Exercício físico e imunidade: Entenda essa relação

Exercício físico e imunidade são duas coisas que sempre andaram juntas. Um dos benefícios de praticar exercícios físicos é ajudar a fortalecer o sistema imunológico. Por isso veja agora alguns dos conceitos básicos dessa melhora.

Exercício físico e imunidade são duas coisas que sempre dependeram uma da outra para que o ser humano tenha uma saúde. Para conseguirmos ter um bom condicionamento e ainda ser saudável contamos com o sistema imunológico que defende o corpo de possíveis doenças e vírus.

O sistema imunológico serve para barrar possíveis invasores que causam patologias no nosso corpo. Eles são compostos por células que nos protegem de vírus, bactérias e até câncer. A prática regular de exercícios físicos pode aprimorar esse sistema, nos ajudando no combate de possíveis patologias.

exercício físico e imunidadeSe exercitar beneficia o sistema imunológico

Para entendermos como o exercício físico e imunidade se comunicam, precisamos revisar os conceitos básicos do sistema imunológico do nosso corpo.

Sistema imunológico

O sistema imunológico tem como principal função, proteger nosso organismo de invasores que possivelmente são patológicos, ou seja, causam doenças.

Esse sistema precisa reconhecer aquilo que pertence ao nosso organismo e diferir daquilo que não pertence, que é um invasor. Dessa maneira, dizemos que ele reconhece antígenos, sendo esses qualquer substância ou organismo que o sistema imunológico é capaz de reconhecer e desenvolver uma resposta imunológica.

Essas substâncias podem estar presentes em microrganismos (vírus, bactérias, germes e fungos), em vermes e células cancerígenas. Após reconhecer o antígeno, ocorre uma resposta imunológica, que consiste em mover forças para combater o invasor, atacá-lo, controlá-lo e então, finalizar a ação.

Como funciona o sistema imunológico

O sistema imunológico é composto por diversas células que participam de todo o processo de resposta imunológica. Todas essas células são produzidas na medula óssea vermelha, que é encontrada nas cavidades dos maiores ossos do nosso corpo, como o fêmur, por exemplo.

A medula óssea produz uma célula que se chama célula tronco hematopoiética, que pode se diferenciar em glóbulos brancos (leucócitos), vermelhos (eritrócitos) e plaquetas.

Os glóbulos vermelhos não participam do nosso sistema imunológico, apenas os leucócitos e as plaquetas, que agem na coagulação sanguínea. Já os leucócitos podem se diferenciar em 8 tipos diferentes de célula. Cada uma delas com sua função específica no sistema.

Os leucócitos aparecem entre os eritrócitos (células vermelhas), que possuem um formato achatado. Descrição da imagem: representação dos leucócitos, células brancas e redondas na corrente sanguínea.Os leucócitos aparecem entre os eritrócitos (células vermelhas), que possuem um formato achatado. Descrição da imagem: representação dos leucócitos, células brancas e redondas na corrente sanguínea.

São elas: neutrófilos, eosinófilo, basófilo, monócito, célula dendrítica, linfócito T, natural Killer e linfócito B.

Linhas de defesa responsáveis pela imunidade

Entretanto, incluindo suas células, o sistema imunológico possui outras linhas de defesa, sendo elas as barreiras físicas, as moléculas (anticorpos) e os órgãos linfoides.

Como barreiras físicas, temos o exemplo da pele e as membranas que revestem nosso sistema reprodutor, digestório, entre outros. Essas barreiras são intactas e impedem de invasores penetrarem nosso corpo.

As células por sua vez, os leucócitos, circulam na corrente sanguínea e entram em lugares que precisam dispor suas funções, de defender e atacar micro-organismos. Essa defesa através das células pode acontecer de duas formas, chamadas de imunidade inata e imunidade adquirida.

As diferenças entre imunidade inata e adquirida

A imunidade inata, como o nome já diz, é aquela que está presente no nosso corpo desde quando nascemos. As células que agem nessa resposta, não precisam ter tido um contato anterior com agentes invasores, elas não precisam reconhecê-lo para atacá-lo.

Já na imunidade adquirida, as células identificam o invasor e conseguem reconhecê-lo nas próximas vezes de um possível ataque, ficando cada vez mais eficiente na defesa.

E é através de moléculas, ou seja, as citosinas, anticorpos e proteínas complementares, que sinalizam para atrair células do sistema imunológico para determinado local afetado, causando o processo de inflamação.

Composição do sistema imune

Durante o processo de inflamação, o fluxo sanguíneo aumenta na região afetada, aumentando o aporte das células para defesa, causando vermelhidão, inchaço e calor. O objetivo principal do processo inflamatório é não espalhar a infecção.

