Revoltas coloniais nativistas e separatistas no Brasil Colônia

As revoltas coloniais do país, como Inconfidência Mineira e Conjuração Baiana, foram marcos de mudanças importantes na História do Brasil.

O Brasil dos séculos XVII e XVIII presenciou diversas revoltas coloniais contrárias ao poder metropolitano de Portugal exercido em suas províncias.

A maior parte das reivindicações dessas revoltas foi de fator econômico, interesses de grupos locais que iam bater de frente com interesses dos portugueses, como a luta contra a alta cobrança de impostos por parte da coroa portuguesa.

Quais foram as revoltas coloniais do Brasil

  • A Revolta de Beckman, no Maranhão em 1684, que se revoltaram contra o monopólio exercido pela Companhia de Comércio do Estado do Maranhão;
  • A Guerra dos Emboabas entre 1707 e 1709 no interior paulista, pelo direito de exploração de minas recém-descobertas;
  • A Guerra dos Mascates, no Recife, foi uma disputa que envolvia questões da produção de cana-de-açúcar em 1710-1711;
  • A  Revolta de Vila Rica, em 1720, que combateu as casas de fundição instaladas pela coroa e a cobrança de impostos sobre a extração de minérios;
  • A Conjuração Mineira (Inconfidência Mineira), contra a política fiscal da ‘Derrama’ praticada pela Coroa Portuguesa; e,
  • A Conjuração Baiana (Revolta dos Alfaiates), que pretendia a independência da Bahia.
  • Veja o resumo sobre as Revoltas Coloniais no Brasil:

Agora, confira no detalha como foram a Conjuração Mineira e a Conjuração Baiana. Esta última, além de suas intenções econômicas, apresentava diversas pautas políticas que viriam a influenciar a luta no país pela independência.

A Conjuração Mineira (1789)

A Conjuração Mineira, ou Inconfidência Mineira, foi uma das maiores revoltas coloniais do Brasil.

A elite mineradora da capitania de Minas Gerais se mostrava insatisfeita com a política fiscal da coroa portuguesa, como o ato da derrama que pretendia assegurar que a cobrança de impostos sobre a extração do ouro fosse de, pelo menos, cem arrobas anuais.

A partir desse descontentamento, proprietários rurais, clérigos, militares e intelectuais passaram a se reunir para conspirar contra o poder metropolitano na província, almejando a separação e sua consequente autonomia.

Revoltas Coloniais - libertas

Para saber mais sobre a Conjuração Mineira, assista à videoaula abaixo, com o professor de história Felipe de Oliveira, do canal do Curso Enem Gratuito.

Não confunda Inconfidência com Independência

É importante salientar que o movimento da Inconfidência Mineira não pretendia a independência de todo o Brasil, mas apenas de sua área de atuação.

Inspirados pelos ideais iluministas da Revolução Francesa (1789) e da Independência dos Estados Unidos da América (1776), os conjurados pretendiam a instalação de uma república.

Com ideal de “Liberdade ainda que tardia” estampado na bandeira que hoje é a do Estado de Minas Gerais com os dizeres em latim “Libertas Quae Sera Tamen”, os separatistas marcaram a história do Brasil Colônia e muitos dos seus líderes são lembrados como símbolos e heróis da luta da independência do Brasil.

É provável que você tenha visto esses acontecimentos com o nome de Inconfidência Mineira. Contudo, aqui opta-se pelo termo

Conjuração devido a uma revisão historiográfica, que entende que o termo inconfidência foi cunhado pela coroa portuguesa para designar aqueles que foram infiéis ao Estado. Por outro lado, o termo conjuração denota uma conspiração contra o governo, ressaltando o caráter político antigoverno do movimento.

O movimento foi rechaçado pelas forças da coroa, devido a traição de Joaquim Silvério dos Reis, que entregou os conjurados em troca do perdão de dívidas com o governo português.

Os principais líderes do movimento foram presos e julgados, sendo que, Cláudio Manoel da Costa morreu ainda na prisão antes do julgamento, alguns historiadores defendem a tese de que ele foi assassinado.

Os demais no inquérito judicial negaram sua participação no movimento, com exceção de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, que ao assumir a responsabilidade foi condenado à morte e partes do seu corpo mutilado expostos em locais públicos.

Os clérigos foram enviados a conventos em Portugal, os demais condenados foram remetidos a colônias portuguesas no continente africano.

Conjuração Baiana (1798-1799)

A Conjuração Baiana é também conhecida como Revolta dos Alfaiates, devido à participação de pessoas desse ofício no movimento.

Diferente da Conjuração Mineira, esse movimento tinha grande participação popular de alfaiates, sapateiros, estivadores, escravos e ex-escravos, que defendiam além da independência da Bahia, um governo republicano eleito democraticamente, o livre-comércio que poria fim no monopólio comercial dos portugueses e o fim da escravidão.

Assim como em Minas Gerais, os conjurados baianos estavam insatisfeitos com a administração portuguesa, a situação teria piorado após a transferência da capital da colônia de Salvador para o Rio de Janeiro em 1763.

Após esse ocorrido Salvador foi, segundo os conjurados, negligenciada, com menos recursos a capitania, faltando vários serviços básicos a população, chegando a ter falta de alguns tipos alimentícios nos mercados, além disso a coroa continuava a cobrar altos impostos.

Sua principal liderança intelectual foi Cipriano Barata, conhecido como médico dos pobres. Dentre suas ideias destaca-se o ideal de igualdade proveniente do iluminismo, mas que abarcava todos os setores da sociedade, incluindo a liberdade dos escravos, ideal esse que tinha influência da Independência do Haiti, feita a partir da revolta de escravizados.

O movimento baiano sofreu repressão após a distribuição de panfletos por toda a cidade, que alertaram as autoridades sobre o movimento conspiracionista. Com a prisão e interrogação de alguns conjurados, as lideranças foram delatadas e passaram a responder judicialmente.

O fim da Conjuração Baiana

Quatro membros foram condenados à morte em praça pública, são eles: o soldado Lucas Dantas do Amorim Torres, o aprendiz de alfaiate Manuel Faustino dos Santos Lira, o soldado Luiz Gonzaga das Virgens e o mestre de alfaiate João de Deus do Nascimento. As cabeças dos condenados foram expostas em pontos estratégicos da cidade para que a população soubesse o que havia ocorrido.

Alguns dos demais condenados receberam 500 chibatas no Pelourinho, entre eles escravos e militares mulatos. Outros foram extraditados para a costa africana ocidental fora dos domínios portugueses. Cipriano Barata ficou preso por dois anos, sendo solto em janeiro de 1800.

As condenações foram muito mais rígidas do que as instauradas aos conjurados de Minas Gerais, pode-se explicar isso ao caráter popular e de maior enfrentamento ao sistema escravista que a Conjuração Baiana teve, sendo considerada muito mais perigosa para o status quo. Foi uma das mais importantes revoltas coloniais no Brasil.

Videoaula sobre Conjuração Baiana

Para aprofundar seus conhecimentos sobre a Conjuração Baiana, veja mais esta aula do prof. Felipe:

Revoltas coloniais nativistas

Se você quiser saber mais sobre as outras revoltas coloniais que aconteceram no Brasil, assista a esta última videoaula.

Nela, o professor Felipe explica todos os detalhes sobre a Revolta de Beckman, a Guerra dos Emboabas, a Guerra dos Mascates e a Revolta de Vila Rica.

Exercícios sobre as revoltas coloniais

.

Sobre o(a) autor(a):

Pedro Cristiano de Azevedo é formadoa em História pela Universidade Federal de Santa Catarina e Mestrado pela Universidade do Estado de Santa Catarina. Atua como professor de História em escolas da Grande Florianópolis desde 2010.

Compartilhe: