2 de julho: veja a história da Independência da Bahia

No dia 2 de julho é comemorada a Independência da Bahia. A data é muito especial para os baianos e todos os brasileiros. Veja as batalhas, os personagens e o contexto histórico desse movimento que consolidou a Independência do Brasil.

Nesta aula você vai aprender sobre a luta dos baianos contra os portugueses nas batalhas que culminaram com a vitória final no dia 2 de julho de 1823. Foi quando a Bahia derrotou as forças de Portugal que ainda ameaçavam o território brasileiro.

Na prática, a Independência do Brasil, proclamada em 1822, só virou uma “realidade nacional” após o 2 de julho de 1823.

Sabemos que esse movimento de independência que aconteceu tanto na Bahia, quanto no Brasil foi antecedido por um histórico de insatisfações do povo baiano com relação à exploração colonial portuguesa.

Um dos marcos mais importantes foi a Conjuração Baiana, ou ainda, a Revolta dos Alfaiates, também conhecida como Revolta dos Búzios, de 1798. 

Mas, o que vai desencadear a mobilização pela Independência do Brasil (e da Bahia!) é um fato que ocorreu em 1820, em Portugal – a Revolução do Porto ou Revolução Liberal do Porto. 

A Independência da Bahia

Assista ao resumo especial sobre a Independência da Bahia, apresentada pelo professor de História, Felipe Carlos de Oliveira, do Curso Enem Gratuito.

A Revolução do Porto 

Desde 1828, a família real portuguesa estava no Rio de Janeiro. Diante disso, em Portugal, os setores da burguesia exigiam seu retorno para Lisboa. Havia também a intenção de fazer com que Portugal deixasse de ser uma monarquia absolutista. 

O movimento da Revolução do Porto aprova, então, a eleição para uma assembleia constituinte, as chamadas Cortes Portuguesas, que fazem de Portugal uma Monarquia Constitucional. 

Mas, esse fato não afetou apenas Portugal, já que, desde 1815, o Brasil havia sido elevado à condição de Reino Unido a Portugal. Tratava-se do Reino Unido de Portugal Brasil e Algarves. 

Essa revolução, que convoca eleições para uma assembleia constituinte, elege deputados constituintes em Portugal e também no Brasil. Isso acaba desencadeando o chamado Movimento Constitucionalista, na Bahia e em outros lugares do Brasil.

Aqui, brasileiros e portugueses, de alguma forma, apoiaram a ideia de um regime constitucional, rompendo com aquele passado absolutista. 

Mas, quando o Rei Dom João VI atende às exigências das cortes portuguesas e retorna para Portugal, o risco de recolonização do Brasil começa a se tornar evidente nos debates. 

Havia a intenção de restabelecer o monopólio comercial de Portugal sobre o Brasil, e também de fazer com que o Brasil voltasse a ser colônia de Portugal e perdesse a condição de Reino Unido a Portugal.

O Primeiro Passo para a Independência da Bahia, de Antônio Parreiras.

Diante disso, brasileiros e portugueses começam a divergir. É aí que começa o separatismo dos brasileiros, iniciando na Bahia.

É verdade que estamos muito acostumados a falar da Independência do Brasil como um movimento que começa no Rio de Janeiro com o Dia do Fico, em 9 de janeiro de 1922. 

Mas, os focos de resistência dos brasileiros contra esse projeto de recolonização da Revolução do Porto acontecem primeiro na Bahia, Pernambuco e em diferentes lugares, de maneira espontânea e desarticulada. Somente depois é que Dom Pedro vai conseguir centralizar o movimento de Independência

Em 1821, o Rei Dom João VI convocou as Cortes Gerais em Portugal, com o intuito de criar uma constituição para o reino. A presença de representantes brasileiros nas Cortes gerou expectativas de maior participação política para o Brasil, mas as decisões tomadas acabaram frustrando as esperanças.

A tensão entre brasileiros e portugueses atingiu seu ápice em novembro de 1821, quando soldados portugueses atacaram os brasileiros. Diante dessa violência, muitos brasileiros se refugiaram no Recôncavo Baiano, uma região estratégica que oferecia proteção natural e abrigo.

