EUA x China: o que essa guerra comercial tem a ver com o Enem?

Entenda a guerra comercial entre EUA e China e veja como esse tema pode aparecer no Enem 2025 em atualidades e questões interdisciplinares.

Em abril de 2025, a guerra comercial entre Estados Unidos e China atingiu um novo pico, com tarifas recordes de 104% impostas pelos EUA e 84% aplicadas pela China em produtos como eletrônicos, soja e carne.

Esse conflito, que começou a se intensificar anos atrás, envolve disputas tecnológicas, poder geopolítico e questões ambientais, afetando o comércio global e o Brasil de maneira significativa.

Por sua relevância e complexidade, é um tema com grande chance de aparecer no Enem, seja nas questões das quatro áreas do conhecimento, seja como base para a redação. A seguir, apresentamos cinco perspectivas temáticas que podem ser cobradas, com contextos explicados e exemplos práticos para apoiar sua preparação.

Como chegamos a essas tarifas?

Donald Trump (esquerda), presidente dos Estados Unidos, e Xi Jinping (direita), presidente da China. (Foto: Reprodução)

A guerra comercial entre EUA e China não surgiu do nada – ela tem raízes em décadas de tensões econômicas.

Desde os anos 2000, os EUA vinham criticando o desequilíbrio comercial com a China, que exportava muito mais para os americanos do que importava deles. Em 2018, esse descontentamento explodiu quando o então presidente Donald Trump, em seu primeiro mandato, impôs tarifas sobre produtos chineses, acusando o país de práticas desleais, como subsídios às indústrias e roubo de propriedade intelectual.

Naquele ano, o déficit comercial dos EUA com a China era de 419 bilhões de dólares, e Trump queria mudar isso. A China respondeu com tarifas próprias, como sobre a soja americana, e assim começou uma troca de golpes econômicos que durou anos.

Em 2020, os dois lados assinaram o acordo “Fase Um”, com a China prometendo comprar mais produtos americanos, mas o pacto não resolveu as tensões de fundo e logo perdeu força.

Quando Trump voltou ao poder em janeiro de 2025, ele trouxe de volta a política de tarifas com ainda mais força.

Logo no primeiro mês, impôs taxas de 10% sobre todos os produtos chineses, alegando que a China continuava manipulando o comércio e ameaçando a segurança econômica dos EUA.

Em fevereiro e março, essas tarifas subiram mais 20%, chegando a 30%, enquanto a China retaliava com taxas menores, como 15% sobre produtos agrícolas americanos. O ponto de virada veio em abril: no dia 2, Trump anunciou uma nova alta de 34%, levando as tarifas totais a 54%, como parte de sua estratégia de “tarifas recíprocas” – ou seja, igualar ou superar as barreiras que outros países impõem aos EUA.

A China, sentindo-se pressionada, respondeu no dia 4 com uma tarifa adicional de 34% sobre todos os bens americanos, somando 84% com as taxas já existentes. Trump, no dia 7, ameaçou mais 50% se a China não recuasse, e no dia 9, cumpriu a promessa, elevando as tarifas americanas a 104%. A China, então, manteve sua posição de 84%, mas sinalizou que poderia ir além se necessário.

Esse escalation aconteceu por vários motivos. Nos EUA, Trump usou as tarifas como arma política e econômica, prometendo proteger empregos e reduzir a dependência da China, especialmente após anos de pandemia e tensões globais. Na China, o governo de Xi Jinping viu as tarifas como um ataque à sua soberania e ao plano “Made in China 2025”, que busca liderar setores como tecnologia.

O resultado foi uma espiral de retaliações, com cada lado tentando mostrar força, enquanto o comércio global sofria as consequências. Agora, com essas taxas altíssimas, o Brasil e outros países sentem o impacto, seja lucrando com exportações ou enfrentando preços mais altos.

Competição econômica e protecionismo

Essa disputa é uma corrida por domínio econômico.

Os EUA taxam produtos chineses em 104% para fortalecer sua indústria e reduzir o déficit comercial, mirando regiões como o Rust Belt, que perdeu empregos para a Ásia. A China, com tarifas de 84%, protege seu mercado e avança o “Made in China 2025” para ser autossuficiente em tecnologia.

No Enem, pode surgir como um debate sobre os efeitos do protecionismo, analisando se essas barreiras ajudam ou prejudicam o comércio global, com o Brasil ganhando em exportações, mas pagando mais por importações.

Impactos no Brasil e na América Latina

O Brasil sente os efeitos dessa disputa de forma prática.

Com as tarifas americanas dificultando as vendas da China para os EUA, Pequim aumentou a compra de soja e carne brasileiras em 2025, beneficiando o agronegócio, setor essencial para nossa economia

No entanto, a instabilidade nas cadeias globais eleva os custos de produtos importados, como máquinas e eletrônicos, afetando consumidores e empresas aqui. Esse cenário é típico do Enem, que gosta de explorar como decisões internacionais impactam países em desenvolvimento. Os estudantes podem ser desafiados a pesar os ganhos das exportações contra os riscos de depender muito de um mercado como o chinês, o que poderia limitar nossa autonomia econômica no futuro.

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Tecnologia como campo de batalha

Outro aspecto crucial é a rivalidade tecnológica.

Os EUA restringem o acesso da China a semicondutores – componentes essenciais para eletrônicos – e tecnologias como 5G, com medidas contra empresas como a Huawei, para frear o avanço chinês. A China, por outro lado, investe em pesquisa e produção própria, buscando independência nesse setor estratégico.

Em 2025, isso resulta em uma escassez mundial de chips, encarecendo desde celulares até carros, com reflexos no Brasil. No Enem, esse viés pode aparecer em questões sobre a importância da tecnologia para a economia atual, levando os alunos a refletirem sobre como essa disputa influencia o desenvolvimento global e o acesso a bens essenciais.

Sustentabilidade e pressão ambiental

A guerra comercial também traz consequências para o meio ambiente.

Para suprir a demanda chinesa por soja, que cresceu em 2025 devido às barreiras aos EUA, o Brasil amplia suas áreas agrícolas, intensificando o desmatamento na Amazônia e aumentando as emissões de CO₂, um gás que contribui para o aquecimento global.

Enquanto isso, os americanos criticam a poluição das indústrias chinesas, que sustentam seu crescimento econômico. Esse tema conecta economia e ecologia, um foco comum no Enem, que pode pedir aos estudantes que avaliem os custos ambientais do progresso econômico, analisando se os lucros das exportações justificam os danos à natureza.

Geopolítica e polarização global

Por fim, a guerra comercial está reorganizando as alianças mundiais. Os EUA pressionam parceiros como Canadá e México, via acordo T-MEC, a apoiar sua posição, enquanto a China amplia os laços com os BRICS, grupo que inclui o Brasil, para construir uma rede alternativa de influência.

Em 2025, essa polarização fica evidente, com Pequim intensificando acordos com nações emergentes e Washington tentando conter o alcance chinês. O Brasil busca um meio-termo, mantendo relações comerciais com ambos. No Enem, esse viés pode surgir em reflexões sobre as tensões entre blocos globais, questionando o papel de instituições como a OMC diante de um comércio mundial cada vez mais fragmentado.

Sobre o(a) autor(a):

Luana Santos - Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina, é redatora com foco em educação, produção de conteúdo para o Enem e vestibulares. Atualmente, integra a equipe da Rede Enem, onde cria materiais informativos e inspiradores para ajudar estudantes a alcançarem seus objetivos acadêmicos. Ama café, livros e uma boa conversa sobre educação.  

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