O estilo barroco está intimamente ligado a fatos históricos que marcaram a Europa durante o século XVI. Entre eles estão, por exemplo, o término do ciclo das grandes navegações e, principalmente, conflito gerado entre a Reforma protestante e a Contrarreforma católica. Para compreender esse contexto histórico e descobrir os principais autores do Barroco no Brasil e em Portugal, veja aqui no resumo.
Primeiramente, vamos entender o contexto histórico do Barroco. A questão religiosa, fundamental para a formação do espírito barroco, inicia com o pensamento de Martinho Lutero (1483-1546), na Alemanha. Tratava-se de um teólogo que se opôs a diversos preceitos do catolicismo romano.
Dentre esses preceitos contestados por Lutero estava a doutrina de que era possível conseguir o perdão divino pelo comércio das indulgências. Por isso, ele foi excomungado da Igreja Romana.
Para Lutero, a salvação não poderia ser alcançada pelas boas obras ou por atitudes materiais. De acordo com ele, ela só poderia ser alcançada pela fé em Cristo Jesus. Posteriormente, essas e outras ideias ganharão o requinte de João Calvino.
Além disso, começa o estabelecimento, a partir dessa revolução, das bases para a separação entre a Igreja e o Estado. Essa ação implicaria, entre outras coisas, em questões de ordem material.
Veja o pensamento e a trajetória de Martinho Lutero com o professor Felipe de Oliveira, do canal do Curso Enem Gratuito. Logo depois veja como foi que a Reforma protestante influenciou as mudanças que estão na origem do movimento Barroco:
Dessa forma, o catolicismo começa a perder sua liderança. Na verdade, já vinha perdendo desde o final do século XV, com o Renascimento. Este foi um fenômeno artístico que traz uma nova maneira de enxergar o mundo: o antropocentrismo (o homem é o centro).
Tal fenômeno é diferentemente do teocentrismo (Deus é o centro) medieval. Isso porque ele vê o homem não apenas como uma imagem de Deus, mas como ser humano, ligado à sua natureza física. Assim, o espiritualismo e a religiosidade medievais cedem lugar à valorização dos aspectos materiais da existência.
Introdução ao Estilo Barroco
Para começar bem a sua revisão sobre o Barroco, com foco no que mais cai no Enem, veja agora com a professora Camila Brambilla, do canal do Curso Enem Gratuito:
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A relação entre Barroco e Contrarreforma
Portanto, tendo diante de si os avanços das concepções antropocêntricas de mundo, turbinadas pelo Luteranismo, acontece uma reação da Igreja: a Contrarreforma. Este fato histórico queria a volta ao medievalismo e fé total na autoridade da Igreja e do rei.
Retornar ao pensamento medieval de mundo acarretaria na perda da humanidade adquirida pela renascença. Enfrentam-se, dessa forma, duas forças divergentes: antropocentrismo e teocentrismo.
Como resultado desse confronto, para o homem da época, tem-se uma tentativa de conciliação entre razão e fé, espiritualismo e materialismo. Por isso, as concepções sociais, políticas e artísticas do período barroco serão marcadas pela tensão.
E de onde vem o nome barroco?
Não se sabe ao certo. Alguns etimologistas acreditam que tenha vindo do grego baros, que significa “pesado”. Já outros defendem a ideia da origem italiana barocchio, que quer dizer “engano”. Por outro lado, há uma hipótese de que a palavra barroco era usada para designar uma pérola de formato irregular.
De qualquer forma “peso”, “engano” e “irregularidade” são termos que parecem combinar a essência dessa escola. Por conta de sua complexidade, o Barroco surge das transformações que o ocidente passou com o fim da Idade Média.
Origem europeias do Barroco: cultismo X conceptismo
Antes de falarmos de como o Barroco chegou ao Brasil, é interessante pensar na sua passagem pela Península Ibérica. Sobretudo na Espanha, país que se destacava cultural e economicamente, tendo, a partir de 1580, estendido seu domínio sobre Portugal.
Destacam-se na literatura barroca espanhola Luis de Góngora y Lopes, poeta e dramaturgo, e Francisco de Quevedo, político e poeta. São eles os responsáveis por dois estilos de escrita que aparecerão no Brasil, durante o século XVII.
No caso de Góngora, estamos falando do Cultismo, que tem a ver com linguagem culta. Trata-se do jogo de palavras, a forte utilização de figuras de estilo. Exemplo: antítese (a cara do Barroco, por ter ideias opostas em um mesmo pensamento), metáfora e hipérbole.
Em se tratando de Quevedo, o estilo é o Conceptismo, o qual consiste no jogo de ideias. A organização da frase obedece a uma ordem rigorosa com o intuito de convencer e ensinar. Ocorre especialmente na prosa.
A Espanha é berço ainda de outras manifestações artísticas barrocas, como a pintura. É onde está Diego Velásquez, um dos artistas plásticos mais prestigiados de seu tempo. Justo à corte do rei Filipe IV de Espanha, foi o principal pintor. Em suas obras é possível observar a tensão barroca, na pintura, pelo contraste entre claro e escuro, luz e sombra.
É o que se vê em Velha fritando ovos (1618):Disponível em: https://virusdaarte.net. Acesso 09 abr. 2020.
O Barroco no Brasil
Antes de mais nada, é importante saber que falar de Barroco no Brasil é falar da região nordeste. Ou melhor: falar de arte no Brasil do século XVII é falar de nordeste. Isto porque as manifestações culturais desse tempo refletem a estrutura socioeconômica da colônia. Dessa forma, em um país ainda bastante desestruturado socialmente.
Apenas na Bahia e em Pernambuco era possível observar atividades culturais. Isso porque eram lugares onde a cana-de-açúcar prosperava. Afunilando ainda mais, diríamos que a Bahia merece atenção especial pois duas figuras barrocas de destaque vêm de lá.
Gregório de Matos Guerra: Boca do Inferno
A princípio, vamos falar de Gregório de Matos Guerra, conhecido como “Boca do Inferno”. Sua poesia satírica era uma espécie de “metralhadora” que disparava críticas a diversos níveis da sociedade baiana. Atingia nobres, Igreja, governantes. Foi, inclusive, sua crítica aos políticos, que ocasionou seu exílio em Angola, por muitos anos.
Contudo, sua obra, de estilo cultista, além de poemas satíricos, contém poesia lírica (que trata de amor, sensualidade) e religiosa. Tal embate faz recordar as divergências barrocas, às voltas com o material e o espiritual. Confira o resumo especial sobre Gregório de Matos Guerra, com a professora Camila:
Aprendeu no resumo com a professora Camila como foi a origem do apelido de “Boca do Inferno”? Está tudo aí no vídeo acima.
Padre Antônio Vieira e seus sermões
Sob o mesmo ponto de vista, devemos nos lembrar do Padre Antônio Vieira. Muito embora tenha nascido em Portugal, veio para o Brasil ainda criança, formando-se sacerdote na Bahia.
O Conceptismo pode ser encontrado em seus vários sermões (estima-se que tenha produzido em torno de duzentos). Entre os mais famosos está o Sermão da sexagésima (sobre a arte de pregar). Podemos citar também o Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de Holanda (sobre a invasão holandesa de 1640). Por fim, merece destaque o Sermão de Santo Antônio ou Sermão aos peixes (sobre o indígena escravizado pelos colonos europeus).
A partir deste último sermão, percebe-se que o padre preocupava-se com mais excluídos: índios, escravos e mulheres. Isso, a propósito, lhe causou problemas, tanto em relação aos poderosos fazendeiros quando em relação à sua própria instituição, a Igreja. Chegou a ser perseguido até mesmo pela Inquisição.
Resumo sobre o Padre Antônio Vieira
Compreendeu por que ele até hoje é considerado um clássico? Agora, chegou a vez de testar o seu nível nos Exercícios. Vem!
Exercícios sobre Barroco
Responda a um simulado com 10 questões focadas no que mais cai no Enem sobre o Barroco no Brasil. O gabarito sai na hora!
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1. Pergunta
(UEL PR/2001)
O Barroco manifesta-se entre os séculos XVI e XVII, momento em que os ideais da Reforma entram em confronto com a Contra-Reforma católica, ocasionando no plano das artes uma difícil conciliação entre o teocentrismo e o antropocentrismo. A alternativa que contém os versos que melhor expressam este conflito é:
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Pergunta 2 de 10
2. Pergunta
(Fuvest SP/1995)
Os sonetos de Bocage que transpõem poeticamente a experiência do autor na região colonial de Goa apresentam alguns traços semelhantes aos dos poemas em que, anteriormente, Gregório de Matos enfocara a sociedade colonial da Bahia. Sob esse aspecto, são traços comuns a ambos os poetas:
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Pergunta 3 de 10
3. Pergunta
(UFRGS RS/2020)
No bloco superior abaixo, estão listados movimentos literários brasileiros; no inferior, características desses movimentos.
Associe adequadamente o bloco inferior ao superior.
1. Barroco
2. Romantismo
3. Modernismo
( ) Utiliza manifestos como grande meio de divulgação das intenções estéticas e ideológicas.
( ) Caracteriza-se como retorno a uma intensa religiosidade.
( ) Procura configurar os dilemas e as contradições do ser humano.
( ) Busca a identidade nacional como temática, mantendo a forma conforme o padrão europeu.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:
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Pergunta 4 de 10
4. Pergunta
(Univag MT/2019)
Leia o soneto “Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado”, do poeta barroco Gregório de Matos (1636-1696)
Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,
Da vossa piedade me despido1,
Porque quanto mais tenho delinquido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido,
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida e já cobrada2
Glória tal, e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na Sacra História:
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada
Cobrai3-a, e não queirais, Pastor divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.
(Códice Asensio-Cunha, 2013.)
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Pergunta 5 de 10
5. Pergunta
(Unioeste PR/2018)
Tendo em vista a Carta XVII ao Rei D. Afonso VI, escrita pelo Pe. Antônio Vieira, assinale a alternativa que NÃO condiz com as afirmações do autor.
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Pergunta 6 de 10
6. Pergunta
(FGV /2018)
Triste Bahia
Triste Bahia! ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vi eu já, tu a mi abundante.
A ti trocou-te a máquina mercante,
Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando, e tem trocado,
Tanto negócio e tanto negociante.
Deste em dar tanto açúcar excelente
Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Simples aceitas do sagaz Brichote*.
Oh se quisera Deus que de repente
Um dia amanheceras tão sisuda
Que fora de algodão o teu capote!
Gregório de Matos.
*provável referência aos ingleses (British)
No texto, entre outras marcas do estilo de época que se convencionou chamar de Barroco, encontra-se o:
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Pergunta 7 de 10
7. Pergunta
(Uncisal AL/2017)
Gregório de Matos é o genuíno iniciador de nossa poesia lírica e de nossa intuição étnica. O seu brasileiro não era o caboclo, nem o negro, nem o português; era já o filho do país, capaz de ridicularizar as pretensões separatistas das três raças.
ROMERO, Sílvio. História da literatura brasileira. 6. ed. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1960. v. 2, p. 382.
A opinião de Sílvio Romero sustenta a teoria de que a obra de Gregório de Matos:
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Pergunta 8 de 10
8. Pergunta
(EsPCEx SP/2017)
“Se gostas de afetação e pompa de palavras e do estilo que chamam culto, não me leias. Quando esse estilo florescia, nasceram as primeiras verduras do meu; mas valeu-me tanto sempre a clareza, que só porque me entendiam comecei a ser ouvido. (…) Esse desventurado estilo que hoje se usa, os que querem honrar chamam-lhe culto, os que o condenam chamam-lhe escuro, mas ainda lhe fazem muita honra. O estilo culto não é escuro, é negro (…) e muito cerrado. É possível que somos portugueses e havemos de ouvir um pregador em português e não havemos de entender o que diz?!”
Padre Antônio Vieira, nesse trecho, faz uma crítica ao estilo barroco conhecido como:
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Pergunta 9 de 10
9. Pergunta
(UNEB BA/2017)
Senhora Dona Bahia,
nobre e opulenta cidade,
madrasta dos naturais,
e dos estrangeiros madre:
5 dizei-me por vida vossa
em que fundais o ditame
de exaltar os que aqui vêm
e abater os que aqui nascem?
MATOS, Gregório de. Descreve como os estrangeiros arruínam a Bahia. In: MENDES, Cleise Furtado. Senhora Dona Bahia. Salvador, EDUFBA, 1996. p. 88.
É possível estabelecer um diálogo entre o texto “A cidade invisível e a cidade dissimulada”, de Gey Espinheira, e o texto de Gregório de Matos (século XVII), considerando o seguinte trecho:
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Pergunta 10 de 10
10. Pergunta
(Mackenzie SP/2012)
Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,
Da vossa alta piedade me despido,
Porque, quanto mais tenho delinquido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
Gregório de Matos, “A Jesus Cristo Nosso Senhor”
Observação:
hei pecado = tenho pecado
delinquido = agido de modo errado
É traço relevante na caracterização do estilo de época a que pertence o texto:
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Sobre o(a) autor(a):
Alencar Schueroff é doutor em Literatura pela UFSC e professor em pré-concursos há 20 anos.
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