Sociedade de Consumo: entenda a produção e o consumo brasileiro

Esta aula tratará das principais questões relacionadas à temática da produção e consumo na sociedade brasileira. Vem com a gente revisar geografia para o Enem!

A sociedade de consumo é pautada na lógica de que “consumir mais é o melhor”. Ou seja, essa premissa tem suas raízes no processo da Revolução Industrial, onde o modelo de produção em série e o crescimento das empresas de comunicação foram fundamentais para a concretização da sociedade de consumo.

Dessa forma, o consumismo da época foi o elemento fundamental do sistema capitalista. Sistema esse que tem nos Estados Unidos seu principal representante para o resto do mundo ao longo do século XX.

Fotografia de Charles Chaplin em cena do filme Tempos Modernos, onde o processo de produção em série é retratado e problematizado.

O que é sociedade de consumo

O modelo American Way of Life (estilo de vida americano) surgiu no início do século XX, portanto ele nasceu em um momento de grande prosperidade econômica estadunidense. Dessa maneira, ele se beneficiava da elevada capacidade produtiva do setor industrial, o que intensificou a sociedade de consumo. Em resumo, podemos dizer que de acordo com esse modelo, quanto mais você consome, mais você tem e melhor você é.

Consequentemente, a sociedade de consumo passou a ser o motor da economia, gerando assim altos lucros para as empresas e bem-estar econômico para a população. Por isso, por meio da aquisição de renda, empregos e produtos a vida poderia ser próspera.

Consumo e consumismo na sociedade atual

Dessa maneira, podemos concluir que o consumo seria fundamental para a economia de um país. Entretanto é necessário que as pessoas consumam para atender às suas necessidades pessoais, além de movimentar a economia e as empresas, que por sua vez, geram empregos.

Porém, o consumismo também pode reflete um mercado compulsivo, ou seja, um lugar em questões o indivíduo realiza compras sem limites e sem necessidade. Um dos grandes influenciadores são os meios de comunicação de massa, pois influenciam principalmente no consumo exagerado. Em suma, os meios de comunicação utilizam propagandas e estratégias de marketing que contribuem para que o indivíduo consuma de maneira impulsiva.

Sendo assim cria-se um simbolismo ilusório entre o consumir e a sua relação com o prazer, o sucesso e a felicidade. Então situações como essa são muito bem construídas pelas mídias e pelas propagandas.

Sociedade de consumo e a diversidade de produtos no mercado

Diante do consumismo, a sociedade de consumo se vê em frente a uma grande diversidade de mercadorias e portanto, um mar de opções. Entretanto, com a evolução tecnológica dos meios de produção, houve um aumento no volume de produtos em circulação para serem consumidas, o que gera assim um desperdício.

Porém, com as técnicas de publicidade atuais, as mesmas criam táticas para aumentar as vendas de determinados produtos quando a oferta é maior que a procura. Por isso, a sociedade de consumo, diante dos meios de produção cada vez mais tecnológicos e rápidos, tende a aumentar o volume da produção. Tal produção que é feita com um custo menor, faz com que as mercadorias tenham um tempo de vida útil cada vez mais curto.sociedade de consumoCharge retratando a sociedade de consumo.

Os meio de comunicação e a sociedade de consumo

Assim como dito anteriormente, os meios de comunicação massificam os padrões de consumo, criando dessa maneira a indústria cultural. Ou seja, uma indústria que tem como objetivo atingir a maioria da população, sejam elas de diferentes idades, padrões étnicos ou natureza social. Portanto, é por meio da influência da comunicação de massa que o consumo extrapola as necessidades reais do indivíduo.

Entretanto, a população jovem é a que mais é atingida pelo consumismo, pois muitas vezes, há a necessidade de inclusão em um determinado grupo identitário. A internet, por exemplo, é uma ferramenta poderosa de publicidade para atingir a sociedade e propagar hábitos de consumo e de vida.

