A Civilização dos Persas e os conflitos culturais da região

Turbine seus conhecimentos sobre o antigo Império da Pérsia (atual Irã), e entenda como as relações culturais modificaram-se ao longo dos séculos. Resumo de História para o Enem!

Pérsia foi a denominação dada pelos gregos antigos à região que compreendeu a dominância dos reis aquemênidas, responsáveis pelo primeiro Império Persa. Os persas começaram a povoar a região do atual Irã, juntamente com diversos outros povos nômades, por volta de 2000 a.C.

A Civilização dos Persas

Aproximadamente em 559 a.C. o povo persa unificou em torno da figura de Ciro, O Grande, por conta de suas vitórias militares e por sua habilidade de liderança e estratégia. Através de Ciro os persas puderam subjugar outros povos, expandir seu território e dar início à formação do território persa em uma configuração imperial.

O sucessor de Ciro foi Dario, tendo chegado ao poder aproximadamente em 522 a.C. Com o novo governante, o Império Persa aumentou seus domínios ainda mais, comandando cerca de 10 milhões de habitantes, que possuíam culturas, costumes, idiomas e religiões diferentes.

Com uma população tão plural, foram necessárias algumas medidas para controlar os povos da região. Dario então propôs um sistema único de impostas, uma legislação que abrangesse a todos.

Além disso, criou também um sistema de moedas unificado e diversas construções civis de estradas que proporcionavam um deslocamento facilitado entre as áreas do império. A rota mais conhecida foi denominada Estrada Real, ligando as cidades de Susa e Sardes.

As Guerras Médicas

A partir de 514 a.C. Dario intentou invadir os territórios gregos. Entretanto, enfrentou algumas derrotas. Este evento é conhecido como Guerras Médicas, ou também Guerras Greco-Pérsicas.

A derrota possibilitou a Grécia tornar-se temporariamente a maior potência da região oriental do Mediterrâneo. Em uma resposta lenta a estes conflitos, Xerxes I, filho de Dario, avançou sobre os domínios Gregos em aproximadamente 480 a.C. O confronto ocorreu no desfiladeiro das Termópilas, e envolveu mais de 300 mil soldados persas contra aproximadamente 7 mil soldados do lado grego.

A Batalha dos 300

Por dias, o exército grego foi capaz de bloquear a passagem pelos portões estreitos das Termópilas para impedir a invasão persa, até que um residente grego auxiliou o exército de Xerxes a encontrar um caminho alternativo que permitiu um avanço mais contingente.

Aos poucos o exército grego foi minado, até que o Rei Leônidas decidiu manter 300 soldados espartanos, juntamente com outros batalhões de téspios e tebanos para que a maior parte de seus soldados pudessem bater em retirada.

Esta batalha ficou bastante conhecida por conta das adaptações para histórias em quadrinhos e posteriormente para o cinema.

Resumo sobre os Persas

Veja com a professora Mariane Martins, do canal do Curso Enem Gratuito, uma aula-resumo sobre a Civilização da Pérsia.

Agora, veja como entraram para o mundo do entretenimento, no cinema, nos quadrinhos e na literatura a Batalha dos 300:

Os 300 no cinema e nos quadrinhos

Entretanto, é necessário analisar essas obras com cautela, já que, em nome do entretenimento, muitos acontecimentos, personagens e relatos são manipulados para que sejam mais épicos, tristes, emocionantes e outras intenções de seus produtores.

quadrinhos 300 persas
Figura 2: Comparativo entre cenas do filme 300 (2006) e o quadrinho Os 300 de Esparta (1998). Retirado de: https://goo.gl/3uD1pc Marcadores: Cinema, Os 300 de Esparta, Quadrinhos.

 

cena 300 persas x esparta
Figura 3: Cena clássica do filme retirada de forma muito semelhante aos quadrinhos. Tradução livre: Aqui é Esparta! Retirado de: https://goo.gl/y3uF6k Marcadores: Cinema, Quadrinhos, Os 300 de Esparta.
 

Religião dos persas

As principais contribuições da religião persa são ligadas às ideias de Juízo Final, o conceito de paraíso pós morte, da dicotomia entre bem e mal, da chegada de um messias e a ideia de ressurreição.

O profeta do Zoroastrismo é Zaratustra. Segundo relatos religiosos, teria ascendido à presença divina de Aúra-Masda, entidade que representa o Bem e opositora ao Mal, aglutinado na imagem do deus Arimã.

A partir desta experiência, o profeta teria se dedicado à vida sacerdotal intensamente, através de pregações e peregrinações. Zaratustra também escreveu o Zend-Avesta, o principal texto sagrado zoroastrista, contendo hinos, orações, rituais religiosos e práticas civis.

A princípio, somente o deus Aúra-Masda era cultuado entre a população, entretanto, na prática, diversos outros deuses que representavam a força do bem e a constante luta contra as trevas também eram alvos de adoração. Uma crença muito presente entre os persas era de que a luta insistente contra o mal proporcionaria a vida eterna.

Pluralidade cultural e herança

O Império Persa proporcionou uma das primeiras oportunidades de povos distintos, em diversos aspectos como cultura, origem, idiomas e costumes diferentes, de conviverem em um território unificado. Essa configuração singular possibilitou um sincretismo cultural bastante intenso, ou seja, as diferentes características destes povos, por vezes, acabavam entrelaçando-se, o que dava origem a um novo costume.

As constantes disputas pela área de influência da antiga Pérsia, foram temas da história em quadrinhos Persépolis da franco-iraniana Marjane Satrapi. Na história a autora fala bastante sobre como o Irã historicamente foi alvo de diversas invasões, por ficar em uma região estratégica.

Mas, para além da geopolítica, ela fala de como esses conflitos duraram muito mais do que as longínquas batalhas da antiguidade clássica.

Durante o século XX, o Irã entrou em guerra com o Iraque e com outros povos da região por conta da disputa pelo petróleo, conflito que envolveu não só interesses internos, mas intenções geopolíticas internacionais.

persepolis - aula sobre os persas
Figura 4: Tradução livre: “2500 anos de tirania e submissão”, como meu pai disse. Primeiro nossos próprios imperadores. Depois a invasão árabe pelo oeste. Seguida pela invasão mongol vinda do leste. E finalmente o imperialismo moderno. Marcadores: Persépolis, Marjane Satrapi, Quadrinhos.
 

Marjane Strapi também apresenta sua experiência pessoal vivendo durante a revolução iraniana, a única revolução conservadora da história, transformando o irã em uma teocracia. Ou seja, um governo regido estritamente por regras religiosas, fato que acirrou ainda mais os conflitos políticos e econômicos entre Irã e as ideias ocidentais, muitas vezes representadas pela figura dos Estados Unidos.

É interessante percebermos que, se em outrora, a região da Pérsia foi imbuída de muita diversidade cultural em certa medida harmônica, a partir da segunda metade do século XX a cultura tornou-se um elemento crucial para o estopim de diversos conflitos.

persepolis e a regiao dos persas
Figura 5: Crianças sendo obrigadas a usar o véu, logo após a Revolução Islâmica (ou Revolução Iraniana), em 1979. Retirado de: https://goo.gl/9vadyf Marcadores: Quadrinhos, Persépolios Marjane Satrapi

 

Continue estudando sobre os Persas com a paródia do prof. Felipe!

Para finalizar sua revisão e fixar melhor o conteúdo, resolva os exercícios que selecionamos para você:

Simulado sobre os Persas

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Sobre o(a) autor(a):

Guilherme Silva é formado em História pela Universidade Federal de Santa Catarina. Dá aulas de História em escolas da Grande Florianópolis desde 2016.

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