou a servir aos interesses norte-americanos, e por muito tempo sua economia ficou restrita à produção canavieira.

Já com o canal do Panamá, a intervenção norte-americana foi movida com um evidente interesse comercial. O território do Panamá pertencia à Colômbia até o século XX, que resistia ao domínio estadunidense sobre a passagem que ligaria o Oceano Atlântico ao Pacífico. Para superar esta situação, os norte-americanos promoveram uma revolta separatista na Colômbia, que culminou com a criação do Panamá, fazendo com que os Estados Unidos pudessem circular livremente naquela região.

Videoaula

Assista este vídeo do Felipe Figueiredo, desta vez no canal Xadrez Verbal, sobre a construção do canal do Panamá

Exercícios

.

Sobre o(a) autor(a):

Os textos acima foram preparados pelo professor Angelo Antônio de Aguiar. Angelo é graduado em história pela Universidade Federal de Santa Catarina, mestrando em ensino de história na mesma instituição e dá aulas de história na Grande Florianópolis desde 2016.

Compartilhe: