Doenças crônicas não transmissíveis

Doenças crônicas são aquelas que possuem longa duração, progressão lenta e que, muitas vezes, não têm cura. Conheça mais sobre as doenças crônicas não transmissíveis!

57,4 milhões de brasileiros possuem pelo menos uma doença crônica não transmissível. Dentre elas, as cardiovasculares são responsáveis por mais de 27% de todos os óbitos anuais no nosso país. Isso ocorre porque essas doenças crônicas podem trazer sérios acometimentos, como infartos e AVCs. Então vamos entender mais sobre elas?

O que são doenças crônicas não transmissíveis

Doenças crônicas são aquelas que possuem longa duração, progressão lenta e, muitas vezes, são levadas pela vida toda. Infelizmente, muitas delas ainda não têm cura.

Existem dois tipos de doenças crônicas: as transmissíveis e as não transmissíveis (DCNT). As doenças crônicas transmissíveis são infecciosas e causadas por organismos invasores como vírus e parasitas. Alguns exemplos dessas doenças são a AIDS, hepatites B e C e tuberculose.

Enquanto isso, as doenças crônicas não transmissíveis estão associadas a fatores como idade elevada, má alimentação, estresse e sedentarismo. Asma, bronquite, diabetes, hiper e hipotireoidismo e hipertensão são alguns exemplos de doenças crônicas não transmissíveis.

Fatores de risco para as doenças crônicas

O aparecimento de doenças crônicas se deve, principalmente, por consequência do estilo de vida e hábitos individuais. De acordo com dados do Ministério da Saúde, 57,4 milhões de pessoas possuem pelo menos uma DCNT.

São as doenças crônicas não transmissíveis que possuem a maior mortalidade no Brasil. Entre elas se enquadram 4 grupos principais de doenças: as doenças cardiovasculares, diabetes, câncer e doença respiratória crônica, que são responsáveis pela maioria dos óbitos.

Existem fatores de risco que favorecem o desenvolvimento dessas doenças no nosso organismo. Entre eles estão: sexo e idade, hábitos e comportamentos, e o componente genético.

Dentre os fatores de risco comportamentais, os 4 principais são o tabagismo, o uso excessivo de álcool, a inatividade física e uma alimentação não saudável.

Monitoramento da população

No ano de 2014, convocada pela Organização nas Nações Unidas (ONU), aconteceu a Reunião de Alto Nível sobre DCNTs, que gerou o Documento Final da Assembleia Geral da ONU sobre DCNTs. Esse documento incluiu uma série de compromissos a serem implementados em 2015 e 2016 para a redução dos fatores de risco e uma melhor oferta de atendimento aos pacientes.

Enquanto isso, no Brasil criou-se o chamado Plano de Ações Estratégicas para o enfrentamento das DCNTs, de responsabilidade do Ministério da Saúde, que nesse momento estava sob responsabilidade do ministro Alexandre Padilha, do governo Dilma.

Através desses movimentos, podemos perceber o quanto esse assunto é levado a sério e é motivo de preocupação pelas organizações de saúde. A OMS, por sua vez, reconhece que as doenças crônicas não transmissíveis e suas consequências caracterizam um grande desafio para o desenvolvimento do século XXI.

Portanto, em 2015, criou-se, também pela ONU a Agenda 2030 com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Diante de várias metas apresentadas no documento, algumas dizem respeito às DCNT.

Entre elas estão:

  • reduzir em um terço a mortalidade prematura por doenças não transmissíveis via prevenção e tratamento, e promover a saúde mental e o bem-estar;
  • reforçar a prevenção e o tratamento do abuso de substâncias, incluindo o abuso de drogas entorpecentes e uso nocivo do álcool.

Também existe a meta de atingir a cobertura universal de saúde. Essa meta inclui:

  • a proteção do risco financeiro;
  • o acesso a serviços de saúde essenciais de qualidade;
  • o acesso a medicamentos e vacinas essenciais seguros, eficazes, de qualidade e a preços acessíveis para todos;
  • o fortalecimento da implementação do controle do tabaco.

Doenças cardiovasculares

Nesta aula, a abordagem específica diz respeito às doenças cardiovasculares, que no Brasil, totalizam 27,7% dos óbitos.

A fim de compreender a gravidade dessas doenças, vamos relembrar um pouco a estrutura e a função do sistema cardiovascular. Esse sistema é composto por uma bomba, o coração, e por vasos sanguíneos que transportam o sangue para todo o corpo.

Os vasos sanguíneos se diferem em veias e artérias. As artérias têm como função transportar o sangue rico em gás oxigênio para todos os tecidos do corpo, enquanto as veias retornam com o sangue carregado de CO2.

Entre as principais funções do sistema cardiovascular temos: transporte de gases – como já mencionado –, transporte de nutrientes, hormônios, mecanismos de defesa e calor.

As doenças cardiovasculares dizem respeito às patologias que acometem o coração e os vasos sanguíneos. Existem muitas condições cardiovasculares que levam ao desenvolvimento de patologias. Em seguida, vamos conhecer as principais.

Hipertensão

A hipertensão ocorre quando a pressão sanguínea nas paredes das artérias é maior que o recomendado. É caracterizada por pressões maiores ou igual a 140/90mmHg. De acordo com dados do Ministério da Saúde, a hipertensão acomete 24,7% da população.

As principais causas da hipertensão também dizem respeito, em sua maioria, com o estilo de vida do indivíduo. Por isso, seus fatores de risco são: tabagismo, consumo excessivo de bebidas alcoólicas, obesidade, estresse, hipercolesterolemia, alto consumo de sódio e sedentarismo.

Os tratamentos da hipertensão consistem em modulações medicamentosas, alimentação balanceada e com pouco sal, e a prática regular de atividades físicas. A maior preocupação é que a hipertensão pode levar a outros acometimentos cardiovasculares.

Hipercolesterolemia

A hipercolesterolemia também é uma condição cardiovascular que traz consigo diversas consequências. Nessa condição, os níveis de lipoproteínas de baixa densidade (LDL) estão em excesso no sangue, uma vez que o HDL (lipoproteínas de alta densidade), que é responsável por eliminá-las, não consegue exercer sua função com eficiência.

Conhecido como “colesterol alto”, a hipercolesterolemia traz consequências como o acúmulo de gorduras nas paredes sanguíneas. Os chamados ateromas dificultam a circulação sanguínea ou até mesmo podem chegar a impedi-la. Observe a representação na imagem a seguir:

interior de um vaso sanguíneo - doenças crônicas

Representação do interior de um vaso sanguíneo, mostrando algumas hemácias circulando e o acúmulo de gorduras ligadas à parede do vaso.

Esse acúmulo de ateromas nas paredes sanguíneas, caracteriza a aterosclerose. Na aterosclerose, há lesão e inflamação nas paredes sanguíneas. Está altamente ligada ao colesterol.

Esses ateromas podem acabar rompendo e se desconectando da parede dos vasos sanguíneos, deslocando para outros lugares do corpo. Dessa forma, essa condição está associada à ocorrência de infarto do miocárdio (quando chega nos vasos sanguíneos do coração), acidente vascular encefálico (quando chega nos vasos sanguíneos do cérebro), entre outros.

Arteriosclerose

Por fim, a arteriosclerose, com nome similar, apresenta características diferentes. Essa condição é intensificada com a idade, ocorrendo uma perda da elasticidade das artérias e o aumento de sua espessura. Apesar de ser natural com o avanço da idade, é intensificada com hipertensão e maus hábitos, como o tabagismo, má alimentação e sedentarismo.

A doença arterial coronariana (DAC) é o processo de aterosclerose nas artérias coronárias, que irrigam o miocárdio, músculo do coração, como representado na figura em seguida:

Artéria - doenças crônicas

Na imagem há primeiro um coração em formato real, e em seguida uma aproximação de uma de suas artérias, mostrando internamente um acúmulo de gordura na parede do vaso sanguíneo.

Assim, quando a condição está avançada e há uma grande obstrução das artérias, é caracterizada a isquemia miocárdica, causando angina – dor no peito.

Essa dor ocorre porque o sangue que consegue passar pelas artérias obstruídas não é suficiente para a demanda do momento, causando uma má oxigenação do tecido.

Como evitar as doenças cardiovasculares

Existem ainda outras condições e patologias do sistema cardiovascular. Elas podem possuir um componente genético forte. Mas em boa parte, podem ser evitadas com um estilo de vida saudável.

Por isso é imprescindível uma alimentação natural e balanceada, controlada em gorduras e sódio, o consumo moderado de álcool, evitar o tabagismo e possuir uma rotina de atividades físicas.

As atividades físicas regulares regulam a pressão arterial, melhoram o perfil lipídico, melhoram a circulação sanguínea geral e fortalecem o miocárdio, trazendo inúmeros benefícios para a prevenção ou até tratamento de doenças crônicas cardiovasculares.

