Veja a História da Sexualidade segundo Michael Foucault

Venha conferir o que o filósofo francês Michel Foucault desvendou ao estudar o comportamento sexual dos humanos ao longo da história. Ele relacionou sexo e poder, sexo e dominação, sexo e cultura, sexo e política.

A história da sexualidade e o tema em si sempre foi um ponto muito recorrente nos pensamentos do filósofo francês Michel Foucault. Suas reflexões ainda hoje se fazem atuais, servindo de embasamento para problemáticas sociais contemporâneas, como por exemplo: a inclusão, o machismo, a violência, o racismo e o sexo.

O filósofo francês Michel Foucault foi um dos mais interessantes e influentes pensadores da Modernidade. E hoje vamos abordar o tema da sexualidade a partir da visão crítica do filósofo. Então bora lá?

Michel Foucault foi um filósofo, historiador, teórico social, filólogo, crítico literário, arqueólogo dos saberes, mestre Pokémon (#SQN) e professor da cátedra História dos Sistemas do Pensamento, no célebre Collège de France, de 1970 até 1984, ano da sua morte. Michel Foucault foi um filósofo, historiador, teórico social, filólogo, crítico literário, arqueólogo dos saberes, mestre Pokémon (#SQN) e professor da cátedra História dos Sistemas do Pensamento, no célebre Collège de France, de 1970 até 1984, ano da sua morte.

Como bom rato de biblioteca que era, Foucault elaborou um extenso estudo sobre as práticas sexuais da humanidade ao longo dos séculos. Em sua obra ‘A História da Sexualidade’ ele explicou como as práticas sexuais eram pouco censuradas até o começo do século XVII e como isso mudou rapidamente no fim desse século.

O Pensamento de Michael Foucault

Confira agora com o professor de filosofia Alan Ghedini, do canal do Curso Enem Gratuito, uma introdução às ideias de Foucault.

Valeu o resumo de introdução do professor Alan? Veja agora os tópicos que você precisa dominar para gabaritar no Enem:

Arqueologia sexual

Foucault explicou que até meados do século XVII, as práticas sexuais eram mais francas, não se fazia muita questão de mantê-las em segredo. Sendo assim, as expressões sexuais eram proferidas sem reticência excessiva e não haviam aquelas mensagens disfarçadas, camuflando segundas intensões que todo mundo sabe o que é, mas fingem não saber.

Ora, de acordo com os estudos do filósofo francês acerca da história da sexualidade, tinha-se com o ilícito uma tolerante familiaridade, era como se a sexualidade fizesse parte da sociedade e das relações humanas. O que nos leva (ou ao menos deveria) a seguinte reflexão: Ué! Mas a sexualidade não faz parte da sociedade?

A história da sexualidade como parte da sociedade

É justamente nesse ponto, entre a sexualidade ser parte da vivência humana, que inicia os trabalhos de Foucault sobre o tema, pois a sexualidade vai aos poucos saindo do âmbito público e se mudando para dentro de casa. Foucault aponta que temos velado a sexualidade desde o século XVIII e que agora é preciso retirá-la do armário.

Para começar a entender melhor como saímos de uma sociedade cujas expressões da sexualidade se davam de maneira mais libertina e chegamos até uma época em que existe uma legislação para reprimi-la, é necessário entendermos a princípio o que há por trás do conceito de família.

O conceito de família na história da sexualidade

Podemos dizer que a ideia de família conjugal foi algo que, segundo Foucault, surgiu com a burguesia e se expandiu com o desenvolvimento do protestantismo e do capitalismo. A família conjugal antagonizou toda aquela “parada” mais libidinosa e extrovertida de outrora, absorvendo e contendo a sexualidade entre quatro paredes.

Essa nova expressão sexual consiste no cerceamento da própria expressividade sexual, transformando a sexualidade em algo introvertido, reservando-a para função reprodutiva apenas. Assim, a sociedade foi se tornando cada vez menos “corpos que pavoneavam” e cada vez mais “corpos que se calam”.

De modo geral, falamos da sexualidade sempre usando eufemismos. Romantizamos tanto a sexualidade ao ponto de criar a poesia sexual. Esse eufemismo se adapta a realidade, indo desde galanteios hoje tidos como antiquados até os famigerados convites para assistir Netflix a dois, que não envolvem necessariamente o serviço de streaming.De modo geral, falamos da sexualidade sempre usando eufemismos. Romantizamos tanto a sexualidade ao ponto de criar a poesia sexual. Esse eufemismo se adapta a realidade, indo desde galanteios hoje tidos como antiquados até os famigerados convites para assistir Netflix a dois, que não envolvem necessariamente o serviço de streaming.

A burguesia e o espectro da sexualidade

Assim como apontamos acima, há o confinamento da sexualidade ao núcleo familiar, especificamente, no único lugar em que a sexualidade é reconhecida, embora apenas como algo utilitário e fecundo. Um exemplo disso seria o quarto dos pais.

A burguesia encontrou na religião a fundamentação necessária para fazer vigorar essa sexualidade velada. Porém, a religião encontrou na burguesia uma forma de retomar sua influência, pois vinham perdendo terreno com as revoluções científicas e filosóficas.

A influência religiosa na sexualidade

Assim como vimos antes, a ideia de que a burguesia era regida pela religiosidade e vice-versa também pode ser vista na própria Bíblia cristã.

Em Tessalonicenses 4:3-5, ‘A vontade de Deus é que vocês sejam santificados: abstenham-se da imoralidade sexual. Cada um saiba controlar o seu próprio corpo de maneira santa e honrosa, não dominado pela paixão de desejos desenfreados, como os pagãos que desconhecem a Deus.’

Considerando que a sexualidade passa ser entendida como algo útil e sua utilidade é a procriação. Ergue-se então uma noção deturpada e absurda de casal legítimo, isto é, o casal procriador, composto, ao menos no que tange as aparências, por um homem e uma mulher, tipo Adão e Eva.

A sexualidade e os pudores atuais

Foi assim, segundo Foucault, que chegamos aos pudores atuais. Limpando os discursos, criando os decoros, escondendo os corpos. Nada disso era tão significativo antes do século XVII, mas o desenvolvimento da sociedade burguesa transformou a história da sexualidade, na qual o sexo permanece real, mas a sexualidade é um emaranhado de ideias construídas.

Sexy sem ser vulgar, segundo Foucault: ‘só resta encobrir-se; o decoro das atitudes esconde os corpos, a decência das palavras limpa os discursos. E se o estéril insiste, e se mostra demasiadamente, vira anormal: receberá este status e deverá pagar as sanções.’Sexy sem ser vulgar, segundo Foucault: ‘só resta encobrir-se; o decoro das atitudes esconde os corpos, a decência das palavras limpa os discursos. E se o estéril insiste, e se mostra demasiadamente, vira anormal: receberá este status e deverá pagar as sanções.’

Então subsequente as mudanças no panorama sexual, veio a repressão a qualquer expressão de sexualidade que não se adeque aos novos arquétipos. Assim, as pessoas que não se encaixavam ao novo padrão eram consideradas anormais.

A violência contida na defesa da norma sexual

Aliás, até hoje enfrentamos problemas decorrentes dessa padronização. Segundo o relatório da GGB, a cada 20 horas um LGBT é brutalmente assassinado ou comete suicídio vítima do preconceito gerado por essa dita “subversão” da expressão sexual.

O mesmo relatório aponta que o Brasil é o campeão mundial de crimes contra as minorias sexuais. Aqui nas terras tupiniquins, os homossexuais e transexuais morrem mais do que nos 13 países do Oriente e África onde há pena de morte contra os LGBT. Uma estatística assustadora que é a realidade de muita gente.

Considerando que nas listas publicadas anualmente pelos sites de conteúdo adulto, onde as categorias mais acessadas pelos seus usuários, detalhando palavras-chave, celebridades, fetiches e tendências mais buscadas em cada país são divulgadas, o Brasil aparece sempre no topo do consumo de conteúdo LGBT.

Em 2019, novamente tivemos o paradoxo de viver entre o desejo e o ódio em relação a essas minorias, principalmente no que diz respeito às travestis e transexuais.Em 2019, novamente tivemos o paradoxo de viver entre o desejo e o ódio em relação a essas minorias, principalmente no que diz respeito às travestis e transexuais.

A sexualidade contemporânea por Foucault

Por fim, Michel Foucault foi um filósofo que buscava a fundo as origens e os problemas da sociedade. Dentre as principais investigações temos: ‘Vigiar e Punir’, ‘A História da Loucura’ e ‘A História da Sexualidade’. Esses três exemplos demonstram como nossas concepções que aparentam ser canônicas, foram fruto dos ardis de determinados setores da sociedade.

Foucault é um daqueles caras que deve ser levado em consideração nos debates acerca da sexualidade, inclusive naqueles polêmicos que propõe o ensino dela nas escolas, justamente para compreendermos que não há nada polêmico na sexualidade, ela é parte da sociedade e do cotidiano.