Como a sociedade de consumo impacta o meio ambiente

Sendo assim podemos afirmar que do ponto de vista social, o consumismo também é criticado na sua perspectiva ambiental. Então, com o intuito de atender à crescente demanda do setor industrial, o uso de recursos naturais para a produção de matéria-prima tende a aumentar. Além da extração das matérias-primas, a geração e o descarte de lixo também são questões relevantes sobre o excesso da produção de resíduos.

Consequentemente, os recursos não renováveis se aproximam a cada dia do seu esgotamento. Dessa maneira, cada vez mais mercadorias são elaboradas para serem descartadas rapidamente, forçando as pessoas a comprarem um produto novo a cada ano. Sendo assim, o apelo pelo novo e pelo mais moderno, torna os produtos obsoletos, aumentando assim a produção de lixo na sociedade do consumo e do descarte. Em resumo ela piora e muito a problemática ambiental.

Consumo consciente e produção sustentável

O consumo consciente e a produção sustentável, fazem parte do 12º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável, das Nações Unidas. Portanto ele tem o objetivo de contribuir para um mundo melhor. Dessa maneira, elaborando políticas para que possamos atingir as metas de consumo e produção sustentáveis no Brasil.

Sendo assim, podemos afirmar que o consumo consciente e a produção sustentável são ações que os governos e a sociedade de consumo devem assumir para promover a redução dos impactos ambientais, a escassez ecológica e o bem-estar humano.

A economia e a sociedade de consumo brasileira

Em resumo, nesse contexto global em que vivemos, o Brasil apresentou na primeira metade do século XXI, uma melhora econômica. Portanto, com esse avanço o país estabeleceu as bases econômicas que resultaram em um período de crescimento do PIB nacional. Em contrapartida a isso acontece uma queda na taxa de desemprego e uma evolução significativa no superávit da balança comercial.

Entretanto, apesar desse forte crescimento que fortaleceu o comércio externo brasileiro, o país possui uma pequena participação no comércio em escala mundial. Afinal, tal fato se justifica pela composição das trocas comerciais brasileiras.

Nas trocas predominam em nossas exportações, mercadorias de baixo valor agregado, como as commodities, com destaque para matérias-primas agrícolas (soja, café, laranja), pecuárias (carne) e minerais. Entretanto vale destacar que essas matérias-primas custam pouco no mercado externo, se comparado ao valor das tecnologias que importamos dos países desenvolvidos.

Produção de commodities Brasil e a sociedade de consumo

O setor agrícola no Brasil ocupa a posição de destaque no mercado nacional, pois emprega aproximadamente 20% da mão de obra ativa. Portanto ela gera empregos nas áreas de transporte, comércio, armazenagem, e transformação de produtos, além de representar cerca de 25% da renda das exportações nacionais.

Isso porque diversos produtos relacionados ao agronegócio têm como destino a exportação, ou seja, eles possuem uma participação relevante na balança comercial brasileira. Dessa maneira com destaque para os Complexos da Soja, Complexo sucroalcooleiro, carnes, café e frutas. Em resumo o PIB do agronegócio em 2014, era de 22% do PIB total da economia brasileira, sendo que as atividades agrícolas representavam 70%, e a pecuária 30% do valor produzido no ano.

Como é a produção de commodities agrícolas no Brasil

Dessa forma, é importante salientar que a produção de commodities pelo agronegócio se dá em uma perspectiva não sustentável, Pois uma vez que desmata extensas áreas, acaba por reduzir a biodiversidade, consequentemente aumentando a erosão dos solos e o assoreamento dos rios. Além disso ela ainda utiliza intensamente os agrotóxicos, os fertilizantes químicos e outros insumos que contaminam o solo e a água, sendo assim prejudicial à saúde humana.

