Se houve um momento em que o território brasileiro mais esteve sob ameaça de fragmentação foi no Período Regencial. Venha entender essa situação complexa nesta aula de História!
A história do Brasil enquanto nação independente já surge no contexto de intensas disputas acerca da elaboração de sua primeira Constituição no Primeiro Reinado. Desde aquele período, estava apresentado o embate entre a vontade de centralizar o poder no imperador no Rio de Janeiro, e a vontade de diluí-lo entre os deputados eleitos. Essa disputa continuaria no chamado Período Regencial, que foi da saída de D. Pedro I do Brasil, em 1831, até D. Pedro II assumir o trono, em 1840.
Período regencial: o império sem imperador
A questão da centralização do poder se complicava ainda mais quando se considerava os interesses das elites das províncias mais distantes, como do Grão-Pará, do Nordeste e do Sul do Brasil. Esses grupos desejavam angariar mais autonomia e poder de decisão, mas viam-se presos e submetidos à burocracia e o controle carioca. Contudo, sem o imperador presente no país, as disputas ganhavam outras possibilidades.
É deste contexto que surgem novos “partidos” políticos. Enquanto o imperador estava em Portugal recuperando seu trono que fora usurpado por seu irmão Miguel, os deputados e os ricos eleitores brasileiros formaram pelo menos 3 grupos políticos.
Os liberais moderados, ou chimangos, eram membros da elite agrária que acessavam o poder por meio do voto censitário. Desejavam aumentar seu poder de decisão ao invés de deixá-lo reservado ao imperador. Os liberais exaltados (farroupilhas ou jurujubas), membros de elites locais das mais distantes regiões do Brasil, exigiam autonomia imediata e ampla das províncias. Por fim, os Caramurus (em tupi, aquele que se curva) ansiavam o retorno de D. Pedro I.
A morte do imperador, em 1834, transformou a organização desses grupos políticos. Os caramurus, por exemplo, dissolveram-se em outros grupos. Boa parte firmou o Partido Conservador (ou Saquarema), representando aqueles que bradavam pela centralização do poder no Rio de Janeiro.
De outro lado estava o Partido Liberal (ou Luzia), reunindo aqueles deputados que estavam dispostos a negociar e fazer concessões com as elites de outras regiões. Mantinham-se ainda os liberais radicais, que continuavam defendendo maior autonomia em relação ao Rio de Janeiro.
Regências Trinas
Assim que o imperador abdicou de seu trono no Brasil em 1831, os parlamentares foram acionados para seguir o que a Constituição propunha naquele caso. Porém, como os magistrados encontravam-se em recesso e apenas uma parte dos representantes pôde se reunir, foi eleita uma regência trina provisória para administrar o país. Os nomes eleitos foram do senador Campos Vergueiro, Carneiro de Campos e Francisco de Lima e Silva.
A regência trina provisória operou somente por três meses, mas aprovou importantes transformações que beneficiaram, principalmente, os liberais moderados. Dentre as mudanças destacam-se a anistia de presos políticos, readmissão do ministério dos brasileiros (que havia sido deposto por D. Pedro) e expulsão de estrangeiros do Exército.
As conquistas dos liberais continuaram com a eleição da regência trina permanente, que manteve o nome de Francisco de Lima e Silva e nomeou José da Costa Carvalho e Bráulio Muniz. Cada um dos novos regentes representava uma macrorregião do Brasil, mostrando mais uma vez a ascensão dos liberais. Este formato da regência durou até 1835, quando houve a implementação do Ato Adicional.
Porém, outro nome que se destacou neste período é o do padre Diogo Antônio Feijó, nomeado ministro da Justiça. Feijó ganhou notoriedade por criar a Guarda Nacional, força miliciana que tinha como objetivo sufocar manifestações regionais, principalmente as de cunho separatista. As guardas nacionais eram, na prática, homens armados por poderosos fazendeiros que acabavam se tornando um poder coercitivo legitimado pelo governo.
Esses latifundiários ganhavam o título honorário de coronel, e seus descendentes continuaram sendo chamados desta forma até o século XX. Em muitos casos ainda se usa o termo “coronel” para se referir às elites políticas locais e regionais do interior do Brasil.
Ato adicional e regências unas
Em 1834, foi implementada uma modificação da Constituição. Essa alteração ficou conhecida como Ato Adicional. Era mais uma conquista dos liberais, já que a nova legislação trazia maior autonomia para as províncias permitindo a existência de Assembleias Legislativas em cada uma delas. Além disso, ele extinguia o Conselho de Estado – órgão vinculado ao poder central – e transformava as regências trinas em regências unas.
