Sebastião Salgado e a Mata Atlântica: como esses dois temas se relacionam?

Sebastião Salgado nos deixou em maio de 2025. Entenda como seu legado e sua luta pela Mata Atlântica podem valorizar sua redação do Enem!

Bora falar de um nome gigante que deixou uma marca profunda no mundo? Sebastião Salgado, um dos maiores fotógrafos da história, nos deixou no dia 23 de maio de 2025, aos 81 anos. Mas calma, porque essa partida não é o fim. Pelo contrário: é uma oportunidade de ouro pra gente olhar pra tudo o que ele construiu — e como isso pode cair lindamente na sua redação do Enem.

Conhecido como “o fotógrafo do humano”, Salgado usou a câmera como uma arma poética em defesa da justiça social, dos direitos humanos e do meio ambiente. E tem mais: ele não só fotografava. Ele agia. Se envolvia. Se preocupava. Por isso, em comemoração ao Dia da Mata Atlântica (27 de maio), a gente vai juntar duas coisas que ele amava: a natureza e a luta por um mundo melhor.

Por que falar de Salgado agora?

Porque a morte de Sebastião Salgado coincidiu com o período de celebração do Dia da Mata Atlântica, bioma que foi central em sua atuação ambiental. Juntamente com sua esposa, Lélia Wanick Salgado, ele fundou o Instituto Terra, que se tornou um dos principais projetos de recuperação ecológica da Mata Atlântica em Minas Gerais. A instituição é hoje referência em reflorestamento, educação ambiental e restauração de nascentes na região do Vale do Rio Doce.

Além da relevância ambiental, a trajetória de Salgado oferece uma ampla gama de temas que dialogam diretamente com debates contemporâneos — como sustentabilidade, justiça social, direitos humanos, cidadania global e o papel transformador da arte.

Por isso, seu legado também representa um repertório sociocultural valioso para estudantes, especialmente em contextos de provas como o Enem, que frequentemente abordam essas questões em redações e questões interdisciplinares.

De economista a fotógrafo ativista

Sebastião Salgado nasceu em Aimorés, MG, lá em 1944. Começou como economista, fez mestrado na USP, doutorado em Paris… e foi justamente lá, na França, que tudo mudou. Um dia, ele pegou a câmera da esposa e nunca mais largou. A fotografia “invadiu a vida dele”, como ele mesmo dizia.

No começo, ele registrava realidades duras: fome, migração forçada, trabalho manual. Mas não era só mostrar sofrimento. Era dar visibilidade a quem era invisível. E fazia isso com um olhar sensível, humano, sempre em preto e branco — o estilo que virou marca registrada.

Projetos fotográficos marcantes

Sahel (1986-1988) – Projeto que documentou as consequências da seca extrema e da fome em países africanos como Mali, Níger, Etiópia e Sudão. As imagens registram a vulnerabilidade humana e revelam o impacto das crises humanitárias sob uma perspectiva ética e empática.

Trabalhadores (1993) – Uma série extensa que homenageia o trabalho manual em diferentes culturas e continentes. Salgado percorreu minas, plantações, indústrias e portos para retratar a dignidade, o esforço físico e a presença humana por trás do desenvolvimento econômico global.

Êxodos (2000) – Projeto voltado aos fluxos migratórios contemporâneos, que aborda o deslocamento forçado causado por guerras, perseguições, pobreza e mudanças climáticas. As fotografias mostram a complexidade das migrações em larga escala e seus impactos sociais e humanos.

Gênesis (2014) – Resultado de uma pesquisa visual realizada entre 2004 e 2012, a série retrata paisagens, fauna, flora e culturas humanas ainda pouco impactadas pela ação moderna. O projeto busca despertar um senso de urgência na preservação do meio ambiente, reforçando a interdependência entre natureza e humanidade.

Amazônia (2021) – Desenvolvido ao longo de sete anos, este projeto é dedicado à floresta amazônica e às comunidades indígenas que nela habitam. Salgado fotografou tanto a exuberância dos biomas quanto os modos de vida tradicionais, com o objetivo de sensibilizar o público sobre a importância da conservação ambiental e cultural da região.

