Agentes formadores do relevo 

Você já parou para pensar em como as formas do relevo se transformaram no que vemos atualmente nas paisagens? Esse tipo de pergunta, dentre outras, levou cientistas da área das ciências da Terra a descobrirem muitas coisas sobre o passado e as transformações da superfície do nosso planeta. Leia a aula a seguir e aprenda um pouco mais sobre essa temática!  

Nas áreas continentais e também nas oceânicas, a crosta terrestre (camada superficial de nosso planeta) é extremamente desnivelada, caracterizando o que conhecemos como o relevo terrestre. Diversos processos foram e continuam modelando relevo ininterruptamente.  

Por conta disso, podemos observar tanto elevações de apenas alguns metros de altitude quanto cadeias montanhosas como a cordilheira dos Andes e do Himalaia.  

Essas variações topográficas provêm de agentes naturais que modificam a superfície do nosso planeta, sendo classificados em: internos (endógenos) e externos (exógenos). Esses agentes desencadeiam processos que, em conjunto, formam as paisagens que podemos verificar na superfície ao redor do mundo.  

Agentes endógenos

Os agentes internos ou endógenos são ocasionados pela energia que existe no interior da Terra, impulsionando três forças modeladoras do relevo 

Tectonismo

tectonismo é uma delas, e dá origem a dois tipos de movimentos importantes na estrutura da camada superficial da Terra. São os movimentos orogenéticos e os  epirogenéticos. 

Movimentos orogenéticos

Primeiramente, temos os movimentos orogenéticos (dobras), que proporcionam o soerguimento que faz surgir montanhas ou cadeias montanhosas (assim como elevações de proporções muito menores).  

Isso ocorre através da deformação compressiva que faz a crosta continental dobrar-se de um modo semelhante a uma folha de papel em cima de uma mesa.  

Essa dobra ocorre quando empurramos suas duas extremidades (horizontal), ou quando empurramos uma das faces da folha para cima (vertical). Ou seja, a deformação pode ser causada por forças horizontais ou verticais na crosta, conforme a representação na figura 1. 

dobramento - relevo
Figura 1: Representação das dobras e a ocorrência de dobras horizontais e com caimento

Movimentos epirogenéticos:

Além da orogenia, temos também originado pelo tectonismo o movimento epirogenético (falhas). Esses são movimentos verticais da crosta em que o sentido pode ser ascendente ou descendente.  

Esses movimentos atingem grandes extensões continentais e podem ocasionar regressões e transgressões marinhas. A falha é basicamente uma fratura que desloca a rocha em ambos os lados paralelos a ela, como podemos observar na figura 2. 

falhas - relevo
Figura 2: Representação das ocorrências mais comuns de falhas. 

Vulcanismo

Outra força modeladora do relevo é o vulcanismo, que é o processo de formação dos vulcões e das rochas vulcânicas. Podemos definir os vulcões como elevações ou montanhas construídas pelo acúmulo de lavas e de outros materiais eruptivos.  

Os vulcões transportam magma do interior da Terra para a superfície, onde rochas são formadas e gases são injetados na atmosfera ou hidrosfera, no caso de erupções submarinas.  

Portanto, os vulcões são elevações do relevo formadas pelo extravasamento de magma que, em contato com o ar ou com a água, resfria na superfície, transformando-se em rochas resistentes. 

A rochas, os magmas e os processos necessários para percorrer toda a sequência de acontecimentos desde a fusão até a erupção constituem um geossistema vulcânico, como pode ser observado na Figura 3. 

geossistema - relevo
Figura 3: Representação simplificada de um geossistema vulcânico.

Ao atingir a superfície, o magma dá origem ao que chamamos de lava. A lava é composta, sob altíssimas temperaturas, pelos minerais fundidos, gases e substâncias químicas presentes no interior da Terra. Os gases percorrem as fissuras na crosta que comumente se localizam nos limites das placas tectônicas, abrindo caminhos para o magma emergir, originando aos vulcões. 

Formações vulcânicas 

Cerca de 3.000 vulcões submarinos encontram-se enfileirados entre o litoral japonês e a costa oeste estadunidense. Toda a lava produzida por eles contribuiu para a formação de diversas ilhas.  