Em relação à produção de minérios, essa atividade extrativista é altamente degradante para o meio ambiente, causando assim o desmatamento, a alteração do relevo, o aumento da erosão, a geração de rejeitos tóxicos, e a contaminação do solo e da água. Porém, apesar da produção desgastante, esses minérios são vendidos no mercado internacional com baixo valor agregado, mantendo assim o Brasil na condição de exportador de matérias-primas pouco valorizadas economicamente.

A sociedade de consumo internacional e sua relação com o Brasil

Nesse cenário de comércio internacional, o Brasil se coloca como um grande exportador de commodities e importador de produtos industrializados com alto valor agregado. A sociedade de consumo de países desenvolvidos não são o foco do Brasil. Pois com os principais produtores e exportadores de tecnologia com alto valor agregado, eles investem grandemente em pesquisa e desenvolvimento, o que promove inovação tecnológica, domínio das técnicas de criação e produção dessas tecnologias, e exportação altamente lucrativa.

Portanto a maneira mais adequada de aumentar a participação da sociedade de consumo brasileira no mercado exterior em nível global, seria por meio da produção de produtos tecnológicos. Para isso, seria necessário aumentar o investimento em pesquisas de desenvolvimento, educação, ciência e tecnologia. Sendo assim isso permitiria a produção em território nacional de produtos de média e alta tecnologia, agregando dessa forma valor às exportações e ampliando a participação brasileira no comércio mundial.

O mercado externo e sua relação com o Brasil

A partir dos anos 1990, o Brasil passou a ingressar, gradativamente, nas novas relações de mercado impostas pela expansão do processo de globalização. Isso implicou ao país estabelecer uma abertura maior à entrada de produtos originários de outros países.

Atualmente, a China, EUA, União Europeia e os países sul-americanos são os principais parceiros comerciais do Brasil. Nos últimos anos, o Brasil tem intensificado as relações comerciais com os países emergentes, especialmente os que compõem o BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), com o objetivo de diversificar seus mercados, tanto de exportação quanto de importação.

Videoaula

Como complemento a esse texto, não deixe de assistir à videoaula gravada pelo professor Carrieri no Canal do Curso Enem Gratuito.

Exercícios

1- (ENEM – 2019)

A estética relativamente estável do modernismo fordista cedeu lugar a todo o fermento, instabilidade e qualidades fugidias de uma estética pós-moderna que celebra a diferença, a efemeridade, o espetáculo, a moda e a mercadificação de formas culturais.

HARVEY, D. Condição pós-moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. São Paulo: Loyola, 2009.

No contexto descrito, as transformações estéticas impactam a produção de bens por meio da:

a) promoção de empregos fabris, integrada às linhas de montagem.

b) ampliação dos custos de fabricação, impulsionada pelo consumo.

c) redução do tempo de vida dos produtos, acompanhada da crescente inovação.

d) diminuição da importância da organização logística, utilizada pelos fornecedores.

e) expansão de mercadorias estocadas, aliada a maiores custos de armazenamento.

2- (ENEM – 2015)

Falava-se, antes, de autonomia da produção para significar que uma empresa, ao assegurar uma produção, buscava também manipular a opinião pela via da publicidade. Nesse caso, o fato gerador do consumo seria a produção. Mas, atualmente, as empresas hegemônicas produzem o consumidor antes mesmo de produzirem os produtos. Um dado essencial do entendimento do consumo é que a produção do consumidor, hoje, precede a produção dos bens e dos serviços.

SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2000 (adaptado)

O tipo de relação entre produção e consumo discutido no texto pressupõe o(a):

a) aumento do poder aquisitivo.

b) estímulo à livre concorrência.

c) criação de novas necessidades.

d) formação de grandes estoques.

e) implantação de linhas de montagem.

Gabarito:

  1. C
  2. C

Sobre o(a) autor(a):

Este texto foi escrito por Miramaya Jabur, Geógrafa graduada na Universidade Federal de Uberlândia e Mestre em Geografia pela UNESP.

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