Vamos falar da Filosofia do Renascimento? É matéria do Enem e do vestibular! Então vem conferir como pensavam os filósofos na passagem da Idade Medieval para a Moderna!
A Filosofia do Renascimento teve seu início com o declínio da Escolástica nos meados do século XIV. A principal característica desse período foi o resgate das ideias Clássicas. Durante esse período histórico ocorreram muitas transformações no mundo, desde a transição do feudalismo para o mercantilismo até a passagem da Teologia para o Humanismo.
Ao longo da história há um certo movimento pendular nas revoluções filosóficas que, por consequência, deram origem à Filosofia do Renascimento.
Para compreendermos esse período precisamos lembrar que durante a Antiguidade o Mito era o discurso dominante. Porém, com o passar do tempo, houve um movimento para superar essa ideia a partir do discurso filosófico.
A origem da Filosofia, inclusive, deu-se a partir desse movimento em direção à racionalização. Durante esse período de transição, foi fundamental combater toda ideia fantasiosa – poderia dizer religiosa – que não fosse racional.
Porém, na Idade Média, com o aparecimento da Patrística, o pensamento volta a ser explicado retomando o Mito, ainda que numa nova roupagem. Durante esse período a Igreja tratou de trazer a religião ao centro do pensamento filosófico ocidental. Embora o Mito grego não seja necessariamente um paralelo exato para religião cristã, ambos apresentam uma narrativa fantasiosa a respeito do mundo.
A Filosofia do Renascimento
Como você pode observar, o movimento filosófico é pendular. Assim sendo, a Filosofia do Renascimento vai fazer o resgate do pensamento filosófico da Antiguidade Clássica. Aliás, vale ressaltar que a Escolástica também se usou desse pensamento filosófico. Entretanto, esse resgate feito pela Igreja serviu para fundamentar uma Teologia e não uma emancipação, como pregavam os filósofos gregos.
É justamente por conta desse movimento que usamos o termo Renascimento. Esse termo se refere ao resgate da cultura e do esplendor que o período grego de outrora trouxe a Filosofia. Isso fica evidente nas transformações econômicas, culturais, políticas, sociais e é claro, religiosas que aconteceram durante o Renascimento.
Da Teologia ao Humanismo
A Teologia era aquela “parada” que colocava Deus como centro do pensamento. Os adeptos da Teologia se ocupavam em refletir sobre Deus, sua natureza, seus atributos, além de suas relações com o homem e com o universo. Enfim, Ele era o centro de tudo e a humanidade ficava em segundo plano.
Dessa maneira, a principal mudança causada pela Filosofia do Renascimento foi a transição da Teologia para o Humanismo. Com o declínio da Escolástica houve um enfraquecimento do pensamento dogmático, bem como da influência da Igreja sobre a sociedade.
Em contrapartida, o aparecimento da burguesia, a invenção da imprensa e uma série de outras revoluções cientificas fez com que o Renascimento promovesse a valorização da Razão, assim como, da genialidade do indivíduo. Durante esse período grandes nomes surgiram e desafiaram a Igreja e todo o pensamento por ela defendido. Desse modo, deu-se início a valorização do ser humano frente a Deus.
Foi essa nova “vibe” a respeito do lugar do ser humano que fundamentou as ideias de uma galera chamada de Humanistas. Essas pessoas “descoladas”, rejeitavam os princípios da Escolástica, buscando revalorizar sua sociedade baseado nos valores da Antiguidade Clássica.
Assim sendo, temos que o Humanismo foi um movimento de valorização da capacidade humana, priorizando um saber crítico e a busca de um maior conhecimento da humanidade enquanto espécie. Fundamentando-se na potencialidade das faculdades das pessoas e no seu livre arbítrio, o Humanismo é a reação filosófica a Teologia.
Pensadores do Renascimento
Já que Deus deixava de ser visto como o ponto central do pensamento filosófico, novas abordagens começam a surgir. Os limites antes impostos pelos dogmas da Igreja começavam a sumir paulatinamente. Com isso, vários pensadores começaram a adotar posturas distintas de pensamento, criando um movimento heterogêneo que há muito não se via.
Dentre esse turbilhão de ideias que foram surgindo (e não se engane, a Igreja não aceitou facilmente essa transição) podemos destacar William Shakespeare na Inglaterra, Miguel de Cervantes Saavedra na Espanha e Galileu Galilei na Itália.
Agora, tem uma cidade da Itália que é considerada como o berço do Renascimento, ou ao menos berço das principais obras do Renascimento. Está cidade é Florença, o cenário de obras de artistas do Renascimento, como Michelangelo, Leonardo da Vinci, Rafael, Donatello, Giotto di Bondone, Sandro Botticelli, dentre outros.
Leonardo da Vinci
Talvez o nome mais conhecido dessa época, quiçá o artista mais conhecido do mundo, foi Leonardo di ser Piero da Vinci, o maior expoente da Filosofia do Renascimento. Meu “camarada” Leo foi um filósofo polímata, isto é, ele era uma espécie de faz tudo. Da Vinci entendia de Filosofia, mas além disso também era matemático, engenheiro, inventor, anatomista, pintor, escultor, arquiteto, botânico, poeta, músico e mestre Pokémon (#sqn).