Na verdade, elas são os cumes de cadeias de montanhas que estão no fundo do mar, sobre o assoalho oceânico. Essa região é chamada de Círculo de Fogo do Pacífico, e ocupa uma grande extensão do nosso planeta. 

círculo de fogo do pacífico
Figura 4: Representação que demonstra a localização do Círculo de Fogo do Pacífico acompanhando limites entre placas tectônicas. Fonte: https://bit.ly/2xaG1c0 

Na região central do assoalho oceânico do Oceano Atlântico, temos outro local de grande ocorrência de vulcões submarinos, que é a Dorsal Mesoatlântica, entre a África e a América do Sul. 

Quando determinado vulcão tem uma lava com mais sílica em sua composição, as explosões nas erupções são maiores. Isso ocorre principalmente em vulcões localizados em zonas de subducção de placas tectônicas.  

Por outro lado, vulcões que expelem lavas mais básicas, pobres em sílica, registram erupções menos explosivas. Logo, são menos perigosas para nós, seres humanos, e demais seres vivos. 

Plutonismo

A terceira força modeladora endógena é o plutonismofenômeno de intrusão magmática que ocorre nas profundidades da crosta terrestre. Isso ocorre quando o magma não consegue romper a crosta terrestre ao tentar penetrá-la, ficando retido e podendo formar relevos dômicos, devido a essa intrusão magmática. 

Agentes exógenos

Diferentemente dos anteriores, os agentes externos ou exógenos, atuam continuamente transformando as rochas e seus produtos. Esses agentes modificam o relevo a partir de fora da crosta terrestre e ocasionam o aspecto que apresenta atualmente, esculpindo a paisagem. Temos dois tipos de agentes externos: o intemperismo e a erosão.  

Nesta aula veremos esse assunto mais superficialmente, uma vez que produziremos uma aula específica e mais aprofundada sobre os agentes externos de formação do relevo. 

Intemperismo

O primeiro deles é o intemperismo, processo pelo qual as rochas são decompostas ou degradadas na superfície da Terra. O intemperismo é o primeiro passo no aplainamento das montanhas que foram soerguidas por processos da tectônica de placas.  

Mesmo durante o processo de soerguimento das montanhas, fatores como temperatura, vento, chuvas, rios, oceanos, geleiras, neve, microrganismos, cobertura vegetal, dentre outros, desgastam essas regiões. 

Os agentes do intemperismo podem, portanto, ser classificados em três tipos: intemperismo químico (reações químicas com os minerais), intemperismo físico (processos mecânicos) e intemperismo biológico (ação de seres vivos). Todos eles são aliados no processo de desintegração das rochas, sendo cada um deles mais ou menos presentes de acordo com o ambiente.  

Erosão

Outro agente externo/exógeno é a erosão, responsável pelo transporte de fragmentos ou sedimentos decorrentes do intemperismo de rochas ou minerais 

Através da erosão, as partículas produzidas pelo intemperismo são deslocadas e removidas de sua origem. De modo geral, esse transporte se dá principalmente pela ação da água da chuva (erosão laminar) e dos rios (erosão fluvial)pelo vento (erosão eólica), e também pela ação do gelo (erosão glaciária). 

Para continuar estudando sobre o tema, assista à videoaula do prof. Carrieri:

Referências: 

GROTZINGER, John P.; JORDAN, Thomas H. Para entender a terra. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. 

TAMDJIAN, James Onnig; MENDES, Ivan Lazzari. Geografia geral e do Brasil: estudos para a compreensão do espaço. São Paulo: FTD, 2013. 

TEIXEIRA, Wilson. Decifrando a Terra. 2. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009. 

Sobre o(a) autor(a):

O texto acima foi preparado pelo professor João Marcelo Vela para o Curso Enem Gratuito. João é licenciado e mestre em Geografia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Dá aulas de Geografia e Filosofia em escolas da Grande Florianópolis desde 2015, além de atuar como articulador de Ciências Humanas. E-mail para contato: [email protected]

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