Esse sistema também é composto por órgãos linfoides, que são classificados como primários ou secundários. Os primários são a medula óssea vermelha, que produz as células imunológicas, e o timo que treina os linfócitos T, essenciais na imunidade adquirida.

Os secundários são o baço, as amigdalas, o apêndice e as placas de Peyer no intestino. Esses lugares servem para as células do sistema se acumularem e interagirem com invasores, gerando respostas imunológicas.

O sistema linfático também é um importante constituinte da nossa imunidade. Composto por linfonodos conectados por vasos linfáticos. Os linfonodos filtram ou destroem células mortas, substâncias estranhas entre outros, que circulam em um líquido denominado linfa.

Revisamos os conceitos gerais do funcionamento do sistema imunológico. Agora, precisamos entender como os exercícios físicos podem auxiliar no funcionamento desse sistema.

Exercícios físico e imunidade

Acredita-se que de maneira crônica, a prática regular de exercícios físicos leve benefícios a todos os sistemas orgânicos do organismo, incluindo o sistema imunológico.

Mesmo entre controvérsias, dados epidemiológicos apresentam uma menor incidência de infecções bacterianas e virais em populações fisicamente ativas. A resposta do exercício físico no sistema imunológico depende do seu volume, frequência e intensidade, podendo esses fatores serem responsáveis por aumentar ou diminuir as respostas imunes.

Os exercícios de intensidade e volumes altos podem causar uma imunossupressão, enquanto os exercícios moderados podem aprimorar o funcionamento desse sistema.

Como o exercício físico pode influenciar na imunidade

Devido ao estresse causado ao corpo, nas horas seguintes ao exercício, há uma imunossupressão. Isso se dá devido a um aumento das quantidades sérias das catecolaminas (adrenalina e catecolamina), hormônios liberados devido ao estresse fisiológico que o exercício provoca.

Essa imunossupressão também depende do volume e intensidade do exercício realizado. Quando maiores são essas variáveis, maior é a imunossupressão, que pode durar de 3 até 72 duas horas pós-exercício.

Além disso, há uma diminuição da glutamina, o aminoácido mais abundante no nosso corpo. A glutamina é requerida como energia para diversos sistemas e tecidos do nosso corpo, inclusive o imune. A produção de citosinas, por exemplo, depende da disponibilidade de glutamina.

Exercício físico e imunidade: consequências

Porém, todos esses fatores são normalizados algumas horas após o estímulo. Dessa maneira, o repouso necessário precisa acontecer. Esses malefícios na imunidade acontecem principalmente com a prática de exercícios exaustivos, intensos e volumosos.

Pelo lado bom, estudos mostram um aumento do número de células natural killers, com o treinamento aeróbio moderado e regular. Pode ocorrer um aumento de 50% da atividade citotóxica dessas células.

Portanto, é necessário cuidado. Atividades físicas desgastantes causam imunossupressão nas horas seguintes ao exercício. Logo, o repouso e descanso adequado são necessários. Contudo, atividades moderadas e regulares aumentam a quantidade de células imunológicas.

Para complementar seu conhecimento sobre o assunto, assista o vídeo do Dr. Dráuzio Varela e responsa as questões a seguir.

Video-aula

Exercícios

1) (UNIFOR – 2020)
“Agora sabemos a razão bioquímica pela qual obesos e diabéticos são mais propensos a desenvolver doenças. De acordo com o professor Curi, o trabalho é importante porque conseguiu demostrar que neutrófilos de ratos obesos e de ratos diabéticos não exercem seu principal papel no corpo e, assim a doença se instala. disse Curi”

Fonte: Ciências da Saúde. Jornal da USP. Março de 2019.

De acordo com o texto, a célula envolvida na descoberta foi o neutrófilo. Logo, é possível afirmar que a “incapacidade” observada dessa célula frente a sua real função terá impactos diretamente no Sistema

A) Imunológico

B) Tegumentar

C) Respiratório

D) Nervoso

E) Reprodutor

2) Em relação ao sistema imunológico e a prática de exercícios, responda V ou F:

( ) Os níveis de glutamina caem nas horas seguintes ao exercício físico, podendo influenciar na imunidade;

( ) Prática regular de atividades físicas de intensidade moderada aumentam os níveis da célula imunológica denominada natural killer.

( ) Exercícios de alta intensidade e volume podem melhorar ainda mais a imunidade do que exercícios de intensidade moderada.

( ) A imunossupressão pós-exercício físico, se dá, em parte, devido ao aumento dos níveis das catecolaminas.

GABARITO

1 – A

2 – V-V-F-V

Sobre o(a) autor(a):

O texto foi escrito pela professora Milena Boeng, bacharela em Educação Física pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) e pós-graduanda em Musculação e Condicionamento Físico.

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