Reprodução Sexuada do ser humano

Veja agora com a professora de biologia Juliana Evelyn Santos, como é é a natureza biológica da reprodução dos seres humanos:

Exercícios sobre Sexualidade

1. (IFB 2016)
Em A História da Sexualidade, Foucault (1985) discute a proliferação de discursos que, desde o século XVII e, de forma mais acentuada, a partir do século XIX, produziram estratégias de controle e de regulação sobre os corpos, que visavam não somente ao comportamento individual, “à virtude dos cidadãos”, mas às populações. Tais discussões fundamentam a hipótese de que o discurso sobre a sexualidade humana vai emergir e sustentar-se quando se põe a funcionar um certo regime de saber-poder. Considerando a referida obra, no que concerne à produção da sexualidade e às técnicas do poder que a acompanham, marque (V) para as afirmativas verdadeiras e (F) para as falsas e assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

( ) O ponto importante será saber sob que formas, através de que canais, fluindo através de que discursos o poder consegue chegar às mais tênues e mais individuais das condutas, de que maneira o poder penetra e controla o prazer cotidiano.

( ) No século XVIII o sexo se torna questão de “polícia”, ou seja, objeto de repressão e de contenção da desordem, para a eliminação dos desvios à normalidade. Foucault analisa os procedimentos de gestão dos quais o poder público utiliza-se para reprimir a sexualidade, o que foi justificado por discursos analíticos que tinham por alvo o julgamento das condutas individuais.

( ) Este projeto de uma “colocação do sexo em discurso” advém da pastoral cristã, numa tradição ascética e monástica, que incitava às práticas confessionais, as quais foram estendidas a todos a partir do século XVIII, Coloca-se como imperativo confessar os atos contrários à lei, para que fossem censuradas e interditadas todas as expressões relacionadas ao sexo, neutralizando-o, dessa forma.

( ) A técnica da confissão, apesar de ter permanecido restrita à espiritualidade cristã, foi associada a uma economia dos prazeres individuais, e utilizada por um “interesse público”, sendo reproduzida por mecanismos de poder para cujo funcionamento o discurso sobre o sexo passou a ser essencial.

( ) Uma das grandes novidades nas técnicas de poder, no século XVIII, foi o surgimento da “população”, como problema econômico e político. No cerne deste problema, está o sexo: é necessário analisar a taxa de natalidade, a idade do casamento, os nascimentos legítimos e ilegítimos, a precocidade e a frequência das relações sexuais, a maneira de torná-las fecundas ou estéreis. A conduta sexual da população é tomada, ao mesmo tempo, como objeto de análise e alvo de intervenção.

(A) F F V F V

(B) V F F F V

(C) F V V F V

(D) V F V V F

(E) V V V F F

2. (IFES 2018)
Sobre o pano de fundo da emergência do bio-poder, pode-se compreender a importância do sexo como elemento de disputa política. A partir da obra História da sexualidade I: a vontade de saber de Michel Foucault, assinale a alternativa que se refere de maneira INCORRETA à noção de sexualidade desenvolvida pelo autor:

(A) Foram novos procedimentos de poder, elaborados durante a época clássica e postos em ação durante o século XIX, que fizeram a passagem social de uma simbólica do sangue para uma analítica da sexualidade.

(B) Com a criação do elemento imaginário do sexo, o dispositivo da sexualidade suscitou um de seus princípios internos de funcionamento: o desejo do sexo e de formulá-lo em verdade.

(C) O sexo pode ser definido como o real, enquanto a sexualidade indica um conjunto de ideias e interpretações variáveis.

(D) Contra o dispositivo da sexualidade, o ponto de apoio do contra-ataque não deve ser o sexo desejo, mas os corpos e os prazeres.

(E) Onde vemos a história de uma censura dificilmente suprimida, ocorre, ao contrário, a lenta ascensão de um dispositivo complexo para nos fazer falar de sexo.

3. (UNIOESTE 2017)
“Discursos sobre o sexo não se multiplicaram fora do poder ou contra ele, porém, lá onde ele se exercia e como meio para seu exercício: criaram-se em todo canto incitações a falar; em toda parte, dispositivos para ouvir e registrar procedimentos para observar, interrogar e formular. Desenfurnam-no e obrigam-no a uma existência discursiva”. Trecho de História da Sexualidade, Vol. I – A Vontade de Saber” in Sociologia em Movimento (p. 503).

Tendo como referência os estudos sobre sexualidade em “A Vontade de Saber”, no qual o autor se propõe a analisar os discursos de verdade em torno da sexualidade, é CORRETO afirmar sobre essa obra que:


(A) Foucault demonstra como os comportamentos sexuais, na sociedade ocidental, estão livres de controle social.

(B) Em A Vontade de Saber, o autor defende a existência de uma verdade sobre o sexo que está escondida nos discursos sobre sexualidade.

(C) Foucault demonstra que os discursos sobre a sexualidade apenas descrevem a natureza reprodutiva humana e não se articulam com quaisquer relações de poder.

(D) Em A Vontade de Saber, o discurso sobre repressão sexual moderna é criticado por ocultar a proliferação de discursos a respeito da sexualidade.

(E) O objetivo principal da obra foi fazer uma história das condutas, comportamentos e práticas sexuais das sociedades primitivas.

Gabarito

1. A,

2. C,

3. A.

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