Jürgen Habermas foi um filósofo alemão que assim como Baumam foi um grande pensador da sociedade nos tempos modernos que também fez parte da Escola de Frankfurt. Veja mais na aula gratuita para o Enem.
Jürgen Habermas é um dos ilustres filósofos alemães que integram o instituto para pesquisa social, mais conhecido como Escola de Frankfurt. Habermas foi assistente pessoal de Theodor Adorno, um dos mais influentes pensadores alemães do século XX. Junto de seus colegas cunhou o tema da Razão Social foi adepto da Teoria Crítica e também debateu sobre a teoria da Razão Comunicativa.
Veja mais na nossa aula de hoje.
Jürgen Habermas é um Filósofo e Sociólogo alemão, adepto da Teoria Crítica e herdeiro do pensamento Marxista do século XX.
Detentor de uma vasta gama de teorias filosóficas e sociais, Jürgen Habermas se aventurou em diversas problemáticas do mundo moderno. Como por exemplo: a ética, a linguagem, a política, a sociedade, a ciência, a religião, a comunicação, a Esfera Pública e mais uma série outros temas.
Quem foi Jürgen Habermas
Adepto da Teoria Crítica, assim como seus companheiros de Frankfurt, os estudos de Habermas dialogam muito bem com a sociedade. Entretanto a única diferença é a falta daqueles grandes sistemas filosóficos de outrora.
Embora seja um herdeiro do legado que a Teoria Crítica deixou, suas ideias se diferenciam significativamente do pensamento proposto por Adorno e Horkheimer. Muitas vezes até antagonizando certas acepções. Porém, na maioria delas, corroborando para o aprofundamento e desenvolvimento dessas propostas de modo a encaixá-las no mundo contemporâneo.
A teoria da Ação comunicativa de Jürgen Habermas
A Teoria da Ação Comunicativa é a obra principal de Habermas que vai englobar parte dos conceitos fomentados pela Escola de Frankfurt. Além disso ela ainda traz uma nova visão para questões e problemas encontrados na sociedade atualmente.
O pensamento de Habermas dialoga com múltiplos autores de diferentes perspectivas teóricas, muitas das quais divergem de suas ideias. Além do Marxismo, há também uma interação com o Positivismo, o Pragmatismo e obviamente com a Escola de Frankfurt.
Segundo Habermas, o avanço da sociedade não é pautado exclusivamente no desenvolvimento tecnológico ou na construção de um forte Estado-Nação. Para além dessas noções, a sociedade depende da capacidade de se pensar coletivamente.
O conceito de razão como plano central do pensamento crítico
Retomando o conceito de Razão, tão caro à Filosofia, Habermas o coloca como figura central da nossa comunicação, seja no dia-a-dia ou nos círculos acadêmicos. Para o alemão, isto se deve ao fato da nossa constante tentativa de problematizar e justificar nossas ações.
Analise seu cotidiano, você costuma aceitar as coisas numa boa, sem explicação? Ou você é do tipo que questiona as tradições? Nesse sentido, embora as tradições sociais não figurem entre nossos maiores interesses, para Habermas é necessário questionar e mudar as tradições.
A razão comunicativa de Jürgen Habermas
Então tente pensar comigo: Imagine se o governo atual do Brasil decidisse acabar com algo tradicional no país. Esse “tradicional pode ser qualquer ciosa, por exemplo o SUS ou até mesmo o Carnaval. Seja isso uma forma expressão cultural ou algum sistema de benefício a população. Em uma questão como essa parece elementar que o povo afetado, irá se manifestar.
É sob esta perspectiva da busca por justificativas que Habermas fala em A Razão Comunicativa. Para o frankfurtiano a Razão não trata exclusivamente de assuntos abstratos, mas é a peça fundamental na prática de se justificar.
O significado de razão comunicativa
Para entender melhor qual o sentido da Razão Comunicativa de Jürgen Habermas, vamos voltar uns séculos no tempo. Até meados do século XVIII, a Europa tinha uma sociedade representativa do ponto de vista da justificativa. Isto é, as classes dominantes representavam-se por meio de demonstrações de poder.
