Por que o Dia do Estudante é comemorado em 11 de agosto?
Escolhida pela fundação dos primeiros cursos superiores, o Dia do Estudante destaca a importância dos estudantes no desenvolvimento nacional.
Todo ano, no dia 11 de agosto, o Brasil dedica uma data especial para homenagear os estudantes — aqueles que, com dedicação e esforço, constroem seu conhecimento e ajudam a transformar o país. Mas essa comemoração vai além de um simples reconhecimento: ela carrega uma história que atravessa quase 200 anos e reflete a importância da educação como base para o desenvolvimento social e político do Brasil.
Essa data não foi escolhida por acaso. Ela remete a um marco fundamental na criação dos primeiros cursos superiores no país, um passo decisivo para que o Brasil começasse a formar suas próprias lideranças e intelectuais. Celebrar o Dia do Estudante em 11 de agosto é, portanto, celebrar a jornada de luta, aprendizado e protagonismo que molda o futuro de toda a nação.
Dom Pedro I e os primeiros cursos superiores (1827)
Antes de 1827, quem queria estudar Direito no Brasil precisava ir para fora, geralmente para Portugal. Isso dificultava muito o acesso ao ensino superior, que ficava restrito a poucos privilegiados.
Na verdade, o primeiro curso superior no Brasil foi Medicina, criado na Bahia em 1808, quando a família real portuguesa chegou por aqui. Mas o que fez o 11 de agosto virar uma data importante foi mesmo a criação dos primeiros cursos de Direito, que aconteceu em 1827, por um decreto do imperador Dom Pedro I. As faculdades foram abertas em Olinda (Pernambuco) e em São Paulo, e isso marcou o começo da formação acadêmica no Brasil pós-Independência.
Esse passo foi fundamental para o país, porque significou que os brasileiros começavam a formar sua própria elite intelectual, que ia administrar e conduzir o Brasil independente. Esses cursos rapidamente viraram centros de debates importantes sobre política e sociedade. Por isso, além do Dia do Estudante, o 11 de agosto também é celebrado como o Dia do Advogado.
Como o Dia do Estudante nasceu de verdade (1927)
Exatamente 100 anos depois, em 1927, durante as comemorações do centenário da criação dos cursos de Direito, o advogado Celso Gand Ley sugeriu que o 11 de agosto também fosse o Dia do Estudante. A ideia foi aceita, e desde então a data passou a celebrar não só os futuros advogados, mas todos os estudantes do Brasil.
Essa mudança mostrou como o estudante passou a ser visto como peça fundamental no crescimento do país — não só como quem estuda, mas como alguém que constrói o futuro.
O movimento estudantil e a luta por direitos (a partir de 1937)
Dez anos depois, em 1937, surgiu a UNE — União Nacional dos Estudantes — durante o período do Estado Novo de Getúlio Vargas. A UNE se tornou a voz dos estudantes em todo o Brasil, reunindo as suas demandas e ampliando sua força política.
O movimento estudantil no Brasil não começou só aí, viu? Desde o tempo do Império, estudantes já se organizavam, principalmente os que estudavam fora do país. No começo do século XX, a movimentação ganhou força, e a UNE foi a grande responsável por unificar essa luta.
Durante a Segunda Guerra Mundial, por exemplo, os estudantes se posicionaram contra o fascismo e pressionaram o governo brasileiro para agir. Essa força política mostra que o Dia do Estudante não é só festa — é também um símbolo de ativismo e resistência.
Um dos momentos mais marcantes dessa história foi o assassinato do estudante Edson Luís, em 1968, durante uma manifestação contra o preço alto da comida em um restaurante no Rio de Janeiro. Essa tragédia virou símbolo da luta contra a repressão durante a ditadura militar. Por isso, o 28 de março é lembrado como o Dia Nacional de Luta dos Estudantes.
Essas duas datas — 11 de agosto e 28 de março — mostram como ser estudante no Brasil envolve também exercer a cidadania e lutar por direitos.
O Dia do Estudante no mundo
No resto do mundo, o Dia do Estudante é comemorado em outra data: 17 de novembro. Essa data lembra um ato de resistência dos estudantes na antiga Tchecoslováquia contra a ocupação nazista, em 1939.
Aqui no Brasil, a data tem uma origem mais ligada à fundação do ensino superior, enquanto lá fora a data é símbolo de luta e resistência política. Apesar disso, o que une essas comemorações é o reconhecimento do papel importante dos estudantes como agentes de mudança na sociedade.
Por que o Dia do Estudante importa hoje?
Essa data nos lembra que a educação é um direito fundamental garantido pela Constituição. Ela deve ajudar cada pessoa a se desenvolver, a exercer sua cidadania e a se preparar para o trabalho.
Mas, infelizmente, ainda enfrentamos muitos desafios na educação no Brasil: falta de investimento, escolas precárias, violência, dificuldade de acesso e uma alta taxa de evasão escolar. Dados recentes mostram que milhões de estudantes abandonam os estudos, e muitos desses casos estão ligados a fatores sociais, como gravidez precoce e necessidades familiares. Isso mostra que, apesar das conquistas, ainda temos muito o que melhorar.
Por outro lado, o Dia do Estudante também celebra a força e a dedicação dos jovens que enfrentam dificuldades para estudar, muitos conciliando trabalho e estudo, sempre buscando alcançar seus sonhos. Eles são essenciais para o avanço do país, pois são a base do futuro.
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Sobre o(a) autor(a):
Luana Santos - Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina, é redatora com foco em educação, produção de conteúdo para o Enem e vestibulares. Atualmente, integra a equipe da Rede Enem, onde cria materiais informativos e inspiradores para ajudar estudantes a alcançarem seus objetivos acadêmicos. Ama café, livros e uma boa conversa sobre educação.