Quando a arte encontra o ativismo

Após documentar tragédias humanitárias como o genocídio em Ruanda e os conflitos nos Bálcãs durante a década de 1990, Sebastião Salgado enfrentou um esgotamento emocional que o levou a interromper sua carreira fotográfica.

Durante esse período, ele retornou à fazenda da família em Aimorés, Minas Gerais, e encontrou a área severamente degradada pelo desmatamento. Essa experiência motivou Salgado e sua esposa, Lélia Wanick Salgado, a fundarem, em 1998, o Instituto Terra, com o objetivo de promover a recuperação ambiental da Mata Atlântica no Vale do Rio Doce, por meio de ações de reflorestamento, educação ambiental e restauração de nascentes.

Feitos do Instituto Terra

Diferença na área reflorestada por Sebastião Salgado e esposa. (Foto: Reprodução)

O Instituto Terra foi criado para restaurar a biodiversidade da região e promover o desenvolvimento sustentável. A principal propriedade administrada pela organização é a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Fazenda Bulcão, localizada em Aimorés.

A área, anteriormente utilizada para a criação de gado, foi transformada em um modelo de recuperação ambiental associado a atividades educacionais, com o intuito de ser replicado em outras propriedades no Vale do Rio Doce e em regiões da Mata Atlântica.

Desde sua fundação, o Instituto Terra tornou-se uma referência internacional em restauração ecológica. Entre os principais resultados do projeto, destacam-se:

  • Mais de 2 milhões de mudas de árvores nativas plantadas, transformando áreas degradadas em florestas.
  • Cerca de 600 hectares de área restaurada na RPPN Fazenda Bulcão.
  • Aproximadamente 2.000 nascentes recuperadas, beneficiando a bacia do Rio Doce.
  • Retorno da biodiversidade local, com registros de 172 espécies de aves, 33 espécies de mamíferos e 293 espécies de plantas.
  • Geração de mais de 70 empregos diretos, contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico da região.

Além disso, o Instituto Terra lançou o programa “Olhos D’Água”, com o objetivo de recuperar cerca de 370 mil nascentes da bacia do Rio Doce. O programa já atendeu mais de 1.000 produtores rurais em 29 municípios, promovendo a proteção de nascentes e a educação ambiental.

O Instituto também desenvolveu o programa “Terra Doce”, iniciado em 2023, que apoia pequenos e médios produtores da bacia do Rio Doce na recuperação de recursos hídricos e na promoção do desenvolvimento rural sustentável.

O trabalho do Instituto Terra demonstra como iniciativas de restauração ecológica podem contribuir significativamente para a recuperação ambiental, a conservação da biodiversidade e o fortalecimento das comunidades locais.

E por que isso tudo importa pro Enem?

Porque esse é o tipo de história que você pode usar em qualquer redação sobre meio ambiente, desigualdade, cidadania ou arte. Salgado é um exemplo de como dá pra transformar indignação em ação. E isso casa perfeitamente com os eixos temáticos do Enem.

Veja como ele se conecta com os temas mais recorrentes:

  • Sustentabilidade: o Instituto Terra é um exemplo prático de que é possível recuperar o meio ambiente com planejamento e ação coletiva.
  • Justiça social: suas fotos denunciam as desigualdades globais, do trabalho manual à migração forçada.
  • Arte como transformação: sua fotografia não é só estética. É um grito de resistência, de denúncia e de empatia.
  • Identidade brasileira: Salgado mostra o Brasil com olhar crítico e apaixonado, revelando a beleza e os desafios do nosso território.
  • Cidadania global: seu trabalho tem alcance internacional e inspira mudanças em várias partes do mundo.

Se você chegou até aqui, parabéns! Já tem um baita repertório pra mandar bem no Enem — e, de quebra, conheceu mais sobre um brasileiro que fez (e ainda faz) a diferença no mundo. Bora levar esse legado adiante?

Sobre o(a) autor(a):

Luana Santos - Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina, é redatora com foco em educação, produção de conteúdo para o Enem e vestibulares. Atualmente, integra a equipe da Rede Enem, onde cria materiais informativos e inspiradores para ajudar estudantes a alcançarem seus objetivos acadêmicos. Ama café, livros e uma boa conversa sobre educação.  

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