Um exemplo que podemos dar a respeito é quando pessoas mais velhas usam o velho subterfúgio de resposta para explicar algo que não tem explicação: ‘Por que Deus quis e pronto!’. Em contrapartida a pessoa que questionou fica sem uma resposta pois não há como questionar as vontades de Deus nesse contexto.
Todavia, o Iluminismo trouxe uma nova perspectiva para compreensão das coisas. A partir daí novos espaços tomaram forma no tão conhecido “século das luzes”. E assim a sociedade poderia se ver livres do controle e da opressão do Estado e da religião.
Porém, você já deve ter ouvido falar de lugares assim como os cabarés franceses, os pubs ingleses, os cafés literários. Muitos desses locais eram onde intelectuais e artistas se encontravam para divagar sobre o mundo, debatendo de astronomia às mazelas sociais. Enquanto isso o clima europeu e as doenças sanitárias distribuíam tuberculose a essas figuras conhecidas como boêmios.
O musical ‘Moulin Rouge’ apresenta os tais boêmios em um desses espações cujo controle estatal não era mantido. Aliás, na pegada de perguntar a justificativa das coisas, por que será que os filmes no Brasil ganham subtítulos? Moulin Rouge por exemplo ganhou o subtítulo de: ‘Amor em vermelho’.
A criação da esfera pública
Por conta da participação e questionamento de muitos dos boêmios, aconteceu a expansão da Esfera Pública. Fato esse que aumentou consideravelmente as questões da população em relação ao Estado. Inclusive, Jürgen Habermas afirma que essa ampliação da Esfera Pública foi uma das coisas que ajudou a fomentar a Revolução Francesa. Será que foi daí que veio a expressão Filosofia de boteco?
Essa relação entre a Esfera Pública e a Razão Comunicativa, promoveu o crescimento das instituições democráticas, aquelas as quais os representantes são eleitos. Além disso, esse processo ajudou a estruturar uma melhor distribuição do poder, além de garantir direitos individuais que resguardam classes mais vulneráveis das classes dominantes.
A razão comunicativa de Jürgen Habermas e seu elitismo intelectual
A Razão Comunicativa é um conceito fundamental no entendimento da nossa sociedade. Porém, para Jürgen Habermas esses mesmos espaços poderiam ser apoderados por outras instituições que não o Estado propriamente.
Tomemos a imprensa como exemplo. Se por um lado ela oferece um canal de comunicação que corrobora o diálogo entre os indivíduos, do outro ela é controlada por gigantescas corporações. Muitas vezes tais indústrias culturais usam os veículos de comunicação como uma maneira de promover seus interesses.
A crítica de Habermas ao “mundo das futilidades”
Assim como Bauman, Habermas é um grande crítico das fofocas e das futilidades oferecidas pela imprensa. Dessa maneira, acontece uma inversão dos valores, pois assim passamos de sujeitos críticos a consumidores insensatos do lixo cultural vendido pelos veículos de comunicação.
Para Habermas, a razão é ampla e se dá por outros meios – a comunicação é um deles.
Por fim, é a partir da Razão Comunicativa dentro da Esfera Púbica que os indivíduos são capazes de construir um consenso social que traz mudanças necessárias para o fortalecimento da sociedade. Assim sendo, a sociedade necessita que os indivíduos sejam críticos dentro das suas próprias tradições. Dessa maneira dando origem ao movimento que precisamos para realizar as transformações sociais.
Video-aula
Para finalizar sua revisão e resumir o que você acabou de ler nessa aula, veja essa vide-oaula do canal Parabólica:
Bom, agora é contigo camarada, resolva as questões a seguir e teste seus conhecimentos:
Exercícios
1. (UEG 2012)
“Uma moral racional se posiciona criticamente em relação a todas as orientações da ação, sejam elas naturais, autoevidentes, institucionalizadas ou ancoradas em motivos através de padrões de socialização. No momento em que uma alternativa de ação e seu pano de fundo normativo são expostos ao olhar crítico dessa moral, entra em cena a problematização. A moral da razão é especializada em questões de justiça e aborda em princípio tudo à luz forte e restrita da universalidade.”