Leonardo pregava que o espirito humano tinha uma capacidade ilimitada pois fazia uso da razão. Aliando esse preceito filosófico a um método empírico, ao contrário da Escolástica Medieval, que se limitava basicamente à consulta do passado, Leonardo criou coisas fantásticas. Dentre suas criações, estão máquinas voadoras e tanques de guerra. Por conta disso ficou conhecido como o percursor da aviação e da balística.
Nicolau Maquiavel
Outro sujeito que ficou muito “pop” nessa época foi Niccolò di Bernardo dei Machiavelli, nascido em (adivinha?) Florença. Maquiavel foi um filósofo, historiador, poeta, diplomata e músico italiano. Sua importância para a Filosofia se dá por suas teorias políticas. Aliás, muito da ciência política moderna se deve a ele.
Nicolau ganha notoriedade quando propõe a ideia de os governantes serem cruéis afim de obter ou manter o poder. Vale lembrar que a Itália nessa época não possuía uma unidade governamental, mas várias cidades independentes. Maquiavel ajudou a fundamentar a ideia de um único soberano que governaria a nação por qualquer meio, inclusive a violência. Assim, o príncipe com seu exército nacional que substituísse as precárias forças mercenárias, deveria ser capaz de estender seu domínio sobre todas as cidades italianas, acabando com a discórdia.
Características da Filosofia do Renascimento
Enfim, a Filosofia do Renascimento foi um movimento importantíssimo para o desenvolvimento de diversas áreas do conhecimento. Muitas crenças foram refutadas pela Filosofia do Renascimento que contou com o apoio da ciência e das investigações empíricas.
Assim, o predomínio da religião deixou de ser absoluto e abriu caminho para o desenvolvimento das demais áreas e servindo de pano de fundo para a separação que ocorreria entre o Estado e a Igreja, bem como, para o movimento Iluminista que surgiria anos mais tarde.
Questões sobre a Filosofia do Renascimento
Cara, bora lá então testar seus conhecimentos renascentistas com essas questões:
1) (Enem) (…) Depois de longas investigações, convenci-me por fim de que o Sol é uma estrela fixa rodeada de planetas que giram em volta dela e de que ela é o centro e a chama. Que, além dos planetas principais, há outros de segunda ordem que circulam primeiro como satélites em redor dos planetas principais e com estes em redor do Sol. (…). Não duvido de que os matemáticos sejam da minha opinião, se quiserem dar-se ao trabalho de tomar conhecimento, não superficialmente, mas duma maneira aprofundada, das demonstrações que darei nesta obra. Se alguns homens ligeiros e ignorantes quiserem cometer contra mim o abuso de invocar alguns passos da Escritura (sagrada), a que torçam o sentido, desprezarei os seus ataques: as verdades matemáticas não devem ser julgadas senão por matemáticos. (COPÉRNICO, N. De Revolutionibus orbium caelestium)
Aqueles que se entregam à prática sem ciência são como o navegador que embarca em um navio sem leme nem bússola. Sempre a prática deve fundamentar-se em boa teoria. Antes de fazer de um caso uma regra geral, experimente-o duas ou três vezes e verifique se as experiências produzem os mesmos efeitos. Nenhuma investigação humana pode se considerar verdadeira ciência se não passa por demonstrações matemáticas. (VINCI, Leonardo da. Carnets)
O aspecto a ser ressaltado em ambos os textos para exemplificar o racionalismo moderno é
(A) a fé como guia das descobertas.
(B) o senso crítico para se chegar a Deus.
(C) a limitação da ciência pelos princípios bíblicos.
(D) a importância da experiência e da observação.
(E) o princípio da autoridade e da tradição.
2) (UEL) O Renascimento, amplo movimento artístico, literário e científico, expandiu-se da Península Itálica por quase toda a Europa, provocando transformações na sociedade. Sobre o tema, é correto afirmar que:
(A) o racionalismo renascentista reforçou o princípio da autoridade da ciência teológica e da tradição medieval.
(B) houve o resgate, pelos intelectuais renascentistas, dos ideais medievais ligados aos dogmas do catolicismo, sobretudo da concepção teocêntrica de mundo.
(C) nesse período, reafirmou-se a ideia de homem cidadão, que terminou por enfraquecer os sentimentos de identidade nacional e cultural, os quais contribuíram para o fim das monarquias absolutas.
(D) o humanismo pregou a determinação das ações humanas pelo divino e negou que o homem tivesse a capacidade de agir sobre o mundo, transformando-o de acordo com sua vontade e interesse.
(E) os estudiosos do período buscaram apoio no método experimental e na reflexão racional, valorizando a natureza e o ser humano.
3) (Uneb-BA) Leia atentamente os relatos a seguir:
“O pintor que trabalha rotineira e apressadamente, sem compreender as coisas, é como o espelho que absorve tudo o que encontra diante de si, sem tomar conhecimento”.
“Experiência, mãe de toda a certeza”
“Só o pintor universal tem valor”
São trechos de Leonardo da Vinci, personagem destacada do Renascimento. Neles, o autor exalta compreensão, experiência, universalismo, valores que marcaram o:
(A) Teocentrismo, como princípio básico do pensamento moderno.
(B) Epicurismo, em alusão aos princípios dominantes na Idade Média.
(C) Humanismo, como postura ideológica que configurou a transição para a Idade Moderna.
(D) Confucionismo, por sua marcada oposição ao conjunto dos conhecimentos orientais.
(E) Escolasticismo, dado que admitia a fé como única fonte de conhecimento.
Gabarito
- D, 2. E, 3. C.