Venha conosco entender como este furacão chamado Napoleão Bonaparte procurou manter seu poder agradando a burguesia, mantendo algumas conquistas da revolução e instaurando um governo monárquico na França!
Napoleão Bonaparte certamente é um dos personagens mais famosos da história mundial e, por isso, preparamos uma aula sobre os seus anos à frente do governo da França, conhecidos como Era Napoleônica.
A Era Napoleônica
Contanto com o apoio do exército e da burguesia, Napoleão Bonaparte chegou ao poder na França em meio a uma crise política no final do ano de 1799 por meio do golpe de 18 de Brumário. Durante os anos seguintes, o líder francês construiria a era napoleônica. Antes disso, os franceses, que já tinham completado dez anos de revolução, não estavam mais unidos em torno de líderes e o governo do diretório só beneficiava a alta burguesia francesa.
Em meio a tantas incertezas, Napoleão surgiu apoiado pelo prestígio de conquistas entre militares e pela burguesia, a quem já tinha mostrado ser fiel ao combater seus adversários monarquistas. Sua imagem de líder continuou a ser construída ao longo de seu governo, no qual ele centralizou o poder em sua figura.
Ao mesmo tempo, ele favoreceu o crescimento da burguesia e manteve algumas conquistas da revolução, como a educação pública e a possibilidade de homens de origem simples ascenderem dentro do funcionalismo e das forças armadas.
Veremos adiante os três momentos mais emblemáticos da era napoleônica: Consulado, Império e Governo dos Cem Dias.
Consulado
Em dezembro de 1799, Napoleão foi nomeado o primeiro cônsul da França, juntamente com outros dois cônsules que o auxiliariam na administração. Este triunvirato foi o primeiro momento de Napoleão no poder, e ainda havia a necessidade de firmar sua imagem perante à população francesa.
Para garantir sua aceitação, ele liderou uma série de reformas internas para combater a inflação, tranquilizar as camadas populares sem ameaçar os grandes proprietários e ajudar a burguesia francesa a enriquecer por meio do comércio e da industrialização. Nas reformas econômicas foram criados o franco e o Banco da França, instituição que proveu os investimentos para a instalação de indústrias no país.
No plano jurídico, Napoleão criou o Código Civil, separando a Igreja do Estado. Ao mesmo tempo, a burguesia controlava o território francês tomando as terras da antiga nobreza e protegendo as possessões burguesas. Teoricamente, isso garantia a isonomia entre os cidadãos e autoridade masculina nas famílias. A única conquista das mulheres nesse período – e que foi preservada – era o direito ao divórcio.
No âmbito social, Napoleão criou escolas públicas. Essas instituições ajudavam a consolidar a fé no seu governo, assim como o fortalecimento das instituições profissionalizantes de ensino técnico e superior. Essas medidas permitiram que pessoas antes limitadas pelas regras do antigo regime pudessem ter uma carreira.
O sucesso dessas reformas foi tanto que em 1802 Napoleão tornou-se cônsul vitalício da França com forte apoio popular. Ludwig van Beethoven, o famoso maestro prussiano, chegou a dedicar-lhe uma sinfonia. No entanto, retirou a homenagem quando Napoleão se coroou Imperador, em 1805.
O período do consulado foi crucial para que Napoleão tivesse condições de estabelecer sua política imperialista sobre a Europa e até mesmo sobre a antiga Ilha de São Domingos, ex-colônia francesa emancipada pelos escravizados que lá habitavam.
Império
No final do ano de 1804, Napoleão tornou-se imperador da França com grande clamor popular, mesmo que ele perseguisse seus opositores dentro da própria nação.
Na cerimônia que ocorreu na Catedral de Notre-Dame, seu gesto de tomar a coroa para si das mãos do papa Pio VII e colocá-la sobre sua própria cabeça simbolizava o tamanho de sua autoridade. O momento também simbolizava o período expansionista que estava por vir: dentro de pouco tempo aconteceriam as guerras napoleônicas. A Europa iria ver com temor a era napoleônica ser construída.
Para manter o crescimento francês e deteriorar as nações concorrentes, Napoleão coordenou incursões militares nos países vizinhos. Venceu batalhas contra a Áustria, Prússia, Rússia e pôs fim ao Sacro Império Romano Germânico, o qual substituiu com um governo submisso ao dele, chamado Confederação do Reno. Mas é contra a marinha inglesa, na Batalha de Trafalgar, que Napoleão tem sua primeira grande derrota.