Por fim, assista ao vídeo a seguir do cardiologista Roberto Kalil Filho sobre a importância da atividade física para o coração e responda as questões a seguir!

Exercícios sobre doenças crônicas

1- (FMTM MG/2004)

A arteriosclerose caracteriza-se pela perda da elasticidade da parede das artérias, causadas inicialmente pela deposição de placas de gordura (ateromas) e posterior precipitação conjunta de cálcio na superfície interna das artérias. Acerca das consequências da arterioesclerose foram feitas as afirmações:

I. A perda da elasticidade não permite o relaxamento da artéria no momento da sístole ventricular, o que pode gerar aumento da pressão arterial sistólica;

II. A obstrução, se ocorrer nas artérias coronárias, pode levar ao infarto agudo do miocárdio

III. Ateromas que se desprendem das artérias podem obstruir outras artérias, como, por exemplo, as que fornecem sangue ao encéfalo, caracterizando a isquemia cerebral.

a) I, apenas

b) II, apenas

c) I e II, apenas

d) I e III, apenas

e) I, II e III

2- (UFSC/2018)

O Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA) mobilizou cerca de 500 pesquisadores que, em 2013 e 2014, coletaram informações sobre 75 mil adolescentes de 12 a 17 anos. De acordo com esse estudo, o sedentarismo, que pode levar ao ganho contínuo de peso, é alto. A metade dos adolescentes não tem horários regulares nem a companhia dos familiares e mantém uma alimentação desequilibrada e pouco nutritiva, com muitos alimentos industrializados, em geral muito calóricos, com níveis elevados de gordura e sal.

Muitos desses resultados são similares aos registrados na Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PENSE) 2015 que, a partir de informações sobre 100 mil adolescentes de 13 a 17 anos coletados em 2015, registrou uma prevalência de 23,7% de excesso de peso, correspondendo a um total estimado de 3 milhões de escolares. Nos dois estudos, a Região Sul apresentou a maior proporção de adolescentes com excesso de peso.

FIORAVANTE, C. A frágil saúde dos adolescentes. Pesquisa FAPESP, N.248, P.19, out. 2016. [Adaptado].

Com base nos estudos apresentados e sobre os assuntos relacionados, é correto afirmas que:

01. Apenas a Região Sul possui percentuais de adolescentes com excesso de peso maiores que os da média nacional.

02. Indivíduos com excesso de peso podem apresentar pressão arterial elevada, condição em que o miocárdio precisa aplicar uma força maior para bombear o sangue para dentro das artérias, o que pode levar a uma insuficiência cardíaca.

04. A obesidade, o estilo de vida sedentário e a hipertensão são fatores de risco podem contribuir para o desenvolvimento de aterosclerose.

08. A ingestão frequente de bebidas açucaradas e alimentos ultra processados, como biscoitos recheados salgadinhos de pacote, macarrão instantâneo e salsichas, contribui para diversas enfermidades, entre elas a hipertensão e obesidade.

16. As pesquisas ERICA e PENSE mostram a mesma ordem de classificação das regiões brasileiras em relação aos percentuais de adolescentes com excesso de peso.

3- (UNIFOR CE/2018)    

“Quem nota o calçadão da Avenida Beira-Mar lotado de corredores todas as manhãs, as centenas de bikes verdes do Bicicletar cruzando a cidade e a popularização das corridas de rua em Fortaleza pode não estar a par de um dado alarmante: 20% dos fortalezenses estão obesos e 56,5% vivem com sobrepeso conforme pesquisa realizada pela Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por inquérito Telefônico (VIGETEL) 2016, divulgada em 2017 pelo Ministério da Saúde”.

(Diário do Nordeste, 11.10.2017).

A progressão dessa pandemia da obesidade deve-se ao fato de que:

a) os fatores hereditários têm revelado estar em primeiro lugar no aumento da obesidade das futuras gerações.

b) a descoberta da leptina, hormônio que regula o apetite em humanos, é geralmente é alta em obesos.

c) ultimamente os hábitos de vida, como o sedentarismo e a alimentação industrializada, estejam entre os principais contribuintes.

d) os valores do índice de massa corporal (IMC), parâmetro norte-americano de medidas antropométricas, são superestimados.

e) a maior capacidade de detecção das síndromes genéticas, antigamente desconhecidas pela sociedade científica.

Gabarito:

  1. E
  2. 14
  3. C

Sobre o(a) autor(a):

O texto foi escrito pela professora Milena Boeng, bacharela em Educação Física pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) e pós-graduanda em Musculação e Condicionamento Físico.

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