No embalo de sua popularidade, o Padre Diogo Antônio Feijó foi eleito o primeiro regente uno. Porém, é justamente em sua gestão que eclodem as maiores revoltas provinciais da história da monarquia. Sob a constante ameaça de fragmentação do território nacional e a pressão dos conservadores, Feijó renuncia ao cargo em 1837. Em seu lugar quem ocupou o cargo foi Pedro de Araújo Lima, representante da oposição.
Araújo Lima formou um ministério conservador e tratou de barrar os projetos dos liberais, principalmente através da Lei Interpretativa do Ato Adicional que endurecia a atuação das Assembleias Provinciais.
O golpe da maioridade
A regência una conservadora teve suas atividades interrompidas por um golpe orquestrado pelos liberais e que colocou fim no Período Regencial: eles anteciparam a maioridade do jovem imperador. A intenção da oposição era ganhar o apoio do monarca com este movimento. Foi por meio do Clube da Maioridade que o apoio ao movimento ganhou força. Porém, a manobra contava também com o apoio de conservadores que temiam perder seus privilégios com tantas revoltas provinciais.
Na época, em 1840, Pedro de Alcântara tinha apenas 14 anos, e iria governar até 1889, quando a República iria ser proclamada pelos militares apoiados pela burguesia.
Dessa forma, ele entrou para a história do nosso país como o governante mais jovem e que por mais tempo esteve no poder. Há historiadores que defendem que o Brasil tenha vivido uma experiência republicana com o Período Regencial, já que os representantes estavam sendo eleitos.
Contudo, vale lembrar que apesar desta situação e das conquistas dos liberais, a vida da população mais pobre e explorada não foi prioridade. Inclusive, muitas das revoltas regenciais – que serão tratadas em outra aula – surgiram contra violências praticadas a esses grupos, como castigos físicos e recrutamento forçado, além da própria situação de pobreza e escravidão.
Videoaula sobre o Período Regencial
Para finalizar esta aula sobre o Período Regencial, assista ao vídeo abaixo, em que o professor Felipe, de História, explica as características e principais eventos do período.
Exercícios sobre o Período Regencial
Agora que você já sabe como foi o Período Regencial, resolva os exercícios abaixo, selecionados pelo professor de História Ângelo!
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Pergunta 1 de 10
1. Pergunta
(FM Petrópolis RJ/2019)
Considere o texto da historiadora Maria de Fátima Gouvêa sobre o período das regências no Brasil (1831-1840).
O Ato Adicional de 1834 transformou os Conselhos Gerais das Províncias em assembleias legislativas provinciais, tendo ainda ampliado o número de representantes provinciais reunidos no âmbito do legislativo provincial, ficando essas assembleias encarregadas de auxiliar os presidentes de província na gestão administrativa sob sua jurisdição.
GOUVÊA, M. F. O império das pro-
víncias. Rio de Janeiro, 1822-1889.
Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2008, p. 19.
A medida descrita pelo texto possui, explicitamente, um perfil
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Pergunta 2 de 10
2. Pergunta
(PUC SP/2018)
Considere os fragmentos abaixo.
“Lei de 18 de Agosto de 1831”
“Cria as Guardas Nacionais e extingue os corpos de milícias, guardas municipais e ordenanças. […]”
“De tão conservadora, e atuante, ela criou uma tradição, estendendo a sua atuação até a Primeira República, sobretudo nas áreas rurais do país.”
SCHWARCZ, Lilia e STARLING, Heloisa. Brasil: uma
biografia. São Paulo: Cia Das Letras, 2015, p. 24 8 .
Assinale a alternativa que situa CORRETAMENTE a criação da Guarda Nacional e as razões de sua permanência até a Primeira República.
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Pergunta 3 de 10
3. Pergunta
(USF SP/2018)
A carta de despedida de D. Pedro I é um dos documentos que assinalam o triunfo do Partido Brasileiro sobre o Partido Português e a passagem do Primeiro Reinado ao Período Regencial. Em 1834, foi promulgado um Ato Adicional à Constituição, que tentava conciliar os interesses das facções políticas. Esse período conturbado de nossa história, caracterizado por lutas entre restauradores, exaltados e moderados, assim como pelas rebeliões provinciais que colocaram em risco a integridade territorial e política do país, encerrou-se em 1840, com o golpe da maioridade e o início do Segundo Reinado.
COSTA, Luís César Amad & MELLO,
Leonel Itaussu de Almeida. História
do Brasil. São Paulo: Scipione,
2007, p.169. (Adaptado).