A Inglaterra representava uma grande concorrente para o projeto de França que Napoleão estava realizando, e desejava subjugá-la também. Não conseguindo fazer isso por meio da força, sua estratégia foi sufocar a economia inglesa com um bloqueio continental, impedindo que outras nações comercializassem com os ingleses. Quem desobedecesse teria seu território invadido pelo conhecido exército francês.
A situação era catastrófica para a economia industrial inglesa, pois ela dependia da entrada de matérias-primas e do escoamento de seus produtos. Porém, as outras nações europeias também estavam prejudicadas, pois dependiam muito da economia inglesa, já que ainda não haviam se industrializado.
A vinda da família real para o Brasil
Para nós brasileiros, esse período da história de Napoleão tem grande importância. O príncipe regente de Portugal, o futuro Dom João VI, estava no dilema entre continuar comercializando com a Inglaterra ou obedecer a Napoleão. Após conseguir bastante tempo negociando com os ingleses e com os franceses, D. João optou por transferir sua corte para o Brasil com uma escolta inglesa. Enquanto isso, Napoleão preparava a invasão à Espanha e Portugal.
Quando chegam em território brasileiro, a primeira medida do príncipe foi anunciar a Abertura dos Portos às Nações Amigas, dando fim ao pacto colonial do Brasil com Portugal. A família real portuguesa foi a única a se transferir para uma de suas colônias, e tal acontecimento iria trazer resultados únicos para a história do Brasil.
Entenda um pouco mais sobre a vinda da família real para o Brasil durante o período da era napoleônica com esta aula do professor Felipe 😉
O fim do período da Era Napoleônica
Mas foi na campanha da Rússia, que também não havia respeitado o bloqueio continental, que o líder francês teve sua maior derrota. Com uma expedição de 600.000 homens, Napoleão invadiu rapidamente o território russo. Porém, a Rússia do Czar Alexandre I adotou a tática de terra arrasada, que consistia em entregar o território para o inimigo aos poucos, mas sem deixar nenhum recurso para ser aproveitado. Essa tática foi devastadora para o exército francês, que utilizava muito dos recursos dos territórios em que ocupavam.
Muito enfraquecidos e atingidos pelo rigoroso inverno russo, as tropas napoleônicas tiveram que bater em retirada com o contra-ataque daquela nação, retornando muito enfraquecidos para Paris. Ao fim desta derrota, a França foi invadida pela Sexta Coligação de países, formada pela Áustria, Prússia, Rússia e Inglaterra. Em meio à invasão, Napoleão foi levado preso para a ilha de Elba, no mar Mediterrâneo. Estava chegando ao fim a era napoleônica.
Governo dos Cem Dias
Se a história da era napoleônica tivesse se encerrado aqui, ela já teria lugar de destaque na história ocidental. Mas um curto episódio consagrou ainda mais sua figura. Mesmo preso na ilha de Elba, em 1814, Napoleão ainda contava com seu prestígio. Ele conseguiu reunir aliados que possibilitaram uma fuga e garantiram seu retorno para a França.
Luís XVIII, rei da França, bateu em retirada e Bonaparte retomou o comando da nação, mas apenas por cem dias. Ele foi derrotado novamente na batalha de Waterloo, na Bélgica. Depois disso, ele foi para a ilha de Santa Helena, na costa africana do Atlântico, onde permaneceu até sua morte em 1821.
Alguns brasileiros em Pernambuco chegaram a planejar seu resgate, mas foram descobertos e detidos pelo governo português instalado no Brasil. Outro plano semelhante foi pensado por norte-americanos em Nova Orleans.
Com a derrota de Napoleão, as monarquias absolutistas puderam novamente controlar a Europa e tentar acabar com o que restava das conquistas da Revolução Francesa. A restauração da monarquia francesa ocorreu com o Congresso de Viena e a criação da Santa Aliança, mas mesmo com todos os esforços, o retorno das monarquias cristãs estava com suas bases comprometidas. Essa crise foi sintetizada em 1848 com uma onda de revoltas que ficou conhecida como a Primavera dos Povos.
Videoaula sobre era napoleônica
Curtiu conhecer a era napoleônica? Então você também vai gostar dessa aula do prof. Felipe!
Dica: Se você ainda tá curioso sobre Napoleão, dá uma olha nesse dossiê elaborado pela Revista de História da Biblioteca Nacional!
Exercícios sobre era napoleônica
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