O hífen pode confundir muitos estudantes, principalmente com as mudanças da Nova Ortografia. Leia este post para não errar mais!
Você sabe quando usar o hífen? Não? Então veja o uso desse sinal gráfico nesta aula de Português para o Enem? O hífen é um sinal gráfico muito utilizado na grafia das palavras em língua portuguesa. Fique atento (a) para não errar nas questões de ortografia que são geralmente cobradas nos vestibulares, Enem e concursos.
Como e quando usar o hífen?
Fique atento às regras de uso do hífen. Usa-se o sinal gráfico nos seguintes casos:
- Para representar a separação de sílabas. Veja: a-mi-go, sor-ve-te
- Em ligações dos pronomes oblíquos átonos. Observe os exemplos: desobedecer-lhe, chama-se.
- Em substantivos compostos que possuem autonomia fonética e acentuação própria e que possuem autonomia semântica, se compostos. Exemplos: guarda-chuva, amor-perfeito, conta-gotas.
- Em substantivos compostos onde a primeira palavra é numeral. Observe: sexta-feira, segunda-feira, primeiro-tenente, primeira-dama
- Substantivos compostos homogêneos (dois verbos, dois adjetivos, palavras repetidas). Veja: técnico-científico, tic-tac
- Topônimos compostos iniciados por adjetivos “grã, grão” ou por forma verbal cujos elementos estejam ligados por artigos. Exemplos: Grã-Pará, Trás-os-Montes, Baía de Todos-os-Santos.
- Substantivos compostos que designam espécies botânicas e zoológicas. Observe os exemplos: feijão-preto, erva-doce, bem-te-vi.
- Nas palavras compostas que iniciam com os seguimentos: além, aquém, recém e sem. Veja: além-mar, recém-formado, sem-vergonha.
- Separa-se com hífen palavras que terminam e iniciam com a mesma letra. Exemplos: anti-inflamatório, tele-entrega.
- Em palavras que formam encadeamento vocabular. Veja os exemplos: Rio-Niterói, professor-aluno
- Formações por sufixações terminadas por sufixos de origem tupi-guarani (-açu, -guaçu, -mirim). Observe: capim-açu, cajá-mirim
- Nas palavras começadas por “mal” antes de vogal, h ou I. Exemplos: mal-humorado, mal-educado, mal-lavada.
- Em locuções consagradas pelo uso. Exemplo: arco-da-velha, cor-de-rosa, à queima-roupa, ao deus-dará.
E quando não usar o hífen?
NÃO use hífen | |
Vogais diferentes | Autoescola, extraoficial, semiárido… |
Vogal seguida de R ou S (dobra-se R ou S) | Autorretrato, antissocial,contrarreforma |
Regra simples de quando usar o hífen
USE hífen | |
Vogais iguais | Micro-ondas, auto-observação |
Consoantes iguais | Inter-racial, hiper-realista |
Depois da palavra “bem” | Bem-vindo, bem-nascido |
Para aumentar o foco e aprender um pouco mais sobre quando usar o hífen, assista a videoaula da prof. Mercedes
Continue revisando quando usar o hífen com os exercícios abaixo:
Questão 01 – (IFPE/2017)
A palavra “mal-entendido”, na primeira linha do segundo parágrafo do texto, foi escrita com hífen em respeito ao que prescreve o último acordo ortográfico assinado pelos países de língua portuguesa. Entretanto, o referido acordo nem sempre determina a utilização do hífen quando “mal” funciona como prefixo. Sabendo disso, assinale a única alternativa em que se faz obrigatório o uso do hífen com o supracitado prefixo.
a) Mal-criado.
b) Mal-amada.
c) Mal-sucedido.
d) Mal-cheiroso.
e) Mal-visto.
Gab: B
Questão 2 – (IFPE/2016)
Acauã
Acauã, acauã vive cantando
Durante o tempo do verão
No silêncio das tardes agourando
Chamando a seca pro sertão
Chamando a seca pro sertão
Acauã,
Acauã,
Teu canto é penoso e faz medo
Te cala acauã,
Que é pra chuva voltar cedo
Que é pra chuva voltar cedo
Toda noite no sertão
Canta o João Corta-pau
A coruja, mãe da lua
A peitica e o bacurau
Na alegria do inverno
Canta sapo, gia e rã
Mas na tristeza da seca
Só se ouve acauã
Só se ouve acauã
Acauã, Acauã…
Luiz Gonzaga
O último acordo ortográfico impôs algumas mudanças no emprego do hífen na formação de palavras. No caso específico de “João Corta-pau”, que aparece na letra de Luiz Gonzaga, é correto afirmar que
a) perdeu o hífen, logo, deixou de ser palavra composta e teve sua escrita mudada para “joão corta pau”.
b) continuou a ser escrita com apenas um hífen, ou seja, “João Corta-pau”, pois a presença do nome próprio “João” impede outra possibilidade de escrita.
c) passou a ser escrita com apenas um hífen entre o nome próprio “João” e a forma verbal “corta”, sendo assim, sua escrita correta é “João-corta pau”.
d) possui apenas um hífen, todavia a palavra “joão” é escrita com letra minúscula, logo, passa a ser escrita “joão corta-pau”.
e) é escrita com dois hifens, ou seja, “joão-corta-pau”, por se tratar de palavra composta que serve para nominar espécie de animal.