Ao ler o texto, percebemos que surge, após o Primeiro Reinado, uma nova fase para a história política brasileira. Durante essa fase ou período,
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Pergunta 4 de 10
4. Pergunta
(Fac. Direito de São Bernardo do Campo SP/2018)
LEI Nº 4 DE 10 DE JUNHO DE 1835.
[…] A Regência Permanente em Nome do Imperador o Senhor D. Pedro Segundo faz saber a todos os súditos do Império que a Assembleia Geral Legislativa Decretou, e Ela Sancionou a Lei seguinte:
Art. 1º Serão punidos com a pena de morte os escravos ou escravas, que matarem por qualquer maneira que seja, propinarem veneno, ferirem gravemente ou fizerem outra qualquer grave ofensa física a seu senhor, a sua mulher, a descendentes ou ascendentes […].
O conteúdo dessa lei sugere que o contexto do Período Regencial no Brasil foi marcado por
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Pergunta 5 de 10
5. Pergunta
(UniCESUMAR PR/2018)
Considere o texto abaixo.
As principais determinações do Ato Adicional que permitiram a aplicação da expressão “experiência republicana” foram as que estabeleciam a criação de uma Regência Una, cujo titular deveria ser escolhido por meio de eleições diretas para um mandato de quatro anos, e a que extinguiu o Conselho de Estado. Além delas, outra determinação aproximava-se dos dispositivos da Constituição norte-americana. Era a que criava as Assembleias Legislativas Provinciais.
(In: TEIXEIRA, Francisco M. P. Brasil, História e Sociedade. São Paulo: Ática, 2001, p. 33)
Com base no texto, é correto afirmar que o Ato Adicional, ao conceder autonomia administrativa e legislativa às províncias,
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Pergunta 6 de 10
6. Pergunta
(UFGD MS/2018)
De acordo com o historiador Paulo Pereira de Castro, o período regencial brasileiro (1831-1840) teria sido uma “experiência republicana”. Sobre esse contexto, assinale a alternativa correta.
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Pergunta 7 de 10
7. Pergunta
(ENEM/2010)
Após a abdicação de D. Pedro I, o Brasil atravessou um período marcado por inúmeras crises: as diversas forças políticas lutavam pelo poder e as reivindicações populares eram por melhores condições de vida e pelo direito de participação na vida política do país. Os conflitos representavam também o protesto contra a centralização do governo. Nesse período, ocorreu também a expansão da cultura cafeeira e o surgimento do poderoso grupo dos “barões do café”, para o qual era fundamental a manutenção da escravidão e do tráfico negreiro.
O contexto do Período Regencial foi marcado
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Pergunta 8 de 10
8. Pergunta
(ESPCEX/2018)
Em 1834, numa tentativa de harmonizar as diversas forças em conflito no País, grupos políticos, como o dos moderados, promoveram uma reforma na Constituição do Império, mediante a promulgação do Ato Adicional. Observe os enunciados abaixo.
I. Criação do Conselho de Estado.
II. Criação das Assembleias Legislativas provinciais.
III. A regência deixava de ser trina para se tornar una.
IV. Fundação do Clube da Maioridade.
Assinale a opção em as afirmativas estão relacionadas ao Ato Adicional.
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Pergunta 9 de 10
9. Pergunta
(IFBA/2017)
“Queremos Pedro II,
Ainda que não idade.
A nação dispensa a Lei
E viva a maioridade”.
As ações pela antecipação da maioridade, expresso na quadrinha popular do século XIX, confirma a esperança de superação da crise vigente durante o Período Regencial. Dentre os fatos constitutivos desta crise, podemos destacar como principais:
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Pergunta 10 de 10
10. Pergunta
(IFMG/2017)
Leia o texto:
“A riqueza é a pedra angular da ordem social; é ao mesmo tempo a garantia e veículo das virtudes públicas e privadas. Não queremos com isso dizer que a pobreza seja um vício e a riqueza uma virtude; mas é certo que a condição da pobreza é uma situação de impotência, e perigosa tentação de fazer mal; e que a riqueza pelo contrário é uma potencia real e uma facilidade para fazer bem”.
Jornal da Sociedade Promotora de Instrução Pública.
Ouro Preto, 21 de janeiro de 1833 (adaptado).
O trecho do jornal ouro-pretano procura defender uma doutrina político-social amplamente discutida no Império do Brasil. Assinale a alternativa que corresponde a essa doutrina:
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Sobre o(a) autor(a):
Os textos acima foram preparados pelo professor Angelo Antônio de Aguiar. Angelo é graduado em história pela Universidade Federal de Santa Catarina, mestrando em ensino de história na mesma instituição e dá aulas de história na Grande Florianópolis desde 2016.
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