A Guerra de Independência

O dia 19 de fevereiro de 1822 é o grande marco inicial da Guerra de Independência na Bahia. É quando o general português Madeira de Melo, leal ao governo de Portugal, ordenou o ataque ao Forte de São Pedro e ao Convento da Lapa, sob o argumento de que pessoas estavam disparando tiros contra os portugueses. 

A abadessa Joana Angélica, corajosamente, liderou as freiras do convento na defesa do local, resistindo às investidas das tropas invasoras.

Durante o confronto, Joana Angélica foi mortalmente ferida ao tentar proteger o sacrário, símbolo sagrado da fé católica. Seu sacrifício e coragem em defesa da independência do Brasil tornaram-na um símbolo de resistência e devoção à causa nacional.

Martírio de Sóror Angélica. Quadro do séc. XIX (anônimo), representando o martírio da Sóror Joana Angélica – autoria atribuída a religiosa de Itu, presentemente no Convento da Lapa, Salvador, Bahia.

Mercenários e populares

Aos poucos, tem início uma mobilização de tropas mercenárias e das classes populares para participar do movimento de independência da Bahia contra as tropas portuguesas. 

Quando acontece o recuo dos soldados brasileiros para o Recôncavo, esse movimento começa a se organizar em algumas cidades periféricas. É o caso de Santo Amaro da Purificação e Cachoeira, que proclamam seu apoio ao Príncipe Regente Dom Pedro, que já liderava o movimento de independência desde janeiro de 1822, o famoso Dia do Fico. 

Diante dessa manifestação de apoio ao movimento liderado por Dom Pedro no Rio de Janeiro e em São Paulo, o Príncipe acaba enviando para a Bahia um mercenário francês, chamado Pierre Labatut, que vence a Batalha do Pirajá, contra Madeira de Melo. 

De toda forma, isso ainda não foi suficiente para fazer com que as tropas portuguesas se rendessem. 

É importante destacar que é nessa mobilização das tropas mercenárias de Labatut que surge a figura de Maria Quitéria, a grande heroína da Independência. Ela se vestia de homem para poder integrar as tropas de Labatut e lutar contra os portugueses. 

Detalhe do retrato póstumo de Maria Quitéria de Jesus Medeiros, de Domenico Failutti.

Também há a participação de outras pessoas, mulheres, como Maria Felipa, negros quilombolas e indígenas. 

Diante dos maltratos de Labatut aos negros que integravam o movimento, ele acaba sendo destituído de seu posto, que é ocupado por José Joaquim Alves de Lima e Silva. 

Cerco a Salvador e as batalhas navais

O cerco a Salvador promovido pelo mercenário Thomas Cochrane, um almirante britânico contratado para auxiliar na luta contra as forças portuguesas e contribuir para a independência do país.

Oscar Pereira da Silva – Lord Cochrane (Thomas Alexander Cochrane, Conde de Dundonald), c. 1925. Óleo sobre tela. Museu Paulista/USP – São Paulo, SP, Brasil.

Entre os meses de maio e julho de 1823, Cochrane comandou uma frota composta por navios brasileiros e britânicos, que bloquearam o porto de Salvador, na Bahia, isolando a cidade do abastecimento e impedindo a entrada de reforços portugueses.

A estratégia era enfraquecer as forças portuguesas que ainda resistiam no Brasil, comandadas por Madeira de Melo, causando escassez de recursos e enfraquecendo sua posição.

Entrada do Exército Libertador, segundo tela de Presciliano Silva, mostra a passagem dos soldados pelo arco feito pelas freiras do Soledade.

A pressão exercida por Cochrane e sua frota pelo mar, junto à pressão em terra pelas tropas de José Joaquim Alves de Lima e Silva, acabaram contribuindo para a rendição das forças portuguesas em 2 de julho de 1823. 

Com a conquista de Salvador, a luta pela independência do Brasil avançou significativamente, consolidando a posição do país contra o domínio português.

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