Gab: E
Questão: 3
Bem-vindo ao circo – De Francisco Russo
Joe Wright foi uma escolha curiosa para a direção deste novo Peter Pan. (Re)conhecido por dramas de época de estilo clássico, como Desejo e Reparação e Orgulho e Preconceito, ele apresentou uma mudança na carreira em sua versão de Anna Karenina, graças a um apurado e muito bem executado design de produção que encheu os olhos dos espectadores – e ainda rendeu uma indicação ao Oscar. Percebendo o talento do diretor no desenvolvimento de um mundo repleto de imaginação, os executivos da Warner foram atrás dele para capitanear mais uma proposta de franquia: o prelúdio de Peter Pan. Wright topou, mesmo sem jamais ter dirigido um blockbuster. Ao assistir o primeiro filme de uma esperada trilogia, pode-se perceber que ele sabia muito bem aonde estava se metendo.
Com a mítica Terra do Nunca em mãos, Wright não se limitou a simplesmente replicar conceitos e ideias já vistos tanto no livro de J.M. Barrie quanto nas incontáveis versões feitas para o cinema. Por mais que estejam lá elementos como o crocodilo Tic-tac, as sereias e as fadas, todos foram recriados de forma que sejam reconhecidos mas não sejam exatamente iguais à figura presente no imaginário coletivo. Mais do que isso: Wright sabe bem que sua função primordial, neste filme, é entreter o espectador. E é isto que ele faz, tanto com quem está na poltrona quanto no próprio filme, através da brilhante analogia a la Moulin Rouge da canção “Smells Like Teen Spirit”. Sim, há Nirvana nesta aventura fantasiosa.
Com domínio absoluto do material que tem em mãos, o diretor solta a imaginação em sequências surpreendentes e visuais extravagantes. É no Cirque du Soleil que busca inspiração para a cena do rapto de Peter e demais órfãos pelos piratas, assim como os grandes shows de rock inspiram a apoteótica entrada do capitão Barba Negra. Hugh Jackman, seu intérprete, age como um verdadeiro popstar, usando e abusando de gestos expansivos para reger o público, histérico e eufórico pelo circo oferecido.
Como um verdadeiro carnavalesco, Wright habilmente divide Peter Pan em camadas que se transformam ao longo do desfile nas telonas. São várias as técnicas exploradas, desde a fotografia cinzenta para retratar a Londres da Segunda Guerra Mundial à animação que serve para contar a história pregressa da mãe de Peter. A ação ganha espaço na empolgante – e surreal – perseguição do navio voador pirata por caças britânicos e também na fuga dos ainda amigos Peter e Gancho, com direito à queda livre de um teleférico amplificada pelo 3D. Este, por sinal, é outra característica relevante de Peter Pan: o bom uso do 3D, com sequências inteiras pensadas e rodadas de forma a explorar a sensação de profundidade que o efeito oferece. O melhor exemplo é o momento em que Hugh Jackman saca um bastão rumo ao público, que ainda pode acompanhar a queda vertiginosa de uma bomba.
Além de oferecer um visual deslumbrante e extremamente criativo, Peter Pan ainda traz uma história que diverte. Por mais que haja deslizes como o uso da batida ideia de associar o personagem-título à imagem do escolhido – “the one”, em inglês -, as desventuras do jovem garoto neste mundo ainda desconhecido convencem. Especialmente a parceria formada com James Gancho, interpretado com um quê de Indiana Jones por um galanteador Garrett Hedlund, que brilha ainda no divertido sotaque (sulista?) criado para o personagem. O bom e velho Barrica – Smee, no original – é o alívio cômico clássico, bem interpretado por Adeel Akhtar, e Rooney Mara, se não brilha, traz ao filme um colorido de figurino que agrega à paisagem multicor do longa-metragem.
Por mais que tenha problemas de roteiro na reta final, especialmente no desfecho de Barba Negra, e possua uma fotografia bastante escura durante boa parte da duração – sensação ampliada pelo uso do óculos 3D -, Peter Pan é um filme que impressiona principalmente pela proposta estética e pelo domínio demonstrado pelo diretor ao construir este mundo de fantasia tão envolvente e tão ousado. Prova do talento de Joe Wright e também do quanto compreende a posição deste filme dentro da indústria cultural hollywoodiana. Muito bom.
(Disponível em: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-225884/criticas-adorocinema/).
Questão 03 – (UniRV GO/2016)
Assinale V (verdadeiro) ou F (falso) para as afirmações abaixo de acordo com o texto:
( ) O texto apresenta alguns estrangeirismos, como “design”, “blockbuster” e “popstar”, em virtude da inexistência de termos da língua portuguesa que pudessem substituí-los.
( ) No trecho “sensação ampliada pelo uso do óculos 3D”, a linguagem utilizada contraria a gramática normativa ao não pluralizar o artigo antes de “óculos”, embora essa construção já esteja muito disseminada entre os falantes do português brasileiro.
( ) O autor “brinca” com a formação da palavra “(re)conhecido” no primeiro parágrafo, combinando dois vocábulos em um, para dar a ideia de que Joe Wright é, ao mesmo tempo, famoso e aprovado como diretor de dramas de época.
( ) O vocábulo “bem-vindo”, no título, não está grafado segundo o novo acordo ortográfico, uma vez que essa palavra não deve mais ser escrita com hífen.
Gab: FVVF