(HABERMAS, Jürgen. Direito e democracia: entre facticidade e validade. v. I. Trad. Flávio Beno Siebeneichler. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1997. p. 149.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a moral em Habermas, é correto afirmar:
(A) A formação racional de normas de ação ocorre independentemente da efetivação de discursos e da autonomia pública.
(B) O discurso moral se estende a todas as normas de ações passíveis de serem justificadas sob o ponto de vista da razão.
(C) A validade universal das normas pauta-se no conteúdo dos valores, costumes e tradições praticados no interior das comunidades locais.
(D) A positivação da lei contida nos códigos, mesmo sem o consentimento da participação popular, garante a solução moral de conflitos de ação.
(E) Os parâmetros de justiça para a avaliação crítica de normas pautam-se no princípio do direito divino.
2. (UEL 2011) Leia o texto a seguir.
Na tradição liberal, a ênfase é posta no caráter impessoal das leis e na proteção das liberdades individuais, de tal modo que o processo democrático é compelido pelos (e está a serviço dos) direitos pessoais que garantem a cada indivíduo a liberdade de buscar sua própria realização. Na tradição republicana, a primazia é dada ao processo democrático enquanto tal, entendido como uma deliberação coletiva que conduz os cidadãos à procura do entendimento sobre o bem comum.
(Adaptado de: ARAÚJO, L. B. L. Moral, direito e política. “Sobre a Teoria do Discurso de” Habermas. In: OLIVEIRA, M.; AGUIAR, O. A.; SAHD, L. F. N. de A. e S. (Orgs.). Filosofia Política Contemporânea. Petrópolis: Vozes, 2003. p. 214-235.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a filosofia política na teoria do discurso, é correto afirmar que Habermas
(A) privilegia a ideia de Estado de direito em detrimento de uma democracia participativa.
(B) concede maior relevância à autonomia pública, opondo-se à autonomia privada.
(C) ignora tanto a autonomia privada quanto a pública, substituindo-as pela utilidade das normas morais.
(D) enfatiza a compreensão individualista e instrumental do papel do cidadão na lógica privada do mercado.
(E) concilia, na mesma base, direitos humanos e soberania popular, reconhecendo-os como distintos, porém complementares.
3. (UEL 2011) Leia o texto a seguir.
Em Técnica e Ciência como “ideologia”, Habermas apresenta uma reformulação do conceito weberiano de racionalização pela qual lança as bases conceptuais de sua teoria da sociedade. Neste sentido, postula a distinção irredutível entre trabalho ou agir instrumental e interação ou agir comunicativo, bem como a pertinência da conexão dialética entre essas categorias, das quais deriva a diferenciação entre o quadro institucional de uma sociedade e os subsistemas do agir racional com respeito a fins. Segundo Habermas, uma análise mais pormenorizada da primeira parte da Ideologia Alemã revela que “Marx não explicita efetivamente a conexão entre interação e trabalho, mas sob o título nada específico da práxis social reduz um ao outro, a saber, a ação comunicativa à instrumental”.
(Adaptado: HABERMAS, J. Técnica e ciência como “ideologia”. Lisboa: Edições 70, 1994. p.41-42.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Habermas, é correto afirmar:
(A) O crescimento das forças produtivas e a eficiência administrativa conduzem à organização das relações sociais baseadas na comunicação livre de quaisquer formas de dominação.
(B) A liberação do potencial emancipatório do desenvolvimento da técnica e da ciência depende da prevenção das disfuncionalidades sistêmicas que entravam a reprodução material da vida e suas respectivas formas interativas.
(C) O desenvolvimento da ciência e da técnica, enquanto forças produtivas, permite estabelecer uma nova forma de legitimação que, por sua vez, nega as estruturas da ação instrumental, assimilando-as à ação comunicativa.
(D) Com base na irredutibilidade entre trabalho e interação, a luta pela emancipação diz respeito tanto ao agir comunicativo, contra as restrições impostas pela dominação, quanto ao agir instrumental, contra as restrições materiais pela escassez econômica.
(E) A racionalização na dimensão da interação social submetida à racionalização na dimensão do trabalho na práxis social determina o caráter emancipatório do desenvolvimento das forças produtivas e do bem-estar da vida humana.
Gabarito
1. B, 2.E, 3. D.